Deus dá do Seu Espírito sem medida.
João 3. 34
Às vezes eu me acho um revoltado, mas tenho certeza de que sou um inconformado. Eu não consigo me conformar com o tão pouco que tenho vivido com Deus e com o tão mínimo que tenho experimentado da vida e da comunhão com Ele. Não consigo me conformar com as míseras gotas de Sua presença que tenho sentido se derramar no profundo do meu coração. Todos os dias, clamo a Deus por ter mais e ainda muito mais dEle em minha vida. Mais e muito mais dEle no meu ser, no meu interior, transformando meu caráter e conduzindo inteiramente a minha vida. Não me conformo com pouca coisa porque sei que Deus dá do Seu Espírito sem medida. E, assim, quando olho em mim e vejo que não sou um décimo do que sei que poderia ser na vida com Deus, se humilhado e rendido a Ele estivesse, não posso me conformar. Sou um inconformado crônico.
Na minha adolescência costumava passar as férias de verão em uma praia do litoral norte do meu estado. Ali, eu ficava reparando, várias vezes, como é engraçado tentar fazer uma “piscina” na areia. A gente cava um buraco e corre para trazer da água do mar em baldes a fim de encher aquela “piscina”. No entanto, todas as vezes que a gente volta com água, aquela quantidade que havemos deixado na viagem anterior já fora absorvida pela areia. Isso torna impossível que nosso intento termine bem. Não conseguimos fazer com que a areia pare de absorver a água, permitindo ao buraco que a acumule e se faça para nós aquela “piscininha” pretendida. A água sempre será absorvida sem limites. Mesmo que trouxéssemos uma quantidade desmedida, a água novamente seria absorvida pela areia.
Acho que essa é uma boa imagem que vem à mente quando penso que Deus não nos dá do Seu Espírito com limitações. O derramar do Espírito de Deus sobre nós é sem limite. No entanto, o máximo que nós já temos recebido até aqui deve sempre nos parecer insuficiente. Há sempre mais para buscarmos e recebermos do poder e da comunhão com Deus. Nunca podemos nos sentir satisfeitos. a inconformidade com o que já conseguimos deve ser nossa máxima. Paulo fala algo assim: É claro, irmãos, que eu não penso que já consegui isso. Porém uma coisa eu faço: esqueço aquilo que fica para trás e avanço para o que está na minha frente. Corro direto para a linha de chegada a fim de conseguir o prêmio da vitória. Esse prêmio é a nova vida para a qual Deus me chamou por meio de Cristo Jesus (Fp. 3. 13 – 14). Sempre há mais a avançar. Sempre podemos ir mais fundo no nosso conhecimento de Deus. Sempre podemos nos humilhar mais. Sempre podemos nos esvaziar mais. Sempre há mais Água para fluir em nosso ser.
O fluxo da água do Espírito para encher nossas vidas deve ser constante e ininterrupto porque nossa “areia” absorve muito rápido e secaremos logo se passarmos um instante sem beber dessa fonte sem limites. Nossa alma há de estar, sempre, sedenta por mais de Deus. Faminta pela Sua presença. Inconformada com o tão pouco que tem experimentado. E, assim, deve buscar ainda mais diligente e constantemente o fluir dessa presença santa, senão secará. Não podemos nos conformar em passar um instante sequer longe dessa fonte.
Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Como dizem as Escrituras Sagradas: “Rios de água viva vão jorrar do coração de quem crê em mim” (Jo. 7. 37 – 38). Essa fonte de água da vida flui de nós e flui em nós por toda a vida até a eternidade. Não corremos o risco de nos cansar de ir buscar a água, como acontecia comigo depois de alguns minutos tentando, em vão, encher minha “piscina” na beira do mar. Esse fluxo é eterno, constante e ininterrupto. Basta nos pormos a disposição, no lugar certo, abrindo os nossos corações inconformados com o tão pouco que temos vivido, sedentos por cada dia e cada vez mais de Deus. Famintos e sedentos por uma comunhão mais íntima, mais profunda. Vivendo para sempre nas margens do Rio que alegra a cidade de Deus, nadando para sempre nessas águas, mergulhando eternamente nesse amor e nessa vida. Não se conforme jamais com o que você já alcançou. Há sempre mais e há sempre algo melhor em Deus para nossas vidas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário