9.1.17

Sem desistir

Não havia esperança, mas Abraão creu.
Romanos 4. 18



Harrison Odjegba Okene é nigeriano. Em 2013 ele foi o único sobrevivente do naufrágio da embarcação Jascon 4. Onze pessoas morreram.

Okene foi encontrado vivo 60 horas depois do naufrágio, tendo sobrevivido graças a um bolsão de ar em que ficou submerso.

Cozinheiro do barco, Okene orava: “Oh, Deus, pelo teu nome salva-me… sustenta a minha vida”.

Sua situação era, verdadeiramente, sem esperança.

A poesia do texto paulino, que vem de Abraão, que aponta para Okene e que nos estimula a cada um de nós, é que diante de situações sem esperança, ainda podemos crer na salvação de Deus. Como Abraão, Okene creu e soube prosseguir esperando e esperançando a libertação e a liberdade.

Duvido que você já não tenha estado neste lugar em que olha para todos os lados e não vê nenhuma saída, nenhuma possibilidade, que não se lhes apresente nenhuma esperança de salvação.

Será que você já se viu em um lugar tão apertado e sufocante quanto o que manteve Okene vivo por 60 horas? Você já sentiu que não poderia resistir mais e que, mesmo estando vivo até ali, mais cedo ou mais tarde aquele lugar seria sua tumba - ali você cairia morto?

Você já olhou para um cenário em que não havia nenhuma razão para continuar crendo, nenhuma esperança, que tudo apontava para a sua desistência?


Não havia esperança, mas Abraão creu.


Talvez seja esse o mais difícil dos exercícios de fé: crer contra todas as circunstâncias, crer mesmo que nada lhe dê motivo para acreditar, crer quando o cenário, as pessoas, o entorno dizem que isso é insensato, impossível, inviável.

Não cremos, nessas circunstâncias, porque nossa fé é uma crença imatura que funciona como pensamento positivo virando uma chave do universo para que o impossível aconteça.

Cremos, nessas circunstâncias, porque o único jeito de suportar a impossibilidade, a inevitabilidade, o fim certo é com fé. Cremos porque a fé é o que pode nos dar energia e força para lidar com tamanha dor. Cremos porque é a fé que nos liga à intimidade com Deus.

Não cremos porque estamos certos de que sempre seremos milagrosamente libertados, mas porque, como disseram os amigos de Daniel ao rei,


Sua ameaça não nos assusta. Se nos jogar na fornalha, o Deus a quem servimos pode nos salvar não só da fornalha como de qualquer outra coisa. E, mesmo que ele não o faça, não importa, ó rei. Ainda assim, não vamos servir aos seus deuses nem adorar a estátua de ouro que mandou erguer (Daniel 3. 16-18).


Mas por crermos, não desistimos. E, ao desistir, podemos ser surpreendidos porque as coisas não acabaram.

Já imaginou se Okene houvesse desistido na 59o hora de espera?

Quantos de nós já fomos alcançados por algo inesperado porque continuamos a crer?

E você imaginou o que teria perdido se tivesse desistido?

 

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