Deus é tudo o que eu tenho (parte 2)
A minha porção é o Senhor, diz a minha alma; portanto, esperarei nEle.
Lm. 3. 24
O livro de Atos, no capítulo 8, conta a história de um homem chamado Simão Mago, morador da Samaria. Quando Filipe, o diácono, foi conduzido pelo Espírito até lá e começou a pregar o Evangelho, Simão, admirado do que Deus fazia por meio do pregador, “abraçou a fé”, foi batizado e “acompanhava Filipe de perto, observando extasiado os sinais e grandes milagres praticados” (At. 8. 13).
Os apóstolos de Jerusalém enviaram Pedro e João para constatar aquilo que estava acontecendo em Samaria por meio da pregação do diácono. Chegando lá, oraram para que os que creram recebessem o Espírito Santo. Cada um recebia o Espírito quando um dos apóstolos lhe impunha as mãos. Simão enlouqueceu. Que grande poder era aquele! Um homem pode impor as mãos sobre outro para que receba o Espírito Santo! E aí Simão lhes ofereceu dinheiro para comprar o dom do Espírito. Pedro deu uma única, dura como deverei ser: “O teu dinheiro seja contigo para a perdição, pois julgaste adquirir, por meio dele, o dom de Deus. Não tens parte nem sorte neste ministério, porque o teu coração não é reto diante de Deus. Arrepende-te, pois, da tua maldade e roga ao Senhor; talvez te seja perdoado o intento do coração; pois vejo que estás em fel de amargura e laço de iniqüidade”.
Provavelmente nunca admitiríamos agir igual a Simão. Afinal, qualquer um de nós dificilmente já passou pela experiência de tentar adquirir o dom de Deus por dinheiro. Mas certamente a idéia por trás disso tudo é familiar aos desejos que muitas vezes nutrimos. Olhamos os dons mais espetaculares do Espírito Santo, justamente aqueles que não possuímos e ficamos pensando que faríamos qualquer coisa para tê-los. Talvez não os queiramos comprar com dinheiro, mas tentamos pagar com alguma moeda espiritual: oração, jejum, dedicação maior à obra do Senhor. Como Simão, buscamos ansiosamente termos o poder de Deus agindo espetacularmente em nós. Mesmo que não admitamos isso.
Jeremias ensina que Deus é tudo que nós temos, apesar dos dons espirituais. Os dons espirituais são uma bênção, mas são apenas um caminho para que cheguemos mais perto do que realmente importa: o próprio Deus, a comunhão com Ele, a vida com Ele. Sabemos que Deus é Galardoador, mas não o é de quem busca Seus galardões, mas sim de quem O busca (Hb. 11. 6). A Bíblia nos convida a querer os melhores dons, mas nos diz para termos sede do Deus vivo (1 Co. 14. 1; Sl. 42. 1-2). O que Deus nos faz não pode ser mais importante que o próprio Deus para nós. Não percamos tempo olhando as mãos que nos abençoam, perdendo de vista e perdendo a comunhão com o Ser que nos abençoa. E que nos quer, cada dia, mais perto dEle, mais íntimo dEle.
Mais perto quero estar, meu Deus, de Ti
Inda que seja a dor que me una a Ti.
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