14.2.05

O preço do discipulado: calculando o valor (final)

Lc. 14. 28-32

É muito bom ser crente. Seguir a Jesus tem suas vantagens. Mas todo esse texto que trata acerca da vocação para o discipulado é um alerta para os discípulos e os pretensos discípulos de Jesus: meçam bem as conseqüências e as exigências antes que se tornem cristãos. Calculem o preço do discipulado.
Eu acredito que muitos dos nossos problemas com o testemunho da igreja e com a qualidade da vida espiritual dos crentes derivam do fato de que as pessoas estão vindo para a igreja, mas não calculam os custos de ser discípulo. Acham lindo seguir Jesus, mas não percebem o enorme valor que está implicado no discipulado.
Jesus, em outras palavras, está dizendo: “Muito bem. Agora vocês conhecem as minhas exigências. E aí? Estão dispostos a atendê-las?”
Antes que você me diga que não se recorda quais são as exigências, vou lembrá-las. Primeiro, quem não tiver Jesus como prioridade, não pode ser Seu discípulo. Em seguida, quem quiser seguir seu próprio caminho, não pode ser Seu discípulo. E, também, quem não renunciar a tudo, não pode ser Seu discípulo.
Para demonstrar a necessidade de calcular o preço, Jesus usa primeiro o exemplo da construção de uma torre (v. 28-30). O construtor deve calcular o quanto vai gastar e se tem os recursos necessários, para que não venha a parar a obra no meio do caminho, incapaz de concluí-la. O texto diz que as pessoas começam a zombar do construtor da torre incompleta (v. 30). É como quando a gente ouve frases como: Mas... e não era crente? Como pôde fazer isso? Uma vergonha para o Evangelho, resultado da dificuldade em calcular o valor do discipulado.
A comparação de Jesus continua com a história de um exército pequeno que vai enfrentar um exército bem maior. Dez mil homens podem enfrentar 20 mil em igualdade de condições? Se não, o exército menor precisa evitar o conflito, precisa chegar a um acordo. O desafio imposto por essa estória ao nosso discipulado é saber se temos condições de assumir os compromissos do discipulado. O Jesus que nos chama a sermos discípulos radicais dEle mesmo, ao mesmo tempo nos desafia a calcularmos o preço, a termos ciência se podemos assumir os compromissos implicados.
Jesus está estimulando os seus possíveis discípulos a que pesem bem a situação na qual vão entrar. É preciso amar mais Jesus que à família, que à própria vida. É preciso amar mais Jesus que a liberdade de escolhermos os nossos caminhos. É preciso amar mais a Jesus que os recursos e bens desse mundo. Ser discípulo é viver uma vida nessa dimensão.
Grandes multidões acompanhavam Jesus naqueles dias. Mas não tinham muito compromisso com Ele. Do mesmo modo, grandes multidões têm acompanhado Jesus hoje em dia. Mas com que grau de compromisso? Será que calcularam o custo do discipulado? Jesus é a sua maior prioridade na vida?
Este texto de Lucas me faz lembrar o trecho de João 6, quando muitos deixaram Jesus após um discurso desafiador do Mestre. Acredito que algo assim aconteceria em nossas igrejas se mais gente prestasse atenção à Palavra de Jesus: as pessoas terminariam deixando as igrejas porque não estariam dispostos ao compromisso radical com Cristo.
Grandes multidões acompanhavam Jesus. O desafio dEle para nós é que não sejamos mais um na multidão, e sim, sejamos verdadeiros discípulos.

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