E ficou olhando firmemente para Hazael durante tanto tempo, que ele ficou sem jeito. De repente, Eliseu começou a chorar.
2 Reis 8. 11
Podemos não perceber, mas existem pontos nodais na história e em nossa vida que se constituem extremamente decisivos no futuro. Coisas cujo alcance somos incapazes de contemplar quando vivemos. Temos um exemplo disso que estou tentando dizer na vida de Abrão de Ur. No meio da história desse homem aparece um Deus, provavelmente desconhecido até ali, que o vocaciona a se tornar um povo. Fico pensando na cena e imaginando que, por mais que cresse e entendesse aquilo que o Senhor lhe dizia, Abrão não poderia ser capaz de imaginar onde aquele momento ia levar a história de sua vida e de seus descendentes: um único homem dando origem a um incontável povo. Povo de onde veio o Salvador da humanidade.
O encontro de Eliseu e Hazael traz questão semelhante à tona. E ficou olhando firmemente para Hazael durante tanto tempo, que ele ficou sem jeito. De repente, Eliseu começou a chorar. Hazael não entende o que está acontecendo com o profeta; não entende porque Eliseu chora. Hazael ouve a revelação de Eliseu – Você vai por fogo nas fortalezas de Israel, vai matar os moços, esmagar as crianças e rasgar a barriga das mulheres grávidas. (...) O Senhor Deus me mostrou que você vai ser o rei da Síria (2 Rs. 8. 12 – 13) –, mas dificilmente seria tão impactado quanto estava Eliseu. O profeta viu o futuro! Aqui há uma diferença com a história de Abraão. Eliseu é um homem que tem os olhos maravilhosamente abertos por Deus para ver o invisível. Ele é dos tipos raros que conseguem compreender a riqueza dos momentos que vive, percebendo seus efeitos e conseqüências no futuro.
No mesmo livro de Reis, Ezequias representa alguém no lado oposto. Tendo estado doente e recebendo a sentença de morte pela boca de Isaías, ora ao Senhor: Ó Senhor Deus, lembra que eu tenho te servido com fidelidade e com todo o coração e sempre fiz o que querias que eu fizesse. E chorou amargamente (2 Rs. 20. 3). Foi curado e vive mais quinze anos. Três anos depois desse acontecimento, nasceu Manasses, que sucede ao pai no trono de Jerusalém. Mas a ira terrível do Senhor havia sido provocada contra Judá por causa das coisas que o rei Manasses havia feito e essa ira ainda não havia passado (2 R. 23. 26). Quando pediu pela sua vida, Ezequias não podia imaginar um desfecho assim: o filho nascido na sua sobrevida – entendem que se Ezequias não tivesse orado, Manasses não teria nascido? – se torna o culpado pela condenação do povo ao exílio.
Vivemos em nossos dias um época em que cada vez menos pessoas têm a perspectiva para entender a relevância dos acontecimentos e de seus próprios atos. Nossos atos têm conseqüências, no tempo e na eternidade. Vivemos tão presos ao imediato que esquecemos que toda e qualquer coisa tem conseqüência. Precisamos ter olhos para ver onde nos levarão as nossas ações e os acontecimentos em que nos envolvemos.
Hoje estava pensando que poucos vivem nessa dimensão. E o mais grave é que essa inconseqüência e falta de percepção se manifesta, provavelmente em sua forma mais terrível, no esquecimento das palavras de Jesus: Fiquem preparados para tudo: estejam com a roupa bem presa com o cinto e conservem as lamparinas acesas. Sejam como os empregados que esperam pelo patrão, que vai voltar da festa de casamento. Logo que ele bate na porta, os empregados vão abrir. Felizes aqueles empregados que o patrão encontra acordados e preparados! Eu afirmo a vocês que isto é verdade: o próprio patrão se preparará para servi-los, mandará que se sentem à mesa e ele mesmo os servirá. Eles serão felizes se o patrão os encontrar alertas, mesmo que chegue à meia-noite ou até mais tarde. Lembrem disto: se o dono da casa soubesse a que hora o ladrão viria, não o deixaria arrombar a sua casa. Vocês, também, fiquem alertas, porque o Filho do Homem vai chegar quando não estiverem esperando (Lc. 12. 35 – 40). Esquecemos da perspectiva correta para a condução de nossa vida: Cristo vai voltar! Esquecemos de viver tendo viva em nossa mente, diariamente, a certeza de que Cristo vai voltar!
Nosso imediatismo e incapacidade de perceber a gravidade e importância dos pontos nodais que encontramos na vida tem se amplificado pelo esquecimento do fato que deveria ser norteador de nossa caminhada: Cristo vai voltar! Muito poucos de nós têm vivido tendo consciência disso. É hora de resgatarmos essa perspectiva na vida. Ao não entender a repercussão futura de viver hoje tendo como certeza a volta de Jesus deixamos de lado a vida plena que Jesus conquistou para nós. Como disse Sérgio Pimenta:
Acredite ou não
Não é novela nem filme qualquer de ficção,
Nem tem herói pra na hora do aperto dar a solução.
Nenhum espaço pra seguir em outra direção
E os da espera não queiram depois vir com apelação.
Cristo vai voltar, acredite ou não
E vem pra julgar, pra dar uma decisão.
Não é balela, nem papo pra dar mais sensação
E nem é fuga se a vida maluca quer deixar na mão.
Tão certo como as horas que chegam, passarão,
Ele virá como rei separar pra sempre o mau e o bom.
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