Tu me recebes como convidado de honra e enches meu copo até transbordar.
Salmo 23. 5.
Sei que já escrevi sobre este versículo recentemente, mas é ele que traduz da melhor maneira tudo o que me aconteceu em São Paulo nestes dias em que estive viajando. Impressiona-me, sobremaneira, como Deus age em favor daqueles que O amam, principalmente quando temos consciência de quão pecadores nós somos e de quão santo Ele é. Apesar desta distância fundamental entre nós, Deus nos trata como convidados de honra, filhos tremendamente amados. Foi assim que me senti em minha viagem.
Nunca devemos ou podemos nos esquecer dos princípios que norteiam nossa relação com Deus. O principal deles é o fato de que somos pecadores. E ainda é muito mais grave quando somos conscientes de que, libertos da lei do pecado pela morte de Jesus, pecamos agora e continuamos a pecar por livre vontade. É como se a cada momento em que cedêssemos à tentação, cuspíssemos a face de nosso Senhor. Afrontamos Sua morte, Seu sacrifício e Sua ressurreição. E não temos o direito de dizer que fazemos isso porque o pecado foi mais forte do que nós, porque não nos sobrevêm tentação irrestível. Pecamos porque queremos. Afrontamos a Deus porque somos atraídos pela nossa cobiça, pelo desejo de sermos independentes dEle, pela vontade de transgredir. Somos inteiramente responsáveis por isso, por entristecermos terrivelmente o nosso Pai amado. De O afrontarmos.
Mas quando penso nisso e nas coisas que ainda assim Deus nos faz, lembro de uma música popular antiga: Coração Materno, de Vicente Celestino. Uma das coisas impressionantes dessa letra é que o campônio, a fim de fazer a vontade de sua amada, mata sua mãe e leva o coração até a mulher. No caminho, tropeça, quebra a perna, o coração materno voa, mas ele ouve a voz de sua mãe: Magoou-se, pobre filho meu? Vem buscar-me filho, aqui estou, vem buscar-me que ainda sou teu!
É incrível esta estória. O coração da mãe, mesmo depois de ter sido morta por seu próprio filho, ainda o ama, ainda o chama, ainda lhe garante o socorro, o auxílio. Ainda diz: vem buscar-me que ainda sou teu!
É desse modo que o Senhor lida conosco. Mesmo quando O ferimos, quando O afrontamos, mesmo quando agimos como se cuspíssemos em Sua face, Ele ainda nos ama e ainda nos chama dizendo ser nosso Pai. Dizendo que ainda podemos experimentar esse amor. Ele ainda nos trata como filhos amados e convidados de honra.
Foi assim que me senti em minha viagem a São Paulo. Apesar de ser quem sou, de tudo que tenho feito contrário à vontade de Deus, apesar do miserável pecador que sou, Deus preparou momentos para mim e alguns irmãos que não conhecia antes, momentos em que fomos tratados e recebidos em Sua presença como convidados de honra. Movido pelo Seu amor por nós, Deus sempre esteve disposto a perdoar o coração arrependido, e a manifestar o Seu grande amor em nossas vidas.
O momento mais especial de minha viagem foi o banquete que o Senhor nos serviu no sábado à noite, na casa da Lavínia. Ali, partilhamos a mesa do Senhor. Comemos Seu corpo e bebemos Seu sangue, estivemos em Sua intimidade. Ali, o Senhor manifestou Seu grande amor por nós. Ali, Ele encheu os nossos copos, com Seu amor, Sua alegria, Sua paz, até que tudo transbordasse.
Ele me ensinou que apesar do que somos capazes de fazer para feri-Lo. Apesar de nossos pecados e de nossa maldade. Apesar de tantas vezes agirmos como aquele campônio da canção de Vicente Celestino. Apesar disso tudo, Ele sempre se volta para nós com Seu amor. Sempre nos chama. Sempre nos ama. Sempre nos traz para perto dEle. Sempre nos recebe como convidado de honra. E sempre nos dá de Sua presença até transbordar.
Um comentário:
Dan, meu irmão!
Voltou inspiradíssimo...
Você conseguiu, em poucas palavras, falar desse amor, mais do que paterno, materno, que Deus tem por nós.
Amo você em Cristo! E obrigada por ter se disfarçado de Carmem lá no COLE...hehheheh
Beijão!
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