Pai, chegou a hora.
João 17. 1
John Stott, em seu livro A cruz de Cristo, descreve uma pintura em que Jesus aparece trabalhando na marcenaria de José, ainda jovem, e sobre Ele se projeta uma sombra em forma de cruz. Para o autor inglês, esse quadro é uma boa metáfora da realidade de que, desde o nascimento, Jesus esperava a Sua hora. E a Sua hora era a cruz. Sua vida na terra se dirigia, sem desvios possíveis, na direção da cruz. Por isso, o diabo tenta o Mestre para que escolha um caminho de glória sem a cruz (cf. Mt. 4. 1 – 11 e Lc. 4. 1 – 13).
A toada do evangelho de João é a expectativa pela hora de Jesus. Desde o início, toda referência das ações e milagres do Senhor é a chegada do momento exato, da hora de Jesus. Já no diálogo com Sua mãe, antes do primeiro sinal em Caná da Galiléia, revela-se a preocupação de Jesus com a Sua hora: Ainda não chegou a minha hora (Jo. 2. 4). E que hora era essa que dirigia os passos do Mestre?
Essa hora chegou na última noite e Jesus revela isso na oração que conhecemos como oração sacerdotal: Pai, chegou a hora. Jesus ansiava, desde o início do Seu ministério, pelo momento em que se revelaria, claramente, nEle e através dEle a glória do Pai que O enviou. Essa era a hora tão aguardada: o momento em que os homens veriam em Cristo a glória manifesta do Pai. Revela a natureza divina do Teu Filho a fim de que Ele revele a Tua natureza gloriosa (Jo. 17. 1).
Essa glória não se manifestaria através dos inúmeros milagres e sinais que Jesus concretizara. Nem se manifestaria por meio das Palavras de Deus que Ele pronunciara. A expectativa da hora de Jesus, o momento em que a glória de Deus se manifestaria através dEle, era a expectativa pela cruz. Era na cruz que a glória de Deus se manifestaria, no juízo sobre o pecado do homem e na certeza do perdão gratuito de Deus para aqueles que assumissem para Si o sentido da morte de Jesus. Era na Sua morte e ressurreição que Jesus manifestaria, de maneira mais vívida, a glória do Senhor a toda terra. E através do anúncio e fé nessa cruz, o conhecimento dessa glória inundará todos os países do mundo.
Jesus aguardava ansioso o momento mais decisivo da história. Ele esperava a Sua hora, a hora em que a glória de Deus se manifestaria de forma plena através do Filho de Deus. Essa hora, finalmente, havia chegado e não havia a chance de que ela acontecesse em momento errado. A glória de Deus se manifestaria apenas no momento exato, apenas naquela hora. Pai, chegou a hora.
Quantos de nós estamos esperando pela hora do Senhor em nossas vidas? Quantos ansiamos para vermos a manifestação da glória de Deus em nós e em nosso favor? Quantos estamos carentes de socorro e ação de Deus em nossas vidas, com graça, livramento? Quantos queremos que Deus glorifique Seu nome em nós através de milagres e ações que tanto necessitamos?
Essa hora vai chegar. Há um momento exato para isso na minha e na sua vida. Há um momento e uma forma exata que Deus fará exaltar a glória dEle em nossas vidas, em nossas lutas, nas nossas dificuldade, em nossos anseios. Não exatamente a hora que mais desejamos ou que mais achamos apropriado que tudo aconteça. Mas Deus vai glorificar Seu nome na minha e na sua vida na hora exata. No momento mais apropriado segundo o critério e o entendimento que Ele mesmo tem dos fatos. Só o Pai sabe a hora dEle em nossas vidas. Não podemos tentar tomar o controle disso, não podemos achar que as coisas estão atrasadas. O Pai sabe a melhor hora. Não podemos nos adiantar, mas apenas aguardar que, no momento exato, possamos ouvir unicamente a voz do Senhor a dizer: Pai, chegou a hora.
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