25.3.07

Escondendo-se no deserto

...porém, ele fugiu e foi morar na terra de Midiã.
Êxodo 2. 15 – 16.

Mesmo quando temos certeza de que agimos segundo o que era a vontade de Deus, corremos o risco de sermos oprimidos pela incerteza, dúvida, tristeza e falta de fé. Moisés havia compreendido que não podia ser vontade de Deus a opressão que o povo do Senhor vinha sofrendo no Egito. Resolveu intervir. Ele não errou exatamente a execução da ação. Ele errou em não procurar antes descobrir como Deus queria que a libertação fosse executada.
Embora estivesse certo de que era a vontade de Deus libertar Israel, Moisés foi tomado pelo receio, medo e incerteza. Ao matar o egípcio e perceber que nem mesmo os seus o apoiavam, Moisés temeu pela própria vida e fugiu. Foi para o deserto. Ele se escondeu ali de seus dons, seu passado, seu ministério e, como se fosse possível, de Deus. Foi ali, por quarenta anos, como se pudesse estar levando sua vidinha de sempre esquecendo qual era a vontade de Deus para o seu próprio povo.
Houve um erro de execução na atitude de Moisés. Ele percebeu a vontade de Deus, mas, impulsivamente, não foi buscar orientação do Senhor. Tomando os pés pelas mãos, se sentiu mal e culpado na conseqüência de seus atos. E fugiu, por isso, para se esconder no deserto. Esconder-se da própria presença de Deus.
Muitas vezes, eu me sinto assim. Sinto que estou querendo me esconder da presença de Deus. É por isso que faço de conta que não tenho ministério, dons, talentos nem sei qual a vontade de Deus para minha vida. Como se eu pudesse estar por aqui vivendo a minha vidinha e, escondido do próprio Deus, ficasse nesse deserto.
Isso explica meu silêncio de tanto tempo. Não aceitem minhas explicações lógicas. Eu não me calei por falta de tempo, nem por quaisquer outros motivos. Eu deixei de escrever porque tenho procurado me esconder de Deus e do ministério que Ele tem para mim. É muito mais cômodo, aparentemente, por mais desconfortável que seja, estar no deserto, como Moisés, por quarenta anos, fingindo não ser com ele o sofrimento do povo e a sua necessidade. Fingindo desconhecer a vontade de Deus para essa situação específica.
Fugi para o deserto porque me vi oprimido pela incerteza, dúvida, tristeza e falta de fé. Tenho tentado retomar o que tive antes. Tenho tentado me entregar novamente nos braços do Pai aos rios de Sua unção – a Sua presença santa. Tenho tentado voltar ao Centro de Sua vontade – recuperar a consciência de Sua vontade. Mas confesso ser mais fácil pastorear as ovelhas dos outros nesse sólido, quente e imenso deserto.
Meu coração se entristece por causa de meu silêncio. Muito mais por saber que estou tentando me esconder do Senhor. Mas é hora de mudar de atitude. É hora de deixar o esconderijo do deserto e se voltar para o Centro da vontade de Deus. Como aconteceu com Moisés, no meio do deserto, quarenta anos depois, sei que o Senhor me chama, no meio de uma maravilhosa sarça que queima e não se consome (Ex. 3. 1 – 6).
Sei que posso ter errado a execução de muitas atitudes que eram a vontade de Deus. Sei que não estava preparado para enfrentar as conseqüências de fazer a vontade de Deus. A conjunção desses dois fatores me desanimaram e me lançaram nessa tristeza e incerteza na qual hoje vivo.
Muitos de nós vivem situações semelhantes, sendo invadidos de uma tristeza sem medida pelo não-reconhecimento de seus esforços, por perseguição por fazer o que julga certo ou, simplesmente, por ser posto à prova no deserto pelo próprio Deus. Todos nós precisamos nos lembrar que existe uma sarça maravilhosa no meio do deserto, que atrai o nosso olhar para nos trazer de volta a Deus. O Deus que quer ser visto a partir do sinal da sarça vem nos lançar em rosto a vocação e o desafio de um ministério e vida consagrados a Ele. Agora, venha, e eu o enviarei ao rei do Egito para que voe tire de lá o meu povo, os israelitas (Ex. 3. 10).
Ele vem na sarça nos recuperar a visão, o amor, a fé e a esperança. Se ainda não vimos a sarça no deserto para nos restaurar a força, nos preparemos, tirando as sandálias dos pés. O encontro com o Santo não tarda.

20.1.07

Encurvada

E chegou ali uma mulher que fazia dezoito anos que estava doente, por causa de um espírito mau. Ela andava encurvada e não podia se endireitar.
Lucas 13. 11

A discussão que tem lugar nesse quadro no relato de Lucas diz respeito ao sábado. Mas eu não quero dar atenção nesse texto nem aos fariseus, nem ao sábado. Eu quero pensar nessa mulher.
Ainda me recupero de uma terrível crise de dor ciática, provocada pelas minhas duas protrusões discais. Essa deve ter sido a segunda pior crise que eu tive desde que apareceram as minhas primeiras dores, seis anos atrás. A crise foi tão intensa que eu tive de me afastar do trabalho. Não conseguia me levantar, sentar ou deitar sem auxílio. Além disso, andava me arrastando, segurando nas pessoas e nas paredes. Não agüentava ficar muito tempo sentado, deitado ou em pé.
Mas essa não foi a pior crise. A minha pior crise foi a primeira de todas. Era dezembro do ano 2000 quando eu senti as primeiras dores. Duraram uma semana. Depois, sumiram por uma semana. Quando as dores retornaram eu não podia imaginar que elas não sumiriam até agosto de 2001. Passei quase oito meses sentindo dor constantemente. Não houve um segundo em todo esse período em que meu ciático não doesse – não estou exagerando. Claro que não era sempre a mesma intensidade de dor, mas era uma dor constante e ininterrupta.
É por isso que eu quero pensar nessa mulher que fazia dezoito anos que estava doente, encurvada, sem conseguir se levantar. Eu posso fazer idéia, imaginar, o tamanho sofrimento que essa mulher teve ao longo de todos esses anos de doença. Os tantos médicos e curandeiros que ela deve ter buscado. Os parcos recursos que ela deve ter gastado em busca de cura. A discriminação que deve ter enfrentado em virtude de todas as suas dificuldades. A dor, o incômodo e a falta de mobilidade.
Foi uma vida difícil até aquele dia, até que ela entrou naquela sinagoga. Posso imaginar que ela não fazia idéia que naquela tarde sua busca intensa se encerraria. Sua dor se esgotaria. Imagino que ela não tinha idéia de quem iria encontrar naquele lugar.
Jesus é simples e direto com ela. Mulher, você está curada (Lc. 13. 12). Não pergunta nada, não ouve pedido, não questiona. Simplesmente a cura, tocando-a para não deixar dúvidas sobre o que estava fazendo. Assim, num toque, o sofrimento e a busca de dezoito anos se foi. Num toque do Senhor, com uma Palavra de Deus.
Às vezes, nossa dor e nossa busca são físicas mesmo. Nosso sofrimento é físico, como acontece comigo em minhas crises. Lembro que, em 2001, quando morava no Seminário, chorei em alguns momentos; não de dor, mas de desespero por não me ver livre daquele incômodo constante. Naquelas horas, eu desejava um alívio e uma cura física. Nem sempre ela virá, eu sei. Você deve descobrir isso também.
Outras vezes, nossa dor e nossa busca são de outra natureza. Às vezes, não estamos fisicamente encurvados há dezoito anos como aquela mulher, mas as emoções não curadas, os ferimentos e as doenças espirituais encurvam a nossa alma e nos deixam debilitados. Você pode não ter um problema físico de que deseje a cura, mas pode ter um ferimento de outra ordem, que oprime você e encurva sua alma.
Em todos os casos, precisamos encontrar Jesus. A cura e a mudança de vida daquela mulher se deram no seu encontro com Jesus naquela tarde, naquela sinagoga. Não importa quanto tempo faça que você sofra com isso. Não importa se são cinco dias ou dezoito meses: um encontro com Jesus é o que você realmente precisa para mudar a situação. Mesmo que esse encontro não represente a cura – nem sempre representa – ele vai mostrar a você que não é preciso carregar o peso do sofrimento – físico, emocional ou espiritual – sozinho. Ele estará, a partir desse encontro, com você, o apoiando e enxugando qualquer lágrima de dor ou de sofrimento. E a paz que encherá a sua alma será suficiente para ajudá-lo a enfrentar o que de mal ainda puder surgir.
Mas o encontro com Jesus será a sua cura. Cura da opressão da dor e do sofrimento, do corpo ou da alma. Mesmo que o fim dessa opressão não signifique, necessariamente, o fim da dor, mas apenas o alívio de saber que Jesus está com você em cada momento.

30.12.06

Elias

Agora eu sei que o senhor é um homem de Deus e que Deus realmente fala por meio do Senhor!
1 Reis 17. 24

Queria ser reconhecido e viver em uma comunidade que fosse reconhecida por ser instrumento por meio de quem grandes libertações e milagres se operassem. Elias era um homem assim. Era um profeta cujo poder se funda em sua relação com o Senhor. Em sua intimidade e comunhão com o Pai ele é conduzido à casa de uma viúva em Sarepta. Ali, ela mora sozinha com seu filho e se prepara para cozinhar o último pãozinho e, então, morrer de fome ao seu lado naquela terrível seca.
Quando o profeta chega, Deus muda tudo por meio dele. Não se preocupe! Vá preparar a sua comida. Mas primeiro faça um pãozinho com a farinha que você tem e traga-o para mim. Depois prepare o resto para você e para o seu filho. Pois o Senhor, o Deus de Israel, diz isto: “Não acabará a farinha da sua tigela, nem faltará azeite no seu jarro até o dia em que eu, o Senhor, fizer cair chuva” (1 Rs. 13 – 14). Ninguém morrerá de fome. Deus suprirá as necessidades do Seu profeta e daquela viúva e seu filho. Enquanto a seca existir, a farinha e o azeite não se acabarão. Um grande milagre operado pela mão do Senhor naquele lugar.
Um outro grande milagre acontece quando o menino adoece e, finalmente, morre. Deus, atendendo a oração do profeta, o ressuscita. A presença de Deus na pessoa de Elias altera o quadro de maneira tremenda na casa daquela viúva. Reverte uma situação de fome e miséria de maneira miraculosa. Cura e ressuscita mortos por meio da vida do profeta. Queria ver essa realidade em minha vida e na da minha comunidade: a presença de Deus ser tão absolutamente perceptível que transforme situação de forma fantástica, ressuscitando mortos, curando enfermos, realizando milagres inauditos.
Além de sinais e maravilhas, a presença de Deus na vida do profeta expõe os segredos. A percepção da santidade de Deus envolvendo aquele homem provoca uma reação interessante na viúva. Ciente da santidade de Deus, ela teme e percebe o seu próprio pecado e sua sujeira pessoal. Homem de Deus, o que o senhor tem contra mim? Será que o senhor veio aqui para fazer com que Deus lembrasse dos meus pecados e assim provocar a morte do meu filho? (1 Rs. 17. 18). Ela vê o Deus santo no profeta e percebe-se como pecadora. Por isso, quando seu filho adoece ela acusa Elias de estar ali apenas para expor seu pecado diante de Deus.
Queria ser reconhecido e viver em uma comunidade que fosse reconhecida pela presença viva de Deus em seu meio. Presença que impactasse profundamente as vidas, que expusesse sua necessidade de perdão e de transformação, porque eu e minha comunidade estaríamos refletindo a presença santa e gloriosa do Senhor. Eu queria viver a experiência relatada em cada avivamento de que apenas pela presença de Deus na vida das pessoas, vidas eram salvas, corações se arrependiam, milagres aconteciam. A presença de Deus era tão perceptível na vida de Elias que a viúva foi impactada e transformada pelo sopro da santidade do Senhor.
Por fim, queria ser reconhecido e viver em uma comunidade que fosse reconhecida como sendo do Senhor e por meio de quem Deus fala aos homens. Agora eu sei que o senhor é um homem de Deus e que Deus realmente fala por meio do Senhor! Toda essa história serviu para que a consciência e o entendimento daquela mulher se estabelecesse. Ela, extasiada, conclui que aquele homem é especial: ele é de Deus e por meio dele o Senhor Santo do universo fala aos homens.
Não é apenas um desejo. Creio, muito mais, que seria a obrigação de todo aquele que foi resgatado pelo Senhor ser reconhecido dessa maneira que aponta o texto sobre Elias. Fomos resgatados pelo Senhor com o propósito de fazermos o Seu nome glorificado em toda a terra. Nesse propósito, existimos para torná-Lo conhecido e fazermos a Sua palavra anunciada entre todos os povos. Por isso, devemos viver, buscando com todas energias a presença de Deus, para que possamos ser instrumentos de Seus milagres – que O glorificam –, para que Sua presença em nós leve o Seu temor àqueles que precisam ainda conhecê-Lo e para que possamos ser reconhecidos como servos e servas de Deus, por meio de quem Ele dirige a Sua Palavra à humanidade.

28.12.06

Profecia

Um profeta chamado Elias, de Tisbé, na região de Gileade, disse ao rei Acabe: - Em nome do Senhor, o Deus vivo de Israel, de quem sou servo, digo ao senhor que não vai cair orvalho nem chuva durante os próximos anos, até que eu diga para cair orvalho e chuva de novo.

1 Reis 17. 1

Às vezes eu penso que algumas pessoas imaginam que o profetismo surge dentro de alguma forma de estrutura – carismática – que, de certa maneira, pode ser controlada e conhecida. Aliás, alguns imaginam um profetismo que se resume à “quiromancia” travestida de piedade. O que o texto bíblico nos fala sobre os profetas é que são homens e mulheres que se colocam diante da comunidade com uma Palavra de Deus especialmente dirigida a ela. Pode ser divinatória, mas a maior parte das vezes é simplesmente uma manifestação da vontade de Deus para uma situação específica que o povo enfrenta.

De onde vem a autoridade do profeta? Tenho a impressão que em muitas comunidades a autoridade do profeta vem de três estruturas que, na história de Elias, são confrontadas.

Em primeiro lugar, a autoridade de Elias não vem da sua família. Não é uma questão de berço, não é uma questão de nascimento. Ele não se tornou profeta porque seu pai era profeta. Aliás, a Bíblia não nos fala sobre sua família. Ele é simplesmente um profeta da cidade de Tisbé, que não tem genealogia conhecida. Até pode ser que seu pai tenha sido algum líder usado pelo Senhor, mas o que o texto nos diz é que essa não é a questão importante. Não é nesse fato que o profeta deve ancorar sua autoridade e o poder com o qual anuncia a mensagem que tem a dizer. O profeta deve esquecer a história familiar ou pessoal – sua capacidade, seu dinheiro, seu saber – se quer mesmo falar em nome do Senhor.

Em muitas comunidades de nossos dias as lideranças são transferidas de pais para filhos. Em muitas de nossas igrejas os problemas familiares se convertem em sérios problemas de liderança unicamente porque as estruturas familiares têm se transformado nas próprias estruturas das igrejas. Elias, o homem sem genealogia e sem família, nos ensina que a autoridade profética independe de sua história pessoal ou familiar.

A autoridade de Elias também não parece derivar de nenhuma escola profética. Não é a estrutura do profetismo de Israel, suas escolas e seus grupos que andavam juntos por toda a parte, que parece dar força à pregação de Elias. O texto não nos diz que Elias fazia parte de algum grupo como esse nem que tenha aprendido o ofício profético com outro. É de notar, no entanto, que, como líder, formava-se um grupo profético em torno de Elias, cuja figura principal vem a ser Eliseu. Mas, para começar seu ministério, Elias não depende de ter andado com qualquer grupo de profetas – pelo menos isso não é importante para validar seu poder e sua autoridade como profeta.

Nos nossos dias, em muitas igrejas, se o profeta não tem o aval formal do grupo de liderança teológica e religiosa, não será acreditado. O líder precisa ser ungido pelo Apóstolo, Presbitério, Convenção, Concílio. Se não houver o aval dessa escola, o profeta não tem ministério. Elias não parecia pensar nessa necessidade quando surgiu anunciando a seca do juízo de Deus.

Por fim, a autoridade profética de Elias não dependia de qualquer forma de poder. Aliás, ele se levanta para enfrentar o poder constituído de Israel – o poder religioso dos profetas de Baal e Jezabel, o poder político de Acabe. Ele é profeta especialmente contra o poder instituído. Sua autoridade profética não acontece em resultado do poder político validar sua ação. Ao contrário, ele é visto como inimigo por parte dos poderosos: Quando Acabe viu Elias, perguntou: - Você já me achou, meu inimigo? (1 Rs. 21. 20).

Essa é uma realidade muito viva nas nossas comunidades. É o poder secular do profeta quem lhe dá autoridade. Conheço uma igreja em que as lideranças só podem ser eleitas se tiverem nível superior de estudo. Essa é uma regra estabelecida. Mas conheço comunidades que possuem regras tácitas em que os mais humildes não podem subir ao púlpito para transmitir a Palavra de Deus. A autoridade profética nessas comunidades é diretamente proporcional ao poder econômico e político que o profeta detém.

A autoridade profética de Elias não deriva de nenhuma dessas estruturas. A nossa também não deve derivar. A autoridade do profeta é resultado de uma vida de compromisso e comunhão absoluta com o Senhor que o envia a falar. A mensagem que há de ser transmitida não é uma palavra qualquer, mas é a Palavra de Deus. É essa certeza que é Deus quem fala que impulsiona Elias a uma palavra tão dura e certa quanto essa: Em nome do Senhor, o Deus vivo de Israel, de quem sou servo, digo ao senhor que não vai cair orvalho nem chuva durante os próximos anos, até que eu diga para cair orvalho e chuva de novo.

Como cristãos e como Igreja do Senhor somos convocados a viver sob a dimensão do poder profético que deriva do compromisso, comunhão e vida com Deus. Ouvindo a Sua voz para falar a Sua Palavra dirigida às situações nas quais ela é necessária.

Uma coisa que sempre me causa admiração em Elias é o seu grau de compromisso. Ele é um homem que descobriu que a vida com Deus é a coisa mais importante que pode haver. Não importa se vai viver desconfortavelmente, no meio do deserto, sendo alimentado por corvos. Não importa se vai andar, vestido de peles, pelo interior do país, sem o menor conforto. Ele sabe que a coisa mais importante que existe é o Senhor. Diante do Senhor, todas as demais coisas se tornam secundárias, menores e desimportantes. É esse grau de compromisso que alimenta em Elias o seu espírito profético. É esse grau de comprometimento que eu quero descobrir em minha vida.

27.11.06

Conseqüências

Vamos nos separar!
Gênesis 13. 9

Como seres humanos que somos, somos passíveis de erros. E a maior parte dos nossos erros se deve ao fato de desprezarmos aquilo que Deus, explicitamente, define como Sua vontade. Erramos por não ouvir a voz de Deus, por não obedecê-la.
Ao chamar Abrão, em Gênesis 12, Deus foi muito claro e específico: Saia da sua terra, do meio dos seus parentes e da casa do seu pai e vá para uma terra que eu lhe mostrarei (Gn. 12. 1). A promessa de Deus se relacionava a Abrão deixar sua terra e sua família e ir para uma terra estranha, sozinho. Esse era o centro da vontade divina para o vocacionado Abrão: estar só, em terra desconhecida, longe de suas referências familiares.
Só que Abrão desobedece, fato que passa despercebido pela maioria de nós. E Ló foi com ele (Gn. 12. 4). Era para Abrão deixar a família, mas ele levou seu sobrinho. Ouvir a voz de Deus, na Bíblia, nunca demais lembrar, é obedecer. Ninguém duvida que Deus foi muito claro e especifico com o patriarca quando o chama para deixar sua casa e sua família. Abrão escutou isso, mas não ouviu. Não obedeceu.
Quando fazemos as coisas sem dar ouvidos ao conselho do Senhor, sofremos as danosas conseqüências. O exemplo mais clássico na história bíblica aparece em Josué 9. Ali os gibeonitas armam uma cena para fazer acordo com os israelitas e escaparem da destruição. Fingem ser viajantes de um país distante. Quando o acordo é fechado, o texto bíblico é claro sobre a atitude do povo de Deus: Os homens de Israel aceitaram a comida deles, porém não pediram conselho a Deus, o Senhor. Josué fez um acordo de paz com os gibeonitas, prometendo que não seriam mortos. E os líderes do povo de Israel juraram que cumpririam a sua palavra (Js. 9. 14 – 15).
Abrão desobedeceu levando seu sobrinho consigo na viagem. O que esse texto me ensina, porém, é que quando Deus tem um plano e revela a Sua vontade, Ele intervém em nossa vida, miraculosamente, para nos colocar no prumo de novo. Deus intervém para que Sua vontade prevaleça, apesar de nossa desobediência.
Abrão desobedeceu, mas logo logo surgiu uma briga entre os trabalhadores dele e de seu sobrinho, o que forçou uma separação. Vamos nos separar!
Essa história nos ensina algumas conseqüências de desobedecermos a vontade de Deus. Ele fará seu plano voltar ao centro, nem que para isso tenha que intervir da forma como interveio na vida de Abrão. Nunca é agradável ter de voltar ao centro da vontade do Senhor à força. É sempre melhor ter os ouvidos atentos e o coração disposto a obedecer. Mas precisamos saber que Deus vai fazer o Seu projeto se realizar em nossa vida, apesar de nós.