Vocês serão felizes se forem insultados por serem seguidores de Cristo, porque isso quer dizer que o glorioso Espírito de Deus veio sobre vocês.
1 Pedro 4. 14
Um dia, dois missionários cristãos chegaram a uma cidade grega chamada Filipos. O primeiro lugar onde eles foram pregar foi em uma reunião de oração judaica que acontecia, sob liderança de uma mulher, à beira do rio. Mas todos os dias, enquanto iam a esse local, uma jovem possessa os seguia, gritando que aqueles homens eram servos do Deus Altíssimo e anunciavam a palavra de salvação. Aquele que era líder dos dois ficou indignado após vários dias em que a cena se repetia e acabou expulsando o demônio que tomava aquela vida todos os dias. Como resultado de sua ação, ambos acabaram presos, açoitados e ficaram presos pelos pés no fundo da cadeia. Iam passar a noite ali.
Eu imagino que se fosse eu nessa situação, passaria a noite chorando. Talvez até gritando pela dor dos ferimentos e da humilhação. Mas Paulo e Silas, os dois missionários cristãos, agiram de forma diferente: Mais ou menos à meia-noite, Paulo e Silas estavam orando e cantando hinos a Deus, e os outros presos escutavam (At. 16. 25). Em momento de tão intenso sofrimento, os dois servos de Deus – feridos, humilhados e amarrados –, em vez de se lamentar e chorar, cantavam, oravam e celebravam ao Senhor. Que loucura é essa?
Anos antes, uma outra história de afronta e perseguição provocou reação semelhante nos apóstolos. Após serem ameaçados duramente, e por duas vezes, pelo Sinédrio de que não deveriam pregar o evangelho de Jesus, os apóstolos saíram daquela reunião muito alegres porque Deus havia achado que eles eram dignos de serem insultados por serem seguidores de Jesus (At. 5. 41). Parece demais entender o que leva homens assim a estarem felizes por serem perseguidos, afrontados, agredidos, humilhados. Se dependessem de pareceres médicos, poderiam até ser diagnosticados com algum tipo de esquizofrenia. Mas o que leva essas pessoas a reagirem dessa maneira? Vocês serão felizes se forem insultados por serem seguidores de Cristo, porque isso quer dizer que o glorioso Espírito de Deus veio sobre vocês. Não é masoquismo, mas simplesmente a percepção de que o Espírito Santo veio sobre eles. E ser afrontado é, assim, sua maior prova e testemunho.
As promessas que envolvem aqueles que sofrem por causa de Jesus remontam até as Suas próprias palavras: Felizes as pessoas que sofrem perseguições por fazerem a vontade de Deus, pois o Reino do Céu é delas. Felizes são vocês quando os insultam, perseguem e dizem todo tipo de calúnia contra vocês por serem meus seguidores. Fiquem alegres e felizes, pois uma grande recompensa está guardada no céu para vocês. Porque foi assim mesmo que perseguiram os profetas que viveram antes de vocês (Mt. 5. 10 – 12).
Há razões para nos alegrarmos quando sofremos por causa do evangelho e por amor a Jesus. Para realizarmos a Sua vontade neste mundo. Mas o motivo que leva homens e mulheres como os apóstolos, ou Paulo e Silas, a se alegrarem por sofrer em nome de Jesus não é qualquer forma de masoquismo. Antes, trata-se da certeza de que estamos partilhando da natureza e da mais íntima comunhão com Ele. Uma comunhão nos sofrimentos que redundará na comunhão mais plena de alegria e bênção: Tudo o que eu quero é conhecer a Cristo e sentir em mim o poder da Sua ressurreição. Quero também tomar parte nos Seus sofrimentos e me tornar como Ele na Sua morte, com a esperança de que mesmo seja ressuscitado da morte para a vida (Fp. 3. 10 – 11).
Mais do que isso, o que é capaz de nos alegrar, apesar da dor e do sofrimento, é a própria vida em comunhão com Aquele que é a nossa verdadeira alegria, a Fonte de nossa verdadeira vida. E, desse modo, podemos aguardar, com confiança e ansiosamente, o livramento. Porque a nossa história com Jesus jamais vai acabar em momentos de dor, vai finalizar com sofrimento. Na hora devida, o livramento virá. Nem antes, nem depois. Tu és o meu esconderijo; tu me livras da aflição. Eu canto bem alto a tua salvação, pois me tens protegido (Sl. 32. 7).
Há uma vitória reservada a cada um na outra margem do mar. Uma vitória que jamais será conquistada em nossa própria força, mas será trazida pela mãos dAquele que vai conosco em nossas lutas e alegra as nossas almas em toda e qualquer circunstância, mesmo nas piores perseguições, na esperança da conquista final. No sofrimento, podemos lembrar que a história ainda não acabou. Ainda cantaremos ao Senhor a Sua mais plena vitória. Ele é o Deus que nos alegra e nos alegrará mais ainda: Cantarei ao Senhor porque Ele conquistou uma vitória maravilhosa; Ele jogou os cavalos e os cavaleiros dentro do mar (Ex. 15. 1).
Nenhum comentário:
Postar um comentário