A volta
Se você voltar, eu o receberei de volta, e você será meu servo de novo.
Jeremias 15. 19
Às vezes, como um filho em busca de independência, a gente sai da casa do Pai e anda por aí, sem muito destino, tentando se encontrar. Talvez a melhor descrição desse fato, do ponto vista de nossa relação com Deus, seja dada pela parábola conhecida como do filho pródigo.
Mas, também às vezes, a gente se distancia por motivos exatamente opostos. Não se distancia de Deus simplesmente porque busca a independência dEle. A gente pode se afastar exatamente porque chegou a ser tão íntimo dEle, passou a ser um instrumento na mão dEle e perceber o quão distante muitos dos demais vivem do Deus vivo que conhecemos. Nós passamos a ver o quanto as pessoas à nossa volta estão perdendo por não buscarem a presença do Senhor. Começamos a ver o fim que lhes espera. Começamos a ver as coisas que Deus vê. E isso, por algum motivo, nos desanima e esfria o nosso coração. A gente se afasta de Deus porque se cansa de sermos os únicos e se entristece por causa daquilo que descobrimos sobre os que não O buscam e não O querem. Isso desanima. Isso entristece.
Conheço pessoas que passaram a se desanimar com a Igreja quando começaram a ver o nível de vida que ela vivia, começaram a ver com os olhos que Deus vê. Começaram a ver que ela andava longe do centro da vontade de Deus. Essas pessoas começaram, assim, elas também, um caminho de afastamento do Senhor.
Isso aconteceu, por surpreendente que seja, com Jeremias. O texto que destacamos é prova disso. Deus está falando com o profeta. O profeta acabara de pronunciar uma condenação contra Judá e ainda estava sofrendo com a perseguição dos líderes do povo por causa daquilo que ele estava vivendo com Deus, completamente o oposto da vida do povo. Jeremias começou a se ressentir de seu ministério e de sua vida: Como é dura a minha vida! Por que a minha mãe me pôs no mundo? (Jr. 15. 10). Jeremias começou a se afastar, ao ponto que o Senhor precisa lhe chamar: Se você voltar, eu o receberei de volta, e você será meu servo de novo... você será de novo meu profeta.
Para mim, isso significa que ninguém está isento do risco de se afastar do centro da vontade do Senhor. Um homem de Deus, como Jeremias, no meio do ministério, por causa da tristeza, da mágoa e do ressentimento que cultivou no coração, se afastou. Mas Deus não desiste. E estende a mão para que voltemos.
Ainda há caminho de volta, como houve do Egito e da Babilônia para o povo de Israel. Ainda há caminho de volta, por mais distante que tenhamos ido. Mas o caminho de volta precisa ser para o Senhor. Se voltarmos, precisamos voltar para o Senhor. Não para qualquer sentimento religioso. Não para qualquer tipo de religião. Mas se voltarmos, voltemos para a Cruz. Voltemos para o Deus que deu a Sua vida por nós na Pessoa do Filho. Voltemos para Aquele que nos libertou do império das trevas para o Reino do Seu Filho Amado. Voltemos para Aquele que é a fonte da água da vida, que jorra para a eternidade. Voltemos para o que nos ama com Amor Infinito e Eterno.
Se é para voltarmos, que voltemos para intimidade e comunhão com Deus. Voltemos para a sala do Seu Trono de Graça e Glória. Voltemos para o Centro da Sua Vontade. Voltemos para o Seu Conhecimento. Voltemos através de Jesus e da Palavra, única volta possível.
Voltemos para o ministério, para a vida, para aquilo para o quê Ele nos chamou. Para o quê Ele nos envia. Voltemos, para O servirmos em espírito e em verdade, com tudo o que temos e com tudo o que somos. Com nossos dons e talentos. No ministério, na vocação e na tarefa que Ele nos confiou: você será de novo meu profeta.
Se é para voltarmos para Ele, voltemos enquanto Seus braços ainda estão estendidos para nos receber de volta.
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