10.5.05

Vitória sobre o passado

Não fiquem lembrando o que aconteceu no passado, não continuem pensando nas coisas que fiz há muito tempo.
Isaías 43. 18

Isaías escreve uma nova história a partir do capítulo 40. Até ali, sua palavra é uma dura condenação contra o pecado dos judeus e demais nações. O capítulo 40 começa com o Senhor dizendo que agora é preciso falar uma palavra diferente. É preciso consolar o povo do Senhor. E Deus começa a contar a nova história de reconstrução, de restauração ao Seu povo amado. Afinal, por mais que o povo tenha pecado e tenha sofrido o castigo, pai e mãe poderiam abandoná-lo, mas o Senhor jamais faria isso.
Nesse contexto Deus dirige uma palavra acerca do fim do cativeiro e da opressão na distante babilônia. O cerne da mensagem é afirmar que o Senhor de Israel não permitirá que aquele castigo se estenda além do que deve. Em breve, Deus fará coisas novas para tirar Seu povo da opressão e trazê-lo de volta à sua terra. Mas esse processo implica e se realiza por meio de algumas coisas.
A primeira afirmação do texto que destacamos é que Deus cura as memórias e vence o passado. Não fiquem lembrando o que aconteceu no passado. Ficar preso às lembranças, ao passado, é caminho certo para a obsessão doentia. Tantas vezes Deus já começou a desfazer tudo e a fazer outras coisas, e nós perdemos a visão, a capacidade de contemplar o presente e prenunciar o futuro, porque nos prendemos a um passado. Passado de dor e sofrimento. De mágoas e ressentimentos. De feridas e dores. As pessoas nos fizeram mal e nós gostamos de remoer isso para não deixar a mágoa, o desejo de vingança, a tristeza se apagarem em nós. Nós realimentamos os nossos sentimentos. Nós promovemos o ressentimento.
Então nosso coração se comporta como um campo minado. E cada ferida se torna, em nós, uma potente e explosiva mina, que mais cedo ou mais tarde, terminamos detonando em nossa própria face. E a tragédia resultante da explosão destas minas de ressentimentos ainda produz um efeito mais devastador. Porque não é provocada por qualquer agente externo. Ninguém nos fere. Apenas ferimos a nós mesmos. Mas não tardaremos a culpar alguém e a replantar a mina do ressentimento em nosso peito. Ficar preso a essa obsessão da dor do passado é um caminho de destruição. Ciclo vicioso de eterno retorno, prisão dentro de uma serpente que morde o próprio rabo.
Mas não são só as coisas ruins que devemos superar. O Senhor diz: não continuem pensando nas coisas que fiz há muito tempo. Ninguém vive da bênção de ontem. Nostalgia também é sentimento fatal, porque trava os nossos passos em direção ao futuro. A saudade das coisas que Deus fez ontem nos impede de caminhar na direção daquelas que Ele quer fazer amanhã. A saudade do Deus de ontem nos empurra atrás de um tempo que não volta, quando, na verdade, Deus quer nos levar para vidas novas, lugares novos, realidades novas.
Eu costumava dizer que o melhor ano de minha vida com Deus tinha sido o ano 2000. E morria de saudade daqueles dias. Até que percebi que aquele ano não voltará, que minha vida com Deus precisa ser firmada aqui, hoje, 10 de maio de 2005. É hoje, é agora, que preciso quebrar meu coração na presença do Senhor, buscando a Sua face. É agora que preciso ter fome e sede do Senhor. É agora que preciso buscar e viver na Sua intimidade. E essa intimidade será completamente diferente daquela de cinco anos atrás, porque eu não sou mais o mesmo. Meus sonhos não voltarão a ser mais os mesmos, a ação de Deus não poderá ser a mesma. O tempo passou. O passado é, agora, realmente passado. As coisas ficaram para trás.
A Palavra viva de Deus quer fazer uma coisa nova na sua vida. Em Cristo. Quer fazer sua vida nova, quebrando os laços da nostalgia e da obsessão. A Palavra de Deus é vida que gera coisas novas na vida: Não fiquem lembrando o que aconteceu no passado, não continuem pensando nas coisas que fiz há muito tempo. Deixe o passado no passado, nas mãos de Deus. Caminhe para o futuro, lançando-se sempre nos braços de Jesus. Deixe Deus fazer tudo novo na sua vida, especialmente fazer nova a sua vida. Entregue-se à fé íntima e ao relacionamento pessoal com Aquele que morreu em uma Cruz por você, para fazer tudo novo. Quem está unido com Cristo é uma nova pessoa; acabou-se o que era velho, e já chegou o que é novo (2 Co. 5. 17).

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