18.2.05

O poder de Deus

Pois não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego; visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé.

Romanos 1. 16-17

Acredito que a maior parte de nós conhece a história da experiência de Lutero que deflagrou a Reforma. Lutero era monge agostiniano com Doutorado em Teologia. Ele se flagelava e se angustiava a cada dia pela consciência de que vivia diante de um Deus Santo. O grande problema era a justiça. Lutero entendia a justiça de Deus como sendo perfeitamente retributiva, ao estilo do que seria o ideal da justiça dos homens: a cada falta, uma pena correspondente.

Essa idéia martirizava o pobre monge. Se a justiça de Deus era isso, não haveria esperança nenhuma de salvação. Porque Lutero estava consciente do miserável pecador que era. Ele podia acertar aqui e ali, mas o conjunto da obra acusava-o perenemente diante de Deus. Tiago lhe lembrava que se guardamos toda a Lei, mas tropeçamos em apenas um ponto, não adianta nada: somos culpados de toda a Lei (2. 10). Se a justiça era retributiva, a única coisa que Lutero poderia esperar era palavra condenatória do Pai: Afastai-vos de mim, já que se sabia um pecador e não havia um justo, nenhum sequer sobre a terra.

Mas aí aprouve a Deus que o professor fosse designado para dar aulas sobre a carta de Romanos. E no início da carta, ele se deparou com o texto que mudou a história. Não, a justiça de Deus não é retributiva. Antes, ela se revela no evangelho, de fé em fé, evangelho que é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê. O justo não é o que age perfeitamente de acordo com a Lei. Esse não existe. O justo é aquele que vive por fé. Fé em Cristo, confiança no evangelho, poder de Deus. Lutero se sentia desesperadamente culpado, desesperadamente perdido. Até se deparar com o sentido das boas notícias de que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. O Justo pelos injustos para os trazer para junto de Si.

O evangelho é o poder de Deus. O evangelho é a mais bela história que poderia ser contada, a história de um Deus que dá seu Filho único para que todo o que crer seja salvo. Pela fé.

Lutero, então, se deu conta de que podemos ter esperança porque o amor de Deus se revela em Cristo Jesus: Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado. Porque Cristo, quando nós ainda éramos fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios. Dificilmente, alguém morreria por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém se anime a morrer. Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores (Rm. 5. 5-8). Por mais complicada que pareça a situação, em Cristo e somente nEle, a esperança pode se manter contra todas as circunstâncias.

Tomar ciência disso implica em entender outras coisas mais. Entender que Deus nos salva do poder da morte e do pecado, do juízo e da destruição eterna. Ele nos salva porque Jesus levou sobre si todas as nossas iniqüidades, todas as nossas culpas, as nossas enfermidades Ele tomou essa coisas sobre Si. O castigo que nos traz a paz estava sobre Ele (Is. 53. 4-5).

Além de tudo, Deus nos faz justos, nos inocenta diante dEle por causa do que Jesus fez naquela Cruz. Porque se pecarmos, Ele é fiel e justo para nos purificar de todo pecado e injustiça. Além disso, justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo (Rm. 5. 1). Quando Deus olha para aquele que põe sua confiança em Jesus, não vê mais os seus pecados ou sua culpa, mas sim o sacrifício daquela Cruz em favor do ser humano pecador.

Por isso, quando você se sentir inseguro, lembre de Rm. 8. 31 – 34: Que diremos, pois, à vista dessas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou o seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura, não nos dará graciosamente com Ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os eleitos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está à direita de Deus e também intercede por nós. Você está mãos do Senhor, de tal maneira, que ninguém poderá arrancar você de lá. Você pertence unicamente ao Senhor e está seguro sob os cuidados do Pai.

Deus mostra a você o amor pelo poder do Evangelho. Porque esse é o Deus que amou tanto que foi capaz de morrer por você, somente para ter você junto a Ele. O amor dEle é a única coisa que pode fazer vida ter sentido. Todas as outras coisas são secundárias se entendermos a profundidade, a largura e a grandeza do amor de Deus. O amor de Deus é o melhor remédio contra a superficialidade da vida.

Quando nos deparamos com o Deus vivo e santo e tomamos consciência de nossa miséria e pecado, podemos deixar aos pés do Senhor o desespero porque o evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego; visto que a justiça de Deus se revela no evangelho, de fé em fé, como está escrito: O justo viverá por fé.

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