25.3.05

Sendo libertado pelo perdão

Porque, se vocês perdoarem as pessoas que ofenderem vocês, o Pai de vocês, que está no céu, também perdoará vocês. Mas, se não perdoarem essas pessoas, o Pai de vocês também não perdoará as ofensas de vocês.
Mateus 6. 14 – 15

A Era do Gelo é um filme de animação ímpar. Doce e engraçado, tem uma mensagem difícil de ser compreendida e assumida nos dias atuais. Acredito uma de suas principais mensagens é o perdão. Manfred, o Mamute, é um ser solitário e rabugento. Carregado de mágoas, implica com todos e se vê forçado ao convívio com a preguiça mais chata do mundo, Sid.
Em determinada altura do filme descobrimos o porquê de ele ser assim. Sua família foi morta por caçadores humanos. E, desde então, ele vaga só e triste, brigado com mundo.
Diego é um tigre que tem tudo para ser o maior traíra da estória. Parte de um bando que foi massacrado pelos humanos, sua tarefa é levar um bebê humano até o seu líder, Soto. Esse bando, o mais estranho do mundo, se une por acidente em torno daquela criança. Um filho de um homem.
O bando de tigres dentes-de-sabre está em busca de sua vingança contra os homens. Ataca seu acampamento querendo levar o bebê como presa. Manfred também não tem muitos motivos para ajudar os homens, que mataram sua família. É aqui que entra a história do perdão. Primeiro, o Mamute, que se torna capaz de ajudar a criança apesar do que lhe foi feito. Depois, Diego que protege a quem deveria entregar por causa do amor e da amizade que surge nesse grupo. Essas coisas somente são possíveis quando um e outro são capazes de perdoarem os humanos pela dor que lhes infringiram.
O texto bíblico não poupa dureza quando fala acerca do perdão. Ele nunca é gratuito por mais que seja de graça. Não se pode fazer coisa alguma para se alcançar o perdão de Deus, ele vem pela graça, mas não é simplesmente incondicional. A gente quer fugir disso, mas a Bíblia nos diz que o perdão de Deus tem uma condição: Porque, se vocês perdoarem as pessoas que ofenderem vocês, o Pai de vocês, que está no céu, também perdoará vocês. Mas, se não perdoarem essas pessoas, o Pai de vocês também não perdoará as ofensas de vocês.
Essa idéia fica nítida na parábola do credor incompassivo (Mt. 18. 22 – 35). É a história do sujeito que suplica ao rei o perdão de uma dívida de milhões de moedas de prata. O rei lhe perdoa, mas ao sair de diante do rei, se encontra com alguém que lhe devia infinitamente menos, cem moedas de prata. Em vez de lhe perdoar a dívida, o entrega à prisão até que ele pagasse a dívida. Revoltados, os outros servos foram levar o assunto ao rei, que lhe passa em rosto: Empregado miserável! Você me pediu, e por isso eu perdoei tudo o que você me devia. Portanto, você deveria ter pena do seu companheiro, como eu tive pena de você (vv. 32 – 33). Com raiva, o rei o lança na prisão e o manda torturar até que pague toda a dívida.
Essa é a imagem perfeita do que acontece com quem sonega o perdão ao próximo. O Senhor nos perdoa uma dívida impagável, a dívida do pecado, paga na Cruz por Jesus. Por isso, não nos dá o direito de reter o perdão a quem quer seja. O resultado dessa retenção será, sempre, sofrimento, tortura, escravidão e dor. O pior disso é que aquele que nos ofendeu pode passar por essa situação sem nem imaginar qualquer coisa. Pode não sofrer por nada. Mas, certamente, aquele que retém o perdão, sofrerá sempre as maiores dores. Seu coração será carregado pela mágoa, pela tristeza, pela raiva e pelos desejos de vingança. E se não perdoamos a quem nos ofende, como esperar que Deus nos perdoe as nossas ofensas?
Manfred e Diego se livram da vingança, do ódio, da tristeza e da solidão quando perdoam e amam aquela criança. A falta de perdoar faz mal primeiro a mim. Faz mal ao ofendido mas que ao ofensor.

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