Agora vamos construir uma cidade que tenha uma torre que chegue até o céu. Assim ficaremos famosos e não seremos espalhados pelo mundo inteiro.
Gênesis 11. 4
A vida é muito sem sentido. Todo ser humano precisa experimentar essa sensação e superá-la para ter sua saúde mental e espiritual preservada. Cada um de nós precisa experimentar a verdade de que tudo na natureza precisa ter uma finalidade, menos a nossa própria vida racional. Não há, aparentemente, uma causa lógica para a nossa existência inteligente neste planeta. Muito mais porque nossa presença aqui parece ser muito mais destrutiva do que abençoadora. A vida humana não tem sentido, se vista de uma perspectiva unicamente racional.
É por isso que nossa luta diária é dar sentido à vida. Quando vamos para a escola, a finalidade de nossa vida é concluir os estudos. Quando entramos na faculdade, nosso objetivo passa a ser a graduação. Depois, pós-graduação, vida profissional, aposentadoria. Quando descobrimos o amor, objetivamos casar. Depois de casar, criar os filhos passa a ser o sentido de nossas vidas. Corremos em busca de significado. Precisamos fazer nossas vidas significativas.
Obviamente, há uma fagulha em nós que, por mais ateus que possamos ser, nos indica que a vida só tem sentido se houver um Deus que a criou. Sem Ele, se tudo fosse fruto do acaso, tudo o que vivemos e experimentamos não passaria de pura ilusão construída em nossas mentes doentias, que buscam um sentido para as coisas. Mas eu penso que só o fato de que precisamos dar sentido às coisas é forte o suficiente para que eu e você creiamos que há um sentido para as coisas. Elas não são aleatórias.
Deus é um Deus que quer ser encontrado. A Bíblia mostra isso. Encontrá-lo é encontrar de forma mais plena o significado da vida. Mas ao mesmo tempo que Deus quer ser encontrado, o homem quer se perder dEle. Porque queremos viver da forma mais autônoma possível. E nessa situação de afastamento, a humanidade terminou perdendo o contato com o Seu Criador.
É mais ou menos esse o relato de Gênesis 6. O texto nos diz que os homens começaram a se espalhar pela face da terra e a maldade cresceu tanto que Deus resolveu aplicar o juízo do dilúvio, reiniciando a história humana a partir de Noé e sua família. O que está implícito nessa história tem se repetido ao longo dos milênios de história humana: o homem se afastou tanto de Deus, em busca de sua autonomia, que o Senhor se lhe tornou um perfeito desconhecido – mesmo que o coração do homem grite desesperadamente por sentido na vida. O afastamento foi tamanho que gerou, em muitos corações sinceros, a honesta crença no ateísmo. O pessimismo do pecado humano originou gerações de agnósticos. Gente que se rendeu à falta de sentido e significado da vida.
Mas o afastamento de Deus ao longo das gerações faz outra coisa no coração do homem. Ali, ainda aquela chama. Ali, o homem ainda sabe que a vida deve ter um sentido além do que é capaz de ver no ordinário. Porém, como alguém que já não reconhece o seu melhor amigo, o homem tenta construir por si só um caminho para chegar até Deus. Esqueceu que Deus é o Senhor que vem em busca do homem para resgatá-lo. Esqueceu que não há nada que mãos humanas possam fazer para alcançar o Senhor. Esqueceu que o amor de Deus pelo homem é tamanho que Ele morreu por nós.
Aqueles que ainda buscam sentido e querem experiências espirituais, constroem sua religião. Fazem sua torre, como em Babel. A origem da religião é isso. Agora vamos construir uma cidade que tenha uma torre que chegue até o céu. Assim ficaremos famosos e não seremos espalhados pelo mundo inteiro. A religião é a torre de Babel que o homem constrói para chegar até o Deus que ele sabe ser o Único sentido da vida. Trabalho em vão. Vamos descer e atrapalhar a língua que eles falam, a fim de um não entenda o que o outro está dizendo (Gn. 11. 7). Não é isso que Deus planeja para saciar nossa sede por sentido. Ele já a supriu, vindo a nós em Jesus Cristo, dando a Sua vida em nosso lugar, vivendo a nossa vida, morrendo a nossa morte, para que possamos restaurar em nosso coração o íntimo contato e relação com o Criador. Para que o sentido seja retomado em nossa vida.
Deus destruiu os planos dos homens que fizeram Babel. Deus destruiu o templo que levava Seu nome em Jerusalém. Deus fará sempre isso com toda religião, porque religião não é o caminho para se chegar a Ele. Religião nos mata, afasta e decepciona muito mais, porque mostra um mundo morto, sem Deus e sem sentido. O caminho já foi estabelecido na Cruz. Por isso, Ele não quer religiosos. Ele busca adoradores. Mas virá o tempo, e, de fato, já chegou, em que os verdadeiros adoradores vão adorar o Pai em espírito e em verdade. Pois são esses que o Pai quer que o adorem (Jo. 4. 23).
21.1.06
18.1.06
Fora dos padrões
Então o Senhor passou por ali e mandou um vento muito forte, que rachou os morros e quebrou as rochas em pedaços. Mas o Senhor não estava no vento. Quando o ventou parou de soprar, veio um terremoto; porém o Senhor não estava no terremoto. Depois do terremoto veio um fogo, mas o Senhor não estava no fogo. E depois do fogo veio uma voz calma e suave.
1 Reis 19. 11 – 12
Já pensei várias vezes nesta passagem da história de Elias. Já escrevi sobre ela, inclusive. Mas ela sempre me fala muitíssimo. E me fala de novo. Esses dias tenho tido a experiência de voltar a viver na pele uma parte do que me ensina esse texto.
Uma coisa que surpreende no texto é a constatação de que Deus não se manifesta de uma maneira que se pudesse esperar para o profeta. Depressivo, andando há quarenta dias, pedindo para morrer, Elias tem uma experiência de restauração inusitada. Deus vem a ele para livrá-lo, não em um culto, não em um templo, não em qualquer forma religiosa esperada, nem muito menos de alguma maneira espetacular ou por um sinal milagroso. Deus vem a ele em uma voz suave, um vento fraco. E lhe fala e lhe restaura, renovando suas forças.
O que alguns de nós tem aprendido a experimentar é que Deus não está preso aos pressupostos, paradigmas e regras de nossos cultos religiosos. O principal aspecto que vejo nessa história de Elias é que Deus é soberano, mesmo quando nós, humanos, tentamos afirmar um deus moldado segundo o nosso querer. Todos nós, quando religiosos, construímos uma imagem de nosso deus. Nossas igrejas fazem isso. Desse modo, Deus só poderia nos restaurar de uma situação como a de Elias por meio de um sinal visível, de uma oração de poder, de uma revelação ou um milagre inefável. Qualquer coisa fora desse modelo e dessa imagem que construímos em nosso coração do deus que achamos servir, nos choca e nos escandaliza: Não é Deus ou Não vem de Deus, bradamos de imediato. A história de Elias nos mostra um Deus que se manifesta independentemente dos padrões e expectativas humanos.
Lembro que há dois anos choquei um presbítero de minha igreja quando lhe falei que Deus tinha usado uma música dos Titãs para me restaurar de uma severa crise. Não fuja da dor era a música e falava, de maneira profundamente bíblica – ao menos para mim – sobre a melhor forma de encarar o sofrimento e de como a dor é pedagógica. As pessoas são assim: se acham proprietárias de Deus. As nossas igrejas são assim: acham que só há uma forma de cultuar a Deus – o culto correto é o de Jerusalém ou da Samaria (Jo. 4. 20 – 21). Qualquer coisa que fuja ao script ou ao modelo pré-estabelecido, é rechaçada.
Era de se esperar que na difícil situação do profeta Elias a sua cura viesse de uma maneira diferente. Se ele fosse membro de uma de nossas igrejas, supomos, era de se esperar que ele fosse atrás de pastor Fulano ou Beltrano, homens de poder; ou iria a um culto de oração “de fogo”; ou visitaria uma igreja que fosse reconhecida como “de milagres”. É esse preconceito que o nosso texto quebra. Então o Senhor passou por ali e mandou um vento muito forte, que rachou os morros e quebrou as rochas em pedaços. Mas o Senhor não estava no vento. Quando o ventou parou de soprar, veio um terremoto; porém o Senhor não estava no terremoto. Depois do terremoto veio um fogo, mas o Senhor não estava no fogo. E depois do fogo veio uma voz calma e suave. Deus não está preso às nossas expectativas ou aos nossos padrões. Ele é o Senhor, não nós.
Voltei a pensar nesse assunto por uma experiência que tive semana passada. Viajei a João Pessoa para conhecer uma parte de minha família que não conhecia ainda. Apesar de uma parte considerável de minha família, inclusive em João Pessoa, ser evangélica, convivi por lá, basicamente, com cinco primos que não são. E quando, talvez, nosso espírito religioso pudesse esperar que isso poderia me empurrar mais para baixo, ao contrário, senti que Deus começou a restaurar algumas coisas quebradas em minha alma a partir do relacionamento com esses jovens – primos em segundo grau, quero esclarecer – que, aos olhos dos religiosos evangélicos, não querem nada com Deus. Mas foram e tem sido bênção de Deus na minha vida. Ensinando-me, inclusive, a quebrar ainda mais meus preconceitos: Deus não está preso ao que penso dEle. Ele não está preso à forma como agiu ontem. Não está preso à maneira como a igreja O vê. Não está preso ao culto. Não está preso à igreja. Nem age apenas de certas maneiras e não de outras. Deus é livre. Ele age e nos abençoa, sempre, das maneiras mais surpreendentes. Eu sei disso porque estou vivendo isso. Então o Senhor passou por ali e mandou um vento muito forte, que rachou os morros e quebrou as rochas em pedaços. Mas o Senhor não estava no vento. Quando o ventou parou de soprar, veio um terremoto; porém o Senhor não estava no terremoto. Depois do terremoto veio um fogo, mas o Senhor não estava no fogo. E depois do fogo veio uma voz calma e suave.
1 Reis 19. 11 – 12
Já pensei várias vezes nesta passagem da história de Elias. Já escrevi sobre ela, inclusive. Mas ela sempre me fala muitíssimo. E me fala de novo. Esses dias tenho tido a experiência de voltar a viver na pele uma parte do que me ensina esse texto.
Uma coisa que surpreende no texto é a constatação de que Deus não se manifesta de uma maneira que se pudesse esperar para o profeta. Depressivo, andando há quarenta dias, pedindo para morrer, Elias tem uma experiência de restauração inusitada. Deus vem a ele para livrá-lo, não em um culto, não em um templo, não em qualquer forma religiosa esperada, nem muito menos de alguma maneira espetacular ou por um sinal milagroso. Deus vem a ele em uma voz suave, um vento fraco. E lhe fala e lhe restaura, renovando suas forças.
O que alguns de nós tem aprendido a experimentar é que Deus não está preso aos pressupostos, paradigmas e regras de nossos cultos religiosos. O principal aspecto que vejo nessa história de Elias é que Deus é soberano, mesmo quando nós, humanos, tentamos afirmar um deus moldado segundo o nosso querer. Todos nós, quando religiosos, construímos uma imagem de nosso deus. Nossas igrejas fazem isso. Desse modo, Deus só poderia nos restaurar de uma situação como a de Elias por meio de um sinal visível, de uma oração de poder, de uma revelação ou um milagre inefável. Qualquer coisa fora desse modelo e dessa imagem que construímos em nosso coração do deus que achamos servir, nos choca e nos escandaliza: Não é Deus ou Não vem de Deus, bradamos de imediato. A história de Elias nos mostra um Deus que se manifesta independentemente dos padrões e expectativas humanos.
Lembro que há dois anos choquei um presbítero de minha igreja quando lhe falei que Deus tinha usado uma música dos Titãs para me restaurar de uma severa crise. Não fuja da dor era a música e falava, de maneira profundamente bíblica – ao menos para mim – sobre a melhor forma de encarar o sofrimento e de como a dor é pedagógica. As pessoas são assim: se acham proprietárias de Deus. As nossas igrejas são assim: acham que só há uma forma de cultuar a Deus – o culto correto é o de Jerusalém ou da Samaria (Jo. 4. 20 – 21). Qualquer coisa que fuja ao script ou ao modelo pré-estabelecido, é rechaçada.
Era de se esperar que na difícil situação do profeta Elias a sua cura viesse de uma maneira diferente. Se ele fosse membro de uma de nossas igrejas, supomos, era de se esperar que ele fosse atrás de pastor Fulano ou Beltrano, homens de poder; ou iria a um culto de oração “de fogo”; ou visitaria uma igreja que fosse reconhecida como “de milagres”. É esse preconceito que o nosso texto quebra. Então o Senhor passou por ali e mandou um vento muito forte, que rachou os morros e quebrou as rochas em pedaços. Mas o Senhor não estava no vento. Quando o ventou parou de soprar, veio um terremoto; porém o Senhor não estava no terremoto. Depois do terremoto veio um fogo, mas o Senhor não estava no fogo. E depois do fogo veio uma voz calma e suave. Deus não está preso às nossas expectativas ou aos nossos padrões. Ele é o Senhor, não nós.
Voltei a pensar nesse assunto por uma experiência que tive semana passada. Viajei a João Pessoa para conhecer uma parte de minha família que não conhecia ainda. Apesar de uma parte considerável de minha família, inclusive em João Pessoa, ser evangélica, convivi por lá, basicamente, com cinco primos que não são. E quando, talvez, nosso espírito religioso pudesse esperar que isso poderia me empurrar mais para baixo, ao contrário, senti que Deus começou a restaurar algumas coisas quebradas em minha alma a partir do relacionamento com esses jovens – primos em segundo grau, quero esclarecer – que, aos olhos dos religiosos evangélicos, não querem nada com Deus. Mas foram e tem sido bênção de Deus na minha vida. Ensinando-me, inclusive, a quebrar ainda mais meus preconceitos: Deus não está preso ao que penso dEle. Ele não está preso à forma como agiu ontem. Não está preso à maneira como a igreja O vê. Não está preso ao culto. Não está preso à igreja. Nem age apenas de certas maneiras e não de outras. Deus é livre. Ele age e nos abençoa, sempre, das maneiras mais surpreendentes. Eu sei disso porque estou vivendo isso. Então o Senhor passou por ali e mandou um vento muito forte, que rachou os morros e quebrou as rochas em pedaços. Mas o Senhor não estava no vento. Quando o ventou parou de soprar, veio um terremoto; porém o Senhor não estava no terremoto. Depois do terremoto veio um fogo, mas o Senhor não estava no fogo. E depois do fogo veio uma voz calma e suave.
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