29.7.05

Virá o dia

Virá o dia em que os orgulhosos serão humilhados e os vaidosos serão rebaixados; e somente o Senhor receberá os mais altos louvores.
Isaías 2. 11

Esta semana estava conversando com uma jovem amiga de minha igreja. Aquela conversa me deixou preocupado com essa garota. Entre outras coisas, ela dizia que sempre consegue tudo o que consegue. E por mais que eu quisesse lhe alertar do enorme risco que corremos com esse tipo de pensamento, não consegui dissuadi-la. Apenas avisei que tamanho orgulho não passa incólume pelo crivo do Senhor. Avisei que ela ainda ia sofrer bastante se mantivesse esse tipo de pensamento. Ia “apanhar” muito de Seu Pai.
Orgulho não é coisa que passa de graça em nossa relação com Deus. O Senhor não divide a glória dEle com ninguém e o orgulho é uma vã tentativa do ser humano pecador e limitado usurpar um tanto dessa glória. Mais cedo ou mais tarde, o Senhor agirá quanto a isso. O dia virá, estejamos certos disso.
Cada um tem uma porção que seja de orgulho no coração. O desafio que a Palavra de Deus nos impõe é o que vamos permitir que esse orgulho nos faça. Porque é certo que ele será abatido. Mas enquanto não vem o dia, pode ser abatido por nós mesmos. Quando nos reconhecemos como somos diante de Deus, toda a vaidade, orgulho e arrogância caem por terra. Abrimos o nosso coração, rasgamos a nossa alma e somos postos em nosso lugar devido pelo Senhor dos Exércitos. Dessa forma, nos fazemos humildes. Desse jeito, aprendemos a saber exatamente quem somos, quais os nossos limites, quais as nossas fraqueza, até onde podemos ir e quem é o Senhor em nossas vidas.
Todos os dias Deus tem nos conclamado a tomarmos essa atitude. A quebrarmos, com nossas próprias mãos, o orgulho do nosso coração. A renunciarmos qualquer vanglória ou sentimento egoísta, no processo de nos negarmos a nós mesmos, tomarmos a cruz de Jesus, seguindo-O como discípulos. Reconhecendo-nos como pecadores, como criminosos diante do Pai, nossa vaidade se esvai. É esse coração quebrantado que Deus quer ver em nós. Honesto, sincero e amante do Pai: O que tu queres é um coração sincero; (...) Ó Deus, o meu sacrifício é um espírito humilde; tu não rejeitarás um coração humilde e arrependido (Sl. 51. 6 e 17).
Podemos não aceitar isso. Podemos não tomar essa atitude. Aí eu imagino o ser humano que faz isso como um monte de terra que vai subindo pouco a pouco, até se transformar em uma alta duna. Cresce até alcançar o ponto no qual o dono do terreno tem de passar máquinas para terraplenar.
Há um limite até onde Deus espera nossa decisão pessoal. Se o superarmos, nos mantendo orgulhosos e vaidosos, Ele entra em ação com a sua Caterpillar espiritual para nos pôr abaixo, para nos aprumar. Disse à minha amiga que era melhor que ela mesma começasse o processo de quebrantar-se na presença do Senhor, abrindo mão do orgulho, porque a terraplenagem do Senhor é um processo doloroso. Mais cedo do que se imagina, virá o dia.
Virá o dia em que os orgulhosos serão humilhados e os vaidosos serão rebaixados; e somente o Senhor receberá os mais altos louvores. Deus não divide Sua glória com ninguém. Somente Ele é digno de receber louvores. Por isso, quando o coração do homem se preocupa com os louvores que recebe e tributa a si mesmo, Deus intervém para colocar as coisas nos lugares devidos. Nesse dia, somente Quem é Digno receberá o louvor.
Naquele dia, o Senhor Todo-Poderoso vai humilhar todos os orgulhosos e vaidosos, todos os que pensam que são importantes (Is. 2. 12). E o profeta prossegue usando imagens vívidas para descrever o abatimento, da parte do Senhor, que cairá sobre cada coração orgulhoso: são cedros e carvalhos centenários sendo postos no chão (v. 13), são montanhas elevadas arrasadas (v. 14), são torres e muralhas derrubadas (v. 15), são embarcações poderosas afundadas (v. 16). Todas essas imagens são alertas para nós mesmos sobre o tratamento do Senhor contra os corações orgulhosos e soberbos. São alertas para que prefiramos, nós mesmos, quebrar nosso coração em vez de deixarmos essa ação na Mão Poderosa do Senhor. Então, desperte, porque logo virá esse dia.

28.7.05

Frágeis

Para envergonhar os sábios, Deus escolheu aquilo que o mundo acha que é loucura; e para envergonhar os poderosos, Ele escolheu o que o mundo acha fraco. Para destruir o que o mundo pensa que é importante, Deus escolheu aquilo que o mundo despreza, acha humilde e diz que não tem valor.
1 Coríntios 1. 27 – 28

Estive pensando ontem sobre a tal da “síndrome de gafanhoto”. Aqueles espiões enviados por Israel para conferir a terra que Deus estava lhe dando, que foram sob mandato do Senhor, observaram as terríveis e enormes forças opressoras, cidades muradas, exércitos de gigantes, e se sentiram frágeis e pequenos. Dois deles, no entanto, Josué e Calebe, conseguiram lembrar-se que havia uma Palavra do Senhor prometendo-lhes a vitória. Por isso, tentaram persuadir o povo a seguir em frente com o Projeto do Senhor. Em vão.
Mas a partir disso fiquei pensando na grande verdade de que Deus escolhe sempre as coisas mais frágeis, mais inusitadas e mais loucas a fim de fazer cumprir Seus projetos: Ó Pai, Senhor do céu e da terra, eu te agradeço porque tens mostrado às pessoas sem instrução aquilo que escondeste dos sábios e instruídos! (Mt. 11. 25).
Deus olha para o humilde. E conta com ele para a efetivação dos Seus propósitos no mundo. Foi assim ao longo de toda a história da salvação. A cada passo, Deus foi escolhendo os elementos menos prováveis para a caminhada de salvação. Os mais frágeis, os mais humildes, os que menos se sentiam capazes, os que menos poder e força detinham. Ele foi escolhendo os que nada eram no mundo para reduzir a migalhas a força dos poderosos. Ele foi fazendo isso, e continua fazendo, a fim de deixar claro de quem é o poder, de quem a força, quem controla o mundo. A força do homem, o poder dos exércitos, a sabedoria dos lábios, as palavras rebuscadas, a boa fama, a influência, não valem nada. A única força que conduz a história, que muda a história, que faz novas coisas, é o Senhor dos Exércitos. O Todo-Poderoso Deus do Universo.
Deus escolheu os mais fracos do mundo para que ninguém tivesse dúvida de que era Ele quem estava agindo. Ele escolheu os mais humildes, para que não restasse dúvida de que era a Sua Sabedoria que estava sendo exaltada. Ele escolheu os mais frágeis para que nenhuma pessoa duvidasse que era o Seu Poder que estava em jogo.
Estes fracos podiam ir em frente porque não confiavam em nada mais por saberem que nada mais havia para confiar. Eles não tinham força; logo, não podiam confiar na sua força. Eles não tinham sabedoria em que se gabar. Eles não tinham o poder de grandes exércitos. A única força que agia na vida deles, para cumprir o plano de Deus, era o Poder do Altíssimo.
Moisés foi um desses homens no passado. Mesmo tendo crescido no palácio de Faraó, quando Deus o quer enviar ele reluta: Quem sou eu para ir falar com o rei do Egito e tirar daquela terra o povo de Israel? (Ex. 3. 11). Ele se sabia fraco e frágil, mas aprendeu a confiar no poder de Deus. Ele tinha até medo de falar em público (4. 10), como poderia liderar um povo inteiro em um caminhada no deserto e guerra de conquista? Mas a história do livro de Êxodo nos mostra como o frágil Moisés pôde ser instrumento da libertação de Israel. Principalmente porque tinha plena consciência de que não tinha força e poder nenhum em si mesmo. Ele sabia que precisava depender inteiramente do Senhor.
Outro personagem que me dá exemplo disso que estamos falando é Gideão. Deus o quer usar contra os midianitas, mas ele é um homem medroso e incrédulo (Jz. 6. 13). E ele também sabe que é fraco: Vá com toda a sua força e livre o povo de Israel dos midianitas. Sou eu quem está mandando que você vá. Gideão respondeu: Senhor, como posso libertar Israel? A minha família era a mais pobre da tribo de Manassés, e eu sou a pessoa menos importante da minha família (Jz. 6. 15). Quase consigo ouvir o eco da voz do Senhor dizendo: É por isso mesmo que eu escolhi você: para que ninguém duvide que Quem livra o Meu povo sou eu. E o vaso que eu uso precisa ser o mais simples e frágil possível. O Senhor disse, segundo o texto: Você pode fazer isso porque eu o ajudarei (Jz. 6. 16).
Esse é o princípio. Deus não quer pessoas auto-suficientes. Poderosos, ricos, cheios de si. Ele chama os mais fracos, os menos importantes, para humilhar os que pensam que são alguma coisa. Porque são os menores, os pequeninos, que podem ouvir e confiar em uma Palavra como essa: Você pode fazer isso porque eu o ajudarei. Não é na nossa força, mas no Poder do Senhor!
Podemos ser usados por Deus justamente quando formos conscientes que não temos nenhuma condição de ser usados. Quando soubermos que, de nós mesmos, não somos nada. Quando tivermos consciência que todas as coisas que acontecem na dimensão do Senhor, acontecem pelo Poder do Senhor. Quando soubermos que só podemos as coisas porque o Senhor nos ajuda.
Pode ser que hoje você esteja se sentindo um gafanhoto. Pode ser que você esteja se sentindo um nada. Pode ser que tenham dito isso de você. As pessoas não acreditam em você porque acham que você seja incapaz. As pessoas pensam que você é um fraco, um frágil, um zé-ninguém. Você tem acredito nisso. É hora de dizer: Que bom! Porque é justamente gente assim que Deus chama e quer usar. Gente que se sabe nada, que se sabe fraco, pequeno e que, por isso, pode confiar inteiramente no poder e no amor de Deus. Se você está se sentindo assim, Deus está a ponto de usar você. E quando isso acontecer, o mundo ficará abismado. Aqueles que menosprezam você ficaram chocados. Porque Deus vai fazer isso pelo Seu Poder, para envengonhar os sábios e os poderosos, para destruir aquilo que o mundo acha importante. Por isso, lembre sempre: A minha graça é tudo o que você precisa, pois o meu poder é mais forte quando você está fraco (2 Co. 12. 9).

27.7.05

Gafanhotos

Perto deles nós nos sentíamos tão pequenos como gafanhotos; e, para eles, também parecíamos gafanhotos.
Números 13. 33

Há momentos em que olhamos de um lado e de outro, e parece que as forças contra nós são tão maiores que as esperanças se esvaem. Olhamos para a nossa família e tudo o que vemos é desestruturação. A nossa família parece que está a ponto de se acabar. Tudo parece a caminho da destruição. Olhamos para o nosso ministério, e não parece restar muita coisa. A obra que temos feito diante do Senhor parece não estar resultando em nada. Olhamos para o nosso trabalho, e as coisas vão de mal a pior. Tudo parece conspirar fortemente contra nós. E qualquer coisa que venhamos a fazer quanto a isso parece inócua. Tudo está se acabando e a gente se vê sem resposta.
Certo dia, eu ouvi um homem de Deus chamar esse processo de “síndrome de gafanhoto”. Você olha, de repente, para as lutas que estão à sua volta, contra você, e só vê gigantes. Você olha as feridas de seu coração, as mágoas, os ressentimentos, tudo o que já fizeram contra você, e tudo isso lhe faz parecer um gafanhoto diante da força do inimigo.
Eu sei que há dias em que as nossas forças estão a ponto de se acabar. Eu sei que há dias em que não conseguimos ouvir qualquer resposta, ter qualquer esperança. Eu sei que há dias que a luta é tão renhida, as dificuldades são tão grandes, que não temos força nem de orar. Ou pior: ficamos nos questionando se vale, realmente, a pena orar. Nós nos perguntamos se há resultado em orar, em estar na presença de Deus.
Tudo estava caminhando muito bem no deserto, segundo o propósito original do Senhor. Acampados no deserto de Parã, os israelitas, sob ordem de Deus, enviaram espiões para constatar a situação da terra prometida. Lembre que todos estavam cientes de que Deus, o mesmo que os havia arrancado do Egito, havia prometido submeter os cananeus e lhes entregar Canaã como posse definitiva. Havia uma clara Palavra de Deus acerca do que Ele ia fazer, de qual o Projeto dEle. Mande alguns homens para espionar a terra de Canaã, a terra que eu vou dar aos israelitas (Nm 13. 2).
Os doze homens foram até a terra prometida e passaram quarenta dias por lá. Voltaram trazendo os frutos da terra e duas perspectivas completamente distintas. O maior grupo, dez espiões, esqueceram o valor da Palavra e da promessa do Senhor. Olharam as circunstâncias difíceis que constataram in loco e não conseguiram se lembrar, em fé, da promessa do Senhor. Viram os inimigos poderosos, gigantes, as cidades fortalecidas, e o enorme número de homens prontos a guerrear. Essa visão os fez se sentirem como gafanhotos. Perto deles nós nos sentíamos tão pequenos como gafanhotos; e, para eles, também parecíamos gafanhotos.
Os problemas que enfrentamos na vida podem nos fazer isso. São grandes lutas que nos querem esmagar. Os nossos projetos, muitas vezes, parecem estar totalmente destroçados ou a caminho disso. Não achamos que temos condições de resistir. Sentimo-nos gafanhotos.
O gafanhoto se rende. Desiste da luta. Olha para as circunstâncias difíceis, para as lutas terríveis, e abdica do direito de resistir, de avançar e lutar. O gafanhoto, em suma, se deixa derrotar pelas piores situações e lutas com que se depara, porque só é capaz de constatar a própria fragilidade. Esquece-se do Poder tremendo do Senhor, da Sua Palavra, de Suas Promessas, coisas que não se perdem, mas que, gafanhotos, queremos perder.
Olhe para as Promessas e a Palavra de Deus e deixe de ser gafanhoto! As lutas querem empurrar você para a escuridão de seu quarto, para a solidão de sua cama. Não se deixe vencer pelas circunstâncias mais difíceis. Quando a luta nos cega, nossa saída, como bem disse Ana Paula Valadão, é fazer a única coisa que opressão nenhuma pode nos roubar: Tudo o que eu sei é te adorar! Porque quando adoramos, lembramos Quem é o nosso Deus, que promessas Ele tem, qual é a Sua Palavra para nós. Mesmo que sejam terríveis as batalhas, lembraremos de confiar no Deus de promessas.
As coisas estão difíceis? Sua família parece estar se acabando? Seu ministério parece ter chegado ao fim? Você se sente perdido? A opressão é tremenda contra a sua vida? Não se deixe vencer. Reaja. Adore. Lembre das promessas do Senhor. Saia da escuridão do seu quarto. Saia da defensiva e pela fé avance para tomar posse da terra: Vamos atacar agora e conquistar a terra deles; nós somos fortes e vamos conseguir isso! (Nm. 13. 30).
Calebe e Josué viram as mesmas coisas que os outros dez. Constataram a mesma força nos adversários e a mesma fraqueza em si mesmos. Mas o que os diferenciou dos outros dez foi que eles lembraram da promessa do Senhor. No Senhor, eles sabiam ser mais poderosos que qualquer força contrária. No entanto, no fim de tudo, prevaleceu a vontade da maioria. O povo tinha duas opções e ficou com a pior de todas. Gafanhotos, foram condenados a vagar quarenta anos no deserto. Pense bem sobre qual será a sua escolha. Por isso, a Palavra do Senhor para nós hoje é: Reaja! Saia da defensiva! Há uma promessa, acredite nela, e tome a atitude de Calebe e Josué: Vamos atacar agora e conquistar a terra deles; nós somos fortes e vamos conseguir isso!

26.7.05

Diálogo

Não fique com medo, Daniel, pois Deus ouviu a sua oração desde a primeira vez que você se humilhou na presença dEle a fim de ganhar sabedoria. Eu vim em resposta à sua oração.
Daniel 10. 12.

Há dias em que eu me sento diante do computador e não tenho a menor idéia do que devo escrever. Sou consciente que não posso me dar ao luxo de escrever qualquer coisa, porque meu propósito é anunciar uma Palavra do Senhor aos corações daqueles que costumam ler esses textos. Mesmo tendo passado maravilhosos momentos na presença do Senhor, a impressão que tenho é de que só encontro o silêncio da parte dEle. A oração é diálogo, mas nesses dias me parece monólogo. Apenas eu falei com Ele e Ele não parece ter resposta alguma para mim. E, portanto, não me vem nenhuma palavra a ser dita nessas linhas. A oração é diálogo, mas nessas horas parece ter falhado.
Pensando nisso, me lembrei dessa história de Daniel. O profeta que orava três vezes ao dia aguardava uma Palavra de resposta do Senhor. Vinha orando pela situação do seu povo, submetido ao exílio na Babilônia. Vinha orando pelas visões que estava recebendo. Vinha orando para entender os fatos que se sucediam diante de seus olhos. Mas parece que como resposta só lhe restava o silêncio. Por mais que ansiasse e sofresse por uma Palavra da parte de Deus, Daniel não conseguia ouvi-la. A sua oração não parecia ser diálogo, mas um apenas um monólogo repetitivo, uma vez que ele reiterava a mesma oração dia após dia.
No trecho que destacamos, o profeta está aguardando uma resposta de oração há, pelo menos, vinte e um dias. Ao menos, o anjo lhe diz que foi enviado com a resposta três semanas atrás. Mas encontrou resistência: O anjo protetor do Reino da Pérsia lutou contra mim durante vinte e um dias. Mas Miguel, um dos anjos-chefes, veio me ajudar, pois eu estava lutando sozinho contra os reis da Pérsia (D. 10. 13).
Muitas vezes, como o profeta, estamos orando e só ouvimos, em resposta, um silêncio ensurdecedor de Deus. Isso nos angustia. Em qualquer conversa, quando pedimos ou perguntamos, aguardamos a resposta. Quando nos resta o silêncio em resposta ao falarmos com Deus, pode ser devastador. Podemos desistir de orar. Pensamos que Deus pode não estar ouvindo. Que pode ter nos rejeitado. Coisas assim passam passar pela nossa cabeça.
Nos dias em que sento na frente do computador e não tenho idéia do que escrever, me angustio demais. Sempre espero ouvir a voz de Deus, acerca do que pensar e escrever, em resposta à minha oração. Às vezes a oração é luta, às vezes é refrigério, mas em geral Deus põe em meu coração aquilo que Ele quer de mim e quer que eu compartilhe. Mas, e quando o diálogo parece falhar?
A primeira lição que Daniel nos ensina é que, ainda quando Deus parece não estar interessado em falar em resposta, devemos persistir. Apesar de não estar obtendo a resposta desejada, o profeta prosseguiu orando por três semanas. Ele não desistiu da súplica, do diálogo, do desejo de ouvir a palavra do Senhor. Quando a resposta parece ser o silêncio, não devemos parar de orar.
Como resultado da insistência, o profeta obteve a tão esperada resposta. E ainda obteve mais conhecimento do que estava acontecendo. Deus não estava deixando-o de lado. Ao contrário: Daniel, Deus o ama muito e me mandou falar com você. Fique de pé e preste atenção no que eu vou dizer, disse o anjo (Dn. 10. 11). Deus revela que ama muito o profeta. Não o esqueceu, nem quis lhe deixar sem resposta. A Sua primeira resposta foi o amor, o fazer Daniel se sentir amado.
Além disso, o anjo conta a Daniel o que o impediu de chegar antes. Batalha espiritual. Às vezes o que atrasa as nossas respostas é o impedimento de principados e potestades que já foram vencidos pela cruz de Cristo. Mas estamos inconscientes da realidade de que anjos protetores do Reino da Pérsia podem se levantar contra as nossas orações. E, inconscientes disso, não podemos tomar a nossa armadura do Senhor e participar da luta por liberar o caminho da resposta.
Deus não ficou em silencio porque tinha abandonado a Daniel. Ao contrário, ao revelar-se através do anjo, afirma de imediato que o profeta é um homem muito amado por Ele. Revela que encaminhou a resposta desde o primeiro dia. Mas revela que houve um impedimento sobre o qual Daniel não estava consciente. Mas, ainda assim, o profeta insistiu até poder ouvir a voz do Senhor em resposta à sua oração.
Quando oramos, devemos insistir, conscientes de que uma série de fatores pode nos impedir de estarmos ouvindo a voz do Senhor de imediato. Devemos insistir em nossa oração até obtermos a resposta do Senhor. Ainda que leve semanas, meses, anos.
Quando sento em frente ao computador sem ser capaz de discernir a voz do Senhor falando comigo em resposta às minhas orações e, por isso, sem ser capaz de saber o que Ele quer que eu escreva, eu insisto. E faço isso, em geral, orando mais e começando a escrever. Quando começo a escrever, a voz do Senhor ressoa no fundo de alma. Assim como aconteceu hoje, provando que jamais oração é monólogo. Oração é diálogo.

25.7.05

Obedeça

Por favor, obedeça à mensagem do Senhor Deus, como lhe falei. Então tudo lhe correrá bem, e o senhor não será morto.
Jeremias 38. 20.

Zedequias é um exemplo de homem de ânimo dobre. Faltava-lhe, no mínimo, fibra. Raça. Coragem de assumir uma postura e tomar uma atitude coerente e correta.
Quando os inimigos de Jeremias querem lançar o profeta no fundo do poço, o rei revela sua fraqueza: Muito bem! Façam o que quiserem com Jeremias. Eu não posso segurar vocês (Jr. 38. 5). Ele não era, ou não se sentia, páreo para enfrentar aqueles homens.
A seqüência no livro de Jeremias relata uma consulta secreta que Zedequias tem com o homem de Deus. Ele quer saber qual será o resultado do cerco babilônio à Jerusalém e qual a atitude que o Senhor requer do rei. Jeremias é claro: o rei precisa se entregar a Nabucodonosor. Mas Deus me mostrou o que acontecerá se o senhor não quiser se entregar. Todas as mulheres que ficarem no palácio real de Judá serão levadas para os oficiais do rei da Babilônia. E elas irão dizendo assim: “O rei foi enganado e dominado pelos seus melhores amigos. E, agora que ele afundou os pés na lama, os seus amigos o abandonaram” (Jr. 38. 21 – 22). É nessa circunstância que o profeta apela ao rei: Por favor, obedeça à mensagem do Senhor Deus, como lhe falei. Então tudo lhe correrá bem, e o senhor não será morto.
Por vezes, Deus vem a nós e nos diz exatamente o que requer que façamos, que atitude devemos tomar. Às vezes, ânimo dobre, faltam-nos a raça, a fibra, a coragem necessárias para agirmos coerente e corretamente. Então, fugimos como tentou fugir Zedequias. Não percebemos que fugir significa se tornar alvo da pesada mão do juízo de Deus. A morte, a dor, a fome e o sofrimento seguem a nossa fuga do centro da vontade de Deus.
Mas o exército dos babilônios os perseguiu e prendeu Zedequias na planície de Jericó. Eles o levaram como prisioneiro ao rei Nabucodonosor, que estava na cidade de Ribla, na região de Hamate. Ali Nabucodonosor o condenou. Em Ribla, o rei da Babilônia mandou matar os filhos de Zedequias na presença do pai. Também mandou matar as autoridades de Judá. Depois, mandou furar os olhos de Zedequias e o prendeu com correntes de bronze a fim de levá-lo para a Babilônia (Jr. 39. 5 – 7). É isso que acontece quando fugimos do centro da vontade de Deus. Todos os nossos planos são destruídos diante de nossos olhos. O projeto de vida, família e governo de Zedequias foi morto na sua frente (v. 6). Diante de nossos olhos, vemos as coisas mais queridas, os sonhos mais acalentados e os projetos mais amados serem destruídos quando fugimos da vontade do Senhor.
E outras pessoas também sofrem duramente as conseqüências de nossos atos. Do mesmo modo que o castigo de Zedequias foi ver a morte de sua família, seus amigos e companheiros, quando deixamos o plano de Deus de lado podemos fazer sofrer as pessoas que mais amamos. Destruímos tudo de bom à nossa volta e ficamos cegos, antes de sermos definitivamente aprisionados (v. 7). A conseqüência final de fugir da vontade revelada de Deus para nossas vidas é a cegueira e a opressão, a cadeia. Quando, por conseqüência de nossos atos, nossos planos são destruídos somos cegos com aquelas imagens de dor gravadas em nossas retinas. Nunca mais vemos nada. Somos presos pelas correntes de nossos ressentimentos e frustrações. Tudo acabou e estamos condenados. Emocional e espiritualmente.
No caso de Zedequias, a condenação foi final. Sem retorno. Inapelável. Aquele foi o fim de seus planos, projeto e vida. Ele perdera a chance final quando fugiu de Jerusalém e da vontade revelada de Deus. Não sei se eu ou você teremos a oportunidade de uma outra chance se algo assim nos acontecer. Não sei se essa seria a nossa chance final. Se eu e você não quisermos ter de descobrir isso na prática, é melhor dar ouvidos ao que Deus está revelando ser a sua vontade: Por favor, obedeça à mensagem do Senhor Deus, como lhe falei. Então tudo lhe correrá bem, e o senhor não será morto.

24.7.05

Pão

Isto é o meu corpo.
Marcos 14. 22

Agora há pouco, em minha igreja, o ministério de louvor conduziu um antigo cântico, conhecido de muitos: Corpo e Família. Durante a ministração, Deus me falou que ia me mostrar algo sobre a comunhão em minha igreja. Então, eu vi uma fita de presente que, ao se fazer laço, deixava à vista a corrosão de partes inteiras. A fita não podia fechar e embelezar nada porque estava partida e incompleta. Descontínua. Em seguida, em sua mensagem, meu pastor se referiu aos nossos problemas de relacionamento como um de nossos mais sérios indícios de falta de conversão, crescimento e vida com Deus.
Nos últimos dois dias, em particular hoje, em virtude da realidade do retiro em que estava, pensava sobre a comunhão da igreja. Celebramos a Ceia no encerramento hoje pela manhã. E passei a meditar sobre o pão, o Corpo e a Igreja. Isto é o meu corpo.
Jesus afirma, na instituição da Ceia, que o pão, a partir daquele instante, de uma forma espiritual, é o Seu Corpo. Há uma clara conexão entre o Pão e a Igreja, já que Paulo nos diz que, como Igreja, somos o Corpo de Cristo (1 Co. 12. 12 – 27). Por essa razão, fiquei pensando em nossos problemas de relacionamento e de vida a partir da imagem do pão.
Uma comunhão quebrada no seio do Povo de Deus é como um pão mal-feito. Entre tantos problemas que podem gerar pães mal-feitos, um deles se refere à qualidade do trigo. Antes de sermos uma massa que se tornou pão no forno, éramos grãos de trigo. E para que cheguemos a ser pão, que tem unidade de propósito e integridade, precisamos passar por e respeitar todas as etapas de um processo que tende a ser doloroso. O grão se torna parte do todo que é o pão.
Em primeiro lugar, somos colhidos. Somos arrebatados com violência da planta que nos gerou. Quando estamos de maneira mais plena usufruindo a paz e a tranqüilidade de nossa posição, somos arrebatados. Somos lançados ao chão. Arrancados. É necessário que passemos por essa violência. Precisamos ser arrancados da segurança de nosso coração, de nossos projetos, de nossa família, de nossa vida. Precisamos experimentar uma situação em que aprendamos, mesmo com dor, que toda aquela segurança – ilusória – não vale nada na construção do plano de Deus em nossas vidas. Precisamos ser colhidos, arrancados com violência do seio onde nos sentimos seguros atualmente.
Agora, o grão precisa se tornar farinha. Ele será quebrado, moído, esmagado, em um processo conduzido e controlado por Deus. Todo grão, que fará parte deste pão, precisará passar por esse moedor de Deus. Mais cedo ou mais tarde, Deus conduzirá nossa vida a essa situação. Mais cedo ou mais tarde, Ele nos quebrará como grão para nos fazer farinha. Nessa hora, precisamos saber que essa ação não é de ninguém menos que o próprio Senhor.
A farinha se tornará massa. Amassada por Mãos Delicadas, enchida com fermento do Espírito, ela passará por um momento de crescimento. Não antes de ser amassada, reitero. Agora o grão não é mais um ser individual e solitário. Agora ele é massa, unido com os outros. Amassado com os outros. Crescendo com os outros.
Mas essa massa ainda está crua. É preciso que ela vá ao forno. É o momento de passar pelo fogo. É preciso saber o tempo ideal. Tempo de menos pode deixar o interior da massa cru e estragar o pão. Tempo de mais pode queimar a massa, o que estragará o pão de igual modo. Mas é somente depois desta etapa, que finaliza todo processo – doloroso – que o grão tornou-se pão, um pão com unidade de propósito e integridade.
Se o processo não for respeitado, desde o inicio, desde a colheita do grão, o grão persistirá, sem ser essencialmente transformado. Não haverá quebrantamento, rendição, forno. O pão nunca será um todo uniforme. Disforme, não cumprirá o seu propósito. Não alimentará a fome do mundo e corre o risco de ser cuspido e lançado fora, por não prestar. E o laço da fita nunca será perfeito. Como grãos, precisamos nos dispor a sermos moídos e entrarmos nesse processo de sermos um pão único.