A Bíblia, em boa parte dos casos, não trata bem a pessoa humana. As mulheres são tratadas como propriedades dos homens.
Quando o mandamento proíbe cobiçar a mulher do próximo ela não passa de um objeto entre outros de propriedade do próximo que podem ser objeto de cobiça.
Hoje estive pensando sobre sexo e estupro no AT.
Abraão tem uma escrava, Hagar, que vira sua escrava sexual, forçada a ter sexo com seu dono para lhe gerar um filho. Os autores do texto não tem nenhuma preocupação em denunciar o modo como o pai da fé trata aquela mulher.
Jacó usa duas escravas para ter filhos.
Um e outro fazem uso de violência sexual como se fosse natural. E a Bíblia, em nenhum lugar, os recrimina. Para os seus autores, eles fizeram o que tinham o direito de fazer. Não pecaram.
Mas o episódio do qual muito me lembrei hoje se dá quando Absalão lidera uma revolta contra seu pai, Davi. Davi tinha um harém (ou seja, escravas sexuais a quem a Bíblia trata eufemisticamente de concubinas). Ao fugir de Jerusalém, Davi deixou algumas dessas mulheres para tomar conta do palácio.
Absalão, seguindo seus conselheiros, decide estuprar todas diante dos olhos da cidade inteira. Era um modo de afirmar que tomara o poder do pai tomando seu harém.
Para mim, a situação se agrava depois que Absalao é morto: ao retornar a Jerusalém, Davi decide trancafiar as concubinas - que depois de uma vida como escravas sexuais, haviam acabado de serem estupradas em via pública. As vítimas foram punidas porque o poder do rei precisava ser reafirmado. Nunca mais saíram às ruas.
Essas mulheres sem nome, sem rosto e sem vida não recebem uma palavra de defesa, apoio ou afeto de nenhum cidadao, do rei ou mesmo de qualquer outro autor biblico.
Hoje pensei que nós homens seguimos mantendo igual mentalidade.
Preciso urgentemente entender melhor e combater o patriarcado a partir de mim mesmo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário