28.5.05

O caçador

Mas virá o tempo, e, de fato, já chegou, em que os verdadeiros adoradores vão adorar o Pai em espírito e em verdade. Pois são esses que o Pai quer que O adorem.
João 4. 23

Alguns anos atrás, um amigo que é cantor evangélico realizou um culto para lançamento de seu novo CD no templo central da denominação da qual faz parte. Como boa parte de sua banda é composta por irmãos de outras igrejas e, mais que isso, suas músicas e ministração são extremamente bem recebidas por gente de diversas igrejas, naquele culto o templo estava lotado por pessoas que eram provenientes de outras denominações que não aquela que recebia a celebração.
No início do trabalho, um dirigente foi ao microfone saudar os visitantes, mas fez uma ressalva terrível. Destacou que era um prazer receber os irmãos, mas que, como não era costume naquela igreja louvar ao Senhor com palmas, os visitantes evitassem acompanhar as canções dessa forma. Ele acabou com a liberdade do culto. Liberdade que me faria ver, com clareza, que não seria conveniente cantar com palmas ali. Mas na hora em que isso se transformou em uma regra, quebrou-se a intimidade e comunhão de adoração. Eu não poderia mais louvar ali em liberdade, em espírito e em verdade, porque meu louvor estava condicionado a uma regra religiosa humana.
No diálogo entre Jesus e a mulher samaritana, um dentre tantos temas tratados são as regras religiosas que condicionam os cultos e afastam os fiéis da real intimidade com Deus. A discussão era se era a religião de Jerusalém ou a religião de Samaria que estava correta. A resposta de Jesus nos direciona a entender que não era nenhuma das duas, ao mesmo tempo em que poderiam ser ambas. O essencial não é a forma do culto, o seu lugar, como se estabelece o templo, que regras são obedecidas. Tudo isso é superficial porque o culto real se fundamenta em dois princípios: integridade [em espírito] e sinceridade [em verdade]. A presença desses dois elementos transforma em secundária e desimportante qualquer busca religiosa humana. Não é a busca ou a sede religiosa que contam no culto verdadeiro. Nem a forma da religião. O que importa é que o adorador esteja integralmente e sinceramente envolvido na relação, comunhão, intimidade e adoração a Deus, mediadas por Jesus Cristo e Sua Cruz. Assim, não importa se batemos ou não batemos palmas, não importa se oramos em línguas ou em silêncio. O que importa é um coração quebrantado que se entrega inteiramente e sinceramente nas mãos do Ser Amado. Que se entrega a uma comunhão plena e absoluta com Ele, ouvindo-O e amando-O.
Deus está em busca de adoradores que não se conformem a limites humanos impostos por culturas, por religiões, por tradições, por autoridades. Ele está em busca de pessoas que queiram, acima de tudo, relação com Ele, e não discutir em que templo precisa acontecer o culto, em que forma, em que ordem, que nomes devem ser usados, se tais ou tais manifestações são ou não são santas. Ele busca adoradores que O adorem em liberdade, qualquer que seja a circunstância, adoradores que se importem mais com o Ser Amado do que com as estruturas de culto e religião.
Religião é a tentativa do homem de, desesperadamente, buscar a divindade a fim de se religar a ela. A diferença no processo que Jesus apresenta à mulher samaritana é que na relação com Deus que Ele media não é o homem que está em busca. Deus está buscando. Na relação com Jesus, as coisas mudam de figura porque, aqui, Deus é o caçador. Ele está caçando quem esteja, na terra, disposto a adorá-Lo. Adorá-Lo, acima de tudo, em liberdade, integridade e sinceridade. Disposto a entrar com Ele em uma relação de intimidade e adoração que seja total, absoluta e honesta. A busca, em Jesus, é ação exclusiva de um Deus que nos ama tanto que nos quer atrair a uma vida de profunda comunhão com Ele.
Não importam as regras. Não importam as formas. Disponha seu coração a se entregar totalmente e honestamente, em espírito e em verdade, ao Deus que se fez um de nós em Jesus Cristo, que veio ao mundo buscar o homem e resgatá-Lo do pecado e da morte. Que o amou de tal maneira que morreu numa Cruz para que tivesse vida. Ele está procurando gente que se entregue de verdade a Ele, para vivenciar uma verdadeira comunhão, intimidade e adoração real.

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