Então Pedro disse: - Se é o Senhor mesmo, mande que eu vá andando em cima da água até onde o Senhor está. – Venha! – respondeu Jesus. Pedro saiu do barco e começou a anda em cima da água, em direção a Jesus. Porém, quando sentiu a força do vento, ficou com medo e começou a afundar. Então gritou: - Socorro, Senhor! Imediatamente Jesus estendeu a mão, segurou Pedro e disse: - Como é pequena a sua fé! Por que você duvidou?
Mateus 14. 29 – 31
Você já deve conhecer uma outra ilustração que nos fala sobre fé e confiança em Deus. Possivelmente, ao ler a história acima que envolve Pedro e Jesus, você se lembra daquela cena emblemática de Indiana Jones e a última cruzada em que o herói precisa atravessar um abismo e, ao dar o primeiro passo, descobre haver uma ponte oculta em uma ilusão de ótica. Você já pensou, como eu, tantas vezes, que a incredulidade nos paralisa e nos faz perder aquilo que Deus tem reservado para nós. Já imaginou se, lá no Êxodo, na hora em que Deus desse a ordem para o povo marchar, Moisés duvidasse? Nós não teríamos o relato de tão espantoso milagre: o mar se abriu.
Se você, como eu, conhece e lembra de tantas histórias semelhantes, deve conhecer também uma outra que relato a seguir. Conta-se que um alpinista, ao se ver dependurado em um pico sem nenhuma visibilidade após ter escorregado, pediu a ajuda de Deus e disse: Deus socorre-me! Deus respondeu:- Você realmente crê que eu possa salva você? O alpinista respondeu: - Sim, eu creio. Deus, então, mandou que ele cortasse a corda. O alpinista pensou muito e segurou ainda mais forte a corda. Morreu, congelado, a dois metros do chão.
Eu e você já tivemos vitórias e bênçãos trazidas pelo Senhor que nos foram conquistadas porque em algum momento de prova não duvidamos e nem perdemos a fé. Mas tenho a impressão que os nossos momentos “Pedro” devem ter sido mais numerosos.
Talvez o principal tipo de problema que nos acomete dia a dia são os problemas com falta de fé; é a incredulidade. Duvidamos da presença de Deus em nossa vida, da graça de Jesus, do amor do Pai, do perdão e da vida que nos vêm do Senhor. Tememos o desconhecido e nos afligimos no meio de lutas reais, mas essas coisas só são multiplicadas em seus efeitos porque duvidamos da grandeza, da existência e da magnitude da obra do Senhor é nossa vida.
São os momentos “Pedro”. Assustado em descobrir que Jesus vinha até eles no barco, andando por sobre as águas, Pedro desafia o Senhor a provar que é Ele: - Se é o Senhor mesmo, mande que eu vá andando em cima da água até onde o Senhor está. Jesus permite. Pedro começa a andar sobre a água. Até que pára de olhar para a grandeza do Senhor que deu a ordem e pensa nas dificuldades e problemas à sua volta. Quando sua atenção recai sobre o mundo à sua volta, Pedro duvida e afunda.
Assim é conosco. O mundo à nossa volta não é muito favorável. Todas as coisas assustam: violência, guerras, fome, inseguranças e incertezas em geral. Olhamos em volta e parece que tudo está se desfazendo. Até a nossa fé se desfaz nesse contexto. É fácil perdermos a fé e os seus efeitos em um mundo como o nosso.
Contra o problema da falta de fé precisamos de um toque das mãos do Senhor. Precisamos da presença do Senhor. Porém, precisamos, na verdade, de algo diferente. O Senhor, o Seu toque e a Sua presença já estão aqui, como Jesus estava naquele lago, em pé, diante do barco e de Pedro. Precisamos ter olhos para vê-Lo ali, diante de nós, nos chamando para o Seu lado, nos fazendo andar por sobre os nossos problemas. Precisamos de uma visão além do alcance das coisas que nos cercam. Precisamos de olhos que vejam o Deus real e invisível que nos ama e nos chamou a seguí-Lo, com fé e pela graça.
19.8.06
18.8.06
Fantasmas
Quando os discípulos viram Jesus andando em cima da água, ficaram apavorados e exclamaram: - É um fantasma! E gritaram de medo.
Mateus 14. 26
Alguns anos atrás, quando estava no seminário, o professor de hebraico, fatalmente doente, estava internado e necessitado de receber doações de sangue. Eu nunca havia doado sangue, especialmente pelo verdadeiro e descontrolado pavor de agulhar. Por mais que racionalmente eu possa compreender que aquele ato não me causará problema algum, o medo irracional me impedia de agir.
Na doença do professor eu percebi a estupidez do meu medo. Eu temia algo que não existia: algum risco de vida ou dor com uma agulha em meu braço ou com a coleta de sangue. Resolvi enfrentar meu medo. Fui fazer a doação e preveni ao médico do posto de coleta que, devido ao meu medo, era provável que passasse mal ou desmaiasse. Mesmo que eu e o médico estivéssemos racionalmente certos de que meu medo se fundamentava em algo que não existia, por pouco não desmaiei naquele dia.
Meu medo de agulhas é tão grande que me lembro de uma ocasião, início da adolescência, em que um médico me solicitou um exame de sangue para descartar a possibilidade de que as dores enormes que vinha sentindo nos pés fossem causados por febre reumática. Fui até o laboratório para coletar o sangue e voltei para casa sem fazê-lo. Meu medo do que não existia de verdade me paralisou naquela manhã.
Meu medo irracional se dirigia a algo que, de real, não existia. Hoje eu ainda temo um tanto agulhas, mas já sou capaz de enfrentar o medo e coletar sangue e tomar anestesias. Mas ainda não tive coragem de doar sangue de novo.
Naquele barco açoitado pelo vento e pelas ondas – um problema bem real enfrentado pelos discípulos – surge um problema imaginário: os discípulos gritam de medo porque viram um fantasma!
Muitas vezes os problemas que nos afligem não têm base concreta – e nós sabemos disso. Muitas vezes começamos a perceber que eles são criados por nossa cabeça e nosso coração. Com medo, vemos coisas que não existem, ouvimos vozes irreais, tememos o que deveríamos louvar. O tal fantasma que tanto assombrou os discípulos era o Mestre que vinha em socorro, andando sobre as águas!
As vezes a atmosfera de temor e medo nos sufoca tanto que tememos – vemos fantasmas – quando o próprio Deus intervém em nosso favor, como no caso dos discípulos. Nós sabemos ou vivemos histórias como as de Gideão, assustado com o tamanho da responsabilidade que Deus coloca em suas costas, temeroso do fracasso da missão. Nós já tivemos medo de enfrentar as soluções que foram trazidas por Deus para os problemas de nossa vida, como se víssemos fantasmas – medo de onde não deveríamos tirar medo.
Algo assim aconteceu comigo recentemente quando a Petrobras me convocou e eu soube que deveria vir para o Rio de Janeiro. Mesmo ciente que aquilo era resposta da oração e era ação milagrosa do Senhor, eu tive os meus fantasmas. Afinal, sair de perto da família, morar em uma terra estranha, eram desafios assustadores – mesmo que hoje saiba que não se firmavam em nada de concreto.
O medo do desconhecido se enfrenta com fé. Como teve fé o nômade Abrão ao atender o chamado divino para deixar tudo para trás e seguir uma voz que lhe guiava a uma terra que nunca vira – e que, dizia a voz, seria dele e de sua descendência.
O medo do desconhecido se enfrenta lançando-se ao cuidado do Deus amoroso que nos chamou a uma vida verdadeira e real – fé em Jesus e comunhão com o Deus Triúno. Assim, poderemos não correr o risco de ver fantasmas onde, na verdade, está a presença amorosa e cuidadosa do Senhor.
Mateus 14. 26
Alguns anos atrás, quando estava no seminário, o professor de hebraico, fatalmente doente, estava internado e necessitado de receber doações de sangue. Eu nunca havia doado sangue, especialmente pelo verdadeiro e descontrolado pavor de agulhar. Por mais que racionalmente eu possa compreender que aquele ato não me causará problema algum, o medo irracional me impedia de agir.
Na doença do professor eu percebi a estupidez do meu medo. Eu temia algo que não existia: algum risco de vida ou dor com uma agulha em meu braço ou com a coleta de sangue. Resolvi enfrentar meu medo. Fui fazer a doação e preveni ao médico do posto de coleta que, devido ao meu medo, era provável que passasse mal ou desmaiasse. Mesmo que eu e o médico estivéssemos racionalmente certos de que meu medo se fundamentava em algo que não existia, por pouco não desmaiei naquele dia.
Meu medo de agulhas é tão grande que me lembro de uma ocasião, início da adolescência, em que um médico me solicitou um exame de sangue para descartar a possibilidade de que as dores enormes que vinha sentindo nos pés fossem causados por febre reumática. Fui até o laboratório para coletar o sangue e voltei para casa sem fazê-lo. Meu medo do que não existia de verdade me paralisou naquela manhã.
Meu medo irracional se dirigia a algo que, de real, não existia. Hoje eu ainda temo um tanto agulhas, mas já sou capaz de enfrentar o medo e coletar sangue e tomar anestesias. Mas ainda não tive coragem de doar sangue de novo.
Naquele barco açoitado pelo vento e pelas ondas – um problema bem real enfrentado pelos discípulos – surge um problema imaginário: os discípulos gritam de medo porque viram um fantasma!
Muitas vezes os problemas que nos afligem não têm base concreta – e nós sabemos disso. Muitas vezes começamos a perceber que eles são criados por nossa cabeça e nosso coração. Com medo, vemos coisas que não existem, ouvimos vozes irreais, tememos o que deveríamos louvar. O tal fantasma que tanto assombrou os discípulos era o Mestre que vinha em socorro, andando sobre as águas!
As vezes a atmosfera de temor e medo nos sufoca tanto que tememos – vemos fantasmas – quando o próprio Deus intervém em nosso favor, como no caso dos discípulos. Nós sabemos ou vivemos histórias como as de Gideão, assustado com o tamanho da responsabilidade que Deus coloca em suas costas, temeroso do fracasso da missão. Nós já tivemos medo de enfrentar as soluções que foram trazidas por Deus para os problemas de nossa vida, como se víssemos fantasmas – medo de onde não deveríamos tirar medo.
Algo assim aconteceu comigo recentemente quando a Petrobras me convocou e eu soube que deveria vir para o Rio de Janeiro. Mesmo ciente que aquilo era resposta da oração e era ação milagrosa do Senhor, eu tive os meus fantasmas. Afinal, sair de perto da família, morar em uma terra estranha, eram desafios assustadores – mesmo que hoje saiba que não se firmavam em nada de concreto.
O medo do desconhecido se enfrenta com fé. Como teve fé o nômade Abrão ao atender o chamado divino para deixar tudo para trás e seguir uma voz que lhe guiava a uma terra que nunca vira – e que, dizia a voz, seria dele e de sua descendência.
O medo do desconhecido se enfrenta lançando-se ao cuidado do Deus amoroso que nos chamou a uma vida verdadeira e real – fé em Jesus e comunhão com o Deus Triúno. Assim, poderemos não correr o risco de ver fantasmas onde, na verdade, está a presença amorosa e cuidadosa do Senhor.
17.8.06
Problemas
Naquele momento o barco estava no meio do lago. E as ondas batiam com força no barco porque o vento soprava contra ele.
Mateus 14. 24
No início do ano de 2004 eu editava um jornal evangélico em Natal, o Jornal União. Era um prazer levar aquele empreendimento, mas era problemático saber que, muitas vezes, eu me via pagando para trabalhar. Trabalhava por idealismo, mas me sentia perdendo chances preciosas na vida.
Eu já estava fazendo disciplinas no mestrado como aluno especial desde o ano anterior. Em março, fui aprovado na seleção para aluno regular. Antes mesmo de saber se conseguiria bolsa para o curso, havia decidido deixar o jornal. Havia, mais precisamente, me dedicar exclusivamente ao mestrado mesmo que não houvesse recurso para financiar meus estudos.
Tinha noção de que isso ia ser complicado. Mas minha noção não se comparava com o que comecei a viver nas primeiras semanas de aula. Era muito dinheiro que precisava ser investido em xerox e livros. E eu não tinha um centavo. Preocupei-me verdadeiramente. Ali estava um grande problema real para os próximos anos de minha vida.
Mas o Senhor Jesus é Alguém que sempre está conosco, ao nosso lado, mesmo que duvidemos e mesmo que sejam sérios os nossos problemas. Era uma noite de quarta-feira. Enquanto orava no meu quarto, pedi a Deus que, por amor de Seu Nome, pudesse me conseguir uma bolsa para meus estudos. Disse-Lhe que Ele sabia, melhor do que eu, o quanto ela seria útil e necessária. Na manhã seguinte, a secretaria do mestrado ligou para mim e me perguntou se eu ainda queria aquela bolsa. Glória a Deus! O dia seguinte, a sexta-feira, era o último prazo para que a bolsa fosse distribuída. E ela era uma bolsa que o programa não sabia que estava livre até que uma pró-reitoria da universidade informou que seria distribuída para outro curso.
Contei esse exemplo porque me lembrei dessa história quando pensei no problema que os discípulos enfrentavam nesse tão conhecido relato bíblico. No barco, no meio da noite, atravessando o lago, os discípulos temeram pela vida porque o vento e as ondas ameaçam pôr a pique a embarcação.
Esse era um problema real demais. Como muitos problemas enormes e reais que enfrentamos no nosso dia a dia. Mesmo que não saibamos que problemas cada um enfrenta, podemos afirmar com certa margem de segurança que todo mundo enfrenta um ou outro problema. Alguns, como eu naquele dia, enfrentam graves problemas financeiros. Outros, problemas sérios de saúde. Pessoas entre nós passam por dificuldades familiares. Não importa. O que é certo é que cada um enfrenta palpáveis e reais problemas. Não são coisas de nossa cabeça. Não são ilusões, nem são dificuldades fáceis de superar.
Jesus foi até lá, andando em cima das águas (Mt. 14. 25). Essa história me mostra com clareza que a Bíblia não nos diz que andando com Jesus não teremos problemas. Muito menos somos autorizados a não chamar problemas de problemas. O que podemos crer é que, ainda que Ele tenha de vir andando sobre as águas, Jesus estará ao nosso lado, nos ajudando a passar pelas dificuldades e cumprindo a Sua vontade – trazendo a Sua solução – a cada uma de nossas lutas.
Então os dois subiram no barco, e o vento se acalmou (Mt. 14. 32). A nossa fé e certeza é que o nosso Senhor é poderoso para nos amparar no meio de nossas lutas – que as vezes parecem ser insuportáveis – e para trazer o milagre que acalma o mar e o vento e nos faz navegar, mais uma vez, com paz e tranqüilidade na vida.
Mateus 14. 24
No início do ano de 2004 eu editava um jornal evangélico em Natal, o Jornal União. Era um prazer levar aquele empreendimento, mas era problemático saber que, muitas vezes, eu me via pagando para trabalhar. Trabalhava por idealismo, mas me sentia perdendo chances preciosas na vida.
Eu já estava fazendo disciplinas no mestrado como aluno especial desde o ano anterior. Em março, fui aprovado na seleção para aluno regular. Antes mesmo de saber se conseguiria bolsa para o curso, havia decidido deixar o jornal. Havia, mais precisamente, me dedicar exclusivamente ao mestrado mesmo que não houvesse recurso para financiar meus estudos.
Tinha noção de que isso ia ser complicado. Mas minha noção não se comparava com o que comecei a viver nas primeiras semanas de aula. Era muito dinheiro que precisava ser investido em xerox e livros. E eu não tinha um centavo. Preocupei-me verdadeiramente. Ali estava um grande problema real para os próximos anos de minha vida.
Mas o Senhor Jesus é Alguém que sempre está conosco, ao nosso lado, mesmo que duvidemos e mesmo que sejam sérios os nossos problemas. Era uma noite de quarta-feira. Enquanto orava no meu quarto, pedi a Deus que, por amor de Seu Nome, pudesse me conseguir uma bolsa para meus estudos. Disse-Lhe que Ele sabia, melhor do que eu, o quanto ela seria útil e necessária. Na manhã seguinte, a secretaria do mestrado ligou para mim e me perguntou se eu ainda queria aquela bolsa. Glória a Deus! O dia seguinte, a sexta-feira, era o último prazo para que a bolsa fosse distribuída. E ela era uma bolsa que o programa não sabia que estava livre até que uma pró-reitoria da universidade informou que seria distribuída para outro curso.
Contei esse exemplo porque me lembrei dessa história quando pensei no problema que os discípulos enfrentavam nesse tão conhecido relato bíblico. No barco, no meio da noite, atravessando o lago, os discípulos temeram pela vida porque o vento e as ondas ameaçam pôr a pique a embarcação.
Esse era um problema real demais. Como muitos problemas enormes e reais que enfrentamos no nosso dia a dia. Mesmo que não saibamos que problemas cada um enfrenta, podemos afirmar com certa margem de segurança que todo mundo enfrenta um ou outro problema. Alguns, como eu naquele dia, enfrentam graves problemas financeiros. Outros, problemas sérios de saúde. Pessoas entre nós passam por dificuldades familiares. Não importa. O que é certo é que cada um enfrenta palpáveis e reais problemas. Não são coisas de nossa cabeça. Não são ilusões, nem são dificuldades fáceis de superar.
Jesus foi até lá, andando em cima das águas (Mt. 14. 25). Essa história me mostra com clareza que a Bíblia não nos diz que andando com Jesus não teremos problemas. Muito menos somos autorizados a não chamar problemas de problemas. O que podemos crer é que, ainda que Ele tenha de vir andando sobre as águas, Jesus estará ao nosso lado, nos ajudando a passar pelas dificuldades e cumprindo a Sua vontade – trazendo a Sua solução – a cada uma de nossas lutas.
Então os dois subiram no barco, e o vento se acalmou (Mt. 14. 32). A nossa fé e certeza é que o nosso Senhor é poderoso para nos amparar no meio de nossas lutas – que as vezes parecem ser insuportáveis – e para trazer o milagre que acalma o mar e o vento e nos faz navegar, mais uma vez, com paz e tranqüilidade na vida.
16.8.06
Encontrando
Imagine a cena. Você deseja encontrar-se com um amigo ou um parente bem próximo – quem sabe seu pai. O assunto que você tem a tratar é delicado, mas, ainda mais importante que isso, você deseja matar saudades, manifestar carinho e amor, experimentar uma companhia que você não vivencia há algum tempo. Você, então, liga para o seu amado e marca o encontro. Algumas horas depois, a alegria de revê-lo e de viver aquele momento invadem o seu coração.
Pense essa cena. Ela por acaso aconteceria se você duvidasse ou não soubesse da existência de seu amado? É inconcebível que a gente possa desejar relação com alguém de quem duvidamos a existência. Mais que isso, é inconcebível imaginar que alguém possa duvidar da existência de um pai, irmão ou amigo que amamos.
Eu fiquei pensando essas coisas hoje ao meditar sobre um texto bem conhecido da carta aos Hebreus: Sem fé ninguém pode agradar a Deus, porque quem vai a Ele precisa crer que Ele existe e que recompensa os que procuram conhecê-Lo melhor (Hb. 11. 6). Encontrar-se com Deus e viver em fé precisa seguir a lógica do encontro com o pai. Você precisa entrar em contato com Ele e realizar o encontro na premissa fundamental de que Ele existe. Não é possível se aproximar de alguém para uma conversa ou uma relação duvidando de sua existência. Ainda mais se esse Alguém é invisível aos olhos físicos.
Esses pensamentos, simples, me inquietaram porque percebo que não raras vezes me flagro em dúvida. Uma dúvida inquietante. Imagino que, sendo eu mais ou menos normal, não devo ser o único cristão no mundo que tenha passado por alguma crise de fé em que a própria fé na existência de Deus tenha sido questionada no interior do coração. Não devo ter sido o único cristão do mundo que tenha se dado conta do desespero que é viver sem fé neste mundo.
Por isso, a fé é o mais fundamental dom de Deus. Pois pela graça de Deus vocês são salvos por meio da fé. Isso não vem de vocês, mas é um presente dado por Deus (Ef. 2. 8). A fé é um fruto da graça de Deus, é presente dado por Deus. Isso significa que para que um homem possa acreditar que o Deus que quer encontrar existe, ele precisa, primeiro, ser alvo da graça infinda do Senhor gerando em seu coração a fé. A certeza de que Deus é e tudo o de bom que existe, toda a beleza do universo e toda a grandeza da vida é dádiva gerada e cedida em Deus. A graça de Deus na forma da fé nos faz ter certeza de que não foi o acaso que nos formou aqui, no terceiro planeta deste sistema solar.
Tendo essa certeza, podemos marcar o encontro. Nossa vida passa a girar em função desse encontro feliz. E girando assim em torno da órbita certa, a felicidade e a realização na vida serão uma constante garantia. Nossa vida será encontro com o Deus que presenteia todo aquele que decide investir sua vida em conhecer melhor o Seu Amado.
Pensar essas coisas me faz ter confiança de esperar na graça de Deus para que tenha a fé renovada e restaurada quando a dúvida quiser se aninhar no meu coração. Estou certo de que a presença dEle em minha vida – mesmo que a fé fraqueje – foi a melhor coisa que eu descobri e tenho descoberto.
Pense essa cena. Ela por acaso aconteceria se você duvidasse ou não soubesse da existência de seu amado? É inconcebível que a gente possa desejar relação com alguém de quem duvidamos a existência. Mais que isso, é inconcebível imaginar que alguém possa duvidar da existência de um pai, irmão ou amigo que amamos.
Eu fiquei pensando essas coisas hoje ao meditar sobre um texto bem conhecido da carta aos Hebreus: Sem fé ninguém pode agradar a Deus, porque quem vai a Ele precisa crer que Ele existe e que recompensa os que procuram conhecê-Lo melhor (Hb. 11. 6). Encontrar-se com Deus e viver em fé precisa seguir a lógica do encontro com o pai. Você precisa entrar em contato com Ele e realizar o encontro na premissa fundamental de que Ele existe. Não é possível se aproximar de alguém para uma conversa ou uma relação duvidando de sua existência. Ainda mais se esse Alguém é invisível aos olhos físicos.
Esses pensamentos, simples, me inquietaram porque percebo que não raras vezes me flagro em dúvida. Uma dúvida inquietante. Imagino que, sendo eu mais ou menos normal, não devo ser o único cristão no mundo que tenha passado por alguma crise de fé em que a própria fé na existência de Deus tenha sido questionada no interior do coração. Não devo ter sido o único cristão do mundo que tenha se dado conta do desespero que é viver sem fé neste mundo.
Por isso, a fé é o mais fundamental dom de Deus. Pois pela graça de Deus vocês são salvos por meio da fé. Isso não vem de vocês, mas é um presente dado por Deus (Ef. 2. 8). A fé é um fruto da graça de Deus, é presente dado por Deus. Isso significa que para que um homem possa acreditar que o Deus que quer encontrar existe, ele precisa, primeiro, ser alvo da graça infinda do Senhor gerando em seu coração a fé. A certeza de que Deus é e tudo o de bom que existe, toda a beleza do universo e toda a grandeza da vida é dádiva gerada e cedida em Deus. A graça de Deus na forma da fé nos faz ter certeza de que não foi o acaso que nos formou aqui, no terceiro planeta deste sistema solar.
Tendo essa certeza, podemos marcar o encontro. Nossa vida passa a girar em função desse encontro feliz. E girando assim em torno da órbita certa, a felicidade e a realização na vida serão uma constante garantia. Nossa vida será encontro com o Deus que presenteia todo aquele que decide investir sua vida em conhecer melhor o Seu Amado.
Pensar essas coisas me faz ter confiança de esperar na graça de Deus para que tenha a fé renovada e restaurada quando a dúvida quiser se aninhar no meu coração. Estou certo de que a presença dEle em minha vida – mesmo que a fé fraqueje – foi a melhor coisa que eu descobri e tenho descoberto.
13.8.06
A pergunta
Quem vocês dizem que eu sou?
Mateus 16. 15
Como o Novo Testamento se constrói em cima da fundamental questão acerca de quem é Jesus na história humana e na história dos homens, acho provável já ter escrito antes sobre esse assunto. Mas fui motivado a pensar mais uma vez sobre a questão a partir de uma pregação que ouvi esta manhã na Igreja Batista da Esperança, aqui no Rio.
A resposta existencial mais importante que alguém tem a dar é a essa pergunta. O que pensamos ou sabemos de Jesus define por inteiro o tipo de vida que levamos diante dEle e o tipo de relacionamento que podemos manter ou não com Ele. A Bíblia deixa isso claro, particularmente neste texto.
Antes de ouvir dos discípulos o que eles pensam acerca de Si mesmo, Jesus interroga-os sobre as opiniões correntes entre o povo, nas ruas, casas e sinagogas. As imagens de Jesus que aparecem nessas respostas não são muito diferentes das imagens que as pessoas de nossos dias ainda têm de Jesus. Mais do que pensar se as pessoas consideravam Jesus como ressurreição de algum dos antigos e eminentes judeus, suponho que seja interessante pensar no que cada figura citada representa.
Alguns dizem que o senhor é João Batista; outros, que é Elias; e outros, que é Jeremias ou algum outro profeta (Mt. 16: 14). Ainda que apareçam quatro respostas distintas, enxergo aí três imagens de Jesus. A primeira mostra que as pessoas viam Jesus como alguém que trazia uma dura mensagem de juízo. Jesus era visto como um pregador da calamidade, um pregador da culpa e do castigo do povo, mais ou menos como o era João Batista. Como se Jesus estivesse exercendo um ministério que apenas fosse a continuidade do ministério do Batista. O povo tinha motivos para pensar isso: Jesus começou pregando basicamente a mesma mensagem de João e só começou Sua vida pública após o batismo, como se precisasse da unção e da autoridade de João.
Lamentavelmente eu vejo esse pensamento sobre Jesus especialmente vivo em meios religiosos. Ambientes que, independente se da tradição protestante ou católica, não enxergam a presença da graça, viva e renovadora do Cristo vivo. Entendem-no como um preceituador moralista de bons costumes e de regras de vida, mesmo que consigam revestir isso de uma aura de profunda e dedicada espiritualidade.
A segunda imagem, que aparece na referência a Elias, é a do operador de sinais. O ministério de Elias é marcado por sinais e milagres a todo tempo. As pessoas viam Jesus também como um fazedor de sinais: iam atrás dele para terem suas enfermidades curadas, para verem demônos sendo expulsos, para ouvirem mudos falarem e se maravilharem com cegos que vêem e surdos que ouvem. Ainda mais: seguem Jesus porque sabem que Ele multiplica pães e peixes para alimentar multidões (Jo. 6).
Se haviam pessoas assim no meio do povo enquanto Jesus andava na terra, muito mais existem agora. Pior: existem ministérios que se constroem unicamente na afirmação de que Jesus é um fazedor de milagres. Ele realmente faz milagres, mas seguí-Lo por esse motivo se assemelha a construir a casa sobre a areia - ou desconsiderar Seu ensino e a inteireza de Seu ministério.
Conheço pessoas que circulam entre círculos de oração e trabalhos nas mais diferentes casas e nas mais diversas igrejas unicamente porque seguem um Jesus que faz milagres. Esquecem de viver com Ele, Amigo e Companheiro, com o Consolador Espírito e na comunhão do Pai no dia a dia e a cada instante. Vivem pelos milagres. E só por eles.
Por fim, a terceira imagem é a do reformador. Jesus era comparado a Jeremias e aos demais profetas. Quando vejo o nome de Jeremias aqui penso em um reformador da religião. Os judeus acreditavam que Jesus podia ser o tão esperado Messias guerreiro que restauraria todas as coisas - inclusive o reino - em Israel.
Hoje em dia, muitos são capazes de exaltar a ética de Jesus, expressa especialmente no Sermão da Montanha, sem assumirem compromisso mais profundo com Ele. Não querem se tornar discípulos ou então consideram-se discípulos porque procuram viver as práticas dessa ética. Vêem Jesus como um Mestre de ética, como um reformador. É assim que O vêem os judeus hoje, mas também muitos outros, inclusive dentro de nossas comunidades.
O que muda tudo é o entendimento da questão que só pode ser trazido por revelação do Espírito. Reconhecer a identidade real de Jesus só pode ser obra de Deus na vida do homem. O Senhor é o Messias, o Filho do Deus Vivo (Mt. 16. 16). Jesus diz a Pedro que essa revelação lhe foi dada diretamente pelo Pai, porque de si o homem não pode alcançar e reconhecer quem é Jesus. E entender quem é Jesus muda tudo. Muda nossas relações, nosso modo de ver o mundo, nossos planos, nossos desejos. Muda nossa relação com Ele porque quando O vemos como Ele realmente é - o Filho de Deus, o Deus Filho -, descobrimos que tudo o que precisamos e tudo o que queremos é conhecer a Jesus profunda e intimamente. Tudo o que buscamos, a partir de então, é o Senhor. Conhecê-Lo. Investir no relacionamento pessoal com Ele. E permitir-se viver na realidade e concretude da Sua vida em nós.
Mateus 16. 15
Como o Novo Testamento se constrói em cima da fundamental questão acerca de quem é Jesus na história humana e na história dos homens, acho provável já ter escrito antes sobre esse assunto. Mas fui motivado a pensar mais uma vez sobre a questão a partir de uma pregação que ouvi esta manhã na Igreja Batista da Esperança, aqui no Rio.
A resposta existencial mais importante que alguém tem a dar é a essa pergunta. O que pensamos ou sabemos de Jesus define por inteiro o tipo de vida que levamos diante dEle e o tipo de relacionamento que podemos manter ou não com Ele. A Bíblia deixa isso claro, particularmente neste texto.
Antes de ouvir dos discípulos o que eles pensam acerca de Si mesmo, Jesus interroga-os sobre as opiniões correntes entre o povo, nas ruas, casas e sinagogas. As imagens de Jesus que aparecem nessas respostas não são muito diferentes das imagens que as pessoas de nossos dias ainda têm de Jesus. Mais do que pensar se as pessoas consideravam Jesus como ressurreição de algum dos antigos e eminentes judeus, suponho que seja interessante pensar no que cada figura citada representa.
Alguns dizem que o senhor é João Batista; outros, que é Elias; e outros, que é Jeremias ou algum outro profeta (Mt. 16: 14). Ainda que apareçam quatro respostas distintas, enxergo aí três imagens de Jesus. A primeira mostra que as pessoas viam Jesus como alguém que trazia uma dura mensagem de juízo. Jesus era visto como um pregador da calamidade, um pregador da culpa e do castigo do povo, mais ou menos como o era João Batista. Como se Jesus estivesse exercendo um ministério que apenas fosse a continuidade do ministério do Batista. O povo tinha motivos para pensar isso: Jesus começou pregando basicamente a mesma mensagem de João e só começou Sua vida pública após o batismo, como se precisasse da unção e da autoridade de João.
Lamentavelmente eu vejo esse pensamento sobre Jesus especialmente vivo em meios religiosos. Ambientes que, independente se da tradição protestante ou católica, não enxergam a presença da graça, viva e renovadora do Cristo vivo. Entendem-no como um preceituador moralista de bons costumes e de regras de vida, mesmo que consigam revestir isso de uma aura de profunda e dedicada espiritualidade.
A segunda imagem, que aparece na referência a Elias, é a do operador de sinais. O ministério de Elias é marcado por sinais e milagres a todo tempo. As pessoas viam Jesus também como um fazedor de sinais: iam atrás dele para terem suas enfermidades curadas, para verem demônos sendo expulsos, para ouvirem mudos falarem e se maravilharem com cegos que vêem e surdos que ouvem. Ainda mais: seguem Jesus porque sabem que Ele multiplica pães e peixes para alimentar multidões (Jo. 6).
Se haviam pessoas assim no meio do povo enquanto Jesus andava na terra, muito mais existem agora. Pior: existem ministérios que se constroem unicamente na afirmação de que Jesus é um fazedor de milagres. Ele realmente faz milagres, mas seguí-Lo por esse motivo se assemelha a construir a casa sobre a areia - ou desconsiderar Seu ensino e a inteireza de Seu ministério.
Conheço pessoas que circulam entre círculos de oração e trabalhos nas mais diferentes casas e nas mais diversas igrejas unicamente porque seguem um Jesus que faz milagres. Esquecem de viver com Ele, Amigo e Companheiro, com o Consolador Espírito e na comunhão do Pai no dia a dia e a cada instante. Vivem pelos milagres. E só por eles.
Por fim, a terceira imagem é a do reformador. Jesus era comparado a Jeremias e aos demais profetas. Quando vejo o nome de Jeremias aqui penso em um reformador da religião. Os judeus acreditavam que Jesus podia ser o tão esperado Messias guerreiro que restauraria todas as coisas - inclusive o reino - em Israel.
Hoje em dia, muitos são capazes de exaltar a ética de Jesus, expressa especialmente no Sermão da Montanha, sem assumirem compromisso mais profundo com Ele. Não querem se tornar discípulos ou então consideram-se discípulos porque procuram viver as práticas dessa ética. Vêem Jesus como um Mestre de ética, como um reformador. É assim que O vêem os judeus hoje, mas também muitos outros, inclusive dentro de nossas comunidades.
O que muda tudo é o entendimento da questão que só pode ser trazido por revelação do Espírito. Reconhecer a identidade real de Jesus só pode ser obra de Deus na vida do homem. O Senhor é o Messias, o Filho do Deus Vivo (Mt. 16. 16). Jesus diz a Pedro que essa revelação lhe foi dada diretamente pelo Pai, porque de si o homem não pode alcançar e reconhecer quem é Jesus. E entender quem é Jesus muda tudo. Muda nossas relações, nosso modo de ver o mundo, nossos planos, nossos desejos. Muda nossa relação com Ele porque quando O vemos como Ele realmente é - o Filho de Deus, o Deus Filho -, descobrimos que tudo o que precisamos e tudo o que queremos é conhecer a Jesus profunda e intimamente. Tudo o que buscamos, a partir de então, é o Senhor. Conhecê-Lo. Investir no relacionamento pessoal com Ele. E permitir-se viver na realidade e concretude da Sua vida em nós.
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