Quando cheguei lá, vi que havia muitas árvores nos dois lados. Então, Ele me disse: - Esta água corre para o leste e desce até o rio Jordão e até o mar Morto. Quando entra neste mar, ela faz com que a água salgada do mar vire água doce. Em todo lugar por onde esse rio passar, haverá todo tipo de animais e de peixes. O rio fará com que as águas do mar Morto fiquem boas e ele trará vida por onde passar.
Ezequiel 47. 7 – 9
A imagem do rio da vida correndo do trono de Deus e espalhando a presença do Espírito Santo por onde passa é uma daquelas que mais me atrai e emociona no texto bíblico. Especialmente o relato que faz o profeta Ezequiel desse rio que, vindo da parte de Deus, traz vida e fruto onde quer que passe. Sendo capaz, inclusive, de fazer do mar Morto um mar de vida. O rio do Senhor é o que mais importante podemos usufruir e viver na presença dEle. Ele é a fonte de nossa vida. Ele corre e nos conduz nas suas águas ao centro da Sua vontade, às experiências da vida plena e vida eterna com Deus.
É por isso que me preocupam fenômenos como aqueles que posso chamar de assoreamento espiritual do rio da vida. O que é assoreamento? É a deposição de material das margens dos rios em seu leito, provocando o seu aterramento. Quer dizer, quando vemos um rio em processo de assoreamento estamos vendo-o morrer. Ele está sendo enterrado aos poucos e a vida que ele leva está sendo eliminada à sua volta. O resultado do assoreamento é o aterramento ou entulhamento de áreas mais baixas e a conseqüente morte de toda a bacia. O assoreamento relaciona-se à degradação do meio ambiente, especialmente ao desmatamento das suas margens, o que as expõe à intensificação dos processos erosivos provocados pelos ventos, chuva e ação humana. Além disso, com a erosão das margens, os rios transbordam com facilidade, provocando enxurradas e enchentes constantes.
Muitas vezes me angustio ao olhar a minha própria vida e a vida de muitas pessoas à minha volta. Eu tenho nos visto em pleno processo de devastação das margens do rio da vida que quer correr entre nós. Nossas ações ou mesmo omissões têm contribuído para a destruição das margens e do leito do rio. Estamos tentando, ainda que não tenhamos consciência disso, aterrar o fluxo do rio do Senhor em nossa vida. Seja com nossos pecados inconfessos, seja com ações irrefletidas, seja com práticas que não se coadunam com a vontade de Deus em nossa vida. Estamos enterrando o rio e vamos, por conseqüência, nos entregando à morte que reina onde esse rio está impedido de fluir.
Além dos fatos da vida que contribuem com o assoreamento de nossa vida espiritual, muitas vezes estamos nós mesmos a enterrar o leito do rio com nossas próprias mãos. No afã de fugir da presença de Deus que já nos condena, no temor que temos de ser transformados pela santidade do Senhor, preferimos, mesmo sem consciência disso, trabalhar para que o rio não flua. O fluir do rio nos desafia a transformações que não estamos dispostos a vivenciar e experimentar. Estamos derrubando as árvores da margem, estamos tirando as plantas das margens, estamos enterrando o rio com as próprias mãos. O que nos virá?
Um rio assoreado é fonte de destruição. As enxurradas e enchentes decorrentes da ação humana levam todas as coisas à sua volta. Somos culpados contra nós mesmos, porque estamos trazendo destruição às nossas vidas. Somos culpados por impedir que a vida do Senhor chegue a corações carentes que dependiam de nós mesmos deixarmos o rio fluir. Somos culpados porque a destruição que nos atinge por nossa ação atinge também as pessoas à nossa volta. O rio do Senhor vai abrir seu leito, ainda que seja com nosso dano próprio. E, depois, quando não houver mais leito para ser aberto, não haverá mais fluxo de água, de vida, e estaremos entregues à morte.
É hora, então, de revertermos o processo de assoreamento. Conscientes do que estamos fazendo, é hora de nos movermos na direção do Senhor e do Seu poder, confessando diante dEle todas ações que porventura estejam contribuindo no assoreamento do Seu rio. É hora de pedirmos a Ele misericórdia e reiniciarmos a nossa caminhada. É hora de buscarmos a vida que está nas Suas águas, de fluirmos nos Seus rios, de querermos ainda mais a Sua presença. É hora de abrirmos mão da luta contra a transformação que a Sua santidade quer gerar em nós. É hora de pararmos de fugir da presença do Senhor. É hora de permitirmos o livre fluir restaurador, transformador e vivificador do rio do Senhor em nossas vidas. Em nosso meio. Vidas, além da nossa própria, dependem disso porque o Senhor quer fluir através de nós para abençoar aqueles à nossa volta. É hora de se pôr, rendido, na presença do Senhor, disposto a ser aquilo que Deus quer que sejamos. É hora de aproveitar a vida do Senhor levada pelo rio de água da vida. É hora de mergulhar na intimidade e bênção de Deus.
Um comentário:
Pois é, meu irmão! É hora de mergulharmos nesse rio! Cada vez mais sinto que os filhos de Deus têm de ser revigorados por esse rio... esse rio transformador!
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