4.2.17

A carta

Senhor Jesus,

Hoje eu senti vontade de escrever uma carta para o Senhor. Não sei bem porque nem sei direito o que direi.
Tu me chamaste, há duas décadas, para uma vida vivida na Tua presença e oferecendo, não somente a Ti, mas ao próximo os dons e os talentos que, sei, Tu me deste.
Há duas décadas eu tenho prazer em ler, meditar e refletir nas Tuas Escrituras - e, é claro, que em 20 anos muitas de minhas crenças fundadas em interpretação da Bíblia se modificaram porque eu mudei, minhas concepções de leitura mudaram, as interpretações mudaram.
Conheci gente - muita gente - que me ajudou a ser quem sou hoje. Não apenas pessoas que cruzaram meu caminho e tocaram a minha vida presencialmente - em salas de aula, em espaços religiosos ou na pura amizade. Houve pessoas que cruzaram a minha vida apenas virtualmente - na forma de um texto, de uma proposta, de um livro.
Todos esses são capazes de nos mudar, Senhor. E eu sei que cada um deles fez o Teu trabalho de transformar um garoto de 17 anos em um servo de 37.
Houve amigos e familiares que chegaram e que se foram. Houve mortes reais e simbólicas que mexeram comigo. Houve lutos e perdas, celebrações e alegrias. Houve aprendizado na dor e na festa. Em todo o tempo, mesmo quando eu não sabia, Tu estavas comigo.
Hoje eu penso no Senhor não como aquele que vai operar um milagre extraordinário para nos livrar da dor e do sofrimento. Para mim, o Senhor é o amigo que segura a minha mão quando dói e quando eu estou com medo, é o companheiro que me beija e abraça quando tudo deu certo e eu festejo.
Por isso, Senhor Jesus, hoje eu quero agradecer pelo Teu cuidado constante comigo. Especialmente nos últimos meses, somente ao Senhor posso tributar o estar vivo. Foi o Senhor que esteve comigo nos piores momentos e me empurrou de volta à vida. Afinal, eu sei que o Senhor é a vida.
É a experiência que temos com o Senhor Ressuscitado que é capaz de mudar para sempre o nosso viver. É saber que o Senhor está vivo que pode nos ajudar a não desistir da vida. É saber que no terceiro dia o Senhor se pôs de pé que nos ajuda a festejar a vida e saber que a dor do momento não é eterna: no terceiro dia ela vai ser substituída pela festa de viver.
Tem sido essa a minha experiência, Senhor. A experiência com o Senhor que está vivendo - um eterno e constante convite à vida.
Lembro que quando estudei o “Celebração da Disciplina” de Richard Foster passei a usar a imaginação na minha relação contigo. Lembro de uma manhã em que estava no púlpito da igreja e o louvor tocava um reggae. Lembro que imaginei o Senhor entrando no templo pela porta da frente e vindo até o púlpito dançando, em festa.
Essa é a imagem que eu quero do Senhor hoje.
Obrigado por tudo. Sempre.

Daniel Dantas Lemos

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