4.6.15

A vontade de Deus é amar

Como vejo a vontade de Deus hoje?
Para mim, uma possível analogia seria o impulso de uma energia empurrando o mundo na direção da vida. 
Desse modo, não determina, mas é um vetor que impulsiona mais vida no mundo. Você pode resistir, pode lutar contra, pode decepcionar.
Nesse sentido, é uma intenção, um projeto, um plano de vida para cuja realização depende de nossa ação. Somos livres para participar ou não porque o amor só é amor se os amados e o Amante são livres - se o amado puder frustrar o Amante, se o Amante estiver disponível para ser afetado pelos amados, se assim o Amante puder ver seus planos de amor serem frustrados pelos amados.
Mas há esse impulso pela vida. Como que gravado no código de programação do Universo e da Vida. Como meu genótipo que é capaz de definir elementos essenciais de minha vida, saúde, mente, ideias, mas que não é definidora absoluta de minhas escolhas e de quem eu sou. O que sou não é definido pela programação dos meus gens, ainda que eles sejam essenciais nisso. Sou condenado à liberdade de escolher e esse elemento é o que melhor me define como um sujeito que intenta ser livre e autônomo. 
De igual modo, há uma energia que faz a existência ser cada vez mais complexa. A vida inteligente existia potencialmente na singularidade de onde explodiu o Big Bang. Nossa existência inteligente só é possível porque existia potencialmente ainda antes mesmo da existência do cosmos.
Parece que a vida - e a vida inteligente, a consciência, é o intuito do vetor que conduz o universo até o seu fim.  Um vetor que orienta mas que não submete - o acaso explode, um feixe de raios Gama decorrente de uma explosão estelar pode vaporizar nosso mundo ou outros mundos pondo fim a um processo evolutivo que faria brotar vida e civilização ou destruir toda uma civilização como a nossa. E isso não porque fosse vontade de Deus, mas porque o acaso e o infortúnio são possibilidades na história desse cosmos.
Um cosmos que é caótico, mas que se reorganiza. Um cosmos onde consciências se dirigem umas a outras e que fazem brotar o amor. O Amante nos amou para que pudéssemos aprender a amar - ainda que tudo isso não seja mais que linguagem antropomórfica. 
Um dos filmes mais tocantes que vi recentemente foi "Interestelar". E ali há uma proposta: a energia mais poderosa do universo, aquela que é capaz de transpor as barreiras do espaço-tempo, é o amor. 
A vontade de Deus é o Amor.

2.6.15

Inferno e fim do mundo

Mateus 13 traz algumas parábolas que falam sobre os injustos sendo lançados "na fornalha ardente" no "fim do mundo" onde "haverá choro e ranger de dentes" (joio e rede). 
Sou simpático à ideia de que tal fim do mundo ocorreu na crucificação de Jesus. A cena descrita nos sinópticos de trevas, escuridão na terra, terremotos e mortos voltando à vida combina com aquilo que os profetas escatológicos do Antigo Testamento anunciavam sobre o Dia do Senhor, o fim do mundo.  
Não dá, no entanto, para aprofundar a questão aqui. Cito-a para ponderar que, assim sendo, o inferno dos que rejeitaram Jesus seria uma condição existencial que se deu no momento em que Jesus morreu e ressuscitou e estes, injustos, foram mantidos de fora da esperança e da vida do Ressurrecto. 
Viver sem a experiência da ressureição e da vida é viver o inferno na terra. Ali, longe da graça. Ali, onde haverá choro e ranger de dentes.