Estou me afogando nos meus pecados; eles são uma carga pesada demais para mim.
Salmo 38. 4
A verdade mais simples da Bíblia sobre o homem é que ele é pecador. Isso independe de suas ações. Quer dizer, o homem não é pecador por pecar, mas peca porque é pecador. Sua natureza é oposta a natureza do Senhor, porque nossos primeiros pais pecaram. A maldição do pecado entrou na história humana.
É claro que o texto bíblico nos garante que estamos livres de toda e qualquer condenação a partir do momento que estamos em Jesus, mas isso não significa que não pecaremos mais. Porque a salvação que Deus nos providencia começa na graça, se desenvolve na graça e terminará na graça. Pecaremos, mas temos a certeza de um Pai no céu e de um Advogado justo: não seremos condenados.
Quando começamos a andar com Jesus corremos um sério risco de nos esquecermos disso. Corremos o risco de nos esquecermos que continuamos pecadores, ainda que redimidos e salvos. Andamos no fio da navalha, a todo instante tentados a nos transformarmos naquele fariseu de quem Jesus fala em Lucas 18: Dois homens foram ao Templo para orar. Um era fariseu, e o outro, cobrador de impostos. O fariseu ficou de pé e orou sozinho, assim: “Ó Deus, eu te agradeço porque não sou avarento, nem desonesto, nem imoral como as outras pessoas. Agradeço-te também porque não sou como este cobrador de impostos. Jejuo duas vezes por semana e te dou a décima parte de tudo o que ganho” (Lc. 18. 10 – 12). A tentação é a de nos acharmos, em premissas totalmente equivocadas, os supersantos, impecáveis. Esse é um caminho de destruição sem volta.
É por isso que, às vezes, eu acho que Deus permite que cometamos os mais graves pecados. Ele faz isso para que a nossa natureza pecaminosa seja lançada em nosso rosto e nos conscientizemos de que não somos nada. Ele faz isso para nos preservar de qualquer sentimento orgulho, para nos tornarmos mais semelhantes ao cobrador de impostos: Mas o cobrador de impostos ficou de longe e nem levantava o rosto para o céu. Batia no peito e dizia: “Ó Deus, tem pena de mim, pois sou pecador!” (Lc. 18. 13). Jesus afirma que este cobrador de impostos, consciente de sua miséria, foi o único que voltou para casa abençoado com a graça, a paz e o perdão de Deus.
Andamos no fio da navalha do orgulho, da sensação de que somos os mais especiais dos homens. Os supersantos. Nessas horas, a consciência acerca de um pecado pode ser um remédio. Davi, homem segundo coração de Deus, Seu amigo íntimo, escreveu o Salmo 38: Estou me afogando nos meus pecados; eles são uma carga pesada demais para mim. Só essa atitude pode nos garantir o perdão pela graça. Um coração quebrantado, arrependido, não deixará de ser perdoado.
Quando nos sentimos os muito bons é como se fôssemos uma bela casa, construída toda em madeira. Não percebemos, mas sob os nossos pés a casa está sendo consumida, por dentro, por um cupinzeiro. Os pequenos insetos estão corroendo todas as estruturas, todos os alicerces. Quando tivermos consciência do que está acontecendo, ou seja, quando as paredes internas se afofarem e se espatifarem, será muito tarde: a construção inteira estará condenada.
O nosso pecado pode ser esse monte de cupim. Vai destruindo a nossa vida, enquanto não tivermos a consciência vívida acerca de quem somos e de quem Deus é. Não somos nada diante do Pai Santo. Como diz o velho hino, sentimentos orgulhosos não convém a criminosos. Deus quer, em nosso coração, o sentimento humilde daquele cobrador de impostos. Se nos permitirmos ser como o fariseu, Ele nos abaterá e humilhará. É bom acordar, antes que seja tarde demais para acabar com o ataque dos cupins.
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