3.6.05

Paz na tempestade

Mestre! Nós vamos morrer! O Senhor não se importa com isso?
Marcos 4. 38

Vez por outra a gente sempre enfrenta uma séria dificuldade: não sabemos exatamente como reagir a uma determinada situação. Faltam-nos as palavras que poderiam ser dita, não temos compreensão total do que se sucede, nossos pensamentos não nos ajudam a guiar os passos diante do que se passa. Ficamos mudos por não termos o que dizer, por não sermos capazes de perceber tudo o que acontece, por não sermos capazes de saber que palavras seriam apropriadas.
Geralmente isso se dá quando nos deparamos com grandes dores e tragédias. É comum pensarmos: Fulano não merecia isso! E ficamos meio assim, sem ter o que dizer. É muito angustiante a sensação de querer apoiar, com uma Palavra de Deus, alguém que enfrenta uma grande dificuldade e não termos essas palavras.
Mas eu também costumo ficar sem palavras quando acontece algo ligeiramente diferente. Uma amiga foi convocada a dar notícia a uma irmã que não sabia, até então, que estava acometida de um câncer e seria cirurgiada dessa enfermidade. Toda preparada para um momento difícil, como de fato foi, foi surpreendida e emudecida com a reação da mulher: Você pode cantar aquele hino: “Deus cuidará de Ti!”? As reações de paz, fé e tranqüilidade diante dos piores tormentos também costumam nos inquietar e nos emudecer.
Os discípulos ficaram com raiva de Jesus em uma situação como essa. Estão lá naquele barco, atravessando o lago da Galiléia. Do nada, vem um vento forte, ondas altas se abatendo contra o barco. Os discípulos estão apavorados com aquele tormento. Certamente, é o fim: o barco vai arrebentar e afundar e todos morrerão. Olham em busca de Jesus e O encontram tranqüilamente dormindo, em profunda paz, na parte de trás do barco. A paz de Jesus incomoda aqueles homens: Mestre! Nós vamos morrer! O Senhor não se importa com isso?
Jesus podia dormir em paz porque sabia que estava sempre seguro nas mãos do Seu Pai. Por mais complicada que fosse a situação, era o Senhor quem a controlava, e não o contrário. Por mais terrível que fosse o tormento, podia haver paz naquele barco porque as vidas não correm em vão, mas é Deus quem mantém a história e as controla totalmente. O barco podia estar sendo arremessado para todos os lados, mas Jesus podia ficar em paz porque sabia que aquilo não era definitivo.
No entanto, é interessante perceber que a paz de Jesus incomodou os discípulos. Eles ficaram com raiva. Provavelmente porque não tinha se atinado ainda para o que Jesus podia fazer, mesmo depois de verem tantos milagres extraordinários acontecendo diante de seus olhos. Depois de ter repreendido o mar e o vento, diz Jesus: Por que é que vocês são assim tão medrosos? Vocês ainda não têm fé? (Mc. 4. 40).
É a fé que pode trazer a paz nos momentos de maiores lutas e de maiores dificuldades. É a fé em um Deus que sempre cuidará de nós que pode manter o nosso coração tranqüilo mesmo quando enfrentamos uma doença terrível, como o câncer daquela mulher. É a fé, dos outros, que nos emudece. Porque pela fé deles podemos antever o grande poder de Deus em ação. Pela sua fé, vemos o que Deus pode fazer e calamos diante do Que é muito maior que nós. Que homem é este que manda até no vento e nas ondas?! (Mc. 4. 41).

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