Sem conselhos os planos fracassam, mas com muitos conselheiros há sucesso.
Provérbios 15. 22.
Segunda-feira vivi uma das experiências mais aterrorizantes de minha vida. Estava voltando de São Paulo. O primeiro trecho da viagem, até Fortaleza, foi perfeito. Vôo tranqüilo, pude até tirar uns cochilos. Quando subiram passageiros na capital cearense soube que havia chovido. Imaginei, então, que o trecho final, até Natal, seria mais instável. Na verdade, enfrentamos uma área de instabilidade, mas nada muito assustador.
O momento difícil estava reservado ao nosso pouso. Quando o comandante informou que o pouso em Natal havia sido autorizado, não víamos nada. Estávamos no meio de pesadas nuvens de chuva. O avião balançava e notávamos que não descíamos muito. Quando começamos a reduzir, na aproximação, fomos impactados pela retomada de aceleração das turbinas: o piloto havia arremetido. Continuamos voando por cerca de quinze minutos ainda dentro das nuvens. O avião balançava e havia um terrível silêncio do lado de dentro. Todo mundo amedrontado. Todo mundo terrificado.
Esse foi o momento em que temi muito. Porque não víamos nada e parecia que o comandante não conseguia tirar o aparelho de dentro das nuvens. Só me senti aliviado quando, olhando pela janela à minha esquerda, pude ver o céu.
Mas essa história podia ser contada de outro ponto de vista. O ponto de vista das pessoas que estavam no aeroporto em Natal, aguardando a chegada do vôo. Apenas ontem, um dia depois de minha chegada na tarde da segunda, fui saber o que minha família tinha visto. Enquanto imaginávamos que nos aproximávamos da pista do aeroporto Augusto Severo, as pessoas em terra viam o avião ainda alto e voando em direção do terminal de passageiros. Devido à falta de visibilidade e instabilidade, o piloto não conseguira colocar o avião no rumo da pista. Se descesse, nos chocaríamos contra o aeroporto.
É assim que às vezes acontece quando nos deparamos com os mais sérios problemas de nossa vida. Nessas horas, ficamos como eu estava dentro daquele Air Bus, quer dizer, temos medo por não vermos nada, mas não temos nenhuma idéia do que realmente está acontecendo. Até achamos que o problema tem uma dimensão distinta daquela que é real, para mais ou para menos. Ou o super-dimensionamos, ou o sub-dimensionamos, mas de qualquer jeito, temos um problema de dimensionamento. E não conseguiremos ver ou resolver nada sozinhos.
O ponto de vista de alguém de fora da aeronave é fundamental para que tenhamos uma real noção do que, de verdade, está acontecendo. Isso ficou claro para mim quando eu soube realmente o que acontecera com meu vôo, a partir do testemunho de minha família em terra. Esse é o papel fundamental dos verdadeiros conselheiros em nossa vida, quando enfrentamos as situações mais difíceis.
É claro que há maus conselheiros, mas uma pessoa com um ponto de vista divino e de fora das mais terríveis situações que enfrentamos, às vezes é tudo o que precisamos para achar a saída, para resolver os problemas, para consertar todas as coisas.
Sem conselhos os planos fracassam, mas com muitos conselheiros há sucesso. Termos cuidado na escolha de nossos conselheiros e amigos íntimos é fundamental para sairmos das piores situações, para o sucesso de nossa caminhada. Precisamos sempre de gente com o ponto de vista de Deus ao nosso lado.
2 comentários:
Belíssimo texto. Muito bem escrito. Vejo qu além de missionário e construtor de bela página no Orkut e aqui, escreves que uma beleza.
O texto, hum, que fala de quando estamos dentro duma tempestade, de situações difícieis, nada vemos. Mas interessante de quem está fora, os bons conselheiros, é uma questão excelente. Mas depois da tempestade vem a bonança e vemos como DEUS nos livrou, nos guardor, nos seguros em Seu colo. Oh! bênção!
Obrigada pelo texto em meu e-mail hoje e o endereço deste blog.
Abraços
Amigamana Ellis Faria.
Esse foi o melhor texto que li nos últimos dias, se bem que nunca é possível esse tipo de comparação, mas é tão real, tão verdadeiro, tão presente, que é impossível não percebê-lo.
Quantos de nós não ficamos sem direção nenhuma, envolvidos por toda sorte de lutas e levados por nossas emoções e assim acabamos nos chocando com obstáculos, com pessoas, com a própria obra que lutamos para construir e derrubamos tudo? E ainda permitindo a perda da vida de muitos? Nosso testemunho às vezes se choca com o que pregamos, nossas palavras se chocam com aquilo que lemos, nossa falta de amor, de sensibilidade, nosso egoismo! Tudo isso se choca com a vontade de Deus para nossas vidas que muitas vezes não conseguimos enxergar, porque estamos presos em costumes, viciados em nossos hábitos, nosso formalismo, nossa religiosidade.
Que texto maravilhoso! E quantos de longe não vêem a nossa queda e impossibilitados de agir fisicamente, só podem orar para que o Piloto tome a direção e nos livre de tão terrível destino!.
Deus te abençõe Dani e continue te dirigindo, pois desta forma nossas vidas são edificadas.
bj
lavi
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