16.10.05

Filhos de Deus

Felizes as pessoas que trabalham pela paz, pois Deus as tratará como seus filhos.
Mateus 5. 9

Ontem, em um dos muitos debates em que participamos acerca do Referendo, um irmão amigo perguntou à platéia na Igreja do Nazareno em Natal quem queria ser reconhecido como filho de Deus. O texto do Sermão do Monte nos diz que serão tratados como filhos por Deus aqueles que trabalharem pela paz. Isso ficou na minha cabeça.
Às vezes, eu escrevo sobre as nossas vidas íntimas e nossas relações mais particulares com Deus. Mas às vezes é preciso que a gente se lembre que está no mundo, hoje, para fazer diferença e fazer o mundo diferente. Nessa tarde, participei, junto com algumas milhares de pessoas, umas dez mil, de uma Caminhada pela Paz pelas ruas da cidade. Caminhar pela paz não gera a paz como um passe de mágica, mas é uma ação a favor dela porque transforma nossas mentes e nossos corações pela paz.
Ali, refleti sobre a oração atribuída a Francisco de Assis: Senhor, faze-me instrumento de Tua paz! Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver discórdia, que eu leve a união. Onde houver dúvidas, que eu leve a fé. Onde houver erros, que eu leve a verdade. Onde houver ofensa, que eu leve o perdão. Onde houver desespero, que eu leve a esperança. Onde houver tristeza, que eu leve a alegria. Onde houver trevas, que eu leve a luz. O filho de Deus, fazedor da paz, transforma os ambientes em lugares onde a graça de Deus se manifesta de forma natural. O filho de Deus é instrumento da paz do Senhor onde quer que esteja e pede a Deus para que seja sempre esse instrumento.
Da caminhada fui pregar em uma de nossas igrejas. No culto de missões, falei sobre o perfume de Cristo que nós somos, texto sobre o qual escrevi na semana passada: Como um perfume que se espalha por todos os lugares, somos usados por Deus para que Cristo seja conhecido por todas as pessoas (2 Co. 2. 14). E tudo se relaciona. A presença do Senhor é capaz de fazer profunda diferença na vida dos outros a partir de nós. O cheiro do Senhor se espalha desde os nossos corações e vai tocando e transformando as vidas à nossa volta.
Só podemos viver essa realidade e essa dimensão se mergulharmos na comunhão e intimidade de Deus, o nosso Pai, através de Jesus. Não é de nós mesmos que somos instrumentos de transformação. Não é nossa a paz que levamos. A paz que levamos, e que pode transformar o mundo, é paz dAquele que nos chama. Sejamos instrumentos da paz do Senhor na transformação do mundo e seremos reconhecidos como filhos de Deus.
Para sermos instrumentos dessa paz precisamos estar impregnados dela. E como isso se dá? Jesus é o Deus da Paz. Ele é o Príncipe da Paz (Is. 9. 6). É apenas nEle que podemos ter a fonte da verdadeira paz, paz que podemos levar ao mundo e que pode construir uma nova cultura, uma cultura de paz: Deixo com vocês a paz. É a minha paz que eu lhes dou; não lhes dou como o mundo a dá. Não fiquem aflitos, nem tenham medo (Jo. 14. 27). Ele que fez a paz entre o homem e Deus e entre o homem e o homem por meio de Sua cruz. Impregnados dEle podemos levar a Sua paz ao mundo.
Fui à caminhada pela paz e tenho tentado ao máximo trabalhar pela paz porque quero ser instrumento da paz de Deus ao mundo. Quero estar impregnado do shalom, afogado na Sua presença. Quero, e peço isso ao Pai, ser reconhecido como filho de Deus por ser construtor da paz. Uma paz que, acredito, não é um horizonte irrealizável para o cristão, mas uma utopia possível construída na dimensão da vida e da comunhão com Cristo: Eles transformarão as suas espadas em arados e as suas lanças, em foices. Nunca mais as nações farão guerra, nem se prepararão para batalhas (Is. 2. 4).

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