Mulher, onde estão eles? Não ficou ninguém para condenar você?
João 8. 10 (1 – 11)
Dessa vez, eu convido você a ser essa mulher adúltera do texto de João 8.
Você foi descoberta em flagrante. A vergonha e o vazio que invadem você são inomináveis. Enormes. Gigantes. Como o escárnio e a ira que a população levanta contra você.
Seus vizinhos, que você considerava amigos, agora a querem morta. Você sente medo. Porque sabe que vai morrer. É assim que diz a Lei. E você vai morrer pelas mãos de muitos dos homens que já estiveram na sua cama. Muitos a quem você já havia dado a sua dignidade na tentativa de suprir o vazio e a angústia que sempre possuem seu coração.
Seus pais, em nenhum momento da sua vida, lhe deram valor. Ao ponto de lhe terem vendido àquele que é seu marido, a fim de pagar dívidas.
Para o seu marido, você não era alguém, não era uma pessoa. Era um objeto. Um bem, que tem preço. Você era sua propriedade exclusiva. Agora, quando você reflete sobre isso, conclui que é provável que tudo isso a tenha conduzido à vida que viveu, a se entregar para tantos homens, até ser flagrada. Você viveu assim para se vingar de um homem que jamais a respeitou. Você pensa agora “na vida que viveu” porque está certa que morrerá. A Lei diz isso.
Só que a sua vingança não funcionava muito bem. Cada vez em que você traía seu marido, a vergonha, o medo e a dor do vazio enchiam a sua alma. E você buscava mais uma vez as camas dos amantes para que, talvez, o prazer pudesse abafar a sua dor.
Vergonha, medo, dor enorme no coração. E agora? Estão levando você para o Maior dos Mestres. Certamente, até Ele condenará sua atitude abjeta. Sua condenação e morte são certas. E Jesus será o primeiro a lhe atirar pedra.
Coração sobressaltado, você percebe que se encontra diante do Mestre. É agora. Respiração em suspenso, pulsação acelerada. Dificuldade em puxar o ar por causa da aflição que lhe aperta o peito. Você não ergue os olhos e não vê os olhos de Jesus. A vergonha é grande.
Acusam: Mestre, esta mulher foi apanhada no ato de adultério. De acordo com a Lei que Moisés nos deu, as mulheres adúlteras devem ser mortas. Mas o Senhor, o que diz sobre isso? (vv. 4 – 5). A resposta de Jesus desarma o circo. Nem você, nem qualquer dos seus acusadores tinham qualquer idéia de com quem estavam lidando. Vocês não tinham idéia de quem Jesus é.
Você ouve a voz, repleta de sabedoria, do Senhor. Ele surpreendeu todos e cada um. Especialmente você. Uma doce paz começou a invadir seu coração e pôr para fora todo medo quando você ouviu, atentamente, Suas palavras. Abaixado, tranqüilamente, enquanto desenhava na areia, Jesus disse a todos: Quem de vocês estiver sem pecado, que seja o primeiro a atirar uma pedra nesta mulher! (v. 7).
As palavras de Jesus expuseram a hipocrisia de todos. Igualaram a todos sob a mesma dimensão de pecado. E era impossível a qualquer continuar de onde estavam. Eles foram embora, um a um, deixando você, por fim, sozinha com Jesus. As lágrimas vieram à sua face. Quem é este? Você se perguntava no íntimo. Quem é este?
Mulher, onde estão eles? Não ficou ninguém para condenar você? Você vai dizer o quê? Ninguém ficou. Nem mesmo aquela mulher cheia de medo, vergonha e tristeza que foi trazida por eles. Nem ela está mais ali. O doce amor trazido pelas palavras de Jesus penetraram o seu coração e transformaram quem você é. A amargura, a dor, a tristeza, a vergonha, a mágoa foram embora. A sede de sua alma, que por tanto tempo você tentava saciar, foi embora. Só restou o amor de Deus. Só restou a atitude de Jesus. Só restaram as Suas Palavras, ressoando no seu interior.
Mulher, onde estão eles? Não ficou ninguém para condenar você? Você vai dizer o quê? Ninguém, Senhor! Jesus disse: Pois eu também não condeno você. Vá e não peque mais! (v. 11).
Agora tudo mudou. Você foi levada àquele lugar certa de que morreria. Certa de que seria o fim de sua vida. E foi. E você morreu. E aquela vida ficou para trás. A vida que você vivia, as coisas que você fazia. Essa vida morreu e não deixa saudades. Você não precisa dela. Agora tudo mudou. Você acaba de nascer para uma nova vida. Seu encontro com Jesus marcou um novo nascimento. Saciou a sua sede. Trouxe seu perdão. Agora, não precisa de nada, a não ser o Senhor, para ser quem deveria ser. Uma mulher de verdade. Em Cristo.