Tenham sempre alegria, unidos com o Senhor! Repito: tenham alegria!
Filipenses 4. 4.
Há uma doce alegria no ar. Contagiante. Empolgante. Quase me conduz ao eufórico descontrole. Há uma doce alegria em meu coração, impactantemente gravada pelo Espírito Santo. Essas novas coisas que Deus tem trazido à tona, dentro de mim, são desconcertantes. Há uma doce alegria tomando meu ser. Doce alegria, alegria do Senhor, que é nossa força.
Na noite em que me converti, senti como se o chão me faltasse. Já falei em outra meditação: era como se toda a alegria que me envolvia naqueles dias de acampamento finalmente tivesse encontrado brecha para raiar no meu interior. Havia eu, finalmente, aberto meu coração para receber o presente maravilhoso de Deus para a nossa vida. Abrira meu coração para receber Jesus. A alegria daquela noite envolve-se, em minha memória, por uma aura especial, como se fosse sentimento e momento irrepetível.
Esses dias, como se um rio do Espírito lavasse minha alma, como se um lago de Deus surgisse no meu coração, há uma alegria indescritível me tomando. Qual a sua fonte? Qual o seu propósito?
Essa alegria só pode ter uma única fonte. Qualquer outra forma de alegria é passageira e incompleta. Paulo diz aos Gálatas que, depois do amor, a alegria é parte seguinte do fruto do Espírito Santo (Gl. 5. 22). Como um fruto cheio de gomos, a alegria é parte da obra que faz Deus em nossa vida. E essa parte é perfeita e plena: ela independe das coisas que se sucedem conosco. Ela independe das dores que enfrentamos. Independe de nossas aflições e lutas. De nossa ansiedade. Apesar de todos os momentos difíceis, a alegria que vem do Senhor se mantém.
E se mantém para nos manter de pé. Ela é a nossa força. Quando toda tristeza nos abate. Quando todo cansaço nos faz desmoronar. Quando toda angústia nos sufoca. Quando todo mal se levanta contra nós. Quando, humanamente, a única coisa que poderia restar em nós fosse depressão. Em todos esses momentos, Deus nos concede da Sua alegria como uma arma de resistência, como o alimento contra o cerco de uma cidadela, como a força de nossa alma, para fazermos frente a tudo que procura nos destruir. A nossa alegria, trazida a nós pelo Espírito de Deus, é parte de nosso escudo e fortaleza. Por isso, o nosso Deus é socorro bem presente nas tribulações. Só Ele enche nossos lábios de louvor, nosso coração de júbilo, nossa vida de alegria, diante das piores lutas, dos momentos mais difíceis.
De onde vem? Pensando nessa pergunta eu me lembro da primeira vez em que me apaixonei na minha adolescência. Quer dizer, a primeira em que foi recíproco. Lembro do meu prazer em estar na companhia dela. E quando, nas escadas de meu prédio, lhe dei o primeiro beijo? Fui às nuvens. Era bom demais aquilo. Lembro que a minha alegria era contagiante. Eu estava empolgado. Era mais fácil viver a vida. Tudo era motivo para festa. E sempre estava nos meus lábios um hino de louvor a Deus. De onde vinha toda a minha alegria? Da comunhão. De amar. Mas, principalmente, de ser amado. Sentir-se amado, valorizado, a partir de uma comunhão íntima, é a maior das fontes de nossas alegrias.
Dia desses, após um aborrecimento, fui dormir pedindo a Deus que me fizesse sentir Seu amor por mim para recuperar a minha alegria perdida. E quando percebi o grande amor de Deus invadindo meu coração, a alegria explodiu de novo no meu rosto.
Por que a alegria do Senhor é nossa força? Por que podemos andar alegres, com um novo cântico nos lábios em todo tempo? Por que podemos alegrarmo-nos e alegrarmo-nos sempre? Porque temos a comunhão com nosso Pai. Porque temos uma relação de amor com Ele. E, mais que tudo, porque somos amados por Ele. Somos amados por Ele e, na força desse amor, brota em nosso coração por meio do Espírito, uma alegria inefável. Semelhante àquela do adolescente apaixonado. Apaixonados por Deus, amados infinitamente por Ele. Se era bom quando o amor era tão imperfeito, como não será alegre, empolgante, eufórico com o Perfeito Amor de Deus?
Temos fome de alegria do mesmo modo que temos fome de amor. Essa fome há de ser saciada através de Cristo Jesus. Da comunhão com Ele. Do amor dEle. Da vida com Ele. Da vitória conquistada pela Cruz. O caminho para vivenciar isso, uma vez e sempre, é confiar a vida nas mãos do amor que se entregou e morreu por nós. É confiar a vida a Jesus.
21.5.05
20.5.05
Consciência e realidade
Senhor, afaste-se de mim, pois eu sou um pecador!
Lucas 5. 8.
Sujeito assujeitado é um termo de uma disciplina chamada Análise do Discurso, aparecendo também em outras perspectivas que fazem o estudo da Ideologia. Significa o indíviduo que, inconsciente de viver imerso em uma estrutura ideológica, torna-se inconsciente também de que sua fala e seu discurso não passam de meras reproduções de formações discursivas ideológicas. Mais que isso: sua própria forma de viver e ver o mundo é estruturada tendo por fundamento a ideologia na qual ele se insere. A pior parte de se ser um sujeito assujeitado é a ilusão que cria a ideologia de que aquilo que você diz é produção sua, quando, na verdade, você está “sendo falado” por outras vozes. Quer dizer, por mais que você ache que seu modo de ver o mundo e suas falas sejam originais [só você pensa como você], não deixam de ser aquilo que uma ideologia quer que você pense e fale. Você é apenas uma espécie de papagaio.
Todos nós somos assujeitados a alguma concepção ideológica. Porque todos nós vivemos em um mundo imerso em ideologias. A diferença que pode haver entre nós é o nível de consciência que teremos. Podemos ser mais ou menos conscientes da ideologia e do mundo em que vivemos. É aqui que reside a grande diferença: podemos ter consciência da nossa realidade. Ou não. Podemos sair do nível ingênuo, ou nos perpetuarmos no assujeitamento ideológico.
Mais uma vez vou pedir perdão por citar um filme. O 13º Andar é uma ficção científica de primeira que nos fala, entre muitas coisas, acerca da tomada de consciência a respeito da realidade. No início somos transportados para uma cidade americana dos anos 30 [Chicago, se não me engano]. Logo descobrimos que essa cidade não existe em mundo concreto. Ela é uma simulação de computador, inclusive seus habitantes. No entanto, uma interface permite que os cientistas entrem na simulação e interajam com os programas inteligentes. Aliás, esses programas são “avatares” [me permitam, pois é o termo usual] de personalidades do mundo concreto. Assim, quando fazem a interface, as pessoas assumem os papéis de seus avatares no mundo simulado.
Nenhum dos programas é consciente. Eles não têm nem consciência suficiente para se questionar porque seu mundo é tão pequeno: eles nunca saem da cidade porque o fim da cidade é o fim do seu mundo, literalmente. É onde acaba a simulação. Mas eles não sabem disso. Foram apenas programados assim. Tudo mudaria, se eles tomassem consciência desse fato. Eles vivem em um mundo limitado, inconscientemente.
O filme, a partir do assassinato de um dos cientistas do projeto, narra como se dá uma tomada de consciência a respeito do mundo real. E mostra que a profundidade de nossa percepção da realidade concreta é diretamente proporcional ao tamanho da consciência que nós temos de nós mesmos e deste mundo. Em outras palavras, o filme me inspira a entender que quando mais conscientes somos a nosso respeito e a respeito da realidade do mundo, mais conseguimos nos libertar do assujeitamento. Quando mais somos conscientes, mais entendemos o mundo, mais alargamos nossa visão da realidade. O tamanho da nossa realidade, ou sua profundidade, é diretamente proporcional à nossa consciência. A realidade, assim, se assemelharia às camadas de uma cebola. Quando mais profunda é nossa consciência, mais profunda se torna nossa percepção da realidade, como se passemos de uma camada exterior para uma mais profunda da cebola.
É claro que você deve estar se perguntando o que isso tem a ver com o texto de Lucas. O momento citado no capítulo 5 de Lucas é o momento que manifesta a tomada de consciência de Pedro. Ele se conscientiza acerca de quem ele é e de quem é Jesus. É o primeiro passo para largar o assujeitamento em que vive e passar a ver o mundo real de maneira mais profunda, a partir do ponto vista concedido por Deus. Após contemplar a maravilhosa pesca, fruto do milagre de Jesus, Pedro se toca que Aquele que está ali é puramente Santo e Todo-Poderoso. E, percebendo isso, percebe o seu próprio pecado e sua incapacidade em permanecer na presença dEle. É preciso fugir, já que Deus é santo e eu sou pecador.
Mas essa tomada de consciência, como dizia, é o primeiro passo para aprofundar nossa visão de mundo. A partir daí, podemos ir mais fundo. Podemos mergulhar em uma relação de cada vez mais intimidade com Deus e, a partir disso, mais conscientes de nós mesmos e do Senhor, podemos largar o assujeitamento. O mundo, que jaz no maligno, nos quer cegos e assujeitados. Podemos, no entanto, olhar para o mundo de outra forma. E isso acontece dentro de um processo de tomada de consciência, que nos mostra a realidade de maneira mais profunda. Além de vermos mais longe [o mundo não precisa ser limitado], vemos mais fundo. Vemos a realidade mais profunda de maneira mais absoluta. Vemos a totalidade, porque vemos do ponto de vista de Deus. Quando mais íntimos do Senhor nos colocamos, mais libertos de uma visão e consciência limitada de mundo estaremos. Mais libertos de uma consciência limitada acerca de nós mesmos. Mais experimentaremos a profundidade da realidade total em que nos encontramos. Descobriremos, assim, que existem mais mistérios entre os céus e a terra do que podem sonhar todos os filósofos, como diria Shakespeare.
Mergulhe de cabeça em uma relação de Deus. Quando mais próximo dEle, mais consciente de si e do mundo. Maior seu mundo, mais profunda sua visão. Maior sua percepção e experiência da realidade da vida. A intimidade do Senhor é o desejo que Ele tem para nossas próprias vidas. Porque Ele veio nos libertar, e se Ele nos libertar seremos verdadeiramente livres.
Lucas 5. 8.
Sujeito assujeitado é um termo de uma disciplina chamada Análise do Discurso, aparecendo também em outras perspectivas que fazem o estudo da Ideologia. Significa o indíviduo que, inconsciente de viver imerso em uma estrutura ideológica, torna-se inconsciente também de que sua fala e seu discurso não passam de meras reproduções de formações discursivas ideológicas. Mais que isso: sua própria forma de viver e ver o mundo é estruturada tendo por fundamento a ideologia na qual ele se insere. A pior parte de se ser um sujeito assujeitado é a ilusão que cria a ideologia de que aquilo que você diz é produção sua, quando, na verdade, você está “sendo falado” por outras vozes. Quer dizer, por mais que você ache que seu modo de ver o mundo e suas falas sejam originais [só você pensa como você], não deixam de ser aquilo que uma ideologia quer que você pense e fale. Você é apenas uma espécie de papagaio.
Todos nós somos assujeitados a alguma concepção ideológica. Porque todos nós vivemos em um mundo imerso em ideologias. A diferença que pode haver entre nós é o nível de consciência que teremos. Podemos ser mais ou menos conscientes da ideologia e do mundo em que vivemos. É aqui que reside a grande diferença: podemos ter consciência da nossa realidade. Ou não. Podemos sair do nível ingênuo, ou nos perpetuarmos no assujeitamento ideológico.
Mais uma vez vou pedir perdão por citar um filme. O 13º Andar é uma ficção científica de primeira que nos fala, entre muitas coisas, acerca da tomada de consciência a respeito da realidade. No início somos transportados para uma cidade americana dos anos 30 [Chicago, se não me engano]. Logo descobrimos que essa cidade não existe em mundo concreto. Ela é uma simulação de computador, inclusive seus habitantes. No entanto, uma interface permite que os cientistas entrem na simulação e interajam com os programas inteligentes. Aliás, esses programas são “avatares” [me permitam, pois é o termo usual] de personalidades do mundo concreto. Assim, quando fazem a interface, as pessoas assumem os papéis de seus avatares no mundo simulado.
Nenhum dos programas é consciente. Eles não têm nem consciência suficiente para se questionar porque seu mundo é tão pequeno: eles nunca saem da cidade porque o fim da cidade é o fim do seu mundo, literalmente. É onde acaba a simulação. Mas eles não sabem disso. Foram apenas programados assim. Tudo mudaria, se eles tomassem consciência desse fato. Eles vivem em um mundo limitado, inconscientemente.
O filme, a partir do assassinato de um dos cientistas do projeto, narra como se dá uma tomada de consciência a respeito do mundo real. E mostra que a profundidade de nossa percepção da realidade concreta é diretamente proporcional ao tamanho da consciência que nós temos de nós mesmos e deste mundo. Em outras palavras, o filme me inspira a entender que quando mais conscientes somos a nosso respeito e a respeito da realidade do mundo, mais conseguimos nos libertar do assujeitamento. Quando mais somos conscientes, mais entendemos o mundo, mais alargamos nossa visão da realidade. O tamanho da nossa realidade, ou sua profundidade, é diretamente proporcional à nossa consciência. A realidade, assim, se assemelharia às camadas de uma cebola. Quando mais profunda é nossa consciência, mais profunda se torna nossa percepção da realidade, como se passemos de uma camada exterior para uma mais profunda da cebola.
É claro que você deve estar se perguntando o que isso tem a ver com o texto de Lucas. O momento citado no capítulo 5 de Lucas é o momento que manifesta a tomada de consciência de Pedro. Ele se conscientiza acerca de quem ele é e de quem é Jesus. É o primeiro passo para largar o assujeitamento em que vive e passar a ver o mundo real de maneira mais profunda, a partir do ponto vista concedido por Deus. Após contemplar a maravilhosa pesca, fruto do milagre de Jesus, Pedro se toca que Aquele que está ali é puramente Santo e Todo-Poderoso. E, percebendo isso, percebe o seu próprio pecado e sua incapacidade em permanecer na presença dEle. É preciso fugir, já que Deus é santo e eu sou pecador.
Mas essa tomada de consciência, como dizia, é o primeiro passo para aprofundar nossa visão de mundo. A partir daí, podemos ir mais fundo. Podemos mergulhar em uma relação de cada vez mais intimidade com Deus e, a partir disso, mais conscientes de nós mesmos e do Senhor, podemos largar o assujeitamento. O mundo, que jaz no maligno, nos quer cegos e assujeitados. Podemos, no entanto, olhar para o mundo de outra forma. E isso acontece dentro de um processo de tomada de consciência, que nos mostra a realidade de maneira mais profunda. Além de vermos mais longe [o mundo não precisa ser limitado], vemos mais fundo. Vemos a realidade mais profunda de maneira mais absoluta. Vemos a totalidade, porque vemos do ponto de vista de Deus. Quando mais íntimos do Senhor nos colocamos, mais libertos de uma visão e consciência limitada de mundo estaremos. Mais libertos de uma consciência limitada acerca de nós mesmos. Mais experimentaremos a profundidade da realidade total em que nos encontramos. Descobriremos, assim, que existem mais mistérios entre os céus e a terra do que podem sonhar todos os filósofos, como diria Shakespeare.
Mergulhe de cabeça em uma relação de Deus. Quando mais próximo dEle, mais consciente de si e do mundo. Maior seu mundo, mais profunda sua visão. Maior sua percepção e experiência da realidade da vida. A intimidade do Senhor é o desejo que Ele tem para nossas próprias vidas. Porque Ele veio nos libertar, e se Ele nos libertar seremos verdadeiramente livres.
19.5.05
No amor não há medo
No amor não há medo; o amor que é totalmente verdadeiro afasta o medo.
1 João 4. 18
Um dos meus textos preferidos de Santo Agostinho descreve as diferenças entre a relação com Deus firmada no amor e aquela firmada no medo. Dizia o santo da antiguidade: Existe um temor servil, existe também um temor casto: há o temor de sofrer um castigo, e há também o temor de perder a santidade. A partir daí ele desenvolve uma ilustração para esclarecer o que quer dizer.
Falando sobre um ladrão, Agostinho explica que uma coisa é o medo da pena. O ladrão provavelmente não roubará enquanto tiver certeza que poderá ser apanhado e sofrer a pena. Ele age com correção não porque seja correto, mas, sim, por temer a pena: Isso o faz não somente um escravo muito perverso, mas também um crudelíssimo ladrão. No primeiro instante em que este sujeito tiver certeza que poderá cometer um crime sem pena, ele o fará. Sua vivência de santidade se fundamenta no medo de ser flagrado, não no amor. Este é o que Agostinho chama de temor servil.
O santo continua dizendo que agimos semelhantemente quando servimos a Deus e fazemos o bem simplesmente porque tememos a Lei e a pena. Não é o amor que arranca tua concupiscência perversa, mas é o temor que a recalca. Quem sempre é reprimido pelo temor é lobo. Transforma-te em ovelha. Quando deixamos o temor tomar nosso coração, vivemos a vida cristã com o constante medo do castigo, incapazes de amar a justiça e a santidade. Vivemos, em suma, de forma legalista, sem essência, sem vida real, sem compromisso com a vida de Deus. Digo-te, portanto: Se Deus não te visse, quando fazes algo, se ninguém te convencesse desta ação no tribunal dEle, farias tal coisa?
Alguns anos atrás, um pastor veio pregar em nossa igreja e nos desafiou com uma pergunta inquietante. Se ficasse provado que não há inferno, que não há condenação eterna, quantos ficariam na igreja? Em outras palavras: você serve a Cristo firmado em quê? No Seu amor ou no Seu medo? Seu coração está inundado do medo do castigo eterno ou tomado pelo amor de Deus em Cristo Jesus que se derrama pelo Espírito Santo?
O temor casto tem este outro fundamento. Fundamenta-se no amor ao Senhor, no temor de perder a santidade. Não pensa nos castigos, nas punições, mas faz da justiça e da santidade o seu prazer e seu maior propósito. Firmado no temor casto, o sujeito entrega-se ao amor de Deus, à busca da Sua intimidade, ao prazer da Sua comunhão. De uma vida que teme pecar passamos a uma vida que não quer pecar, firmada no amor.
É sobre isso que fala o texto de João. Quando entra o amor de Deus no coração, o verdadeiro amor, o medo começa a sair. A relação que Deus quer estabelecer conosco é uma relação filial fundamentada pelo caminho do amor, da comunhão, da intimidade, do prazer de se conhecer, de se andar junto, de se buscar um ao Outro. A relação desejada por Deus firma-se em um temor casto que ama incondicionalmente e constrói pontes de relacionamento entre o adorador e o Ser Adorado.
Deus não quer que sejamos simplesmente seus escravos – crudelíssimos escravos, no dizer de Santo Agostinho. Eu não chamo mais vocês de escravos, pois o escravo não sabe o que o seu patrão faz; mas chamo vocês de amigos, pois tenho dito a vocês tudo o que ouvi do meu Pai (Jo. 15. 15). Amigos se relacionam firmados no amor e no conhecimento das vontades um do outro.
No texto da carta de João, o apóstolo afirma que não temos que viver com medo do juízo de Deus, por causa do amor dEle que foi manifestado a nós. Amor que gera, como fruto, o nosso próprio amor a Ele. E João conclui com uma fala que deve nos desafiar a cada dia a observarmos as intenções e o que se passa em nosso coração: Portanto, aquele que sente medo não tem no seu coração o amor totalmente verdadeiro, porque o medo mostra que existe castigo (1 Jo. 4. 18). Se existe medo em nosso coração, esse medo é uma denúncia contra nós. Não entendemos ainda, em nosso peito, o que é significativo em nossa vida com Deus. Nosso coração não está totalmente nEle, nem no prazer de Sua justiça. Tememos porque sabemos que ainda existe castigo. Existe pecado, não amor. O amor não nos alcançou totalmente. É, então, hora de rever conceitos.
Permita-se entrar em uma verdadeira relação de amor com o Pai do Céu. Ele está esperando sua busca, através de Jesus Cristo. O Seu Amor está pronto para ser derramado no coração pelo Espírito Santo. Venha a Ele com a alma quebrantada, desejosa de conhecer-lhe a intimidade e comunhão plena em Seu amor. Ele não rejeitará você.
1 João 4. 18
Um dos meus textos preferidos de Santo Agostinho descreve as diferenças entre a relação com Deus firmada no amor e aquela firmada no medo. Dizia o santo da antiguidade: Existe um temor servil, existe também um temor casto: há o temor de sofrer um castigo, e há também o temor de perder a santidade. A partir daí ele desenvolve uma ilustração para esclarecer o que quer dizer.
Falando sobre um ladrão, Agostinho explica que uma coisa é o medo da pena. O ladrão provavelmente não roubará enquanto tiver certeza que poderá ser apanhado e sofrer a pena. Ele age com correção não porque seja correto, mas, sim, por temer a pena: Isso o faz não somente um escravo muito perverso, mas também um crudelíssimo ladrão. No primeiro instante em que este sujeito tiver certeza que poderá cometer um crime sem pena, ele o fará. Sua vivência de santidade se fundamenta no medo de ser flagrado, não no amor. Este é o que Agostinho chama de temor servil.
O santo continua dizendo que agimos semelhantemente quando servimos a Deus e fazemos o bem simplesmente porque tememos a Lei e a pena. Não é o amor que arranca tua concupiscência perversa, mas é o temor que a recalca. Quem sempre é reprimido pelo temor é lobo. Transforma-te em ovelha. Quando deixamos o temor tomar nosso coração, vivemos a vida cristã com o constante medo do castigo, incapazes de amar a justiça e a santidade. Vivemos, em suma, de forma legalista, sem essência, sem vida real, sem compromisso com a vida de Deus. Digo-te, portanto: Se Deus não te visse, quando fazes algo, se ninguém te convencesse desta ação no tribunal dEle, farias tal coisa?
Alguns anos atrás, um pastor veio pregar em nossa igreja e nos desafiou com uma pergunta inquietante. Se ficasse provado que não há inferno, que não há condenação eterna, quantos ficariam na igreja? Em outras palavras: você serve a Cristo firmado em quê? No Seu amor ou no Seu medo? Seu coração está inundado do medo do castigo eterno ou tomado pelo amor de Deus em Cristo Jesus que se derrama pelo Espírito Santo?
O temor casto tem este outro fundamento. Fundamenta-se no amor ao Senhor, no temor de perder a santidade. Não pensa nos castigos, nas punições, mas faz da justiça e da santidade o seu prazer e seu maior propósito. Firmado no temor casto, o sujeito entrega-se ao amor de Deus, à busca da Sua intimidade, ao prazer da Sua comunhão. De uma vida que teme pecar passamos a uma vida que não quer pecar, firmada no amor.
É sobre isso que fala o texto de João. Quando entra o amor de Deus no coração, o verdadeiro amor, o medo começa a sair. A relação que Deus quer estabelecer conosco é uma relação filial fundamentada pelo caminho do amor, da comunhão, da intimidade, do prazer de se conhecer, de se andar junto, de se buscar um ao Outro. A relação desejada por Deus firma-se em um temor casto que ama incondicionalmente e constrói pontes de relacionamento entre o adorador e o Ser Adorado.
Deus não quer que sejamos simplesmente seus escravos – crudelíssimos escravos, no dizer de Santo Agostinho. Eu não chamo mais vocês de escravos, pois o escravo não sabe o que o seu patrão faz; mas chamo vocês de amigos, pois tenho dito a vocês tudo o que ouvi do meu Pai (Jo. 15. 15). Amigos se relacionam firmados no amor e no conhecimento das vontades um do outro.
No texto da carta de João, o apóstolo afirma que não temos que viver com medo do juízo de Deus, por causa do amor dEle que foi manifestado a nós. Amor que gera, como fruto, o nosso próprio amor a Ele. E João conclui com uma fala que deve nos desafiar a cada dia a observarmos as intenções e o que se passa em nosso coração: Portanto, aquele que sente medo não tem no seu coração o amor totalmente verdadeiro, porque o medo mostra que existe castigo (1 Jo. 4. 18). Se existe medo em nosso coração, esse medo é uma denúncia contra nós. Não entendemos ainda, em nosso peito, o que é significativo em nossa vida com Deus. Nosso coração não está totalmente nEle, nem no prazer de Sua justiça. Tememos porque sabemos que ainda existe castigo. Existe pecado, não amor. O amor não nos alcançou totalmente. É, então, hora de rever conceitos.
Permita-se entrar em uma verdadeira relação de amor com o Pai do Céu. Ele está esperando sua busca, através de Jesus Cristo. O Seu Amor está pronto para ser derramado no coração pelo Espírito Santo. Venha a Ele com a alma quebrantada, desejosa de conhecer-lhe a intimidade e comunhão plena em Seu amor. Ele não rejeitará você.
18.5.05
Que saída?
Eu, porém, ponho a minha esperança em Deus, o Senhor, e confio firmemente que Ele me salvará. O meu Deus me atenderá.
Miquéias 7. 7.
O mundo de Miquéias é um mundo de pouco ou nenhum apoio e sustento possível. É um mundo que está se desfazendo. Um mundo que sofre um esfacelamento moral e espiritual, lançando os fiéis, entre eles o profeta, num labirinto de vazio e desilusão assustador. Ele olha de um lado a outro e não encontra segurança. As coisas estão desmoronando e ele mesmo corre um sério risco de naufragar junto.
Em primeiro lugar, a corrupção da sociedade israelita é tão terrível que chega a ser desesperadora. O profeta descreve uma situação de caos: fome, desonestidade, violência, autoridades corruptas, juízes iníquos, exploração e injustiça social. É assim que está a sociedade. Se algum fiel busca encontrar apoio e sustento na sociedade à sua volta, se frustra com muita rapidez. Essa sociedade pecadora não serve para sustentara vida de ninguém. Se observada com mais atenção, a sociedade em que se insere o profeta somente pode provocar desespero.
Mas, às vezes, quando a sociedade falha em dar segurança ao individuo, ele ainda pode se valer das pessoas próximas, de seus amigos, das pessoas a quem ama, para estruturar e fortalecer sua vida. Se a ordem social não lhe dá garantias de segurança e de sustento, as relações com os amigos mais próximos poderiam lhe servir de apoio no meio de um mundo tão mal. Mas o profeta aumenta o nível de desespero da situação quando fala sobre os amigos: Não acreditem nos vizinhos, nem confiem nos amigos. Cada um tome cuidado até com o que diz à sua mulher (Mq. 7. 5). Você olha para a sociedade, o mundo à sua volta, e vê tudo desmoronando. Vê as coisas se acabando em torno de você. Sem apoio, sem segurança, sem sustento, o natural é buscar isso naquelas relações de amor mais íntimas que nós podemos ter. Olhamos para os amigos em busca de suporte. Mas nem nesses dá para confiar. A falsidade e a superficialidade das relações são tão profundas que não podemos confiar em ninguém. Segundo Miquéias, nem no próprio cônjuge. Nessa situação, confiar nos amigos pode ser escolha fatal.
Para piorar, diz Miquéias, a desestruturação é tão séria que atinge as nossas próprias casas. Dentro de casa, pais e filhos vivem como inimigos. Desprezo, desobediência, brigas. Porque os piores inimigos de qualquer pessoa são os próprios parentes (Mq. 7. 6). Nem o lar é, pois, fonte de refrigério para a alma.
Essa situação é desesperadora. E, talvez, mais desesperadora ainda porque a reconhecemos como sendo o nosso próprio mundo contemporâneo. Situação sem saída, sem esperança, sem consolo, sem conforto, sem apoio. Resta ao homem a solidão. Se buscar apoio na sociedade, só encontra dissolução. Se buscar nos amigos, só vê falsidade. Nem a família lhe dá apoio, porque estes são seus piores inimigos. Condenado à solidão, é provável que se renda a um triste fim – quem sabe um suicídio – se não lhe aparecer saída alguma. Será que há saída?
Eu, porém, ponho a minha esperança em Deus, o Senhor, e confio firmemente que Ele me salvará. O meu Deus me atenderá. É maravilhosa a condução desse raciocínio. Sem esperança no mundo, nem na família, posso pôr confiada e ousadamente minha esperança em Deus. Sem fé em nada, confio firmemente na salvação do Senhor. Sei que se ninguém me ouve, Ele vai me ouvir. Posso buscá-Lo, sem temor, na inteireza do meu coração, todos os dias, todos os momentos, amando-O intensamente, certo de que minha confiança nEle não é vã. Certo de que se alguém pode suportar e sustentar a minha vida no meio de um mundo tão terrivelmente conturbado esse alguém é o Senhor. Certo de que somente nEle escapo de todo desespero que me sufoca e busca me destruir.
A sociedade à nossa volta nos empurra a um desesperador estado de solidão. Nada nela é confiável, nem mesmo nossas próprias famílias. O mundo à nossa volta desaba diante de tantas crises. Nesse contexto, podemos escapar de um fim trágico de desespero. Nesse contexto, podemos escapar de uma morte em solidão e isolamento. Nesse contexto, podemos nos voltar para a fonte de toda vida, de toda paz, de toda ordem, a melhor de todas as companhias. Eu, porém, ponho a minha esperança em Deus, o Senhor, e confio firmemente que Ele me salvará. O meu Deus me atenderá.
Busque a Deus. Espere no Senhor com confiança. Tenha fé na Sua salvação, já conquistada por Jesus de uma vez por todas. Saiba que nunca jamais Ele deixará você sozinho ou isolado. O mundo pode cair à sua volta, mas estando com Jesus todas as coisas ainda poderão ter sentido. Porque a essência da vida e do sentido é Jesus.
Miquéias 7. 7.
O mundo de Miquéias é um mundo de pouco ou nenhum apoio e sustento possível. É um mundo que está se desfazendo. Um mundo que sofre um esfacelamento moral e espiritual, lançando os fiéis, entre eles o profeta, num labirinto de vazio e desilusão assustador. Ele olha de um lado a outro e não encontra segurança. As coisas estão desmoronando e ele mesmo corre um sério risco de naufragar junto.
Em primeiro lugar, a corrupção da sociedade israelita é tão terrível que chega a ser desesperadora. O profeta descreve uma situação de caos: fome, desonestidade, violência, autoridades corruptas, juízes iníquos, exploração e injustiça social. É assim que está a sociedade. Se algum fiel busca encontrar apoio e sustento na sociedade à sua volta, se frustra com muita rapidez. Essa sociedade pecadora não serve para sustentara vida de ninguém. Se observada com mais atenção, a sociedade em que se insere o profeta somente pode provocar desespero.
Mas, às vezes, quando a sociedade falha em dar segurança ao individuo, ele ainda pode se valer das pessoas próximas, de seus amigos, das pessoas a quem ama, para estruturar e fortalecer sua vida. Se a ordem social não lhe dá garantias de segurança e de sustento, as relações com os amigos mais próximos poderiam lhe servir de apoio no meio de um mundo tão mal. Mas o profeta aumenta o nível de desespero da situação quando fala sobre os amigos: Não acreditem nos vizinhos, nem confiem nos amigos. Cada um tome cuidado até com o que diz à sua mulher (Mq. 7. 5). Você olha para a sociedade, o mundo à sua volta, e vê tudo desmoronando. Vê as coisas se acabando em torno de você. Sem apoio, sem segurança, sem sustento, o natural é buscar isso naquelas relações de amor mais íntimas que nós podemos ter. Olhamos para os amigos em busca de suporte. Mas nem nesses dá para confiar. A falsidade e a superficialidade das relações são tão profundas que não podemos confiar em ninguém. Segundo Miquéias, nem no próprio cônjuge. Nessa situação, confiar nos amigos pode ser escolha fatal.
Para piorar, diz Miquéias, a desestruturação é tão séria que atinge as nossas próprias casas. Dentro de casa, pais e filhos vivem como inimigos. Desprezo, desobediência, brigas. Porque os piores inimigos de qualquer pessoa são os próprios parentes (Mq. 7. 6). Nem o lar é, pois, fonte de refrigério para a alma.
Essa situação é desesperadora. E, talvez, mais desesperadora ainda porque a reconhecemos como sendo o nosso próprio mundo contemporâneo. Situação sem saída, sem esperança, sem consolo, sem conforto, sem apoio. Resta ao homem a solidão. Se buscar apoio na sociedade, só encontra dissolução. Se buscar nos amigos, só vê falsidade. Nem a família lhe dá apoio, porque estes são seus piores inimigos. Condenado à solidão, é provável que se renda a um triste fim – quem sabe um suicídio – se não lhe aparecer saída alguma. Será que há saída?
Eu, porém, ponho a minha esperança em Deus, o Senhor, e confio firmemente que Ele me salvará. O meu Deus me atenderá. É maravilhosa a condução desse raciocínio. Sem esperança no mundo, nem na família, posso pôr confiada e ousadamente minha esperança em Deus. Sem fé em nada, confio firmemente na salvação do Senhor. Sei que se ninguém me ouve, Ele vai me ouvir. Posso buscá-Lo, sem temor, na inteireza do meu coração, todos os dias, todos os momentos, amando-O intensamente, certo de que minha confiança nEle não é vã. Certo de que se alguém pode suportar e sustentar a minha vida no meio de um mundo tão terrivelmente conturbado esse alguém é o Senhor. Certo de que somente nEle escapo de todo desespero que me sufoca e busca me destruir.
A sociedade à nossa volta nos empurra a um desesperador estado de solidão. Nada nela é confiável, nem mesmo nossas próprias famílias. O mundo à nossa volta desaba diante de tantas crises. Nesse contexto, podemos escapar de um fim trágico de desespero. Nesse contexto, podemos escapar de uma morte em solidão e isolamento. Nesse contexto, podemos nos voltar para a fonte de toda vida, de toda paz, de toda ordem, a melhor de todas as companhias. Eu, porém, ponho a minha esperança em Deus, o Senhor, e confio firmemente que Ele me salvará. O meu Deus me atenderá.
Busque a Deus. Espere no Senhor com confiança. Tenha fé na Sua salvação, já conquistada por Jesus de uma vez por todas. Saiba que nunca jamais Ele deixará você sozinho ou isolado. O mundo pode cair à sua volta, mas estando com Jesus todas as coisas ainda poderão ter sentido. Porque a essência da vida e do sentido é Jesus.
17.5.05
Tudo dá certo
Assim também tudo o que essas pessoas fazem dá certo.
Salmo 1. 3.
Não sei exatamente o porquê, mas nos últimos dias estou com esse texto na minha cabeça e no meu coração. Como se estivesse sendo tomado por uma “ousada certeza” que nunca antes experimentei. E, claro, esse processo me forçou naturalmente a pensar no que isso deve significar para mim. O que devo entender disso?
Talvez pela minha formação teológica e intelectual eu sempre tive muita dificuldade para compreender uma passagem como essa. Se Deus é soberano, se Ele é o Senhor, e eu não passo de um servo inútil, como posso afirmar que tudo o que eu faça dará certo, será bem sucedido? Será que não posso errar meus julgamentos? Será que a vida é feita apenas de vitórias? Mas não é difícil perceber que existem condições para que a idéia do Salmo 1 possa se efetivar na vida cristã. Logo, as perguntas que devemos fazer ao texto, de início, não são as que fiz por muito tempo, estas que citei acima. O Salmo 1 não trata disso. Não questiona a Soberania de Deus. Não exalta o poder de ação do homem, nem uma possível impossibilidade de errar desse homem. O Salmo 1 não fala de uma vida de vitórias no sentido apregoado por aí, no mundo contemporâneo. Pregação que costuma esquecer que a maior vitória do universo foi conquistada no sofrimento e na morte em uma cruz. Por isso, o porquê que devemos buscar é outro.
A realidade do Salmo 1 é a comunhão e intimidade com Deus. O Salmo 1 aponta a dupla possibilidade de escolha que tem o ser humano no mundo. De um lado, a vida. Do outro, a morte. E, no mundo condenado a escolher, o homem pode optar pelo caminho feliz, de vida: a comunhão íntima com Deus, traduzida no deixar de lado o conselho dos maus, seus exemplos, sua companhia. A comunhão com Deus ainda se manifesta no prazer que este feliz passa a ter na leitura e meditação da Palavra de Deus. Vida de intimidade, de oração, de paz, de gozo.
É disso que fala o Salmo. É disso que ele fala quando nos diz que tudo o que essas pessoas fazem dá certo. Não é porque haja méritos nelas que as tornem imbatíveis. A única coisa que faz a diferença é que, agora, elas andam na intimidade do Senhor, dia a dia. E, assim, têm aprendido com Ele acerca dos desejos, dos sonhos, dos planos e dos projetos dEle em suas vidas. Tudo o que elas fazem dá certo porque seu coração se ligou de tal maneira ao do Senhor que agora tudo o que elas querem e tudo o que fazem depende de Deus, se centra na vontade dEle para a sua vida.
O único jeito que nós temos de sermos bem-sucedidos em tudo é fazermos tudo dentro do que Deus revela ser Sua vontade para nós. Isso significa que não devemos fazer nossos projetos, construir nossos planos, iniciar as nossas ações e, depois, pedir a Deus a Sua bênção para isso, esperando que, no fim, todas as coisas prosperem. Se podemos saber que todas as coisas darão certo é porque, antes mesmo de sonhá-las ou pensá-las, nosso prazer está na comunhão e intimidade com Deus. Nossa vida se rende ao Senhor e o nosso coração O busca inteiramente. Dessa maneira, esperamos no Senhor que Ele revele seus projetos, planos e ações para tudo. Esperamos que Ele nos mostre a Sua vontade, antes de darmos o primeiro passo. Não sonhamos mais os nossos sonhos sozinhos, mas desejamos ardentemente sonhar os sonhos de Deus para nós. Aguardamos, buscando a Sua face, tendo nEle o nosso prazer, fazendo dEle a nossa vida. Meditando na Sua Lei. Amando-O e andando com Ele. E, assim, não são mais os nossos planos, ou nossa vontade, ou nossa ação, mas sim os de Deus. Tudo o que fazemos dá certo porque não fazemos as nossas coisas, mas sim as de Deus. Somos, desse modo, apenas cooperadores da obra dEle no mundo e em nossas vidas. Assim também tudo o que essas pessoas fazem dá certo, porque tudo o que Deus faz dá certo.
É impossível não me lembrar agora de uma passagem de Israel no deserto. Um pouco depois do episódio do bezerro de ouro, após a purificação do pecado do povo, Moisés trava um interessante diálogo com o Senhor. É verdade que me mandaste guiar este povo para aquela terra, porém não me disseste quem é que irá comigo. Disseste que me conheces bem e que estás contente comigo. Agora, se isso é assim mesmo, fala-me dos teus planos para eu possa te servir e continuar a te agradar. Lembra que escolheste esta nação para ser tua (Ex. 33. 12 – 13). Moisés, primeiramente, pede que Deus revele que planos têm para o povo e para si mesmo, sua liderança, antes de tomar qualquer iniciativa de ação. Isso devia nos inspirar. E aí, diante da resposta do Senhor, Moisés fala palavras que deviam estar profundamente gravadas em nosso coração, em nossa mente, em nossa vida. Deus disse: - Eu irei com você e lhe darei a vitória. Então Moisés respondeu: - Se não fores com o teu povo, não nos faça sair deste lugar. (...) A tua presença é que mostrará que somos diferentes dos outros povos da terra (Ex. 33. 14 – 16).
Se tudo o que fazemos dá certo não é porque somos mais especiais que ninguém, mas sim porque, aprendendo a viver na dimensão da comunhão e intimidade com o Senhor, sonhamos os Seus sonhos, vivemos os Seus planos. Se tudo o que fazemos dá certo é porque aprendemos a conhecer a vontade de Deus e cooperamos com ela.
Salmo 1. 3.
Não sei exatamente o porquê, mas nos últimos dias estou com esse texto na minha cabeça e no meu coração. Como se estivesse sendo tomado por uma “ousada certeza” que nunca antes experimentei. E, claro, esse processo me forçou naturalmente a pensar no que isso deve significar para mim. O que devo entender disso?
Talvez pela minha formação teológica e intelectual eu sempre tive muita dificuldade para compreender uma passagem como essa. Se Deus é soberano, se Ele é o Senhor, e eu não passo de um servo inútil, como posso afirmar que tudo o que eu faça dará certo, será bem sucedido? Será que não posso errar meus julgamentos? Será que a vida é feita apenas de vitórias? Mas não é difícil perceber que existem condições para que a idéia do Salmo 1 possa se efetivar na vida cristã. Logo, as perguntas que devemos fazer ao texto, de início, não são as que fiz por muito tempo, estas que citei acima. O Salmo 1 não trata disso. Não questiona a Soberania de Deus. Não exalta o poder de ação do homem, nem uma possível impossibilidade de errar desse homem. O Salmo 1 não fala de uma vida de vitórias no sentido apregoado por aí, no mundo contemporâneo. Pregação que costuma esquecer que a maior vitória do universo foi conquistada no sofrimento e na morte em uma cruz. Por isso, o porquê que devemos buscar é outro.
A realidade do Salmo 1 é a comunhão e intimidade com Deus. O Salmo 1 aponta a dupla possibilidade de escolha que tem o ser humano no mundo. De um lado, a vida. Do outro, a morte. E, no mundo condenado a escolher, o homem pode optar pelo caminho feliz, de vida: a comunhão íntima com Deus, traduzida no deixar de lado o conselho dos maus, seus exemplos, sua companhia. A comunhão com Deus ainda se manifesta no prazer que este feliz passa a ter na leitura e meditação da Palavra de Deus. Vida de intimidade, de oração, de paz, de gozo.
É disso que fala o Salmo. É disso que ele fala quando nos diz que tudo o que essas pessoas fazem dá certo. Não é porque haja méritos nelas que as tornem imbatíveis. A única coisa que faz a diferença é que, agora, elas andam na intimidade do Senhor, dia a dia. E, assim, têm aprendido com Ele acerca dos desejos, dos sonhos, dos planos e dos projetos dEle em suas vidas. Tudo o que elas fazem dá certo porque seu coração se ligou de tal maneira ao do Senhor que agora tudo o que elas querem e tudo o que fazem depende de Deus, se centra na vontade dEle para a sua vida.
O único jeito que nós temos de sermos bem-sucedidos em tudo é fazermos tudo dentro do que Deus revela ser Sua vontade para nós. Isso significa que não devemos fazer nossos projetos, construir nossos planos, iniciar as nossas ações e, depois, pedir a Deus a Sua bênção para isso, esperando que, no fim, todas as coisas prosperem. Se podemos saber que todas as coisas darão certo é porque, antes mesmo de sonhá-las ou pensá-las, nosso prazer está na comunhão e intimidade com Deus. Nossa vida se rende ao Senhor e o nosso coração O busca inteiramente. Dessa maneira, esperamos no Senhor que Ele revele seus projetos, planos e ações para tudo. Esperamos que Ele nos mostre a Sua vontade, antes de darmos o primeiro passo. Não sonhamos mais os nossos sonhos sozinhos, mas desejamos ardentemente sonhar os sonhos de Deus para nós. Aguardamos, buscando a Sua face, tendo nEle o nosso prazer, fazendo dEle a nossa vida. Meditando na Sua Lei. Amando-O e andando com Ele. E, assim, não são mais os nossos planos, ou nossa vontade, ou nossa ação, mas sim os de Deus. Tudo o que fazemos dá certo porque não fazemos as nossas coisas, mas sim as de Deus. Somos, desse modo, apenas cooperadores da obra dEle no mundo e em nossas vidas. Assim também tudo o que essas pessoas fazem dá certo, porque tudo o que Deus faz dá certo.
É impossível não me lembrar agora de uma passagem de Israel no deserto. Um pouco depois do episódio do bezerro de ouro, após a purificação do pecado do povo, Moisés trava um interessante diálogo com o Senhor. É verdade que me mandaste guiar este povo para aquela terra, porém não me disseste quem é que irá comigo. Disseste que me conheces bem e que estás contente comigo. Agora, se isso é assim mesmo, fala-me dos teus planos para eu possa te servir e continuar a te agradar. Lembra que escolheste esta nação para ser tua (Ex. 33. 12 – 13). Moisés, primeiramente, pede que Deus revele que planos têm para o povo e para si mesmo, sua liderança, antes de tomar qualquer iniciativa de ação. Isso devia nos inspirar. E aí, diante da resposta do Senhor, Moisés fala palavras que deviam estar profundamente gravadas em nosso coração, em nossa mente, em nossa vida. Deus disse: - Eu irei com você e lhe darei a vitória. Então Moisés respondeu: - Se não fores com o teu povo, não nos faça sair deste lugar. (...) A tua presença é que mostrará que somos diferentes dos outros povos da terra (Ex. 33. 14 – 16).
Se tudo o que fazemos dá certo não é porque somos mais especiais que ninguém, mas sim porque, aprendendo a viver na dimensão da comunhão e intimidade com o Senhor, sonhamos os Seus sonhos, vivemos os Seus planos. Se tudo o que fazemos dá certo é porque aprendemos a conhecer a vontade de Deus e cooperamos com ela.
16.5.05
Ouvindo a voz de Deus em dias difíceis
Samuel ainda era menino...
1 Samuel 3. 1.
Aqueles eram dias difíceis para a vida espiritual de Israel. Eli era o sacerdote. Seus filhos eram, no dizer do nordeste, cabras safados que desviavam os sacrifícios e, ainda, se valiam de sua posição privilegiada para explorar o povo. E Eli não fazia muito para impedir o que estava acontecendo. Para piorar, diz o autor do texto, naqueles dias poucas mensagens vinham do Senhor, e as visões também eram muito raras (1 Sm. 3. 1). Era como se Deus estivesse em silêncio.
Mas se dermos uma olhada atenta ao contexto vamos ver que o problema não era o silêncio de Deus. Deus não estava silente ou distante. O problema era não haver ouvidos para ouvi-Lo nem olhos para vê-Lo. Era um problema de audição e de visão, não de fala. Os corações estavam distantes de Deus, não Deus distante do povo. A começar da família do sacerdote, Israel estava se ausentando do Senhor cada vez mais. Ninguém tinha ouvidos para ouvir o que Deus tinha a dizer à Sua gente. Ninguém tinha olhos para ver. Ninguém se dispunha a buscar Sua face e se pôr como canal de bênção e mediação entre Deus e o povo.
Era de se esperar que a liderança de Israel tivesse de vir dos mais velhos e experientes. Dos mais capacitados, dos mais vividos. Mas o que Deus faz quando esses se afastam? Como se fosse uma forma de exaltar a falha dos mais velhos, Ele chama um menino. Samuel ainda era um menino. É como se Deus nos dissesse que, se aqueles que têm vivência para interpretar o que Ele fala, para entender as visões e, mais que isso, para liderar o povo não têm ouvidos para ouvir, Ele envia Sua Palavra para alguém que tenha ouvidos para ouvir e olhos para ver. Que tenha seu coração nEle, mesmo que seja uma criança. É como se Deus usasse até esse fato para denunciar a frieza e a circunstância difícil em que se encontra a liderança do Seu Povo. Se os líderes do povo não sabem ouvir a voz de Deus, Deus decide liderar o povo por meio de uma criança.
Certa noite Eli, já quase cego, estava dormindo no seu quarto. Samuel dormia na Tenda Sagrada, onde ficava a arca da aliança. E a lâmpada de Deus ainda estava acesa. Então o Senhor Deus chamou: - Samuel, Samuel! (1 Sm. 3. 2 – 4). Sem entender o que se passa, Samuel corre até Eli, pensando que o velho sacerdote o chamara. Isso se repete ainda mais duas vezes, até que Eli se convence de que é Deus que está chamando o garoto. E o instrui a como agir.
Imagino a luta interior do sacerdote: Deus não pode falar por meio de uma criança. Em um tempo em que são raras as mensagens, poucas as visões, Deus não escolheria uma criança, que é incapaz de compreender as coisas, para falar por meio dela, para falar a ela. Ele não poderia aceitar que a voz que aquele garoto está ouvindo, garoto tão inexperiente que não consegue entender o que se passa, era a voz de Deus. Deus devia falar com ele, o sacerdote. Nunca com uma criança. Mas depois da terceira vez, não tinha mais o que fazer: Então Eli compreendeu que era o Senhor quem estava chamando o menino (1 Sm. 3. 8). Sua resistência e seu preconceito foram vencidos.
Essa história me ensina principalmente uma coisa: não devo me surpreender com os canais que Deus escolhe para falar com Seu povo ou liderá-Lo. Ele não está preso aos nossos preconceitos e aos nossos entendimentos de mundo. Não devo, por isso, menosprezar os canais que Deus pode escolher para falar comigo. Mesmo que seja uma inexperiente e imatura criança. Ele pode justamente escolhê-la para mostrar a mim o quão distante estou do Seu ideal de experiência e maturidade. E para me denunciar de que, diferente dela, eu não estou com o coração cem por cento em Deus, eu não tenho meus ouvidos voltados para ouvir Sua voz, não busca a Sua face e não vejo o que Ele quer me mostrar. Nada impede que uma criança aja assim e seja canal do fluir de Deus no meio do povo.
Nada impede que Deus fale conosco através dos canais mais surpreendentes. Espero que tenhamos ouvidos para ouvir e olhos para ver. Espero que não desprezemos esses canais e percamos a mensagem que Ele nos dirige. Espero que não demoremos, como vez Eli, para reconhecer a ação de Deus. Podemos demorar demais e, aí, seria tarde.
1 Samuel 3. 1.
Aqueles eram dias difíceis para a vida espiritual de Israel. Eli era o sacerdote. Seus filhos eram, no dizer do nordeste, cabras safados que desviavam os sacrifícios e, ainda, se valiam de sua posição privilegiada para explorar o povo. E Eli não fazia muito para impedir o que estava acontecendo. Para piorar, diz o autor do texto, naqueles dias poucas mensagens vinham do Senhor, e as visões também eram muito raras (1 Sm. 3. 1). Era como se Deus estivesse em silêncio.
Mas se dermos uma olhada atenta ao contexto vamos ver que o problema não era o silêncio de Deus. Deus não estava silente ou distante. O problema era não haver ouvidos para ouvi-Lo nem olhos para vê-Lo. Era um problema de audição e de visão, não de fala. Os corações estavam distantes de Deus, não Deus distante do povo. A começar da família do sacerdote, Israel estava se ausentando do Senhor cada vez mais. Ninguém tinha ouvidos para ouvir o que Deus tinha a dizer à Sua gente. Ninguém tinha olhos para ver. Ninguém se dispunha a buscar Sua face e se pôr como canal de bênção e mediação entre Deus e o povo.
Era de se esperar que a liderança de Israel tivesse de vir dos mais velhos e experientes. Dos mais capacitados, dos mais vividos. Mas o que Deus faz quando esses se afastam? Como se fosse uma forma de exaltar a falha dos mais velhos, Ele chama um menino. Samuel ainda era um menino. É como se Deus nos dissesse que, se aqueles que têm vivência para interpretar o que Ele fala, para entender as visões e, mais que isso, para liderar o povo não têm ouvidos para ouvir, Ele envia Sua Palavra para alguém que tenha ouvidos para ouvir e olhos para ver. Que tenha seu coração nEle, mesmo que seja uma criança. É como se Deus usasse até esse fato para denunciar a frieza e a circunstância difícil em que se encontra a liderança do Seu Povo. Se os líderes do povo não sabem ouvir a voz de Deus, Deus decide liderar o povo por meio de uma criança.
Certa noite Eli, já quase cego, estava dormindo no seu quarto. Samuel dormia na Tenda Sagrada, onde ficava a arca da aliança. E a lâmpada de Deus ainda estava acesa. Então o Senhor Deus chamou: - Samuel, Samuel! (1 Sm. 3. 2 – 4). Sem entender o que se passa, Samuel corre até Eli, pensando que o velho sacerdote o chamara. Isso se repete ainda mais duas vezes, até que Eli se convence de que é Deus que está chamando o garoto. E o instrui a como agir.
Imagino a luta interior do sacerdote: Deus não pode falar por meio de uma criança. Em um tempo em que são raras as mensagens, poucas as visões, Deus não escolheria uma criança, que é incapaz de compreender as coisas, para falar por meio dela, para falar a ela. Ele não poderia aceitar que a voz que aquele garoto está ouvindo, garoto tão inexperiente que não consegue entender o que se passa, era a voz de Deus. Deus devia falar com ele, o sacerdote. Nunca com uma criança. Mas depois da terceira vez, não tinha mais o que fazer: Então Eli compreendeu que era o Senhor quem estava chamando o menino (1 Sm. 3. 8). Sua resistência e seu preconceito foram vencidos.
Essa história me ensina principalmente uma coisa: não devo me surpreender com os canais que Deus escolhe para falar com Seu povo ou liderá-Lo. Ele não está preso aos nossos preconceitos e aos nossos entendimentos de mundo. Não devo, por isso, menosprezar os canais que Deus pode escolher para falar comigo. Mesmo que seja uma inexperiente e imatura criança. Ele pode justamente escolhê-la para mostrar a mim o quão distante estou do Seu ideal de experiência e maturidade. E para me denunciar de que, diferente dela, eu não estou com o coração cem por cento em Deus, eu não tenho meus ouvidos voltados para ouvir Sua voz, não busca a Sua face e não vejo o que Ele quer me mostrar. Nada impede que uma criança aja assim e seja canal do fluir de Deus no meio do povo.
Nada impede que Deus fale conosco através dos canais mais surpreendentes. Espero que tenhamos ouvidos para ouvir e olhos para ver. Espero que não desprezemos esses canais e percamos a mensagem que Ele nos dirige. Espero que não demoremos, como vez Eli, para reconhecer a ação de Deus. Podemos demorar demais e, aí, seria tarde.
15.5.05
Pecado
Ora, na vossa luta contra o pecado ainda não tendes resistido até ao sangue.
Hebreus 12. 4
Ontem uma irmã de minha igreja foi cirurgiada para a remoção de um grave tumor. Cheguei à tarde na igreja, encontrei-me com meu pastor e fui lhe perguntar como havia sido a cirurgia. Ele me falou que foi uma cirurgia muito complicada, principalmente porque o câncer estava colado ao sacro. Os médicos que realizavam o procedimento tiveram que chamar um outro especialista para tentar extraí-lo. E, finalmente, ele conseguiu. No entanto, na luta para extrair o câncer, ele se rompeu e espalhou pus pela cavidade abdominal da nossa irmã. Mas tudo terminou bem.
Fiquei imaginando que há pecados em nossa vida, tanto pessoal quanto comunitária, que se enraízam tão profundamente quanto um tumor como esse. Pecados-tumores que precisam ser extraídos, sob risco de nossas mortes espirituais. Pecados-tumores que somente o poder da Palavra de Deus, espada do Espírito, penetra tão fundo que, discernindo juntas e medulas, sentimentos e emoções, separa a parte doente da sã e remove-os inteiramente. Pecados-tumores que precisamos estar inteiramente dispostos a suportar o sofrimento de sua extração. Estar disposto a resistir até ao sangue na luta contra eles. Sua remoção não é uma ação individual, das nossas próprias forças, mas um esforço conjunto com a graça de Deus e a Palavra de Deus. Doerá, e salvará nossas vidas.
Precisamos depender de Deus para essa extração. Como um especialista que pode detectar a extensão de um tumor, o Senhor conhece todas as raízes que fixam o pecado em nossa vida. Ele mostra a extensão do pecado. Mostra onde devemos cortar nossa própria carne. Ele dirige a cirurgia de remoção.
Essa remoção não depende de nenhuma palavra legalista. Não depende de participar ou provocar rituais religiosos. Não depende de qualquer coisa que se fundamente de alguma maneira na força humana. Ela é resultado de um coração que sinceramente se entrega nas mãos do Cirurgião Chefe. Alguém que se alimenta de doses diárias de Quimioterapia espiritual, na leitura e meditação da Palavra de Deus. É essa ação, a rendição ao Pai, a busca da comunhão com Ele e o meditar na Lei do Senhor, que promove a verdadeira extração das obras da carne. E o surgimento, em seu lugar, do bendito fruto de santidade do Espírito Santo.
Deus tem me incomodado ao dizer que está a postos para fazer isso na minha própria vida. Está me incomodando ao lembrar que está começando a fazer essa cirurgia no meio do Seu povo, extraindo tudo o que se Lhe opõem em nosso meio. Estaremos disposto a suportar a dor e o sofrimento disso? Estamos prontos a resistir ao pecado até ao sangue? Escolheremos um caminho de vida ou caminho de morte?
Hebreus 12. 4
Ontem uma irmã de minha igreja foi cirurgiada para a remoção de um grave tumor. Cheguei à tarde na igreja, encontrei-me com meu pastor e fui lhe perguntar como havia sido a cirurgia. Ele me falou que foi uma cirurgia muito complicada, principalmente porque o câncer estava colado ao sacro. Os médicos que realizavam o procedimento tiveram que chamar um outro especialista para tentar extraí-lo. E, finalmente, ele conseguiu. No entanto, na luta para extrair o câncer, ele se rompeu e espalhou pus pela cavidade abdominal da nossa irmã. Mas tudo terminou bem.
Fiquei imaginando que há pecados em nossa vida, tanto pessoal quanto comunitária, que se enraízam tão profundamente quanto um tumor como esse. Pecados-tumores que precisam ser extraídos, sob risco de nossas mortes espirituais. Pecados-tumores que somente o poder da Palavra de Deus, espada do Espírito, penetra tão fundo que, discernindo juntas e medulas, sentimentos e emoções, separa a parte doente da sã e remove-os inteiramente. Pecados-tumores que precisamos estar inteiramente dispostos a suportar o sofrimento de sua extração. Estar disposto a resistir até ao sangue na luta contra eles. Sua remoção não é uma ação individual, das nossas próprias forças, mas um esforço conjunto com a graça de Deus e a Palavra de Deus. Doerá, e salvará nossas vidas.
Precisamos depender de Deus para essa extração. Como um especialista que pode detectar a extensão de um tumor, o Senhor conhece todas as raízes que fixam o pecado em nossa vida. Ele mostra a extensão do pecado. Mostra onde devemos cortar nossa própria carne. Ele dirige a cirurgia de remoção.
Essa remoção não depende de nenhuma palavra legalista. Não depende de participar ou provocar rituais religiosos. Não depende de qualquer coisa que se fundamente de alguma maneira na força humana. Ela é resultado de um coração que sinceramente se entrega nas mãos do Cirurgião Chefe. Alguém que se alimenta de doses diárias de Quimioterapia espiritual, na leitura e meditação da Palavra de Deus. É essa ação, a rendição ao Pai, a busca da comunhão com Ele e o meditar na Lei do Senhor, que promove a verdadeira extração das obras da carne. E o surgimento, em seu lugar, do bendito fruto de santidade do Espírito Santo.
Deus tem me incomodado ao dizer que está a postos para fazer isso na minha própria vida. Está me incomodando ao lembrar que está começando a fazer essa cirurgia no meio do Seu povo, extraindo tudo o que se Lhe opõem em nosso meio. Estaremos disposto a suportar a dor e o sofrimento disso? Estamos prontos a resistir ao pecado até ao sangue? Escolheremos um caminho de vida ou caminho de morte?
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