26.8.05

Desejo

Por favor, deixa que eu veja a tua glória.

Êxodo 33. 18



Eu tenho um forte desejo no coração, que tem se renovado dia a dia. É um desejo que, pela graça do Senhor, tem cada vez mais dominado meu ser, meus anseios e meu coração. É um desejo que me põe na linha genealógica de gente como Moisés. Meu coração, e todos os dias sou mais consciente disso, deseja ardentemente conhecer mais, melhor e profundamente o Senhor. Desejo, desesperadamente, conhecer o Senhor e ver Sua glória. Porque apenas uma vida nesta dimensão é uma vida que vale a pena.

Moisés, nesse diálogo com o Senhor que o chamou, manifesta a Deus o desejo de ver-Lhe face a face. Ele quer ver a glória do Senhor. Quer conhecer de maneira ainda mais íntima o Deus do Universo. Ele quer ir ainda mais fundo nos rios da intimidade do Senhor. Ainda que, como esclarece Deus, isso possa representar a sua morte: Não vou deixar que você veja o meu rosto, pois ninguém pode ver o meu rosto e continuar vivo (Ex. 33. 20). Quando conhecemos o Senhor, somos instigados a conhecer mais dEle. E nessas horas, como Moisés, pouco nos importamos se isso representa vida ou morte, porque só vale a pena qualquer vida na dimensão da intimidade do Senhor.

Essa sede, essa fome, esse desejo de conhecer a Deus mais profundamente se manifestou em muitos outros homens e mulheres, servos de Deus, desde os tempos bíblicos até a nossa história contemporânea. No relato de Gênesis, ouvimos falar de um tal de Enoque que teve uma busca tão intensa por caminhar em comunhão com o Senhor que, diz o texto, viveu sempre em comunhão com Deus e um dia desapareceu, pois Deus o levou (Gn. 5. 24).

Esse desejo na alma tem conduzido o povo de Deus, através de homens e mulheres específicos e famintos, a novos oásis de intimidade, vida, comunhão e plenitude do Senhor. Gente que é sempre capaz de cantar com o salmista, porque deseja como o salmista: Assim como o corço deseja as águas do ribeirão, assim também eu quero estar em Tua presença, ó Deus! Eu tenho sede de Ti, ó Deus vivo! (Sl. 42. 1 – 2). Gente que tem sede extrema de Deus, como quem sabe que viverá em um deserto, se ausente da presença de Deus: eu tenho sede de Ti, como uma terra cansada, seca e sem água (Sl. 63. 1). Gente que, como a mulher samaritana, clama todos os dias ao Senhor Jesus: Por favor, me dê dessa água! (Jo. 4. 15), porque descobriu que Jesus pode lhe dar uma água viva que matará a sede das suas almas e se tornará uma fonte de água que dará a vida eterna (Jo. 4. 13 – 14). Gente que entendeu que, no fim de tudo, o que importa de verdade é ouvir o chamado do Senhor e atendê-lo, mergulhando em Sua intimidade: Aquele que tem sede venha. E quem quiser receba de graça da água da vida (Ap. 22. 17).

Quando descobrimos o Rio que corre do trono de Deus, aquele que vem do Senhor e flui no meio do Seu povo, descobrimos que estar neste Rio é realmente a única coisa que importa de verdade. Todo nosso desejo será mergulhar, conhecer e beber das águas desse Rio. E clamar, e lutar, para que esse Rio tenha liberdade de correr no meio do povo, que nada que façamos possa obstaculizar o perfeito fluir do Espírito. Esse Rio é o que realmente importa para que vivamos uma vida que importe. Uma vida consagrada a Deus, vida de gente que clama, anseia e deseja por mais e mais do Senhor. Uma vida que quer conhecê-Lo e andar com Ele em intimidade e comunhão. Uma vida que descobre que há um rio que alegra a cidade de Deus, a casa sagrada do Altíssimo (Sl. 46. 4), e que essa presença santa é a única coisa que pode trazer vida e fazer-nos viver plenamente a vida que o Senhor reservou para nós.

Se tivermos sede de qualquer outra coisa, a não ser as águas deste Rio, seremos miseráveis em nossa vida e nunca teremos a vida na dimensão que o Senhor planejou para nós, em plena intimidade e comunhão, nos afogando nas águas dEle, matando todo o nosso desejo apenas nEle. Seja o desejo do seu coração o mesmo do coração de Moisés: Por favor, deixa que eu veja a tua glória.

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