15.9.05

Perdoador

Deus perdoou todos os nossos pecados
Colossenses 2. 13

Vez por outra, é até cíclico, provavelmente em virtude da instabilidade do coração humano, eu me sinto como quem chegou ao fim. Falo especificamente a respeito da relação de graça e amor com o Senhor. Vez por outra me sinto tão pecador que penso que tudo acabou, desespero da própria vida, acho que é o fim de minha relação de perdão com o Pai.
Vejo isso em um texto controvertido de Paulo: Sabemos que a Lei é divina; mas eu sou humano e fraco e fui vendido ao pecado para ser seu escravo. Eu não entendo o que faço, pois não faço o que gostaria de fazer. Pelo contrário, faço justamente aquilo que odeio. Se faço o que não quero, isso prova que reconheço que a lei diz o que é certo. E isso mostra que, de fato, já não sou eu quem faz isso, mas o pecado que vive em mim é que faz. Pois eu sei que aquilo que é bom não vive em mim, isto é, na minha natureza humana. Porque, mesmo tendo dentro de mim a vontade de fazer o bem, eu não consigo fazê-lo. Pois não faço o bem que quero, mas justamente o mal que não quero fazer é que eu faço. Mas, se faço o que não quero, já não sou eu quem faz isso, mas o pecado que vive em mim é que faz. Assim eu sei o que acontece comigo é isto: quando quero fazer o que é bom, só consigo fazer o que é mau (Rm. 7. 14 – 21). Não me importa a respeito de quem e de que circunstância o apóstolo está falando. Não me importa que sentido teológico ou exegético mais profundo ele queira transmitir. Só o que me importa é que eu, como a maior parte dos cristãos sinceros, se identifica ou já identificou, pelo menos uma vez, com esse texto. É que nos tornamos cada vez mais conscientes da santidade do Deus vivo a quem servimos e da impureza e pecado de nossa mente e coração. E nos sentimos como homens e mulheres derrotados. Derrotados pela força de inimigos já destruídos, o que é mais humilhante.
Nessas horas penso ser fundamental se derramar na presença do Senhor para voltar a ouvir, da parte dEle, verdade irrefutáveis e eternas. Coisas que dizem respeito a nós e à nossa relação com o Pai do Céu e que jamais devemos nos deixar esquecer.
Uma dessas verdades é que Deus perdoou todos os nossos pecados. Se me sinto um homem dividido, preciso crer naquilo que é absoluto e irrefutável: ainda que a consciência de pecado me divida, posso estar certo que Deus, em Cristo, perdoou todos os meus pecados, os do passado, os de agora e todos os que vier a cometer. E nada nem ninguém, nem mesmo meus pecados, são capazes de me separar do amor de Deus que se revela em Seu Filho Jesus (Rm. 8. 38 – 39). Por mais dobre que eu seja em minha alma e por mais que eu me afaste do Pai, Ele jamais desistirá de mim ou se deixará levar para longe demais de mim. Não porque eu mereça, porque não mereço, mas porque Ele assim decidiu amar a mim e a você. Um amor que não desiste: Israel, como poderia eu abandoná-lo? Como poderia desampará-lo? Será que eu o destruiria, como destruí Admá? Ou faria com você o que fiz a Zeboim? Não! Não posso fazer isso, pois o meu coração está comovido, e tenho muita compaixão de você (Os. 11. 8).
Deus é um Deus perdoador. Por mais distante que você esteja se sentindo hoje do Seu amor, tente lembrar que nunca é longe suficiente para esse amor que larga tudo em busca de cada um de nós. Ele não desiste de nós. Quando Deus decide se lançar em direção de um relacionamento íntimo e profundo com o ser humano, como fez em Cristo, não haverá obstáculo que o impeça. Nem mesmo a minha e a sua consciência de que não somos merecedores. Não é por sermos merecedores, mas é pela graça. Nossa relação com o Pai começa, prossegue e se concluirá pela graça. Seu amor eterno é que é garantia de nossa vitória e de nosso perdão. Porque Deus é um Deus perdoador. Deus perdoou todos os nossos pecados.

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