Como um perfume que se espalha por todos os lugares, somos usados por Deus para que Cristo seja conhecido por todas as pessoas.
2 Coríntios 2. 14
Moro no terceiro pavimento de um prédio. A janela do meu quarto fica praticamente de frente para a porta do edifício, de modo que todos os sons, as falas e os cheiros das pessoas que entram e saem daqui são quase que imediatamente acessíveis a mim.
Sentimos todos os perfumes dos que circulam por aqui. Sentimos os cheiros das pessoas. Muitas vezes corro à janela para tentar descobrir quem vai chegando ou saindo tão bem perfumado. Os cheiros das pessoas se espalham por todos os lados. Por isso, ninguém consegue se esconder e, de vez em quando, posso reconhecer os meus vizinhos pelo cheiro do seu perfume que se impregna no ar.
Como um perfume que se espalha por todos os lugares, somos usados por Deus para que Cristo seja conhecido por todas as pessoas. Paulo nos fala que somos o perfume de Cristo. Como nas pessoas que circulam no meu prédio, o perfume de Cristo se espalha e toca as pessoas à sua volta. Manifestamos, é isso que diz o texto, o cheiro da fragrância do Senhor em nós. O cheiro do Deus que habita em nosso coração.
O perfume de Cristo em nós é a manifestação da contradição. É a contradição da Cruz: ao mesmo tempo em que é o sinal da graça e do amor de Deus, é a manifestação do castigo do Senhor contra o pecado do homem.
A Cruz de Cristo não é apenas a vida para os que crêem, mas é também o juízo da humanidade, ponto decisivo e contraditório da nossa história. E o perfume de Cristo em nós é a manifestação desse juízo: vida aos que crêem, morte para os que se perdem (2 Co. 2. 16). Onde vamos, como cristãos que têm a presença de Deus no coração, levamos o juízo e o amor de Deus na contradição da Cruz, o perfume de Cristo.
E tudo isso é natural. Parece óbvio o que eu vou falar, mas perfume existe para cheirar. Se usamos o perfume, com mais ou menos intensidade, desejamos que as pessoas com quem nos encontramos sintam o cheiro que escolhemos para ser nosso. Porque o perfume está ali para esconder os nossos cheiros naturais, nossos próprios odores. Os nossos cheiros, em geral, se sentidos denunciam nossa falta de limpeza, de higiene e de saúde. Optamos, então, por nos perfumarmos para fazer com que aquele novo cheiro, artificial e espalhado pelo perfume que usamos, se torne o nosso cheiro. Queremos ser reconhecidos, não pelo cheiro de nossas secreções, mas pelo cheiro do doce perfume que usamos.
Do mesmo modo, o perfume de Cristo em nós não é, espiritualmente, o nosso cheiro natural. O cheiro que temos é de nossas secreções: nossos pecados, nossas sujeiras, as marcas de nossa falta de higiene espiritual. O perfume de Cristo é trazido nós pelo Deus que escolhe habitar em nosso coração em plenitude e termina se tornando o cheiro pelo qual somos reconhecidos como cristãos. É o cheiro de Cristo, o Seu perfume, Sua fragrância, doce para os salvos, cheiro de morte para os que se perdem.
O cheiro de Cristo em nós é denúncia contra a humanidade, ao manifestar a graça e o juízo de Deus na Cruz. É a forma mais natural que Deus se utiliza para anunciar o evento mais importante e fundamental da história humana: o homem pecou e ficou carente de uma ação restauradora de Deus. Essa ação foi a encarnação, vida, morte e ressurreição de Jesus. E na Sua morte, naquela Cruz, Cristo condenou o pecado e manifestou graça salvadora. Os que crêem nisso, recebem da graça e sentem o cheiro doce de um perfume de vida. Os que não crêem têm no perfume de Cristo um cheiro amargo de morte.
O perfume de Cristo manifesto em nós, do mesmo modo que os nossos perfumes humanos impregnam naturalmente os ambientes – bastando ser usados e espalhados - , se espalha naturalmente a partir daqueles homens e mulheres que se deixam impregnar em seu interior pela presença santa e transformadora do Deus triúno. E onde quer que eles vão, levam consigo o cheiro de Cristo anunciando a Cruz, a graça e o juízo de Deus.
Desse modo, os que vivem na dimensão da graça de Deus e são em si o perfume de Cristo fazem diferença de vida onde estão. São e sempre serão como o santo descrito por um dos trechos bíblicos mais preciosos para mim, porque sinaliza exatamente o desejo de minha alma enquanto servo, alguém que faz diferença apenas por estar presente: Felizes são aqueles que de Ti recebem forças e que desejam andar pelas estradas que levam ao monte Sião! Quando eles passam pelo Vale das Lágrimas, ele fica cheio de fontes de água, e as primeiras chuvas o cobrem de bênçãos (Sl. 84. 5 – 6). Eu quero fazer essa diferença no mundo, sendo o perfume que manifesta o cheiro de Cristo.
Um comentário:
Dizes:»O homem pecou e ficou carente de uma acção restauradora de Deus».
No meu blogue aludo ao Karma ensinado pelas religiões orientais que dizem que o pecado só se expia com o castigo adequado. Como entender isto? Será que me possas dar uma ajuda?
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