24.2.05

Folhas secas

Somos como folhas secas; e os nossos pecados, como uma ventania, nos carregam para longe. Não há mais ninguém que ore a ti, ninguém que procure a tua ajuda. Por causa dos nossos pecados, tu te escondeste de nós e nos abandonaste.

Isaías 64. 6 – 7.

Não é sem tristeza que constatamos que um versículo como esse traduz bem o que temos vivido nos dias de hoje. Não é muito difícil contemplarmos que a vida com Deus, que foi prezada por milhares no passado, tem sido negligenciada nos dias atuais em prol de coisas que temos julgado serem mais importantes. Desse modo, o lamento do profeta é tristemente verdadeiro para nós. Não há mais ninguém que ore a ti.

Temos perdido uma dimensão fundamental da nossa vida: a dimensão espiritual. E a temos perdido porque temos deixado de lado a única coisa que a pode manter viva e saudável: a oração, a busca pela ajuda do Senhor. Em decorrência disso, não conhecemos mais a Deus.

O pior de tudo é que, nesse processo, cada vez mais somos lançados mais longe do Senhor. Sem comunhão com Ele, não nos convencemos de nossos pecados e não buscamos o Seu perdão. Assim, os levamos conosco, pesando em nossa conta. Não conseguimos deixar de ser como folhas secas. E, os nossos pecados, como uma ventania, nos arrastam para mais distante ainda daquele a quem temos chamado de Senhor. Nada pode impedir que nossas vidas sejam conduzidas por essa ventania para mais e mais distante de Deus. Findaremos por conhecê-Lo ainda menos, por buscá-Lo ainda menos, por orarmos ainda menos. E, nesse círculo vicioso, estaremos perdendo a vida na dimensão que é o projeto que Deus tem para ela.

Deus termina por se esconder de nós. Terminamos por nos sentirmos abandonados por Ele. Não O vemos, não bebemos da sua Água, não usufruímos da Sua comunhão. Afundamo-nos ainda mais longe dEle. É um círculo vicioso que nos conduz para baixo e do qual é extremamente difícil sair.

Acredito que a única chance que temos de romper com isso, de transformar tudo, é por uma tremenda ação sobrenatural do Senhor. Precisamos ser impactados pela presença santa do Deus vivo para que o laço desse círculo vicioso que nos empurra para longe dEle seja rompido. Precisamos estar dispostos a experimentar isso, a experimentar essa comunhão e esse poder, para que essa ventania seja interrompida e não sejamos mais como folhas secas, mas tenhamos a vida do Senhor em nós.

Como gostaríamos que tu rasgasses os céus e descesses, fazendo as montanhas tremerem diante de ti! Elas seriam como a água que ferve em cima de um fogo forte (Is. 64. 1 – 2). Essa oração do profeta deve ser a nossa oração nesses dias de superficialidade espiritual. Deve ser o clamor das nossas almas para que possamos sair da mesmice em que nos encontramos e que nos distancia cada dia mais do nosso Deus.

Se queremos mudar a situação em que estamos precisamos pedir pela presença do Senhor, Aquele que desce dos céus e diante de Quem toda a terra treme, os montes fumegam e se derretem como água. Nossa vida superficial não pode continuar a mesma ao nos depararmos com tamanha glória. A presença do Senhor fará nosso coração tremer, fumegar e se derreter como água, para que o nosso Pai, bom oleiro, possa fazê-lo de novo, santo aos Seus olhos. Se queremos ser salvos dessa superficialidade devemos pedir a Deus que desça do céu e nos impacte e transforme. Precisamos estar dispostos a sermos derretidos diante do Deus santo que desce dos céus.

E podemos estar certos que Deus está disposto a responder essa oração. Tudo o que Ele deseja encontrar no meio do povo é gente que esteja disposta a buscar verdadeiramente a vida de comunhão, impacto e transformação com Ele. Ele se deixará achar por aquele que O buscar verdadeiramente, que clamar para que desça do céu e transforme tudo pelo impacto de Sua Gloriosa Presença. Porque ninguém viu ou ouviu falar de outro deus além de ti, de um deus que faz coisas assim em favor dos que confiam nele (Is. 64. 4).

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