Um profeta chamado Elias, de Tisbé, na região de Gileade, disse ao rei Acabe: - Em nome do Senhor, o Deus vivo de Israel, de quem sou servo, digo ao senhor que não vai cair orvalho nem chuva durante os próximos anos, até que eu diga para cair orvalho e chuva de novo.
1 Reis 17. 1
Às vezes eu penso que algumas pessoas imaginam que o profetismo surge dentro de alguma forma de estrutura – carismática – que, de certa maneira, pode ser controlada e conhecida. Aliás, alguns imaginam um profetismo que se resume à “quiromancia” travestida de piedade. O que o texto bíblico nos fala sobre os profetas é que são homens e mulheres que se colocam diante da comunidade com uma Palavra de Deus especialmente dirigida a ela. Pode ser divinatória, mas a maior parte das vezes é simplesmente uma manifestação da vontade de Deus para uma situação específica que o povo enfrenta.
De onde vem a autoridade do profeta? Tenho a impressão que em muitas comunidades a autoridade do profeta vem de três estruturas que, na história de Elias, são confrontadas.
Em primeiro lugar, a autoridade de Elias não vem da sua família. Não é uma questão de berço, não é uma questão de nascimento. Ele não se tornou profeta porque seu pai era profeta. Aliás, a Bíblia não nos fala sobre sua família. Ele é simplesmente um profeta da cidade de Tisbé, que não tem genealogia conhecida. Até pode ser que seu pai tenha sido algum líder usado pelo Senhor, mas o que o texto nos diz é que essa não é a questão importante. Não é nesse fato que o profeta deve ancorar sua autoridade e o poder com o qual anuncia a mensagem que tem a dizer. O profeta deve esquecer a história familiar ou pessoal – sua capacidade, seu dinheiro, seu saber – se quer mesmo falar em nome do Senhor.
Em muitas comunidades de nossos dias as lideranças são transferidas de pais para filhos. Em muitas de nossas igrejas os problemas familiares se convertem em sérios problemas de liderança unicamente porque as estruturas familiares têm se transformado nas próprias estruturas das igrejas. Elias, o homem sem genealogia e sem família, nos ensina que a autoridade profética independe de sua história pessoal ou familiar.
A autoridade de Elias também não parece derivar de nenhuma escola profética. Não é a estrutura do profetismo de Israel, suas escolas e seus grupos que andavam juntos por toda a parte, que parece dar força à pregação de Elias. O texto não nos diz que Elias fazia parte de algum grupo como esse nem que tenha aprendido o ofício profético com outro. É de notar, no entanto, que, como líder, formava-se um grupo profético em torno de Elias, cuja figura principal vem a ser Eliseu. Mas, para começar seu ministério, Elias não depende de ter andado com qualquer grupo de profetas – pelo menos isso não é importante para validar seu poder e sua autoridade como profeta.
Nos nossos dias, em muitas igrejas, se o profeta não tem o aval formal do grupo de liderança teológica e religiosa, não será acreditado. O líder precisa ser ungido pelo Apóstolo, Presbitério, Convenção, Concílio. Se não houver o aval dessa escola, o profeta não tem ministério. Elias não parecia pensar nessa necessidade quando surgiu anunciando a seca do juízo de Deus.
Por fim, a autoridade profética de Elias não dependia de qualquer forma de poder. Aliás, ele se levanta para enfrentar o poder constituído de Israel – o poder religioso dos profetas de Baal e Jezabel, o poder político de Acabe. Ele é profeta especialmente contra o poder instituído. Sua autoridade profética não acontece em resultado do poder político validar sua ação. Ao contrário, ele é visto como inimigo por parte dos poderosos: Quando Acabe viu Elias, perguntou: - Você já me achou, meu inimigo? (1 Rs. 21. 20).
Essa é uma realidade muito viva nas nossas comunidades. É o poder secular do profeta quem lhe dá autoridade. Conheço uma igreja em que as lideranças só podem ser eleitas se tiverem nível superior de estudo. Essa é uma regra estabelecida. Mas conheço comunidades que possuem regras tácitas em que os mais humildes não podem subir ao púlpito para transmitir a Palavra de Deus. A autoridade profética nessas comunidades é diretamente proporcional ao poder econômico e político que o profeta detém.
A autoridade profética de Elias não deriva de nenhuma dessas estruturas. A nossa também não deve derivar. A autoridade do profeta é resultado de uma vida de compromisso e comunhão absoluta com o Senhor que o envia a falar. A mensagem que há de ser transmitida não é uma palavra qualquer, mas é a Palavra de Deus. É essa certeza que é Deus quem fala que impulsiona Elias a uma palavra tão dura e certa quanto essa: Em nome do Senhor, o Deus vivo de Israel, de quem sou servo, digo ao senhor que não vai cair orvalho nem chuva durante os próximos anos, até que eu diga para cair orvalho e chuva de novo.
Como cristãos e como Igreja do Senhor somos convocados a viver sob a dimensão do poder profético que deriva do compromisso, comunhão e vida com Deus. Ouvindo a Sua voz para falar a Sua Palavra dirigida às situações nas quais ela é necessária.
Uma coisa que sempre me causa admiração em Elias é o seu grau de compromisso. Ele é um homem que descobriu que a vida com Deus é a coisa mais importante que pode haver. Não importa se vai viver desconfortavelmente, no meio do deserto, sendo alimentado por corvos. Não importa se vai andar, vestido de peles, pelo interior do país, sem o menor conforto. Ele sabe que a coisa mais importante que existe é o Senhor. Diante do Senhor, todas as demais coisas se tornam secundárias, menores e desimportantes. É esse grau de compromisso que alimenta em Elias o seu espírito profético. É esse grau de comprometimento que eu quero descobrir em minha vida.
Um comentário:
Ano Novo
Olá boa noite.
Venho passando por aqui para desejar um rico Ano Novo,
Com muitas bênçãos do nosso Sr. Jesus Cristo.
E que este ano que vai entrar traga mais bênçãos do Sr., Jesus do que do ano 2006
Desde já me despeço de ti, e desejo muitas felicidades.
Caro Irmão será que me pode adicionar no seu blog o meu link para que o meu blog possa cada vez ser mais visto.
Será que posso link o querido Irmão no meu.
E
Bom Ano 2007.
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