24.7.05

Pão

Isto é o meu corpo.
Marcos 14. 22

Agora há pouco, em minha igreja, o ministério de louvor conduziu um antigo cântico, conhecido de muitos: Corpo e Família. Durante a ministração, Deus me falou que ia me mostrar algo sobre a comunhão em minha igreja. Então, eu vi uma fita de presente que, ao se fazer laço, deixava à vista a corrosão de partes inteiras. A fita não podia fechar e embelezar nada porque estava partida e incompleta. Descontínua. Em seguida, em sua mensagem, meu pastor se referiu aos nossos problemas de relacionamento como um de nossos mais sérios indícios de falta de conversão, crescimento e vida com Deus.
Nos últimos dois dias, em particular hoje, em virtude da realidade do retiro em que estava, pensava sobre a comunhão da igreja. Celebramos a Ceia no encerramento hoje pela manhã. E passei a meditar sobre o pão, o Corpo e a Igreja. Isto é o meu corpo.
Jesus afirma, na instituição da Ceia, que o pão, a partir daquele instante, de uma forma espiritual, é o Seu Corpo. Há uma clara conexão entre o Pão e a Igreja, já que Paulo nos diz que, como Igreja, somos o Corpo de Cristo (1 Co. 12. 12 – 27). Por essa razão, fiquei pensando em nossos problemas de relacionamento e de vida a partir da imagem do pão.
Uma comunhão quebrada no seio do Povo de Deus é como um pão mal-feito. Entre tantos problemas que podem gerar pães mal-feitos, um deles se refere à qualidade do trigo. Antes de sermos uma massa que se tornou pão no forno, éramos grãos de trigo. E para que cheguemos a ser pão, que tem unidade de propósito e integridade, precisamos passar por e respeitar todas as etapas de um processo que tende a ser doloroso. O grão se torna parte do todo que é o pão.
Em primeiro lugar, somos colhidos. Somos arrebatados com violência da planta que nos gerou. Quando estamos de maneira mais plena usufruindo a paz e a tranqüilidade de nossa posição, somos arrebatados. Somos lançados ao chão. Arrancados. É necessário que passemos por essa violência. Precisamos ser arrancados da segurança de nosso coração, de nossos projetos, de nossa família, de nossa vida. Precisamos experimentar uma situação em que aprendamos, mesmo com dor, que toda aquela segurança – ilusória – não vale nada na construção do plano de Deus em nossas vidas. Precisamos ser colhidos, arrancados com violência do seio onde nos sentimos seguros atualmente.
Agora, o grão precisa se tornar farinha. Ele será quebrado, moído, esmagado, em um processo conduzido e controlado por Deus. Todo grão, que fará parte deste pão, precisará passar por esse moedor de Deus. Mais cedo ou mais tarde, Deus conduzirá nossa vida a essa situação. Mais cedo ou mais tarde, Ele nos quebrará como grão para nos fazer farinha. Nessa hora, precisamos saber que essa ação não é de ninguém menos que o próprio Senhor.
A farinha se tornará massa. Amassada por Mãos Delicadas, enchida com fermento do Espírito, ela passará por um momento de crescimento. Não antes de ser amassada, reitero. Agora o grão não é mais um ser individual e solitário. Agora ele é massa, unido com os outros. Amassado com os outros. Crescendo com os outros.
Mas essa massa ainda está crua. É preciso que ela vá ao forno. É o momento de passar pelo fogo. É preciso saber o tempo ideal. Tempo de menos pode deixar o interior da massa cru e estragar o pão. Tempo de mais pode queimar a massa, o que estragará o pão de igual modo. Mas é somente depois desta etapa, que finaliza todo processo – doloroso – que o grão tornou-se pão, um pão com unidade de propósito e integridade.
Se o processo não for respeitado, desde o inicio, desde a colheita do grão, o grão persistirá, sem ser essencialmente transformado. Não haverá quebrantamento, rendição, forno. O pão nunca será um todo uniforme. Disforme, não cumprirá o seu propósito. Não alimentará a fome do mundo e corre o risco de ser cuspido e lançado fora, por não prestar. E o laço da fita nunca será perfeito. Como grãos, precisamos nos dispor a sermos moídos e entrarmos nesse processo de sermos um pão único.

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