Aqui está uma palavra que você pode levar no coração e confiar nela: Jesus Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores. Eu sou a prova — o “pecador público número um” — de alguém que jamais conseguiria nada a não ser por pura misericórdia.
1 Timóteo 1. 15-16
Há três coisas relacionadas entre si a se falar a partir desse texto. A primeira, e talvez mais óbvia, é a afirmação de Jesus como salvador.
Jesus Cristo veio ao mundo para salvar os pecadores. Não veio para os sãos, os santos, os justos, os fiéis. Ele veio salvar os pecadores - veio para aqueles que têm perfeita consciência do que são e que, com essa consciência, sabem exatamente que não teriam nenhuma chance se não houvesse uma intervenção misericordiosa e graciosa. Jesus veio salvar quem sabe que não merece, não podia ou não devia ser salvo.
Jesus escutou a crítica e reagiu: “Quem precisa de médico: quem é saudável ou quem é doente?"
Mateus 9.12
Quem não se reconhece como pecador em dívida se coloca de fora da salvação trazida por Jesus.
E isso aponta para a segunda questão: experimentar a salvação trazida por Jesus nos leva a reconhecermo-nos como “o 'pecador público número um' — de alguém que jamais conseguiria nada a não ser por pura misericórdia.”.
Ou seja: a graça e salvação de Jesus nos faz humildes, sem falsas modéstias ou ilusões. Ser salvo de graça por Jesus é como um espelho que mostra a cada um de nós o tamanho de nossas faltas, nossos erros e dívidas e, por isso mesmo, nos mostra o nosso real tamanho. Não podemos querer ser mais que o “pecador público número um”.
Por isso Jesus fala sobre a pecadora na casa de Simão (Lucas 7. 44-47):
“Vê essa mulher? Eu vim à sua casa, e você não me trouxe água para os pés; ela, porém, derramou lágrimas nos meus pés e os enxugou com os cabelos. Você nem me cumprimentou direito, mas, desde a hora em que cheguei aqui, ela não se cansa de beijar meus pés. Você não me recebeu como é nosso costume, derramando azeite em minha cabeça, mas ela perfumou meus pés. Não foi assim mesmo? A razão de tudo é que ela foi perdoada de muitos pecados, por isso está tão agradecida. Quem recebe pouco perdão mostra pequena gratidão”.
Quanto mais conscientes de quão pecadores somos, mais gratos podemos ser por reconhecer o tamanho da obra de Jesus, o Salvador.
Sempre me lembro de uma mensagem pregada por um primo muitos anos atrás em que ele dizia que essa era uma questão chave para a relação pastoral de discipulado e de aconselhamento: se eu sei que sou o pior dos pecadores não há nada que o outro me conte que deva me espantar ou mudar relação. Por pior que seja o pecado do outro, eu - e não ele - sou o “pecador público número um”. Uma questão fundamental de humildade - e só assim, seremos capazes de apoiar o outro, porque, no momento em que o julgarmos moralmente como inferiores estabelecesse uma relação que não será sadia, uma relação que tenderá a se fundamentar em um jogo de créditos e débitos diante de Deus.
Esse é a terceira coisa que se destaca: o único jeito de termos relações saudáveis uns com os outros, relações que não sejam fundamentas em um jogo de contas de créditos e débitos, é se reconhecermos o tamanho real de quem somos.
É preciso humildade. É preciso saber a verdade sobre nós. É preciso abrir mão de estar certo na relação com o próximo: é preciso deixar a posição confortável de credor.
Paulo disse isso aos Filipenses e aos Coríntios:
O amor se preocupa mais com os outros que consigo mesmo.
1 Coríntios 13. 5
Ponham o interesse próprio de lado e ajudem os outros em sua jornada. Não fiquem obcecados em tirar vantagem. Esqueçam-se de vocês o suficiente para estender a mão e ajudar.
Filipenses 2. 3-4
Se nossas relações se baseiam em um jogo contábil de crédito e débito, seremos os mais infelizes dos sujeitos - ainda que a posição de credor seja sempre egoisticamente confortável, por mais que seja irreal. Além de incoerentes, uma vez que a base de reconhecer Jesus como Salvador e Sua Salvação é entender que tudo isso é fruto da Graça. De Graça.
Era uma conta impagável.
Nossa relação com Deus só é possível porque Ele não faz contabilidade de nossas dívidas e créditos.
Por que sua relação com o próximo poderia se fundamentar nesse tipo de contabilidade?
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