O Senhor renova as minhas forças e me guia por caminhos certos, como ele mesmo prometeu
Salmo 23. 3
Imagine o lugar mais lindo que você já conheceu. Aquele lugar que você se sente bem, feliz, pleno, apenas de estar ali. Eu já vi lugares lindos – naturais ou construídos pela empresa humana – que me fizeram estar deslumbrado. Lembro de algumas praias, como Morro Branco, no Ceará, o caminho, pela beira-mar, entre Barra de Cunhau e Pipa, e uma praia, cujo nome não lembro, em Pernambuco, onde estive em 2003. Lugares fantásticos, onde lembro de ter ficado extasiado com tanto esplendor de beleza. Sem falar nas belezas de Ponta Negra, do Morro do Careca, de Jenipabu. Um dia, um amigo que nunca tinha visto o mar, ao passar pela estrada de Ponta Negra, de onde podemos ver toda a praia do alto, emocionado, chorou feito uma criança com a beleza daquele lugar.
Há lugares que não são tão belos, mas nos trazem segurança e conforto. Não há melhor coisa para quem está em uma terra que não é a sua do que ser bem recebido por quem o hospeda. Não precisa de extremo conforto, apenas de carinho e cuidado. A gente nunca esquece como é bem cuidado em lugares que nos sentimos inseguros. A insegurança cede lugar a uma doce e confortável segurança. Vivi experiências assim em diferentes lugares desse país. Em Mossoró, em Fortaleza, em Recife, em Campina Grande, em Campinas, em São Paulo. Lugares que ficaram marcados pelo cuidado e carinho. Lugares que marcaram pela segurança.
Sugiro que você imagine lugares belos, extasiantes como os que ficaram assim marcados para mim. Pense, também, naqueles lugares que você se lembra como sendo seguros. Independente da beleza, do conforto ou da segurança do lugar, no entanto, nenhum desses lugares e nenhum dos sentimentos que esses lugares gravaram em nós, se podem comparar com a beleza e a segurança que o colo do Pai do Céu, que o centro de Sua vontade, que os átrios do Seu templo trazem ao coração humano.
Além disso, imagino as pessoas que mais me fizeram sentir amado na vida. Claro que a maior de todas é a minha mãe. Uma mulher que foi muitas vezes capaz de deixar de comer para que eu comesse, foi capaz de se anular para que eu fosse, foi capaz de tremendo sacrifícios para que eu pudesse ser feliz. Uma mulher que costuma dizer que não sabe o que seria de sua vida sem mim – e o que seria a minha sem ela? Dificilmente alguém me faria sentir tão amado como minha mãe.
Mas outras pessoas me fizeram sentir amado. Amigos, amigas, mulheres, namoradas. Meu pastor e sua família já me fizeram sentir amado inúmeras vezes. Outras pessoas de minha igreja. Lembro de uma ocasião em que estava sendo disciplinado pelo conselho de minha igreja. Um presbítero falou um monte de coisas para mim naquela reunião. Eu não concordei – como ainda não concordo – com uma letra do que ele me disse. Mas ele me dizia com tanto amor aquilo que dizia que sua atitude me marcou profundamente. Muito mais do que ele poderia imaginar. Muito mais que suas palavras poderiam ter marcado, se com elas eu concordasse.
Por mais que as pessoas nos façam sentir amado, nada se compara com o amor de Deus por nós. Não existe que nos faça sentir valorizado ou amado mais do que o Deus do céu. Do que Jesus, que foi capaz de dar sua vida para que eu e você vivêssemos. Não existe pessoa no universo que nos ame tanto. Se somos capazes de imaginar lugares belos e seguros, amores grandes e presentes, tudo isso não passa de míseras sombras do que Deus é e pode ainda ser em nossas vidas. Estou com saudades dos Seus pastos verdes, dos Seus rios de água viva. Estou com saudade de me extasiar na beleza de Sua santidade, de me embriagar com o Seu eterno amor. Estou com saudades de estar aqui: O Senhor é meu pastor; nada me faltará. Ele me faz descansar em pastos verdes e me leva a águas tranqüilas. O Senhor renova as minhas forças e me guia por caminhos certos, como ele mesmo prometeu. Ainda que eu ande por um vale escuro como a morte, não terei medo de nada. Pois tu, ó Senhor Deus, estás comigo; tu me proteges e me diriges. Preparas um banquete para mim, onde os meus inimigos me podem ver. Tu me recebes como convidado de honra e enches o meu copo até derramar. Certamente a tua bondade e o teu amor ficarão comigo enquanto eu viver. E na tua casa, ó Senhor, morarei todos os dias da minha vida (Sl. 23).
18.11.05
16.11.05
Ganchos e corrente
Conhecerão a verdade, e a verdade os libertará.
João 8. 32
Duas noites atrás tive um sonho inquietante. Vocês já devem ter visto um instrumento de tortura masoquista no qual a “vítima” de pendura através de ganchos presos à pele. Essa imagem é bastante vívida em mim através do filme A cela, com Angelina Jolie. Naquela noite sonhei que estava preso um instrumento assim.
Pendurado há alguns anos, músculos atrofiados, dor imensa em cada ponto de meu corpo que se prendia por aqueles ferros. Em alguns locais, como pelas minhas costas, passavam correntes interligando vários ganchos. Preso ali, no sonho, fazia anos que não conseguia agir de forma alguma. Apenas sofria com aquela dor cruel que lacerava a alma.
Em um determinado momento em meu sonho, alguém vinha me resgatar. Ao que me parece, era minha família. Começaram a me soltar dos ganchos que me prendiam. Quando fui libertar do último ponto de prisão, a corrente que passava por minhas costas, pedi que me dessem o alicate porque tinha medo da dor que viesse a sentir. Eu mesmo cortei a corrente e a puxei do meu corpo. Seguro por meus resgatadores, a última coisa que me lembro é de, musculatura da perna atrofiada pelos anos de prisão, tinha de ser carregado: não tinha forças para andar. Ao acordar desse sonho angustiante, tive rápida percepção de que ele tinha sentido. Mesmo que naquele momento, meio da madrugada, não pudesse entender. Precisava buscar entendê-lo no dia seguinte.
Ontem à noite conversava com uma amiga de Fortaleza pela Internet. Falávamos sobre tantas coisas que nos fazem sentir presos na vida e eu me lembrei do sonho. E comecei a entendê-lo. Sinto-me preso, como muitos outros com quem tenho partilhado nos últimos tempos. Estamos presos por circunstâncias sociais praticamente intransponíveis. Estamos presos por visões parciais de mundo presente em nossos contextos. Estamos presos, imobilizados, pelos formalismos e estreitamentos de nossas comunidades religiosas.
Duas coisas me chamaram mais atenção no meu sonho. Dois recados que pude compreender distintamente. Primeiro: eu estava preso em um instrumento de masoquismo. Isso significa que eu estava preso – inicialmente, pelo menos – por vontade própria. Eu quis subi ali e sofrer ali. Mesmo que viesse a me arrepender quando nada mais pudesse ser feito. A segunda coisa que para mim se destaca é que estava preso há tanto tempo que já não podia andar mais sozinho. Não tinha forças para a vida em liberdade.
Conhecerão a verdade, e a verdade os libertará. Quando Jesus fala isso aos judeus, estes não conseguem compreender o que o Mestre diz pelo simples fato de que não conseguem se ver como escravos do que quer que seja: Nós somos descendentes de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém. Como é que você diz que ficaremos livres? (Jo. 8. 33). Este é um de nossos grandes problemas. Estamos presos, imobilizados, por uma série de coisas que nos cercam e fazem de nós como que pequenos marionetes de circunstâncias que julgamos maiores que nós. Mas não somos capazes de nos vermos assim. Estamos satisfeitos com tudo, mesmo que doa muito estar preso por ganchos que nos rasgam a pele. E se estamos satisfeitos, se não vemos a prisão em que estamos, como poderemos ser libertos? Como poderemos desejar ser libertos?
Jesus veio ao mundo para nos libertar de todas as nossas prisões. De todos os poços escuros em que fomos enfiados. De todos os lugares difíceis dos quais queremos sair. E daqueles dos quais não queremos sair. Ele veio nos libertar do império das trevas. Ele veio nos transportar para o Seu Reino de Amor Eterno. Pela graça.
Talvez seja preciso que antes Ele nos abra os olhos. Na seqüência do evangelho de João (9), o evangelista narra a cura de um cego de nascença e todas as conseqüentes confusões provocadas por essa cura. No meio da narrativa, Jesus discute com os fariseus: Eu vim a este mundo para julgar as pessoas, a fim de que os cegos vejam e que fiquem cegos os que vêem. Alguns fariseus que estavam com ele ouviram isso e perguntaram: - Será que isso quer dizer que nós também somos cegos? – Se vocês fossem cegos, não teriam culpa! – respondeu Jesus. – Mas, como dizem que podem ver, então continuam tendo culpa (Jo. 9. 39 – 41). Jesus, o Libertador, liberta-nos primeiro de nossa cegueira. Cegueira a respeito de nossa própria situação de escravidão. Os fariseus não se viam como escravos de coisa alguma, muito menos do pecado. Jesus lhes abriu os olhos. Agora não tinham mais desculpas. Se querem permanecer na vida que levavam até então e no sofrimento de sua escravidão, a responsabilidade agora era completamente deles. O Libertador está ali, diante deles, para trazer-lhes nova vida. Basta crer.
Do mesmo modo, conosco. Muitas vezes, nos colocamos em prisões que nos maltratam dia após dia. Somos, nessas prisões, muitas vezes, como simples marionetes. Jesus, o Libertador, está diante de nós para nos livrar. Conhecerão a verdade, e a verdade os libertará. É preciso que queiramos mudar o que precisa ser mudado em nossas vidas. Não temos desculpas para aceitar que a situação continue como está. E se não temos forças para caminhar com nossas próprias pernas, caso deixemos os ganchos e correntes que nos prendem, ainda bem. Porque poderemos aprender a ser conduzidos pelo Senhor dos Exércitos. Tu, ó Senhor Deus, és tudo o que tenho. O meu futuro está nas Tuas mãos; Tu diriges a minha vida (Sl. 16. 5).
João 8. 32
Duas noites atrás tive um sonho inquietante. Vocês já devem ter visto um instrumento de tortura masoquista no qual a “vítima” de pendura através de ganchos presos à pele. Essa imagem é bastante vívida em mim através do filme A cela, com Angelina Jolie. Naquela noite sonhei que estava preso um instrumento assim.
Pendurado há alguns anos, músculos atrofiados, dor imensa em cada ponto de meu corpo que se prendia por aqueles ferros. Em alguns locais, como pelas minhas costas, passavam correntes interligando vários ganchos. Preso ali, no sonho, fazia anos que não conseguia agir de forma alguma. Apenas sofria com aquela dor cruel que lacerava a alma.
Em um determinado momento em meu sonho, alguém vinha me resgatar. Ao que me parece, era minha família. Começaram a me soltar dos ganchos que me prendiam. Quando fui libertar do último ponto de prisão, a corrente que passava por minhas costas, pedi que me dessem o alicate porque tinha medo da dor que viesse a sentir. Eu mesmo cortei a corrente e a puxei do meu corpo. Seguro por meus resgatadores, a última coisa que me lembro é de, musculatura da perna atrofiada pelos anos de prisão, tinha de ser carregado: não tinha forças para andar. Ao acordar desse sonho angustiante, tive rápida percepção de que ele tinha sentido. Mesmo que naquele momento, meio da madrugada, não pudesse entender. Precisava buscar entendê-lo no dia seguinte.
Ontem à noite conversava com uma amiga de Fortaleza pela Internet. Falávamos sobre tantas coisas que nos fazem sentir presos na vida e eu me lembrei do sonho. E comecei a entendê-lo. Sinto-me preso, como muitos outros com quem tenho partilhado nos últimos tempos. Estamos presos por circunstâncias sociais praticamente intransponíveis. Estamos presos por visões parciais de mundo presente em nossos contextos. Estamos presos, imobilizados, pelos formalismos e estreitamentos de nossas comunidades religiosas.
Duas coisas me chamaram mais atenção no meu sonho. Dois recados que pude compreender distintamente. Primeiro: eu estava preso em um instrumento de masoquismo. Isso significa que eu estava preso – inicialmente, pelo menos – por vontade própria. Eu quis subi ali e sofrer ali. Mesmo que viesse a me arrepender quando nada mais pudesse ser feito. A segunda coisa que para mim se destaca é que estava preso há tanto tempo que já não podia andar mais sozinho. Não tinha forças para a vida em liberdade.
Conhecerão a verdade, e a verdade os libertará. Quando Jesus fala isso aos judeus, estes não conseguem compreender o que o Mestre diz pelo simples fato de que não conseguem se ver como escravos do que quer que seja: Nós somos descendentes de Abraão e nunca fomos escravos de ninguém. Como é que você diz que ficaremos livres? (Jo. 8. 33). Este é um de nossos grandes problemas. Estamos presos, imobilizados, por uma série de coisas que nos cercam e fazem de nós como que pequenos marionetes de circunstâncias que julgamos maiores que nós. Mas não somos capazes de nos vermos assim. Estamos satisfeitos com tudo, mesmo que doa muito estar preso por ganchos que nos rasgam a pele. E se estamos satisfeitos, se não vemos a prisão em que estamos, como poderemos ser libertos? Como poderemos desejar ser libertos?
Jesus veio ao mundo para nos libertar de todas as nossas prisões. De todos os poços escuros em que fomos enfiados. De todos os lugares difíceis dos quais queremos sair. E daqueles dos quais não queremos sair. Ele veio nos libertar do império das trevas. Ele veio nos transportar para o Seu Reino de Amor Eterno. Pela graça.
Talvez seja preciso que antes Ele nos abra os olhos. Na seqüência do evangelho de João (9), o evangelista narra a cura de um cego de nascença e todas as conseqüentes confusões provocadas por essa cura. No meio da narrativa, Jesus discute com os fariseus: Eu vim a este mundo para julgar as pessoas, a fim de que os cegos vejam e que fiquem cegos os que vêem. Alguns fariseus que estavam com ele ouviram isso e perguntaram: - Será que isso quer dizer que nós também somos cegos? – Se vocês fossem cegos, não teriam culpa! – respondeu Jesus. – Mas, como dizem que podem ver, então continuam tendo culpa (Jo. 9. 39 – 41). Jesus, o Libertador, liberta-nos primeiro de nossa cegueira. Cegueira a respeito de nossa própria situação de escravidão. Os fariseus não se viam como escravos de coisa alguma, muito menos do pecado. Jesus lhes abriu os olhos. Agora não tinham mais desculpas. Se querem permanecer na vida que levavam até então e no sofrimento de sua escravidão, a responsabilidade agora era completamente deles. O Libertador está ali, diante deles, para trazer-lhes nova vida. Basta crer.
Do mesmo modo, conosco. Muitas vezes, nos colocamos em prisões que nos maltratam dia após dia. Somos, nessas prisões, muitas vezes, como simples marionetes. Jesus, o Libertador, está diante de nós para nos livrar. Conhecerão a verdade, e a verdade os libertará. É preciso que queiramos mudar o que precisa ser mudado em nossas vidas. Não temos desculpas para aceitar que a situação continue como está. E se não temos forças para caminhar com nossas próprias pernas, caso deixemos os ganchos e correntes que nos prendem, ainda bem. Porque poderemos aprender a ser conduzidos pelo Senhor dos Exércitos. Tu, ó Senhor Deus, és tudo o que tenho. O meu futuro está nas Tuas mãos; Tu diriges a minha vida (Sl. 16. 5).
15.11.05
Poder do mal
Ó Deus, salva-me porque estou na água até o pescoço! Estou atolado num lamaçal muito fundo, não tenho onde apoiar os pés. Entrei em águas profundas, e a correnteza quase me afoga.
Salmo 69. 1 – 2.
Algumas vezes a gente se vê tão cercado pelo mal, seja o mal do nosso pecado, ou o mal do mundo que nos envolve, que nos sentimos sufocar. Estamos tão cercados que nossas forças se esvaem e a nossa vida parece por um fio apenas. Não temos idéia de como poderíamos sobreviver. Aliás, não poderíamos. Com as forças debilitadas, resta-nos tentar recuperar, do fundo do coração, uma saudade profunda de Deus e da Sua comunhão, mesmo quando não conseguimos nem mesmo sentir falta disso.
A idéia do que quero dizer está expressa em uma passagem de O Senhor dos Anéis, já bem próximo ao fim da história. Sam e Frodo estão em Mordor. Frodo está extremamente enfraquecido pelo mal do anel. O mal está roubando suas forças e ele já não pensa sozinho. Ele sente como se o próprio Sauron estivesse dentro de sua cabeça. Sem forças e sem raciocínio claro, Sam tenta animá-lo, falando sobre o condado. Sam está com saudade do condado dos hobbits, mas Frodo lhe diz ser incapaz de lembrar de qualquer coisa. Ele não sabe como é o som das aves, os sabores das comidas e das bebidas, nem as paisagens.
É isso que o poder do mal faz conosco quando nos envolve e nos cerca, debilitando as nossas forças. Imaginando que o condado pudesse ser uma imagem de nossa mais plena comunhão com Deus e da Sua presença, podemos contemplar o cerco do mal destruindo nossa alegria de viver, o nosso prazer de estar na presença de Deus, e nossa capacidade de querer estar ou sentir saudades de estar com Deus. O mal suga as nossas forças para que, de alguma maneira, possamos desistir de Deus e, assim, sucumbir à força de morte.
Ó Deus, salva-me porque estou na água até o pescoço! Estou atolado num lamaçal muito fundo, não tenho onde apoiar os pés. Entrei em águas profundas, e a correnteza quase me afoga. É assim que me sinto hoje. Preciso desesperadamente de socorro do Senhor para escapar desse poço de perdição. Preciso de Sua mão para me tirar e devolver ao meu coração a saudade e o prazer de estar em Sua presença. Preciso de um toque renovador do Deus santo para que as palavras do salmista se tornem novamente a oração da minha alma ansiosa e faminta: Como eu amo o teu Templo, ó Senhor Todo-Poderoso! Como eu gostaria de estar ali! Tenho saudades dos pátios do Templo de Deus, o Senhor (Sl. 84. 1 – 2).
Quero amar o Senhor com tudo o que sou. Quero ter o Seu prazer, o gozo de estar na Sua presença, como o único e necessário prazer de minha vida. Quero ter certeza de que o conhecimento do Senhor, Sua companhia e amizade, são tudo o que preciso ter. Quero viver unicamente para o Senhor. Mas, agora, cercado por lama fétida de todos os lados, abatido pelo poder do mal ao redor de mim e do mal do meu pecado, não consigo saber como são os sabores da mesa do Senhor, não lembro como é bela a Sua presença, nem consigo ouvir o som da Sua voz. Quero ter tudo de volta, por isso quero quebrar o coração e me aproximar dEle. Por que sei que só isso é suficiente; isso basta para que se dissipe o mal que me envolve. Isso é jogar o anel no fogo de Mordor, porque Deus não rejeita um coração humilde e arrependido (Sl. 51. 17).
Salmo 69. 1 – 2.
Algumas vezes a gente se vê tão cercado pelo mal, seja o mal do nosso pecado, ou o mal do mundo que nos envolve, que nos sentimos sufocar. Estamos tão cercados que nossas forças se esvaem e a nossa vida parece por um fio apenas. Não temos idéia de como poderíamos sobreviver. Aliás, não poderíamos. Com as forças debilitadas, resta-nos tentar recuperar, do fundo do coração, uma saudade profunda de Deus e da Sua comunhão, mesmo quando não conseguimos nem mesmo sentir falta disso.
A idéia do que quero dizer está expressa em uma passagem de O Senhor dos Anéis, já bem próximo ao fim da história. Sam e Frodo estão em Mordor. Frodo está extremamente enfraquecido pelo mal do anel. O mal está roubando suas forças e ele já não pensa sozinho. Ele sente como se o próprio Sauron estivesse dentro de sua cabeça. Sem forças e sem raciocínio claro, Sam tenta animá-lo, falando sobre o condado. Sam está com saudade do condado dos hobbits, mas Frodo lhe diz ser incapaz de lembrar de qualquer coisa. Ele não sabe como é o som das aves, os sabores das comidas e das bebidas, nem as paisagens.
É isso que o poder do mal faz conosco quando nos envolve e nos cerca, debilitando as nossas forças. Imaginando que o condado pudesse ser uma imagem de nossa mais plena comunhão com Deus e da Sua presença, podemos contemplar o cerco do mal destruindo nossa alegria de viver, o nosso prazer de estar na presença de Deus, e nossa capacidade de querer estar ou sentir saudades de estar com Deus. O mal suga as nossas forças para que, de alguma maneira, possamos desistir de Deus e, assim, sucumbir à força de morte.
Ó Deus, salva-me porque estou na água até o pescoço! Estou atolado num lamaçal muito fundo, não tenho onde apoiar os pés. Entrei em águas profundas, e a correnteza quase me afoga. É assim que me sinto hoje. Preciso desesperadamente de socorro do Senhor para escapar desse poço de perdição. Preciso de Sua mão para me tirar e devolver ao meu coração a saudade e o prazer de estar em Sua presença. Preciso de um toque renovador do Deus santo para que as palavras do salmista se tornem novamente a oração da minha alma ansiosa e faminta: Como eu amo o teu Templo, ó Senhor Todo-Poderoso! Como eu gostaria de estar ali! Tenho saudades dos pátios do Templo de Deus, o Senhor (Sl. 84. 1 – 2).
Quero amar o Senhor com tudo o que sou. Quero ter o Seu prazer, o gozo de estar na Sua presença, como o único e necessário prazer de minha vida. Quero ter certeza de que o conhecimento do Senhor, Sua companhia e amizade, são tudo o que preciso ter. Quero viver unicamente para o Senhor. Mas, agora, cercado por lama fétida de todos os lados, abatido pelo poder do mal ao redor de mim e do mal do meu pecado, não consigo saber como são os sabores da mesa do Senhor, não lembro como é bela a Sua presença, nem consigo ouvir o som da Sua voz. Quero ter tudo de volta, por isso quero quebrar o coração e me aproximar dEle. Por que sei que só isso é suficiente; isso basta para que se dissipe o mal que me envolve. Isso é jogar o anel no fogo de Mordor, porque Deus não rejeita um coração humilde e arrependido (Sl. 51. 17).
14.11.05
Jóias
Mas vocês são a raça escolhida, os sacerdotes do Rei, a nação completamente dedicada a Deus, o povo que pertence a Ele. Vocês foram escolhidos para anunciar os atos poderosos de Deus, que os chamou da escuridão para a Sua maravilhosa luz.
1 Pedro 2. 9
Essa bela jóia, aparentemente uma coroa, pertencia à família real russa, deposta pela Revolução de 1917. Ricamente adornada, com pedras preciosas de diferentes tipos, pérolas, ouro, e tantas coisas que a gente nem conhece nem é capaz de identificar, esta jóia deve valer uma fortuna incalculável. Mas qual é a fonte de sua riqueza? Em outras palavras o que quero perguntar é o que leva as pessoas a gastarem tanto em jóias e porque elas valem tanto?
Uma jóia, como uma rica coroa de rei, só tem uma serventia. A coroa manifesta a glória, o poder e a riqueza do rei. Quando mais poderoso for o monarca, ou quanto mais ele queira parecer poderoso, vai querer adornar ainda mais sua coroa. Cada jóia, cada pedra, cada sinal de riqueza que se põe ali manifestará uma glória um pouco maior para o dono daquela jóia. Quanto mais rica, adornada e cara mais as pessoas identificarão como poderoso o seu proprietário. Por isso os reis sempre se importaram em ter riquíssimas coroas. Não era para usar pesados ornamentos na maior parte do tempo, ou para que ele mesmo contemplasse o tamanho da sua riqueza. Os reis desejam, nessa simbologia, manifestar aos povos vizinhos o tamanho da sua riqueza. Usando suas ornadas coroas nos eventos mais importantes do país era como se dissessem a todos o quanto eram poderosos.
Na história de Davi um episódio se refere a uma coroa de adorno e peso em ouro cuja serventia era manifestar o suposto poder de um deus. Quando o rei judeu conquista a cidade de Rabá, toma uma coroa de ouro do deus Moloque que pesava mais ou menos trinta e quatro quilos (1 Cr. 20. 2).
Estou dizendo isso nessa tarde porque essa é uma das imagens com as quais Pedro se refere ao povo de Deus, reproduzindo o contexto original do Êxodo. Mas vocês são (...) o povo que pertence a Ele. A idéia que o texto quer passar é a de que somos como jóias do Rei do Universo. A glória que porventura possamos ter, a nossa beleza, a nossa riqueza, enfim, o que quer que seja encontrado em nós, só tem uma serventia: manifestar o poder, a glória, a majestade e a riqueza do Deus que nos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz. Somos o Seu adorno, a Sua jóia preciosa a resplandecer a Sua luz e glória e mostrar a Sua grandeza a todos quantos não a conhecem ainda. É através de nós que Deus manifesta no universo a grandeza do Seu poder. Somos Sua propriedade peculiar.
A consciência nos traz graves conseqüências, sobre as quais nem sempre temos pensado. Se estamos aqui como jóias da coroa do Senhor para manifestar a Sua glória, não temos outra alternativa a não ser viver de maneira digna a esse papel, sob o risco de sermos arrancados fora do adorno do Senhor. Se não estivermos embelezando, se não resplandecermos de maneira correta a Sua glória, corremos o risco de sermos arrancados da jóia na Sua cabeça. Sermos povo de propriedade exclusiva de Deus, jóias que manifestam a Sua enorme glória e majestade, é um desafio a vivermos uma vida íntegra e santa, ao mesmo tempo em que nos dá a certeza de que a nossa vida está inteiramente em Suas mãos: pertencemos ao Rei. Se não servirmos mais para glorificar o Seu nome, serviremos para quê? Pelo contrário, sejam santos em tudo o que fizerem, assim como Deus, que os chamou, é santo. Porque as Escrituras Sagradas dizem: “Sejam santos porque eu sou santo” (1 Pe. 1. 15 – 16). Pense nisso.
1 Pedro 2. 9
Essa bela jóia, aparentemente uma coroa, pertencia à família real russa, deposta pela Revolução de 1917. Ricamente adornada, com pedras preciosas de diferentes tipos, pérolas, ouro, e tantas coisas que a gente nem conhece nem é capaz de identificar, esta jóia deve valer uma fortuna incalculável. Mas qual é a fonte de sua riqueza? Em outras palavras o que quero perguntar é o que leva as pessoas a gastarem tanto em jóias e porque elas valem tanto?
Uma jóia, como uma rica coroa de rei, só tem uma serventia. A coroa manifesta a glória, o poder e a riqueza do rei. Quando mais poderoso for o monarca, ou quanto mais ele queira parecer poderoso, vai querer adornar ainda mais sua coroa. Cada jóia, cada pedra, cada sinal de riqueza que se põe ali manifestará uma glória um pouco maior para o dono daquela jóia. Quanto mais rica, adornada e cara mais as pessoas identificarão como poderoso o seu proprietário. Por isso os reis sempre se importaram em ter riquíssimas coroas. Não era para usar pesados ornamentos na maior parte do tempo, ou para que ele mesmo contemplasse o tamanho da sua riqueza. Os reis desejam, nessa simbologia, manifestar aos povos vizinhos o tamanho da sua riqueza. Usando suas ornadas coroas nos eventos mais importantes do país era como se dissessem a todos o quanto eram poderosos.
Na história de Davi um episódio se refere a uma coroa de adorno e peso em ouro cuja serventia era manifestar o suposto poder de um deus. Quando o rei judeu conquista a cidade de Rabá, toma uma coroa de ouro do deus Moloque que pesava mais ou menos trinta e quatro quilos (1 Cr. 20. 2).
Estou dizendo isso nessa tarde porque essa é uma das imagens com as quais Pedro se refere ao povo de Deus, reproduzindo o contexto original do Êxodo. Mas vocês são (...) o povo que pertence a Ele. A idéia que o texto quer passar é a de que somos como jóias do Rei do Universo. A glória que porventura possamos ter, a nossa beleza, a nossa riqueza, enfim, o que quer que seja encontrado em nós, só tem uma serventia: manifestar o poder, a glória, a majestade e a riqueza do Deus que nos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz. Somos o Seu adorno, a Sua jóia preciosa a resplandecer a Sua luz e glória e mostrar a Sua grandeza a todos quantos não a conhecem ainda. É através de nós que Deus manifesta no universo a grandeza do Seu poder. Somos Sua propriedade peculiar.
A consciência nos traz graves conseqüências, sobre as quais nem sempre temos pensado. Se estamos aqui como jóias da coroa do Senhor para manifestar a Sua glória, não temos outra alternativa a não ser viver de maneira digna a esse papel, sob o risco de sermos arrancados fora do adorno do Senhor. Se não estivermos embelezando, se não resplandecermos de maneira correta a Sua glória, corremos o risco de sermos arrancados da jóia na Sua cabeça. Sermos povo de propriedade exclusiva de Deus, jóias que manifestam a Sua enorme glória e majestade, é um desafio a vivermos uma vida íntegra e santa, ao mesmo tempo em que nos dá a certeza de que a nossa vida está inteiramente em Suas mãos: pertencemos ao Rei. Se não servirmos mais para glorificar o Seu nome, serviremos para quê? Pelo contrário, sejam santos em tudo o que fizerem, assim como Deus, que os chamou, é santo. Porque as Escrituras Sagradas dizem: “Sejam santos porque eu sou santo” (1 Pe. 1. 15 – 16). Pense nisso.
Assinar:
Postagens (Atom)