Humilhando-se sob a mão de Deus
Portanto, sejam humildes debaixo da poderosa mão de Deus para que Ele os honre no tempo certo.
1 Pedro 5. 6
Eu olho para esse texto e penso em uma situação de injustiça que o povo de Deus tem enfrentado no tempo em que Pedro está escrevendo. No capítulo anterior, o apóstolo ensina que os cristãos não deveriam se admirar da prova de aflição que estão enfrentando, mas sim se alegrar por estarem tendo a oportunidade de sofrerem por amor de Cristo. Vocês serão felizes se forem insultados por serem seguidores de Cristo, porque isso quer dizer que o glorioso Espírito de Deus veio sobre vocês. Se algum de vocês tiver de sofrer, que não seja por ser assassino, ladrão, criminoso ou por se meter na vida dos outros. Mas, se alguém sofrer por ser cristão, não fique envergonhado, mas agradeça a Deus o fato de ser chamado por esse nome (4. 14 – 16).
O contexto em que Pedro escreve é, portanto, o contexto de perseguição injusta. E, quando somos injustiçados e sofremos por causa disso, nossa reação natural, instintiva até, é de auto-proteção, de defesa. Queremos reagir ao mal sofrido da maneira que for preciso. Mas não é isso que devemos fazer. Portanto, sejam humildes debaixo da poderosa mão de Deus para que Ele os honre no tempo certo. Se somos injustiçados, precisamos entregar o controle nas mãos de Deus, nos humilharmos sob Suas mãos.
Mas é aí que está o problema. Nós gostamos de ter o controle de nossas vidas. Gostamos de controlar os nossos passos, de entender o que está acontecendo conosco, de definir os lugares em que queremos chegar e controlar o nosso caminho até lá. Humilhar-se, no entanto, neste caso, é aceitar ceder o controle de tudo em nossa vida. É entregar a direção de tudo ao Senhor, esperando que, no momento apropriado, Deus corrigirá todas as distorções e nos honrará.
Enquanto isso não acontece, a ansiedade é algo praticamente inescapável. Não gostamos, como seres humanos, de sermos dependentes. Quando somos forçados a depender (ao entregar o controle das coisas nas mãos de Quem sabe) e quando a solução que esperamos demora, nasce em nossos corações a ansiedade. Ansiedade que é quase uma aflição degeneradora. Ansiedade que nasce porque não temos o controle de nossos passos.
Ano passado, nós fizemos uma viagem à Recife. Um dia só, todo o pessoal da igreja. Lá, fomos ao Veneza Water Park. Tinha um tobogã aquático chamado Anaconda. Obviamente, o seu formato era o de uma enorme cobra. Você entrava pelas escadas e quando escorregava pelos poucos segundos que levava a aventura, você não via nada. O Anaconda não tem nenhuma iluminação. Você não faz idéia de onde está, nem do que vem a seguir, nem quando chegará na piscina lá embaixo. Para alguns, passar por essa situação é profundamente aflitivo. Você não tem nenhuma possibilidade de controlar seus passos, seus caminhos. Você está rendido à Lei da Gravidade. E é essa impossibilidade de controle da vida que pode gerar ansiedade.
Do mesmo modo, pode acontecer quando você cede a direção de sua vida ao Pai Celeste, mesmo ciente de que Ele sabe o que é melhor, conhece todo o caminho e levará você à melhor situação possível. Ainda assim pode restar a ansiedade. Não sabemos ser dependentes. Quando você desce no Anaconda pode relaxar ao lembrar que sabe onde acaba a aventura, mesmo que não veja onde está no momento. Você pode se projetar para o futuro e pode experimentar certa tranqüilidade. Na vida, você tem uma saída: Entreguem todas as suas preocupações a Deus, pois Ele cuida de vocês (v.7). Nele, você sabe como acaba a aventura.
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