28.3.05

As regras da Guerra

E foi na Cruz que Cristo se livrou do poder dos governos e das autoridades espirituais. Ele humilhou esses poderes publicamente, levando-os prisioneiros no seu desfile de vitória.
Colossenses 2. 15.

Quando eu vejo filmes ou documentários sobre guerras me impressiona o simples fato de que os conflitos têm regras. Recentemente ouvimos muito falar, por exemplo, sobre a Convenção de Genebra, que não é menos que um regulamento mundial sobre as Guerras.
Às vezes você encontra passagens na Bíblia e na história em que os homens falam e respeitam estranhas regras sobre guerras. Na famosa passagem de Davi e Golias, por exemplo, nós vemos o desafio filisteu de que se algum judeu fosse capaz de derrotar o seu campeão, os filisteus seriam escravos de Israel. No filme de Mel Gibson, O Patriota, que descreve a Guerra da Independência dos Estados Unidos, os ingleses ficam terrivelmente furiosos com o personagem de Gibson porque este matou, em um campo de batalha, os líderes da tropa. Isso era contra as regras da guerra. Regras sobre guerras para mim representam um contra-senso muito humano. Os homens são capazes de escreverem regulamentos para controlarem as ações de guerra, chegando a acordo acerca disto. Então, por que não são capazes de chegarem a acordos que impeçam as guerras?
Nós, cristãos, estamos em meio a uma batalha. Travamos uma Guerra. E essa guerra não tem regras muito nítidas. A maior parte das vezes, o que é pior, nossos inimigos ainda nos são invisíveis. Mas a realidade é que estamos em uma cruel guerra, na qual, cedo ou tarde, podemos ser mais ou menos feridos.
Muitas vezes, porém, não levamos a sério a realidade desta guerra. Provavelmente porque nossos inimigos não são a carne ou o sangue, mas principados e potestades espirituais. São adversários invisíveis aos olhos humanos. Nós nos deparamos com guerreiros cruéis, que não respeitam regras, que agem da maneira mais terrível a fim de conseguir seus objetivos. E, para nossa desgraça, a maior parte do tempo, estamos no meio do campo de batalha sem nos apercebermos que há uma guerra sendo travada em nosso redor. Estamos perdidos, como cegos em tiroteio. Sermos feridos, às vezes mortalmente, é inevitável.
Essa Guerra não tem regras. Pelo menos que nós possamos conhecer. Mas nós podemos nos precaver de sermos apanhados de surpresa pelas ações do campo de batalha. Mais que isso: podemos nos preparar para entrarmos na luta.
Apesar de ser uma luta sem regras, há um princípio absoluto que precisa nos conduzir na batalha. Os nossos inimigos são adversários derrotados. O resultado da Guerra já foi absolutamente definido na Cruz do Calvário: E foi na Cruz que Cristo se livrou do poder dos governos e das autoridades espirituais. Ele humilhou esses poderes publicamente, levando-os prisioneiros no seu desfile de vitória. Cristo já os venceu na Cruz. É a partir deste ponto que podemos entrar na Guerra. Essa é uma batalha do Senhor e ela já tem um resultado definitivo, apesar de todo poder mortal que os inimigos apresentam. É no nome de Jesus e por Seu Sangue que a vitória já foi alcançada.
Uma outra coisa, que se deriva desta, é que não podemos estar perdidos no meio do campo de batalha, sem saber o que fazer, como cegos em tiroteio. A partir do instante em que fomos arregimentados nas forças do Deus da Glória somos soldados dessa Guerra. E o soldado não vai à batalha de qualquer jeito. Vistam-se com toda a armadura que Deus dá a vocês, para ficarem firmes contra as armaduras do Diabo. Pois nós não estamos lutando contra seres humanos, mas contra as forças espirituais do mal que vivem nas alturas, isto é, os governos, as autoridades e os poderes que dominam completamente este mundo de escuridão. Por isso peguem agora a armadura que Deus lhe dá. Assim, quando chegar o dia de enfrentarem as forças do mal, vocês poderão resistir aos ataques do inimigo e, depois de lutarem até o fim, vocês continuarão firmes, sem recuar. Portanto, estejam preparados. Usem a verdade como cinturão. Vistam-se com a couraça da justiça e calcem, como sapatos, a prontidão para anunciar a boa notícia de paz. E levem a fé como escudo, para poderem se proteger de todos os dardos de fogo do Maligno. Recebam a salvação como capacete e a Palavra de Deus como a espada que o Espírito Santo lhes dá. Façam tudo isso orando a Deus e pedindo a ajuda dele. Orem sempre (Ef. 6. 10 – 18).
Precisamos estar atentos para sabermos quem somos, onde estamos e o que estamos fazendo. Mesmo que a vitória final já tenha sido garantida por Jesus na Cruz, a batalha pode nos ferir mortalmente. É preciso sabermos que somos guerreiros no meio da batalha. Sabermos que as forças do Senhor contam conosco. Logo, precisamos nos vestir das roupas de guerreiros do Senhor. E mais que isso. Não podemos desprezar nem a realidade dessas coisas, nem o poder que ainda tem o Maligno. Não podemos desprezar o poder de nosso adversário. Esses homens têm visões que os fazem pecar contra o próprio corpo deles. Desprezam a autoridade de Deus e insultam os gloriosos seres celestiais. Nem mesmo o arcanjo Miguel fez isso. Na discussão que teve com o Diabo, para decidir quem ia ficar com o corpo de Moisés, Miguel não se atreveu a condenar o Diabo com insultos, mas apenas disse: “Que o Senhor repreenda você!” (Jd. 8 – 9).
Estamos em guerra. A nossa vitória vem do Senhor. Mas, para isso, precisamos tomar em consideração toda seriedade da batalha em todos os seus aspectos. Sempre.

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