2.3.05

Sem conhecimento

Quem é aquele, como disseste, que sem conhecimento encobre o conselho? Na verdade, falei do que não entendia; coisas maravilhosas demais para mim, coisas que não conhecia. Escuta-me, pois, havias dito, e eu falarei; eu te perguntarei, e tu me ensinarás.

Jó 42. 3 – 4.

Há uma pitada de humor nessa história de Deus com Jó. Jó passou tanto tempo clamando para que Deus viesse lhe mostrar onde ele havia errado, qual era o seu pecado, explicar o porquê de tudo que estava acontecendo. Finalmente, o Senhor veio, e por quatro capítulos (38 – 41) como que pôs Jó no seu devido lugar. O discurso de Deus poderia ser entendido como que o Senhor dissesse: Você realmente quer comparar minha inteligência, meus motivos e o meu poder com você? Você realmente quer medir forças comigo, que criei o Universo e tenho tudo sob controle?

Numa linguagem popular, Jó termina pagando um mico. E em resposta diz algo que pode ser traduzido por: Que bobagens que eu andei falando! Jó reconhece que a mente humana, a sua mente, não é capaz de alcançar a dimensão dos juízos, da vontade e da sabedoria de Deus. Ele não seria capaz, jamais, de compreender todas as coisas que fazem parte do plano de Deus, porque Ele é o Alto e Sublime que habita em luz inacessível.

Jó reconhece, por mais difícil que isso seja, que Deus tinha motivos amorosos para fazer o que fez e para permitir o que permitiu. Mesmo que não pudessem ser imediatamente compreendidos nas limitações do homem. Ele termina por entender que os pensamentos de Deus são mais altos que os nossos pensamentos.

A fala de Paulo na carta aos Romanos parece ecoar essa exclamação de Jó: Ó profundidade da riqueza da sabedoria e do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos e inescrutáveis os seus caminhos! Quem conheceu a mente do Senhor? Quem foi o seu conselheiro? Quem primeiro lhe deu, para que ele o recompense? Pois dele, por ele e para ele são todas as coisas. A Ele seja a glória para sempre. Amém (Rm. 11. 33 – 36).

Como Jó, somos convidados a reconhecer que, independente de tudo, a sabedoria de Deus é maior que nossa capacidade de compreensão. A sabedoria de Deus é infinita e Sua vontade é sempre boa, agradável e perfeita. Por isso, mesmo quando tudo parecer difícil, saiba que Deus tem sempre o melhor para nós. Ele sempre faz o melhor.

O mais fantástico disso tudo é que Jó reconheceu que tudo o que Deus havia feito ele passar era o melhor para a sua vida. Vendo o fim de tudo, onde Deus queria chegar e onde queria levá-lo, a realização do propósito final que o Senhor tinha nessa história, Jó pôde dizer que, quando reclamava de que Deus estava sendo injusto ou o odiava, falava do que não entendia; coisas maravilhosas demais para mim, coisas que não conhecia.

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