Senhor, eu sei que o senhor pode me curar se quiser!
Lucas. 5. 12
Uma das coisas mais constantes nos relatos do evangelho são notícias de curas realizadas por Jesus no Seu ministério. Para se ter uma idéia, apenas nos oito primeiros capítulos do evangelho de Lucas são doze narrativas de curas, ressurreições ou expulsões de demônios. Jesus, verdadeiramente, veio para cumprir a profecia de Isaías que dizia que o Messias levaria sobre Si todas as nossas enfermidades.
Interessante perceber que há sempre um elemento fundamental nesses relatos de cura: a fé. Não apenas uma vez, Jesus tributa a cura à fé das pessoas. É a fé que cura, é a fé que salva. Mas essa realidade acerca da fé tem sido bem deturpada no meio dos cristãos. As pessoas têm entendido a fé como uma chave que faz obrigatória a cura por parte de Jesus. Para essa gente, basta acreditar que Jesus vai curá-la para que a cura se dê. Como se Jesus estivesse obrigado a curar apenas porque eu acredito que Ele é um Deus que cura. Essa fé se assemelha muito mais a pensamento positivo, inclusive na sua decorrência: se o doente não foi curado foi porque faltou a fé.
Mas não creio que esse seja o sentido de fé que Jesus põe em relevância nos relatos de cura dos evangelhos. Acredito que a fala deste leproso do capítulo 5 de Lucas traduz melhor do que ninguém que fé é essa que Jesus espera nas pessoas: Senhor, eu sei que o senhor pode me curar se quiser!
Essa fé põe as coisas na dimensão correta. O leproso sabia com Quem estava lidando. O fundamental não era ser curado, mas estar convicto de que estava diante do Filho do Deus vivo, Alguém com todo poder e capaz de realizar os maiores milagres. Ele é o Todo-Poderoso e, o mais fundamental, não é receber dEle qualquer cura, mas entrar em um relacionamento pessoal. O fundamental é ter fé em Jesus, não na cura. A fé é relacionamento pessoal. O essencial é ter uma fé que nos salva, antes de nos curar. É achegar-se a Deus, ciente de Quem Ele é e de quem somos, prostrados diante dEle. E, o mais importante, totalmente submissos à Sua Vontade: Senhor, eu sei que o senhor pode me curar se quiser!
Nossa relação de fé com Deus não pode, de maneira nenhuma, se basear em qualquer coisa que se assemelhe a cobranças de nossa parte, a exigências partidas de nós, seres humanos. A fé que salva e pode curar reconhece que o nosso Deus é soberano para fazer cumprir tão somente a Sua vontade. Se Ele quiser, Ele pode nos curar. Se Ele não quiser, ainda assim Seu nome será glorificado em nossas vidas, por meio da nossa fé. Fé que reconhece como se dá, verdadeiramente, o relacionamento possível entre o homem e Deus. Fé que reconhece que a coisa mais importante que qualquer milagre é andar na intimidade do Senhor, submisso totalmente à Sua Vontade.
Essa submissão, produzida na consciência da fé que vem de Deus, me faz pensar em um exemplo muito claro. Nabucodonosor havia mandado levantar uma estátua de ouro em sua própria honra. O rei deu ordem para que todos se dobrassem perante a estátua. Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, fiéis ao Deus de Israel, se recusaram. Mesmo ameaçados de serem lançados em uma fornalha, os três jovens deram uma resposta repleta de fé, fé coerente que salva e pode curar: Ó rei, nós não vamos nos defender. Pois, se o nosso Deus, a quem adoramos, quiser, Ele poderá nos salvar da fornalha e nos livrar do seu poder, ó rei. E mesmo que o nosso Deus não nos salve, o senhor pode ficar sabendo que não prestaremos culto ao seu deus, nem adoraremos a estátua de ouro que o senhor mandou fazer (Dn. 3. 16 – 18).
A fé é essencial para que tenhamos um relacionamento efetivo com Deus. Um relacionamento que reconheça Quem Ele, o Deus Todo-Poderoso, e quem somos, homens pecadores. A fé não impõe coisa alguma a Deus, mas age para transformar o nosso caráter conduzindo-nos a total confiança e submissão ao Deus vivo. Que poderá, segundo a Sua vontade, realizar todo milagre em resposta à nossa fé. Sejam curas, sejam ressurreições, seja a salvação.
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