19.2.03

Essa me foi enviada pelo meu amigo Flávio

QUE TIPO DE ESPERANÇA TEMOS?

Um dos mais intrigantes mistérios da humanidade, que tem transposto séculos, e que não foi respondido de forma lógica, nem mesmo pelos mais competentes estudiosos, está nesta necessidade clara que o ser humano tem de encontrar uma forma de se justificar de seus erros, ou de justificar seus erros por medo de um castigo futuro, ou coisa parecida.
Analisando esta questão podemos definir três tipos básicos de métodos, ou meios de se justificar. Uma estória que ouvi um tempo atrás exemplifica claramente esta esperança.
Determinado pai tinha quatro filhos. Em um determinado dia estes filhos foram nadar em um rio, mas em um momento de descontração os três filhos mais velhos foram levados rio a baixo pela força da correnteza.
Perdidos, com fome, e sem saber como retornar para casa os três irmãos ficaram com muito medo. O tempo foi passando e eles foram cada um fazer a sua vida mesmo longe da casa do pai. O mais velho encontrou uma aldeia que tinha valores extremamente corrompidos. Não perdeu tempo e caiu na gandaia, pensava ele em seu coração, já perdi a esperança de voltar para a casa do pai o jeito é viver a vida a partir da realidade que estou agora.
Os outros irmãos mantinham em seus corações a expectativa de que a qualquer momento o pai os encontraria. No entanto, o tempo foi passando e o segundo irmão disse: - vou tentar subir o rio, vou construir uma escada rio a cima. Dia após dia ele lutava e construía sua escada, mas o caminho era muito longo e ele não conseguia de forma alguma atingir seus objetivos.
O irmão mais novo se angustiava, mas continuava na certeza de que o melhor a fazer era esperar, não adiantava se entregar ao modelo de vida daquele lugar como o mais velho, também não adiantava lutar por suas próprias forças, o jeito era esperar. Um dia quando sua esperança estava quase minguando o filho que havia ficado com o pai apareceu para buscar seus irmãos. Somente pode levar com ele o mais moço, pois foi o único que ficou esperando.
Esta historia nos mostra os tipos básicos de esperança do ser humano. O primeiro irmão é o sujeito que se conforma com o presente século (Rm. 12:01 e 02). O segundo é o que acredita que pode resolver seus problemas por seus próprios meio, ou se justificar por meio de obras, de atos de “justiça”. O terceiro representa aqueles que sabem que não são deste mundo, que não podem se conformar com esta realidade, mas que sabem também que não podem fazer nada por si mesmo que precisam esperar em Deus.
A pergunta que devemos nos fazer é: - Que tipo de esperança temos?
Que Deus nós ajude a entendermos que somente esperando em Cristo algo bom pode acontecer, que nosso coração não nos engane ao ponto de acharmos que podemos viver fora da dependência. E que não percamos a esperança chegando a nos conformar com o presente século.


Flávio A. Simões
Arão, porém, ficou em silêncio. (Lv 10. 3)

Confesso que esse é um texto muito difícil para mim. Chocante e difícil de responder, como aliás são difíceis e chocantes as perdas em nossas vidas.
Como deve ter sido duro para Arão. Os seus filhos mais velhos haviam acabado de serem mortos pelo Deus a quem ele serve, o Deus que o chamou para o sacerdócio. E que prometeu que esses mesmos filhos dariam continuidade à sua obra.
E o pior: seu sofrimento não pode ser externado. Toda a dor deve ser internalizada, calada. Arão deve sofrer calado. E sozinho.
Quantas vezes a dor do servo de Deus, por circunstâncias que lhe fogem ao controle, precisa ser curtida na solidão e no silêncio...
Quantas vezes não há ombro amigo para recostar a cabeça, mão caridosa para enxugar as lágrimas. Aliás, sequer podemos chorar!
Mesmo Deus lhe parece duro e impassível. Nem Ele parece se importar com o seu sofrimento e sua dor. Ele só parece se importar com o fato de que você é líder e exemplo. Não pode desapontá-Lo nem ao povo que se lhe acerca.
O sacerdócio é profissão solitária. Sem amigos. Sem mesmo a possibilidade de prantear seus mortos. Sem compaixão da parte de ninguém.
Exercício de fé. Entender que sua vocação é mais extrema que suas vontades pessoais. Mas esse processo é extremamente solitário.
Qual é a resposta de Deus a tudo isso?
Parece que o único (!) conforto é não sair da presença do Senhor. Não parece, no entanto, uma resposta muito prática. Como qualquer outra que nos empurra à resignação.
Mas é Deus quem transforma as sensações e as situações. Ele é capaz de transformar maldições em bênçãos (Rm 8. 28), sem que as maldições deixem de ser maldições. Ele nos lembra que somos incapazes de julgamento digno devido à incompletude dos dados que dispomos (Jo 13. 7). Ele nos lembra que o resultado de nossa escolha por Ele é plenamente compensador (Mc 10. 29-30). Pela fé.
Mesmo que temporariamente, devemos suportar a dor da solidão:
Considero que os nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória que em nós será revelada. (Rm 8. 18)
Ainda assim, confesso, para mim são respostas simplórias.
Assim, entendo que a solução desse paradoxo está em dois importantes aspectos.
1. O caráter: o nosso caráter deve ser forte, treinado para o sofrimento. Não um estóico, mas alguém que possa curtir a dor e sobreviver;
2. O amor: estamos tendo o nosso amor experimentado: até que ponto vai esse amor?
E estará a nossa relação com Deus firmada nesse compromisso de amor, ou em algo que não possa resistir ao teste?
Em outras palavras: Deus é visto como nosso Pai, ou como nosso Chefe?

16.2.03

Essa eu trouxe do Bibliaworld.

CRENTE SOFRE?
Como cristãos que somos, essa pergunta merece uma resposta bíblica. Portanto, não adianta "romantizar" a realidade e procurar uma resposta conveniente. O crente bem fundamentado não nega a realidade, mas a interpreta dentro de uma visão bíblica e espiritual. A bíblia nunca pretendeu mascarar a dor dos seus profetas, discípulos e apóstolos. Pelo contrário, mostra esse "sofrer" mas mostra também Aquele que sempre está ao lado do que sofre.

Jesus foi muito claro a respeito do sofrimento, e disse: "No mundo tereis aflições..." (Jo 16.33). Ou seja, a existência cotidiana está indelevelmente marcada pela dor. Paulo também admite o sofrimento, sem supervalorizá-lo, ao fazer uma comparação da glória futura com as "aflições do tempo presente" (Rm 8.18).

Normalmente relacionamos sofrimento com algum tipo de "pecado oculto" ou "falta de fé". Às vezes até culpamos as pessoas de estarem vivendo uma vida de aparente derrota, dizendo-lhes que "não têm fé". Nem sempre isso é verdade. Um dos capítulos da Bíblia mais lembrado quando se fala em "fé", sem dúvida alguma é o de Hebreus 11. Ali encontramos um resumo da vida vitoriosa de muitos servos de Deus e os seus feitos: Abraão, Gideão, Moisés, Jefté...

O curioso é que nunca ouvimos alguém exaltar aqueles heróis anônimos da fé mencionados ao final do capítulo. É como se aquele tipo de "vida" que eles tiveram não fosse a verdadeira vida cristã. Preferíamos constar o nosso nome na galeria da fé por derrotar a espada, o fogo, as potestades, a ira do inimigo, mas ter "aquela" vida relatada nos versículos finais, jamais. E o que está escrito lá, que tanto tememos e até negamos?

"outros, por sua vez, passaram pela prova de escárnios e açoites, sim, até de algemas, e prisões, foram apedrejados, provados, serrados pelo meio, mortos a fio de espada, necessitados, afligidos, maltratados" (Hb 11.36-37)

O que diriam hoje sobre esses homens os que prometem prosperidade e saúde a qualquer tempo? Certamente afirmariam que quem vive assim ou está em pecado, ou há uma maldição a ser quebrada, ou não tem fé!

Dou glória a Deus porque a vida desses homens está descrita no "capítulo da fé". É impossível dizer que eles não criam no Deus Todo Poderoso. É impossível dizer que viveram assim por causa do pecado em suas vidas. É impossível dizer que eles estavam debaixo de qualquer espécie de maldição. O texto é muito claro - a fé os levou ao desprezo que o mundo lhes dedicou, às necessidades, às aflições e maltratos.

O apóstolo Paulo, ao receber o espinho na carne, "mensageiro de Satanás para o esbofetear", não se deixou abater por aquele mal, mas o transformou em vitória. E ele também não saiu por aí, dizendo: "Tá amarrado, não aceito, etc. etc.". Pelo contrário, ele aprendeu pelo sofrer uma lição que todos nós precisamos conhecer - "a Tua Graça, Senhor, nos basta!".

Um argumento muito comum utilizado pelos pregadores da saúde plena a todo o tempo, é Isaías 53.4-5: "certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si... e pela suas pisaduras fomos sarados". Essa palavra profética sobre o Messias é verdadeira e já vige entre nós. Entretanto, é bom lembrar que a obra Redentora de Cristo ainda não cessou, e Paulo, em 1Co 15.26 diz que "o último inimigo a ser destruído é a morte".

O mundo em que vivemos não é um mundo perfeito, mas decaído, e todos nós sofremos as conseqüências dessa queda. Os hospitais recebem crentes acidentados, crianças, filhas de pais crentes, nascem com defeitos congênitos, homens e mulheres de Deus sofrem de doenças crônicas e agudas, e podem ou não receber a cura que vem de Deus.

A morte, a dor, a injustiça, a doença, a miséria, só terminarão no Céu, pois só ali completará a obra Redentora de Cristo Jesus. Então, Deus "lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras cousas passaram" (Ap 21.4). Ali, junto a Deus, pais não separarão mais de seus filhos, esposas não verão mais seus esposos partir, o corpo já não será mais corruptível, e a guerra e a fome não terão lugar.

Daniel Rocha, pastor da Igreja Metodista em Itaberaba, S.Paulo e Psicólogo
E-Mail: dadaro@uol.com.br