31.8.05

Véus

Mesmo agora, quando lêem a Lei de Moisés, o véu ainda cobre a mente deles. Mas o véu pode ser tirado, como dizem as Escrituras Sagradas: “O véu de Moisés foi tirado quando ele se voltou para o Senhor”.
2 Coríntios 3. 15 – 16

Ao falar sobre o conhecimento de Deus aos coríntios, Paulo se vê obrigado a explicar porque o evangelho, mensagem de graça tão maravilhosa, tem sido rejeitado em tantos lugares. Em particular, pelos judeus, uma vez que os cristãos têm entendido que Jesus é o Messias esperado e ansiado por Israel. Explicando os porquês, o apóstolo nos fala acerca disso, fazendo uso de uma metáfora. Ele nos fala sobre o véu que Moisés usava a fim de ocultar o brilho da glória do Senhor na sua face. Usando o véu, Moisés não permitia ao povo ver o brilho que ia desvanecendo, até que, entrando novamente na presença do Senhor, ele tirava o véu. A glória brilhava na sua face mais uma vez.
Paulo explica que o motivo pelo qual os judeus são impossibilitados de verem a glória do evangelho e aceitarem a sua mensagem de graça em Jesus é o fato de que este véu ainda esta neles, cobrindo sua mente e seu coração. Impedindo que vejam a glória do Senhor. Porque, se o evangelho que anunciamos está escondido, está escondido somente para os que estão se perdendo. Eles não podem crer, pois o deus deste mundo conservou a mente deles na escuridão. Ele não os deixa ver a luz que brilha sobre eles, a luz que vem da boa notícia a respeito da glória de Cristo, o qual nos mostra como Deus realmente é (2 Co. 4. 3 – 4).
Uma ação do diabo, o deus deste mundo, preserva os véus diante dos olhos, véus que nos impedem de ver a glória do Senhor e de conhecê-lo verdadeira e profundamente. Que podem ser estes véus que nos impedem de ver o Senhor, de contemplar a Sua glória, de fruir em Sua intimidade e presença? A religiosidade é um desses véus, porque só nos permite ter uma visão bastante parcial de Quem é Deus e do que Ele é capaz de fazer. Nosso conhecimento de Deus, mediado por uma visão religiosa, é limitado porque se adequará apenas à visão permitida pelas estruturas nas quais nos inserimos. E Deus é maior, sempre, que qualquer estrutura.
Nossos véus podem ser pecados inconfessos. Os pecados fazem separação, sempre, entre nós e Deus. Nenhum de nós pode dizer, sem mentir, que não tem pecado. No entanto, diante do Pai, somos convencidos do pecados e constrangidos ao arrependimento e à busca do perdão. Caso não sejamos capazes de confessar nossos pecados, sejam que pecados forem, seremos incapazes de experimentar a paz que surge no coração por andarmos na presença de Deus. Conheceremos a Deus um pouco menos. Não o veremos, porque nossa visão será limitada pelos véus dos pecados inconfessos em nosso coração.
No caso dos judeus, o véu era uma determinada concepção religiosa que os impedia de conhecer a Jesus como o Messias esperado. Esse pode ser nosso véu. Podemos estar impossibilitados de ver e conhecer a Jesus em intimidade e profundidade porque nossa relação com Ele é obstaculizada por véus nem nossos olhos espirituais e em nossos corações. Mas o véu pode ser tirado, como dizem as Escrituras Sagradas: “O véu de Moisés foi tirado quando ele se voltou para o Senhor”. Pode ser tirado, se buscarmos ver o Senhor além do véu. Se buscarmos a Sua face com intensidade, clamando a Ele que nos permita conhecê-lo além das barreiras que temos em nós que nos impedem disso. Clamando a Ele que nos leve mais fundo, mais perto dEle, porque nas nossas próprias forças é impossível chegarmos numa relação mais próxima e mais íntima com Ele. Pedindo a Ele que nos liberte, quebre os jugos que nos impedem de ir mais fundo nos rios da Sua vida. Rios de graça que, navegados, nos conduzem ao secreto de Sua presença, do Seu tabernáculo. Ao conhecimento que ansiamos e desejamos dEle. Mais e mais. Precisamos ver o Senhor além dos nossos véus, quaisquer que sejam eles, véus que serão removidos quando nos voltarmos com mais intensidade e desejo ao Senhor.

Nenhum comentário: