O meu povo cometeu dois pecados: Eles abandonaram a mim, a fonte de água fresca, e cavaram cisternas, cisternas rachadas que deixam vazar a água da chuva.
Jeremias 2. 13
O povo do nordeste vive constantemente sob o fio da espada da seca. Fome e miséria fazem parte do cenário que tem como componente importante a falta de chuvas. Entre as formas de resistência e enfrentamento dos efeitos da seca, uma que tem ganhado força e visibilidade, mesmo quando se discute a transposição do Rio São Francisco, é a construção de cisternas.
Confesso que nunca vi uma cisterna, a não ser pela televisão. A idéia é ter um enorme tanque que acumule a água das chuvas, que seria preservada até o período de estiagem. Além disso, já aconteceu de brotar água subterrânea da escavação de cisternas e até poços de petróleo. De qualquer forma, a idéia da cisterna é guardar a água, que é vida, para as necessidades mais fundamentais das homens do sertão.
Estava pensando nisso porque o profeta Jeremias faz uma comparação entre o nosso relacionamento com Deus e a escavação de cisternas. Na verdade, Deus faz um alerta. É como se Ele nos dissesse: Vocês estão no deserto, o sol a pino, a sede e a fome apertando, mas não conseguem perceber que Eu sou a fonte de água sempre disponível para saciar suas mais terríveis sedes. Em vez de virem a Mim e beberem da água que dou, que impede para sempre a volta da sede, vocês tentam achar suas próprias saídas e respostas, cavando por si sós desnecessárias e mal feitas cisternas. O pouco alívio que elas trazem ainda dura um tempo mínimo, porque, paredes mal erguidas, a água parca se esvai entre as rachaduras.
Não penso que essa fala do Senhor serve para qualquer pessoa que não seja eu. Quando olho para meu coração, vejo um monte de carências e necessidades. E, em vez de esperar a saciedade que o Senhor pode me trazer – Ele, a fonte da vida – tento achar minhas próprias saídas e construo minhas próprias cisternas.
Sou eu que tenho feito cisternas rachadas que deixam a pouca água – que penso saciar-me – esvair-se. Sou eu que procuro a saciedade de minha alma e a solução de meus problemas em muitas coisas fora de Deus. Sou eu que tenho esquecido que Jesus é a fonte de água viva. Tenho vivido distante da verdade das palavras desafiadoras e reconfortantes do Mestre: a pessoa que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede. Porque a água que eu lhe der se tornará nela uma fonte de água que dará vida eterna (Jo. 4. 14).
Sou eu que tenho tentado saídas humanas, feitas por minhas mãos, para a necessidade de relacionamento com o Senhor. Sou eu que tenho buscado saídas humanas para os meus problemas, esquecendo da proposta fantástica e transformadora de Jesus: Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Como dizem as Escrituras Sagradas: “Rios de água viva vão jorrar do coração de quem crê em mim” (Jo. 7. 37 – 38).
Sou eu que tenho esquecido do Senhor. Sou eu que tenho sofrido as conseqüências disso. Eles abandonaram a mim, a fonte de água fresca, e cavaram cisternas, cisternas rachadas que deixam vazar a água da chuva. São para mim estas palavras. Para mim e muitos outros do povo de Deus que peregrina no calor e sequidão do deserto e que, por isso, não tem a mínima chance de sobrevivência sem água. Sem a Água Viva que vem do trono de Deus. Sem a comunhão plena e íntima com Jesus. Unicamente com cisternas rachadas, tentativas humanas de se construir uma saída.
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