É melhor passar um dia no teu Templo do que mil dias em qualquer outro lugar.
Salmo 84. 10
Com poucos meses de convertido, fui passar as férias de verão em uma praia perto de Natal. Meu tio tinha uma casa em Barra do Rio, praia vizinha da famosa Genipabu. Naqueles dias a única coisa que lia, praticamente, era a Bíblia. Estava naquele fogo que tantas vezes me disseram tratar-se do primeiro amor. Uma noite, enquanto tentava ler um livro em inglês que meu pastor havia me emprestado, cochilei rapidamente. E cai, no sonho, em um vazio enorme. Um lugar em que não havia nada. Como se fosse, na verdade, um grande nada. Rapidamente percebi se tratar daquilo que chamamos de inferno. Tudo não levou mais que alguns segundos. Quando acordei novamente comecei a entender mais seriamente a necessidade da obra missionária: evitar que os milhões que andam nas trevas da ignorância sem Deus se percam eternamente.
Com o tempo, fui reelaborando o sentido do meu pequeno sonho. Fui aprofundando um pouco mais os seus significados. E, atualmente, é difícil lembrar dessa experiência sem pensar no texto do Salmo 84: É melhor passar um dia no teu Templo do que mil dias em qualquer outro lugar. Os poucos instantes em que me senti no inferno de lugar nenhum foram desesperadores. Senti-me, por alguns instantes naquele dia, distante absolutamente do Senhor.
Por outro lado, o aprender a viver todos os dias no templo do Senhor, quer dizer, viver todos os momentos em Sua Presença, tem sido a experiência mais fantástica que jamais pensei ser capaz de vivenciar. O sentido do versículo é cada vez mais nítido para mim.
A descoberta da intimidade do Senhor, do viver nos Seus átrios em todos os momentos, provoca atitudes loucas. Jesus conta uma parábola para descrever isso. Ele diz que a descoberta do Reino se assemelha àquele homem que encontra uma pérola de valor imenso. Ele vai, esconde-a num terreno, vende o que tem para comprar aquele terreno. Quer dizer: ele recoloca as coisas nos seus devidos e corretos lugares. Nada na vida é mais precioso que o tesouro da intimidade com o Senhor. E o tesouro da intimidade com o Senhor vale qualquer sacrifício. Vale mais um dia na presença do Senhor do que mil em qualquer outra parte.
Tenho dito a muita gente que se a gente diz que ama o Senhor acima de todas as coisas, mas na nossa agenda resta muito pouco ou nenhum tempo para investir na intimidade com o Jesus que a gente declara amar, é tudo mentira. Se você ama alguém e diz que esse alguém é a pessoa mais importante da sua vida, você precisa passar sua vida buscando a sua intimidade. Dizer que ama a Jesus e fugir da Sua intimidade faz de nós os piores hipócritas. Ter Jesus como prioridade máxima não é questão de palavras. Nós não somos chamados a memorizar o Salmo 84. Somos chamados a viver, na prática, a vida de quem ama a Deus acima de todas as coisas. Mesmo que para isso não seja preciso dizer qualquer coisa. Somos chamados a valorizar a intimidade do Senhor. A viver, não a dizer, a realidade de que é melhor passar um dia no teu Templo do que mil dias em qualquer outro lugar.
7.5.05
6.5.05
Não dorme
O protetor do povo de Israel nunca dorme, nem cochila. O Senhor guardará você; Ele estará sempre ao seu lado para protegê-lo.
Salmo 121. 4 – 5.
Lembro de não poucas noites de sono que minha mãe perdeu ao meu lado, velando por mim, doente de alguma coisa. Geralmente uma forte gripe levava minha mãe a estar a noite toda ao meu lado na minha cama, se esforçando ao máximo por não cair no sono, monitorando minha febre, a dor de minha garganta, os meus pulmões cheios. Mas não foram só gripes. Tive sarampo, várias crises de otite. Quando tinha treze anos, passei duas semanas com os dois ouvidos inflamados, com muito pus e muita secreção. Eu cheguei a me divertir, porque pude assistir a Olimpíada de Barcelona inteira, sem ter de ir à escola. Mas minha mãe quase morreu de preocupação. A última vez que eu me lembro desse cuidado extremado por parte de minha mãe foi há cerca de dois anos. No meio de uma epidemia de dengue, fui baleado pelo Aedes Aegypt. Foram alguns dias doente. Principalmente à noite, a febre vinha forte. Levei meu colchão para a sala de minha casa e dormia lá. Diversas vezes durante a noite, minha mãe saía de seu quarto e vinha checar como eu estava ou se eu precisava de alguma coisa. Essa atitude, atitude de qualquer mãe, sempre me fez imaginar que, se ela pudesse, levaria a minha doença para que eu ficasse são. Ficaria doente no meu lugar.
No entanto, mesmo apesar de toda dedicação de minha velha mãe, muitas vezes o cansaço era mais forte, o sono mais poderoso, e ela dormia. Quando tive dengue, algumas noites ela resolveu velar sentada na sala ao lado do meu colchão. Deixava a tevê ligada no volume mínimo. Às vezes, eu acordava no meio da noite e flagrava a coitada dormindo. Por mais que me amasse, por mais que sua preocupação fosse grande, por mais intenso que fosse o seu cuidado, o sono a vencia muito mais do que ela gostaria.
O protetor do povo de Israel nunca dorme, nem cochila. O Senhor guardará você; Ele estará sempre ao seu lado para protegê-lo. Minha mãe não conseguia passar incólume pelo sono. Mesmo que me amasse enormemente. Por isso, seu exemplo serve apenas para dar uma pequena amostra do enorme cuidado que Deus tem por nós. Se nossos pais nos amam, Deus tem amor infinitamente maior por nós. Se nossos pais se importam com aquilo que sofremos, Deus muito mais tem compaixão de nós. Se nossos pais estão sempre dispostos a tomar a nossa doença em nosso lugar, Deus, através de Jesus, já levou sobre Si todo o nosso pecado, a nossa doença, a nossa iniqüidade, o nosso mal. Por amor e de graça. E, o que é mais fantástico, ao contrário do velar promovido por minha mãe, por nossos pais, que, vez por outra, é vencido pelo cansaço, levando-os a adormecer, o cuidado de Deus é incansável sobre nossas vidas. Nosso protetor jamais dorme ou cochila. Está sempre atento nos guardando. Está sempre ao nosso lado, cuidando de nós e nos protegendo.
Qualquer mãe, como a minha, tem um instinto de proteção total sobre sua cria, sobre seu filho. Mas ainda assim, sua proteção é imperfeita e, logo logo, todas as mães descobrem que não podem proteger seus filhos de todos os riscos, dores e tristezas. Por mais que queiram, são impotentes para isso. Sobra um certo nível de ansiedade. Deus é infinitamente poderoso para eficazmente nos proteger sempre e integralmente. O Senhor guardará você; Ele estará sempre ao seu lado para protegê-lo.
Minha mãe sempre quis me guardar e proteger. Às vezes até super-proteger. Como qualquer mãe. Mas super-protegido mesmo a gente se encontra quando se lança aos cuidados de Deus. O nosso protetor que não dorme nem cochila e para sempre nos guarda e nos protege, andando lado a lado conosco.
Salmo 121. 4 – 5.
Lembro de não poucas noites de sono que minha mãe perdeu ao meu lado, velando por mim, doente de alguma coisa. Geralmente uma forte gripe levava minha mãe a estar a noite toda ao meu lado na minha cama, se esforçando ao máximo por não cair no sono, monitorando minha febre, a dor de minha garganta, os meus pulmões cheios. Mas não foram só gripes. Tive sarampo, várias crises de otite. Quando tinha treze anos, passei duas semanas com os dois ouvidos inflamados, com muito pus e muita secreção. Eu cheguei a me divertir, porque pude assistir a Olimpíada de Barcelona inteira, sem ter de ir à escola. Mas minha mãe quase morreu de preocupação. A última vez que eu me lembro desse cuidado extremado por parte de minha mãe foi há cerca de dois anos. No meio de uma epidemia de dengue, fui baleado pelo Aedes Aegypt. Foram alguns dias doente. Principalmente à noite, a febre vinha forte. Levei meu colchão para a sala de minha casa e dormia lá. Diversas vezes durante a noite, minha mãe saía de seu quarto e vinha checar como eu estava ou se eu precisava de alguma coisa. Essa atitude, atitude de qualquer mãe, sempre me fez imaginar que, se ela pudesse, levaria a minha doença para que eu ficasse são. Ficaria doente no meu lugar.
No entanto, mesmo apesar de toda dedicação de minha velha mãe, muitas vezes o cansaço era mais forte, o sono mais poderoso, e ela dormia. Quando tive dengue, algumas noites ela resolveu velar sentada na sala ao lado do meu colchão. Deixava a tevê ligada no volume mínimo. Às vezes, eu acordava no meio da noite e flagrava a coitada dormindo. Por mais que me amasse, por mais que sua preocupação fosse grande, por mais intenso que fosse o seu cuidado, o sono a vencia muito mais do que ela gostaria.
O protetor do povo de Israel nunca dorme, nem cochila. O Senhor guardará você; Ele estará sempre ao seu lado para protegê-lo. Minha mãe não conseguia passar incólume pelo sono. Mesmo que me amasse enormemente. Por isso, seu exemplo serve apenas para dar uma pequena amostra do enorme cuidado que Deus tem por nós. Se nossos pais nos amam, Deus tem amor infinitamente maior por nós. Se nossos pais se importam com aquilo que sofremos, Deus muito mais tem compaixão de nós. Se nossos pais estão sempre dispostos a tomar a nossa doença em nosso lugar, Deus, através de Jesus, já levou sobre Si todo o nosso pecado, a nossa doença, a nossa iniqüidade, o nosso mal. Por amor e de graça. E, o que é mais fantástico, ao contrário do velar promovido por minha mãe, por nossos pais, que, vez por outra, é vencido pelo cansaço, levando-os a adormecer, o cuidado de Deus é incansável sobre nossas vidas. Nosso protetor jamais dorme ou cochila. Está sempre atento nos guardando. Está sempre ao nosso lado, cuidando de nós e nos protegendo.
Qualquer mãe, como a minha, tem um instinto de proteção total sobre sua cria, sobre seu filho. Mas ainda assim, sua proteção é imperfeita e, logo logo, todas as mães descobrem que não podem proteger seus filhos de todos os riscos, dores e tristezas. Por mais que queiram, são impotentes para isso. Sobra um certo nível de ansiedade. Deus é infinitamente poderoso para eficazmente nos proteger sempre e integralmente. O Senhor guardará você; Ele estará sempre ao seu lado para protegê-lo.
Minha mãe sempre quis me guardar e proteger. Às vezes até super-proteger. Como qualquer mãe. Mas super-protegido mesmo a gente se encontra quando se lança aos cuidados de Deus. O nosso protetor que não dorme nem cochila e para sempre nos guarda e nos protege, andando lado a lado conosco.
5.5.05
Vida extraordinária
Os apóstolos faziam muitos milagres e maravilhas, e por isso todas as pessoas estavam cheias de temor.
Atos 2. 43
Quem assistiu Beleza Americana, um dos filmes mais auto-críticos que os norte-americanos já produziram, vai se lembrar de Angela Hayes. Angela considerava que a pior coisa que lhe podia acontecer era estar condenada a viver uma vida ordinária. Ela fazia de tudo para estar no centro das atenções, para posar com alguma forma de autoridade. Era linda, queria ser sexy e dizia muitas coisas que depois se revelaram falsas. Tudo porque queria evitar viver uma vida ordinária.
Essa idéia de vida ordinária me chamou atenção já na primeira vez que vi o filme. Tudo que Angela queria evitar era viver uma vida ordinária. E eu comecei a pensar que tudo que eu queria evitar, como cristão, era viver uma vida ordinária. Mais que isso. A igreja cristã também não pode se conformar em ser ordinária, pelo menos no que temos visto de ordinário no mundo.
A história da igreja apostólica é a história de vidas extraordinárias. Os apóstolos faziam muitos milagres e maravilhas, e por isso todas as pessoas estavam cheias de temor. É a história de momentos extraordinários em todo tempo. É a história de um povo que, pondo-se na presença do Senhor, descobre assim, como diz o Diante do Trono, que o nosso Deus é um Deus de milagres e que não há limites em Seu poder. É a história de um povo que vive sua vida extraordinariamente. Pensa grandes coisas de Deus, espera grandes coisas de Deus e vê Deus fazer grandes coisas.
A lista dos milagres relatados por Lucas no livro de Atos é grande. Desde o milagre da salvação de milhares no Pentecostes, cura de aleijado no templo, o testemunho ousado de Estevão, a conversão de Saulo. Momentos de ação extraordinária do Espírito Santo de Deus no meio do povo, para a glória do nome de Jesus.
A busca do segredo dessa igreja conduz a caminhos um tanto óbvios. E, talvez por serem tão óbvios, esquecidos. Quando Jesus subiu aos céus, disse aos discípulos que permanecessem em Jerusalém esperando pelo derramar do Espírito que fora prometido (Lc. 24. 49). E eles ficaram esperando. Mas esperar não é uma atitude passiva. Esperar é ação de corações sedentos que buscam com toda a sua força pelas promessas de Deus. Ou seja, esperar é a ação de um povo que ora junto: Eles sempre se reuniam todos juntos para orar (At. 1. 14). E Deus responde com o poder que já havia sido prometido desde Joel. Atos 2 conta-nos a história do Pentecostes e de como tudo começou a ser extraordinário.
Não podemos nos conformar com vidas ordinárias (a não ser que esse ordinário seja um novo trazido por Deus, bem diferente daquilo que temos vivido). Deus nos quer buscando o extraordinário no nosso dia a dia. Não poderemos repetir a igreja apostólica e triste daquele cristão que achar que poderá. Mas poderemos aprender os segredos de um cotidiano extraordinário. Esperar ativamente, buscar sedentamente em oração e deixar-se estar na presença do Deus vivo, totalmente controlados por Ele.
Se você deseja uma vida extraordinária, venha a Jesus com um coração faminto por mais de Deus. Rasgue-se na Sua presença. Busque e espere ativamente pelo poder que Ele tem prometido. Viva extraordinariamente na dependência e no poder de Deus. Veja as grandes coisas que Deus pode fazer na vida daquele que se entrega totalmente a viver com Ele.
Atos 2. 43
Quem assistiu Beleza Americana, um dos filmes mais auto-críticos que os norte-americanos já produziram, vai se lembrar de Angela Hayes. Angela considerava que a pior coisa que lhe podia acontecer era estar condenada a viver uma vida ordinária. Ela fazia de tudo para estar no centro das atenções, para posar com alguma forma de autoridade. Era linda, queria ser sexy e dizia muitas coisas que depois se revelaram falsas. Tudo porque queria evitar viver uma vida ordinária.
Essa idéia de vida ordinária me chamou atenção já na primeira vez que vi o filme. Tudo que Angela queria evitar era viver uma vida ordinária. E eu comecei a pensar que tudo que eu queria evitar, como cristão, era viver uma vida ordinária. Mais que isso. A igreja cristã também não pode se conformar em ser ordinária, pelo menos no que temos visto de ordinário no mundo.
A história da igreja apostólica é a história de vidas extraordinárias. Os apóstolos faziam muitos milagres e maravilhas, e por isso todas as pessoas estavam cheias de temor. É a história de momentos extraordinários em todo tempo. É a história de um povo que, pondo-se na presença do Senhor, descobre assim, como diz o Diante do Trono, que o nosso Deus é um Deus de milagres e que não há limites em Seu poder. É a história de um povo que vive sua vida extraordinariamente. Pensa grandes coisas de Deus, espera grandes coisas de Deus e vê Deus fazer grandes coisas.
A lista dos milagres relatados por Lucas no livro de Atos é grande. Desde o milagre da salvação de milhares no Pentecostes, cura de aleijado no templo, o testemunho ousado de Estevão, a conversão de Saulo. Momentos de ação extraordinária do Espírito Santo de Deus no meio do povo, para a glória do nome de Jesus.
A busca do segredo dessa igreja conduz a caminhos um tanto óbvios. E, talvez por serem tão óbvios, esquecidos. Quando Jesus subiu aos céus, disse aos discípulos que permanecessem em Jerusalém esperando pelo derramar do Espírito que fora prometido (Lc. 24. 49). E eles ficaram esperando. Mas esperar não é uma atitude passiva. Esperar é ação de corações sedentos que buscam com toda a sua força pelas promessas de Deus. Ou seja, esperar é a ação de um povo que ora junto: Eles sempre se reuniam todos juntos para orar (At. 1. 14). E Deus responde com o poder que já havia sido prometido desde Joel. Atos 2 conta-nos a história do Pentecostes e de como tudo começou a ser extraordinário.
Não podemos nos conformar com vidas ordinárias (a não ser que esse ordinário seja um novo trazido por Deus, bem diferente daquilo que temos vivido). Deus nos quer buscando o extraordinário no nosso dia a dia. Não poderemos repetir a igreja apostólica e triste daquele cristão que achar que poderá. Mas poderemos aprender os segredos de um cotidiano extraordinário. Esperar ativamente, buscar sedentamente em oração e deixar-se estar na presença do Deus vivo, totalmente controlados por Ele.
Se você deseja uma vida extraordinária, venha a Jesus com um coração faminto por mais de Deus. Rasgue-se na Sua presença. Busque e espere ativamente pelo poder que Ele tem prometido. Viva extraordinariamente na dependência e no poder de Deus. Veja as grandes coisas que Deus pode fazer na vida daquele que se entrega totalmente a viver com Ele.
4.5.05
Lugares altos
Faz os meus pés como os das corças, e me coloca em segurança nos meus lugares altos.
Salmo 18. 33
Faz quatro anos que eu não viajo de avião. Este ano, pelo menos uma viagem está nos planos. Estou um tanto ansioso porque temo ter alguma recaída do pânico lá em cima. Mas, ao mesmo tempo, sinto falta. É fantástico olhar o mundo lá do alto, de onde as nossas perspectivas se perdem por completo. Do avião as maiores cidades se resumem a pontos de luz, a maior parte indiscerníveis. Não percebemos o quão rápido vamos, nem o quão alto. Mesmo quando voamos acima das nuvens, a sensação é que aquela imensidão branca não passa de um tapete. Simples tapete. Voar nos conduz a novas perspectivas. O céu está perto, tão perto que achamos que vamos tocar lua e estrelas, a terra está longe, tão longe que pensamos não precisar voltar.
Nos lugares altos sofremos de uma imensa falta de referenciais. É por isso que não percebemos as distâncias, a velocidade ou a altura. Nossa perspectiva no avião anula os referenciais que podem nos dar as noções que nos prendem à terra. Além disso, o céu não possui qualquer das limitações que os caminhos terrestres impõem aos viajantes. Não temos estradas esburacadas ou trilhos estreitos. Não somos obrigados a permanecer no único caminho que a estrada nos oferece. O céu, sem limites, permite que sejam traçadas rotas mais adequadas para cada viagem. Outros fatores, juntos a esse, fizeram já, por exemplo, que eu pudesse viajar entre Natal e Fortaleza em 30 minutos, 40 ou até uma hora. O nosso caminho, no céu, é amplitude virtualmente infinita.
Essas idéias parecem expressas quando o salmista nos fala de lugares altos no Salmo 18. Deus quer nos levar aos lugares altos. Quer nos erguer fora dos conflitos desse mundo para que eles não sejam mais os nossos referenciais. No lugar alto, sem referência alguma a não ser Deus, veremos a pequenez desses conflitos e os veremos da perspectiva inigualável do Senhor. Deus quer nos alçar aos lugares altos para que Ele, e só Ele, seja o nosso referencial. Nada mais, nenhum problema, nenhum conflito, nenhuma circunstância, ou qualquer outra coisa.
Vendo a nossa vida e o nosso mundo do alto, veremos tudo diferente. As distâncias serão menores. As coisas que tributávamos a maior importância serão pequenas. Veremos tudo do ponto de vista do Senhor e constataremos Sua ação mais claramente. Voar nos conduz a novas visões. Nada é tão sério quanto pensávamos antes. Nada é tão irremediável, porque vendo do alto vemos que nada escapa do Senhorio de Deus.
Sendo levados aos lugares altos vemos o nosso horizonte mais amplo e distante. E, mais do que isso, o nosso caminho é enlarguecido. Não tem limites, não tem restrições. Alargaste sob os meus passos o caminho, e os meus pés não vacilaram (Sl. 18. 36). Levados aos lugares altos não poderemos antecipar até onde chegaremos. Ali é o lugar do lançar-se incerto aos cuidados do Pai do Céu. O lugar onde Deus quer nos conduzir é lugar para, finalmente, experimentar a realidade de que não somos capazes de alcançar com nosso entendimento tudo que Deus é capaz de fazer em nossas vidas, porque Ele é poderoso para fazer infinitamente mais do que pedimos ou pensamos.
Deus nos quer levar aos lugares altos. Lugares de pura incerteza, se olhados por uma perspectiva humana. O melhor lugar, o mais seguro e o de um melhor futuro, se pensarmos que este lugar é a perspectiva do Deus Santo em Sua ação em nossa vida. É Sua intimidade. Sua visão. Sua graça. Sua vida. Faz os meus pés como os das corças, e me coloca em segurança nos meus lugares altos.
Salmo 18. 33
Faz quatro anos que eu não viajo de avião. Este ano, pelo menos uma viagem está nos planos. Estou um tanto ansioso porque temo ter alguma recaída do pânico lá em cima. Mas, ao mesmo tempo, sinto falta. É fantástico olhar o mundo lá do alto, de onde as nossas perspectivas se perdem por completo. Do avião as maiores cidades se resumem a pontos de luz, a maior parte indiscerníveis. Não percebemos o quão rápido vamos, nem o quão alto. Mesmo quando voamos acima das nuvens, a sensação é que aquela imensidão branca não passa de um tapete. Simples tapete. Voar nos conduz a novas perspectivas. O céu está perto, tão perto que achamos que vamos tocar lua e estrelas, a terra está longe, tão longe que pensamos não precisar voltar.
Nos lugares altos sofremos de uma imensa falta de referenciais. É por isso que não percebemos as distâncias, a velocidade ou a altura. Nossa perspectiva no avião anula os referenciais que podem nos dar as noções que nos prendem à terra. Além disso, o céu não possui qualquer das limitações que os caminhos terrestres impõem aos viajantes. Não temos estradas esburacadas ou trilhos estreitos. Não somos obrigados a permanecer no único caminho que a estrada nos oferece. O céu, sem limites, permite que sejam traçadas rotas mais adequadas para cada viagem. Outros fatores, juntos a esse, fizeram já, por exemplo, que eu pudesse viajar entre Natal e Fortaleza em 30 minutos, 40 ou até uma hora. O nosso caminho, no céu, é amplitude virtualmente infinita.
Essas idéias parecem expressas quando o salmista nos fala de lugares altos no Salmo 18. Deus quer nos levar aos lugares altos. Quer nos erguer fora dos conflitos desse mundo para que eles não sejam mais os nossos referenciais. No lugar alto, sem referência alguma a não ser Deus, veremos a pequenez desses conflitos e os veremos da perspectiva inigualável do Senhor. Deus quer nos alçar aos lugares altos para que Ele, e só Ele, seja o nosso referencial. Nada mais, nenhum problema, nenhum conflito, nenhuma circunstância, ou qualquer outra coisa.
Vendo a nossa vida e o nosso mundo do alto, veremos tudo diferente. As distâncias serão menores. As coisas que tributávamos a maior importância serão pequenas. Veremos tudo do ponto de vista do Senhor e constataremos Sua ação mais claramente. Voar nos conduz a novas visões. Nada é tão sério quanto pensávamos antes. Nada é tão irremediável, porque vendo do alto vemos que nada escapa do Senhorio de Deus.
Sendo levados aos lugares altos vemos o nosso horizonte mais amplo e distante. E, mais do que isso, o nosso caminho é enlarguecido. Não tem limites, não tem restrições. Alargaste sob os meus passos o caminho, e os meus pés não vacilaram (Sl. 18. 36). Levados aos lugares altos não poderemos antecipar até onde chegaremos. Ali é o lugar do lançar-se incerto aos cuidados do Pai do Céu. O lugar onde Deus quer nos conduzir é lugar para, finalmente, experimentar a realidade de que não somos capazes de alcançar com nosso entendimento tudo que Deus é capaz de fazer em nossas vidas, porque Ele é poderoso para fazer infinitamente mais do que pedimos ou pensamos.
Deus nos quer levar aos lugares altos. Lugares de pura incerteza, se olhados por uma perspectiva humana. O melhor lugar, o mais seguro e o de um melhor futuro, se pensarmos que este lugar é a perspectiva do Deus Santo em Sua ação em nossa vida. É Sua intimidade. Sua visão. Sua graça. Sua vida. Faz os meus pés como os das corças, e me coloca em segurança nos meus lugares altos.
3.5.05
Além do gelo
Homem mortal, olhe bem. Escute com cuidado e preste bem atenção em tudo o que lhe vou mostrar, pois você foi trazido aqui por causa disso. Vá contar ao povo de Israel tudo o que você está vendo.
Ezequiel 40. 4
Alguns meses atrás, eu tive um sonho interessante. No sonho eu me via preso em um lago congelado, sob a densa camada de gelo. Junto ao gelo, havia um tubo por onde eu podia me manter respirando. E lá fora, eu via a vida com toda a sua beleza. Verde, imensidão, tranqüilidade, paz e descanso estavam lá, além do gelo. De repente veio uma voz que me dizia que era para eu permanecer firme ali naquela posição, respirando e olhando a vida do lado de fora do lago congelado. E anunciando que há vida lá fora. A voz me disse que era justamente para isso que eu estava ali, que eu era mantido ali. A voz me disse: pois você foi trazido aqui por causa disso. Se não fizer isso, para que ficar aí?
O capítulo 40 de Ezequiel conta-nos uma história semelhante. O profeta é levado por Deus em uma visão até Jerusalém. A mesma cidade onde ele tinha voltado em uma visão anterior e visto todo pecado da liderança do templo, visto a glória do Senhor deixar o templo e a cidade. Cidade contra a qual ele já havia lançado a palavra condenatória do Senhor. Agora, Deus o leva de volta para lá a fim de que veja o plano de restauração que o Senhor tem para Jerusalém. Homem mortal, olhe bem. Escute com cuidado e preste bem atenção em tudo o que lhe vou mostrar, pois você foi trazido aqui por causa disso. Vá contar ao povo de Israel tudo o que você está vendo.
E o profeta vê o templo reconstruído, a cidade sendo recuperada e a glória do Senhor voltando àquela terra. O Senhor promete que trará seu povo de volta e restaurará essa gente. E o fim do livro de Ezequiel aponta a realização plena da restauração de Deus. Quando isso acontecesse, dizia o Senhor, o nome da cidade passaria a ser: “O Senhor está aqui” (Ez. 48. 35).
Eu tenho nos visto como que vivendo abaixo da espessa camada de gelo de um lago congelado. Estamos ali e, como aqueles homens do mito da caverna de Platão, achamos que a vida que vivemos, nas sombras e no frio, é a única vida possível. Mas o Senhor nos quer mostrar a vida além do gelo.
Além da camada de gelo, há vida nova. Além da camada de gelo, a gente escapa da viciada atmosfera mortal de mal e pecado que nos envolve. O Senhor pode e deseja nos tirar disso e nos levar onde o ar é puro, onde a vida é plena. O Senhor deseja nos tirar de lá e nos conduzir a lugares altos, na comunhão do Senhor. Lugares onde podemos vivenciar uma experiência profunda da presença de Deus. Experiência do amor de Jesus. Onde podemos respirar o vento do Espírito. Beber sempre e para sempre a Água da Vida. Voar nas asas da esperança e da fé.
Nos lugares altos para onde Deus quer nos levar, além do gelo, poderemos ver com os olhos do Senhor, amar com o amor do Senhor. Descobriremos os pensamentos de Deus, que são maiores que os nossos próprios. Estaremos ouvindo a Sua voz, nadando no rio que corre do Seu Trono. Estaremos no Seu Tabernáculo Eterno, vendo tudo através da perspectiva da Altura em que nos encontrarmos diante de Jesus.
Nos lugares altos, viveremos a Palavra de Deus, a conheceremos e a falaremos em todo tempo a todo o mundo. Nos lugares altos, além do gelo, que o Senhor tem nos mostrado e sobre os quais Ele me chamou a falar, viveremos a plenitude de Sua Liberdade no Espírito, da vida plena na Sua presença.
Ezequiel é levado para ver a restauração do povo de Israel. Nós somos conduzidos para experimentar a vida restaurada e cheia do Senhor. Aquilo que nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em nossos corações, mas que Deus preparou para nós e nos tem revelado pelo Espírito Santo. Por isso, junto à camada de gelo, mantido aqui pelo Senhor, estou aqui para dizer sempre que existe uma outra vida, um outro mundo possível, além do gelo.
Ezequiel 40. 4
Alguns meses atrás, eu tive um sonho interessante. No sonho eu me via preso em um lago congelado, sob a densa camada de gelo. Junto ao gelo, havia um tubo por onde eu podia me manter respirando. E lá fora, eu via a vida com toda a sua beleza. Verde, imensidão, tranqüilidade, paz e descanso estavam lá, além do gelo. De repente veio uma voz que me dizia que era para eu permanecer firme ali naquela posição, respirando e olhando a vida do lado de fora do lago congelado. E anunciando que há vida lá fora. A voz me disse que era justamente para isso que eu estava ali, que eu era mantido ali. A voz me disse: pois você foi trazido aqui por causa disso. Se não fizer isso, para que ficar aí?
O capítulo 40 de Ezequiel conta-nos uma história semelhante. O profeta é levado por Deus em uma visão até Jerusalém. A mesma cidade onde ele tinha voltado em uma visão anterior e visto todo pecado da liderança do templo, visto a glória do Senhor deixar o templo e a cidade. Cidade contra a qual ele já havia lançado a palavra condenatória do Senhor. Agora, Deus o leva de volta para lá a fim de que veja o plano de restauração que o Senhor tem para Jerusalém. Homem mortal, olhe bem. Escute com cuidado e preste bem atenção em tudo o que lhe vou mostrar, pois você foi trazido aqui por causa disso. Vá contar ao povo de Israel tudo o que você está vendo.
E o profeta vê o templo reconstruído, a cidade sendo recuperada e a glória do Senhor voltando àquela terra. O Senhor promete que trará seu povo de volta e restaurará essa gente. E o fim do livro de Ezequiel aponta a realização plena da restauração de Deus. Quando isso acontecesse, dizia o Senhor, o nome da cidade passaria a ser: “O Senhor está aqui” (Ez. 48. 35).
Eu tenho nos visto como que vivendo abaixo da espessa camada de gelo de um lago congelado. Estamos ali e, como aqueles homens do mito da caverna de Platão, achamos que a vida que vivemos, nas sombras e no frio, é a única vida possível. Mas o Senhor nos quer mostrar a vida além do gelo.
Além da camada de gelo, há vida nova. Além da camada de gelo, a gente escapa da viciada atmosfera mortal de mal e pecado que nos envolve. O Senhor pode e deseja nos tirar disso e nos levar onde o ar é puro, onde a vida é plena. O Senhor deseja nos tirar de lá e nos conduzir a lugares altos, na comunhão do Senhor. Lugares onde podemos vivenciar uma experiência profunda da presença de Deus. Experiência do amor de Jesus. Onde podemos respirar o vento do Espírito. Beber sempre e para sempre a Água da Vida. Voar nas asas da esperança e da fé.
Nos lugares altos para onde Deus quer nos levar, além do gelo, poderemos ver com os olhos do Senhor, amar com o amor do Senhor. Descobriremos os pensamentos de Deus, que são maiores que os nossos próprios. Estaremos ouvindo a Sua voz, nadando no rio que corre do Seu Trono. Estaremos no Seu Tabernáculo Eterno, vendo tudo através da perspectiva da Altura em que nos encontrarmos diante de Jesus.
Nos lugares altos, viveremos a Palavra de Deus, a conheceremos e a falaremos em todo tempo a todo o mundo. Nos lugares altos, além do gelo, que o Senhor tem nos mostrado e sobre os quais Ele me chamou a falar, viveremos a plenitude de Sua Liberdade no Espírito, da vida plena na Sua presença.
Ezequiel é levado para ver a restauração do povo de Israel. Nós somos conduzidos para experimentar a vida restaurada e cheia do Senhor. Aquilo que nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em nossos corações, mas que Deus preparou para nós e nos tem revelado pelo Espírito Santo. Por isso, junto à camada de gelo, mantido aqui pelo Senhor, estou aqui para dizer sempre que existe uma outra vida, um outro mundo possível, além do gelo.
2.5.05
Do inferno
Ele nos libertou do poder da escuridão e nos trouxe em segurança para o Reino do seu Filho amado.
Colossenses 1. 13
Noite passada assisti Monster, filme que premiou Charlize Theron como melhor atriz no Oscar do ano passado. Devo confessar que chorei boa parte do filme. A história real daquela mulher foi comovente demais para mim. E devo, desde já, pedi perdão porque vou falar um pouco sobre ela.
A história de Lee é a história do inferno na vida. Um lar completamente desajustado. Aos oito anos começou a ser sistematicamente estuprada por um tio. Seus sonhos de se tornar estrela de cinema, de se tornar uma mulher linda, foram cedendo lugar à realidade de seu inferno, de sua destruição. Aos doze anos, seu pai se matou e ela foi para rua.
A esperança de Lee em sua adolescência era que alguém viesse realizar o seu sonho. Ela aguardava que qualquer dos homens com quem transava pudesse enxergar aquilo ela poderia vir a ser ou pudessem vê-la linda como ela desejava. A única coisa que eles lhe davam era dinheiro. E desde os treze anos ela se prostituía.
Ela buscava sair do inferno que era sua vida. Um inferno destruidor de sonhos e expectativas. Destruidor. Uma das coisas mais impressionantes deste filme é a maquiagem e o trabalho para tornar Charlize Theron, uma das mulheres mais lindas do cinema, em uma personagem sem beleza, destruída pelo mundo em que viveu.
O mal cerca a sua vida, conduzindo-a cada vez mais para o fundo. Uma vida sem esperança. Aos poucos a gente vai descobrindo que vez por outra Lee teve namorados que na verdade eram seus cafetões. O último deles, a espancou quase até a morte. E ela descobriu que não merecia ser amada e não amaria mais.
O filme começa com Lee segurando uma arma, sob um viaduto, arrasada e pronta a se matar. Ela adia o suicídio porque acabara de ganhar cinco dólares em um programa e decide que vai gastar esse dinheiro antes de dar cabo à vida, porque senão o programa sairia de graça. Então, se Deus tinha alguma coisa para a vida dela, diz Lee, era agora ou nunca. Ela vai beber em um bar e encontra a lésbica Selby, personagem de Cristina Ricci. Tudo o que Lee precisava era de atenção e amor. Era só o que ela queria para que a vida deixasse de ser um inferno. Ela acha que encontrou o que procurava quando se depara com aquela menina, apaixonada por ela. Acha que agora está sendo amada. Mas não era exatamente assim o amor que ela precisava.
Monster conta a história de uma prostituta que foi condenada à morte no fim dos anos 80 e executada em 2002 por uma série de assassinatos. O inferno de Lee aprofundou-se na relação com Selby. Ela precisava trabalhar nas ruas para sustentar as duas. E, uma noite, um cliente a violentou terrivelmente. Ela o mata impiedosamente. Nessa seqüência, há uma cena emblemática. À distância, Lee observa o homem morto junto ao carro, enquanto acende e fuma um cigarro. A fumaça do cigarro, como se fosse a tenebrosa atmosfera infernal, de desespero, que cerca a sua vida, envolve o seu rosto, escondendo-o um pouco. Já no final do filme, depois de ter matado muitos outros clientes, Lee é deixada em uma estrada. Aquela fumaça inicial do cigarro que a envolvia, representando o desespero e a morte na sua vida, agora é uma pesada e densa nuvem, um nevoeiro terrível. A vida dela, agora, foi tão fundo que está perdida para sempre.
Chorei o filme inteiro. Porque a vida de Lee é apenas uma das que estão mergulhadas tão fundo no império das trevas, que por mais que saiba que tudo o que precisa é de amor, não é capaz nem de almejar experimentar o verdadeiro amor de Deus que está em Cristo Jesus. A única chance que alguém tem de deixar esse inferno na vida é o amor de Jesus. Mas a vida de Lee foi tão destruída por Satanás o tempo inteiro, que foi esmigalhada ao ponto de ela se tornar um monstro em muitas acepções da palavra. Ela não foi alcançada pelo amor do Senhor.
Ele nos libertou do poder da escuridão e nos trouxe em segurança para o Reino do seu Filho amado. Hoje de manhã, eu chorei novamente pensando no filme e pensando neste versículo. Imaginei aquela multidão de seres humanos, pecadores e perdidos, caminhando sem direção rumo à morte eterna, envoltos pelo inferno de suas vidas. Eu era um desses. E, simplesmente, pela Graça, o Senhor me libertou do império das trevas e me conduziu, à salvo, para o Reino do seu Filho amado. Tanto quanto Lee, minha vida estava envolvida em um inferno. Tanto quanto Lee, eu precisava de amor. Era tudo o que precisava. Mas por um motivo que eu jamais entenderei, Deus me tirou do meio da multidão e me deu o Seu amor. E me trouxe em segurança à Sua presença. Acabou com o meu inferno antes que ele me destruísse.
Sua vida pode estar envolvida por um inferno. Pode não ser um inferno tão profundo quanto o da vida de Lee. Pode não ser, aparentemente, tão mortal. Mas sua vida pode estar envolvida neste inferno que é caminhar sem o amor de Deus. Mas a boa notícia é que Jesus morreu na Cruz para que você pudesse ter tudo o que realmente precisa: amor, carinho, atenção. Jesus morreu para que tivéssemos vida, para que fossemos libertos do império das trevas, para que vivêssemos em Sua comunhão. Jesus nos dá o Seu amor e reconstrói qualquer vida, vítima de qualquer destruição infernal. Sim, você precisa experimentar um amor verdadeiro, como Lee precisava, para sair de seu inferno pessoal. E o único amor verdadeiro que pode lhe tirar daí é o que Deus revela por meio da vida e da morte de Jesus.
Colossenses 1. 13
Noite passada assisti Monster, filme que premiou Charlize Theron como melhor atriz no Oscar do ano passado. Devo confessar que chorei boa parte do filme. A história real daquela mulher foi comovente demais para mim. E devo, desde já, pedi perdão porque vou falar um pouco sobre ela.
A história de Lee é a história do inferno na vida. Um lar completamente desajustado. Aos oito anos começou a ser sistematicamente estuprada por um tio. Seus sonhos de se tornar estrela de cinema, de se tornar uma mulher linda, foram cedendo lugar à realidade de seu inferno, de sua destruição. Aos doze anos, seu pai se matou e ela foi para rua.
A esperança de Lee em sua adolescência era que alguém viesse realizar o seu sonho. Ela aguardava que qualquer dos homens com quem transava pudesse enxergar aquilo ela poderia vir a ser ou pudessem vê-la linda como ela desejava. A única coisa que eles lhe davam era dinheiro. E desde os treze anos ela se prostituía.
Ela buscava sair do inferno que era sua vida. Um inferno destruidor de sonhos e expectativas. Destruidor. Uma das coisas mais impressionantes deste filme é a maquiagem e o trabalho para tornar Charlize Theron, uma das mulheres mais lindas do cinema, em uma personagem sem beleza, destruída pelo mundo em que viveu.
O mal cerca a sua vida, conduzindo-a cada vez mais para o fundo. Uma vida sem esperança. Aos poucos a gente vai descobrindo que vez por outra Lee teve namorados que na verdade eram seus cafetões. O último deles, a espancou quase até a morte. E ela descobriu que não merecia ser amada e não amaria mais.
O filme começa com Lee segurando uma arma, sob um viaduto, arrasada e pronta a se matar. Ela adia o suicídio porque acabara de ganhar cinco dólares em um programa e decide que vai gastar esse dinheiro antes de dar cabo à vida, porque senão o programa sairia de graça. Então, se Deus tinha alguma coisa para a vida dela, diz Lee, era agora ou nunca. Ela vai beber em um bar e encontra a lésbica Selby, personagem de Cristina Ricci. Tudo o que Lee precisava era de atenção e amor. Era só o que ela queria para que a vida deixasse de ser um inferno. Ela acha que encontrou o que procurava quando se depara com aquela menina, apaixonada por ela. Acha que agora está sendo amada. Mas não era exatamente assim o amor que ela precisava.
Monster conta a história de uma prostituta que foi condenada à morte no fim dos anos 80 e executada em 2002 por uma série de assassinatos. O inferno de Lee aprofundou-se na relação com Selby. Ela precisava trabalhar nas ruas para sustentar as duas. E, uma noite, um cliente a violentou terrivelmente. Ela o mata impiedosamente. Nessa seqüência, há uma cena emblemática. À distância, Lee observa o homem morto junto ao carro, enquanto acende e fuma um cigarro. A fumaça do cigarro, como se fosse a tenebrosa atmosfera infernal, de desespero, que cerca a sua vida, envolve o seu rosto, escondendo-o um pouco. Já no final do filme, depois de ter matado muitos outros clientes, Lee é deixada em uma estrada. Aquela fumaça inicial do cigarro que a envolvia, representando o desespero e a morte na sua vida, agora é uma pesada e densa nuvem, um nevoeiro terrível. A vida dela, agora, foi tão fundo que está perdida para sempre.
Chorei o filme inteiro. Porque a vida de Lee é apenas uma das que estão mergulhadas tão fundo no império das trevas, que por mais que saiba que tudo o que precisa é de amor, não é capaz nem de almejar experimentar o verdadeiro amor de Deus que está em Cristo Jesus. A única chance que alguém tem de deixar esse inferno na vida é o amor de Jesus. Mas a vida de Lee foi tão destruída por Satanás o tempo inteiro, que foi esmigalhada ao ponto de ela se tornar um monstro em muitas acepções da palavra. Ela não foi alcançada pelo amor do Senhor.
Ele nos libertou do poder da escuridão e nos trouxe em segurança para o Reino do seu Filho amado. Hoje de manhã, eu chorei novamente pensando no filme e pensando neste versículo. Imaginei aquela multidão de seres humanos, pecadores e perdidos, caminhando sem direção rumo à morte eterna, envoltos pelo inferno de suas vidas. Eu era um desses. E, simplesmente, pela Graça, o Senhor me libertou do império das trevas e me conduziu, à salvo, para o Reino do seu Filho amado. Tanto quanto Lee, minha vida estava envolvida em um inferno. Tanto quanto Lee, eu precisava de amor. Era tudo o que precisava. Mas por um motivo que eu jamais entenderei, Deus me tirou do meio da multidão e me deu o Seu amor. E me trouxe em segurança à Sua presença. Acabou com o meu inferno antes que ele me destruísse.
Sua vida pode estar envolvida por um inferno. Pode não ser um inferno tão profundo quanto o da vida de Lee. Pode não ser, aparentemente, tão mortal. Mas sua vida pode estar envolvida neste inferno que é caminhar sem o amor de Deus. Mas a boa notícia é que Jesus morreu na Cruz para que você pudesse ter tudo o que realmente precisa: amor, carinho, atenção. Jesus morreu para que tivéssemos vida, para que fossemos libertos do império das trevas, para que vivêssemos em Sua comunhão. Jesus nos dá o Seu amor e reconstrói qualquer vida, vítima de qualquer destruição infernal. Sim, você precisa experimentar um amor verdadeiro, como Lee precisava, para sair de seu inferno pessoal. E o único amor verdadeiro que pode lhe tirar daí é o que Deus revela por meio da vida e da morte de Jesus.
1.5.05
Com as perguntas certas
Certo homem de posição perguntou-lhe: Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?Lucas 18. 18
Muitas pessoas podem nos ser modelo. Nem sempre, modelos de correção, mas mesmo quando sua atitude modelar não é correta, seu exemplo é ilustrativo e inspirador para nossas vidas. Pode servir para que aprendamos sobre o que não fazer, o que é tão importante quanto aprender que atitude tomar.
O personagem que conhecemos como jovem rico é um exemplo disso, sendo alguém capaz de ter tanto atitudes corretas, quanto posturas que devem nos inspirar a fugirmos delas. Ele tem questões interessantes sobre a vida eterna e sobre a salvação, sobre sua vida espiritual, e vai à Pessoa certa em busca de respostas. Ele tem as perguntas certas no coração e busca a fonte certa para alcançar a resposta: Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna? é a pergunta que ele lança a Jesus.
É claro que com o passar do tempo, de nossa caminhada com o Pai, nossas perguntar mudam, mas a atitude correta a se tomar continua a mesma: ir a Jesus com as perguntas esperando que resposta Ele nos dará. É preciso ir a Jesus com as perguntas certas para receber dEle as respostas certas.
Isso é correto e fundamental. As dúvidas vão aparecer. Os questionamentos vão surgir. Vamos nos angustiar tantas vezes quando não compreendermos todas as coisas nas quais estamos metidos. Coisas à nossa volta vão nos sufocar e podemos nos sentir perdidos. A nossa luz, nessa hora, vai surgir quando levarmos nossas perguntas ao amor de Jesus, à Sua presença, na esperança de que a resposta certa dos lábios vem do Senhor. Sempre.
O problema do jovem rico foi a sua reação à resposta que o Senhor lhe dá. O problema é como reagimos às respostas de Deus. Vamos a Jesus com nossas perguntas, mas não estamos prontos a obedecer ao que Ele nos diz como resposta. Quantas vezes dizemos ao Senhor que desejamos a Sua orientação, mas fugimos de Sua resposta às nossas perguntas caso ela nos fira ou desagrade? Isso me faz pensar em um texto já partilhado nesse espaço. Ezequiel 33. 30 – 33 começa dizendo que o povo se reúne e fica interessado em saber o que o Senhor vai falar por meio do profeta. Eles dizem uns aos outros: Vinde, peço-vos, e ouvi qual é a Palavra que procede do Senhor (v. 30). Mas, diante do que Deus fala por meio do profeta, eles são denunciados por não transformarem as Suas Palavras em obras que lhes correspondam.
O caso do jovem rico é exemplar. A resposta de Jesus à sua pergunta o fere e o desagrada: Uma coisa ainda te falta: vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro nos céus; depois, vem e segue-me (Lc. 18. 22). Era preciso ter compromisso com Deus e com Cristo, coisa que ele acreditava ter. Mas também era preciso que ele, rico, tivesse compromisso com o pobre e com o próximo. Era preciso romper os limites de sua visão, de sua religiosidade, de sua própria vida.
A resposta de Jesus feriu o jovem rico porque exigia dele comprometimento. Jesus não abriu margens para discussões: ou o rico dava tudo aos pobres para seguí-Lo, ou não poderia ser discípulo. Amante de seus bens e incapaz de compreender o que a resposta de Jesus significava, ele decide ir se embora, e sai triste.
São dois exemplos diferentes dados pelo mesmo homem. De um lado, ele nos ensina, corretamente, que devemos ir a Jesus com qualquer questão que nos aflija, esperando dEle receber a resposta. Por outro lado, sua atitude frente à resposta que Jesus lhe dá nos ensina qual não deve ser nossa reação àquilo que Deus nos manda fazer. Mesmo que nos desagrade, mesmo que nos fira, mesmo que nos toque profundamente, Ele espera que se formos a Ele com as perguntas certas, queiramos levar conosco as melhores respostas que Ele tem para nos dar. Mesmo que não sejam, para nós, agradáveis.
Muitas pessoas podem nos ser modelo. Nem sempre, modelos de correção, mas mesmo quando sua atitude modelar não é correta, seu exemplo é ilustrativo e inspirador para nossas vidas. Pode servir para que aprendamos sobre o que não fazer, o que é tão importante quanto aprender que atitude tomar.
O personagem que conhecemos como jovem rico é um exemplo disso, sendo alguém capaz de ter tanto atitudes corretas, quanto posturas que devem nos inspirar a fugirmos delas. Ele tem questões interessantes sobre a vida eterna e sobre a salvação, sobre sua vida espiritual, e vai à Pessoa certa em busca de respostas. Ele tem as perguntas certas no coração e busca a fonte certa para alcançar a resposta: Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna? é a pergunta que ele lança a Jesus.
É claro que com o passar do tempo, de nossa caminhada com o Pai, nossas perguntar mudam, mas a atitude correta a se tomar continua a mesma: ir a Jesus com as perguntas esperando que resposta Ele nos dará. É preciso ir a Jesus com as perguntas certas para receber dEle as respostas certas.
Isso é correto e fundamental. As dúvidas vão aparecer. Os questionamentos vão surgir. Vamos nos angustiar tantas vezes quando não compreendermos todas as coisas nas quais estamos metidos. Coisas à nossa volta vão nos sufocar e podemos nos sentir perdidos. A nossa luz, nessa hora, vai surgir quando levarmos nossas perguntas ao amor de Jesus, à Sua presença, na esperança de que a resposta certa dos lábios vem do Senhor. Sempre.
O problema do jovem rico foi a sua reação à resposta que o Senhor lhe dá. O problema é como reagimos às respostas de Deus. Vamos a Jesus com nossas perguntas, mas não estamos prontos a obedecer ao que Ele nos diz como resposta. Quantas vezes dizemos ao Senhor que desejamos a Sua orientação, mas fugimos de Sua resposta às nossas perguntas caso ela nos fira ou desagrade? Isso me faz pensar em um texto já partilhado nesse espaço. Ezequiel 33. 30 – 33 começa dizendo que o povo se reúne e fica interessado em saber o que o Senhor vai falar por meio do profeta. Eles dizem uns aos outros: Vinde, peço-vos, e ouvi qual é a Palavra que procede do Senhor (v. 30). Mas, diante do que Deus fala por meio do profeta, eles são denunciados por não transformarem as Suas Palavras em obras que lhes correspondam.
O caso do jovem rico é exemplar. A resposta de Jesus à sua pergunta o fere e o desagrada: Uma coisa ainda te falta: vende tudo o que tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro nos céus; depois, vem e segue-me (Lc. 18. 22). Era preciso ter compromisso com Deus e com Cristo, coisa que ele acreditava ter. Mas também era preciso que ele, rico, tivesse compromisso com o pobre e com o próximo. Era preciso romper os limites de sua visão, de sua religiosidade, de sua própria vida.
A resposta de Jesus feriu o jovem rico porque exigia dele comprometimento. Jesus não abriu margens para discussões: ou o rico dava tudo aos pobres para seguí-Lo, ou não poderia ser discípulo. Amante de seus bens e incapaz de compreender o que a resposta de Jesus significava, ele decide ir se embora, e sai triste.
São dois exemplos diferentes dados pelo mesmo homem. De um lado, ele nos ensina, corretamente, que devemos ir a Jesus com qualquer questão que nos aflija, esperando dEle receber a resposta. Por outro lado, sua atitude frente à resposta que Jesus lhe dá nos ensina qual não deve ser nossa reação àquilo que Deus nos manda fazer. Mesmo que nos desagrade, mesmo que nos fira, mesmo que nos toque profundamente, Ele espera que se formos a Ele com as perguntas certas, queiramos levar conosco as melhores respostas que Ele tem para nos dar. Mesmo que não sejam, para nós, agradáveis.
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