2.4.05

Onde está Deus?

Diz o insensato no seu coração: Não há Deus

Salmo 14. 1

Não são raras as ocasiões em que as pessoas se questionam, ou nos questionam, perguntando: Onde está Deus? Nas grandes tragédias, como na Tsunami do ano passado; nos momentos de dor e morte, como em chacinas em que se mata, de graça, 30 pessoas no Rio de Janeiro. Momentos de mal e dor, pratos cheios para o desafios dos incrédulos.

O mundo, boa parte das vezes, parece provar que a fé em um Deus bondoso e de amor não é outra coisa senão uma grande mentira. Qualquer piedade, quando sentimento religioso, é visto como tolice. O problema do mal, o problema da dor, o dilema da morte, parecem atentar contra a realidade da presença do Deus vivo no nosso meio. Um Deus que é Senhor do universo e tem todas as coisas nas Suas mãos.

Dizem os que duvidam de Deus, diante grandes dores e tragédias, que se há um Deus, ou Ele não é Todo-Poderoso, e, por isso, não pode evitá-las, ou não é Bondoso e Amoroso, por isso, as deixa acontecer.

Se o nosso olhar for um olhar puramente humano, será impossível não darmos certa razão a essas críticas. Mas a nossa visão não parte de qualquer ponto humano. Devemos olhar a vida sob o prisma da Palavra de Deus. Sob esse prisma, não é tolo o que crê em um Deus Poderoso e Bom no universo. Antes, ao contrário, o tolo, o insensato, é aquele que diz no coração que não há Deus. Mas afirmar isso é reafirmar o aparente contra-senso: Deus é bom e poderoso e o mal continua reinando no mundo.

Isso me faz pensar em dois relatos que se contam sobre os dias no Campo de Concentração de Auschwitz, onde os nazistas mais mataram gente. Conta-se que um grupo de judeus assistia enquanto um oficial alemão espancava uma criança judia no campo de concentração. Após certo tempo, ele a matou com um tiro. Nesse momento, ouviu-se alguém perguntar: Onde está Deus? Ao que foi respondido: Estava ali, com aquela criança.

Um outro relato é de um fato ocorrido alguns anos depois da Segunda Guerra. Em um debate entre alguns teólogos e filósofos famosos, um dos teólogos debatedores parafraseou uma fala de um poeta e disse que era possível orar depois de Auschwitz porque se orava em Auschwitz.

Não acredito em respostas para a questão do mal. Não acredito que qualquer um tenha uma resposta, nem que precisamos tê-las. Não acho que a fé em Cristo nos dá todas as respostas. Não consigo entender nem jamais poderei entender isso. Mas sei de uma coisa: o Cristo a quem amo está sempre comigo, sempre conosco, mesmo no meio das maiores tragédias. Essa é a grande coisa do que Deus faz por nós. E é a grande certeza que podemos ter de que, ao contrário do que pensa o tolo, há um Deus.

O evangelho de João está repleto de promessas a esse respeito: Não vou deixá-los abandonados, mas voltarei para ficar com vocês ... A pessoa que me ama obedecerá à minha mensagem, e o meu Pai a amará. E o meu Pai e eu viremos viver com ela... Continuem unidos comigo, e eu continuarei unido com vocês (Jo. 14. 18; 23 e 15: 4). E, estando com Cristo, poderemos entender que mesmo que não saibamos o porquê do mal, podemos passar por ele, porque Ele está conosco: Eu digo isso para que, por estarem unidos comigo, vocês tenham paz. No mundo vocês vão sofrer; mas tenham coragem. Eu venci o mundo (Jo. 16. 33). Enfim, tolo é o que não se lembra que, quando subiu ao céu, Jesus não prometeu o fim do mal no mundo, mas que estaria conosco por todos os dias, até o fim dos tempos (Mt. 28. 20).

Jesus nunca nos prometeu que nos livraria da tragédia, do mal e da dor. Não. O cristianismo não é a mensagem de uma boa vida por todo o tempo. Mas a mensagem da Cruz de Cristo ensina que Ele sempre estará conosco. Ele pode não impedir que enfrentemos a dor, mas com certeza Ele estará conosco quando passarmos por ela, enxugando a nossa lágrima e fazendo com que a dor e o sofrimento sejam mais fáceis de suportar. Porque, sim, há um Deus. Houve um Deus em Auschwitz. Há um Deus na baixada fluminense. Há um Deus no meio das vítimas da Tsunami.

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