Cantarei ao Senhor porque Ele conquistou uma vitória maravilhosa.
Êxodo 15. 1
Esta noite uma doce e preciosa amiga vai estar, junto com sua turma de formandos em fonoaudiologia, prestando culto em ação de graças a Deus pela vitória da conclusão do curso. De ontem para hoje fiquei pensando no significado que isso costuma ter em nossas vidas e nas coisas que passam pelas nossas cabeças em termos de vitória e de desafio. Coisas que são aplicáveis a qualquer de nós, em qualquer circunstância.
Fiquei pensando, acerca disso, em dois momentos da história de Israel separados um do outro por alguns meses. O primeiro deles é a celebração à margem do Mar Vermelho, manifestada no texto bíblico pelos Cânticos de Moisés e de Miriam. Cantarei ao Senhor porque Ele conquistou uma vitória maravilhosa. Após quatrocentos anos de escravidão no Egito, Deus ouviu o clamor do Seu povo, viu o Seu sofrimento e desceu a fim de livrá-lo (Ex. 3. 7 – 8). Mas essa ação de libertação não foi fácil. A dureza do coração de Faraó, e um tanto de dureza também no coração do povo, dificultaram em muito as coisas.
A luta foi terrível. Os momentos foram difíceis em extremo. O povo se desanimou várias vezes porque não via solução para sair daquela situação tão complicada. Mas a luta não estava nas mãos dos escravos hebreus. Era um luta do Senhor Deus. Foi Ele quem veio intervir na história humana para, com Sua mão de poder, libertar o Seu povo. E fez isso, passando por cima das dificuldades e arrancando Israel de lá à força.
Primeiro, Ele enviou dez pragas, a última delas a morte dos primogênitos. Agiu poderosamente contra a terra do Egito. Em seguida, nos primeiros momentos da caminhada até Canaã, Faraó se arrependeu de ter deixado o povo judeu ir embora e decidiu perseguí-lo. Na travessia do mar que se abriu para o povo passar, os exércitos de Faraó foram engolidos pelas águas. Naquele dia o Senhor salvou o povo de Israel dos egípcios, e os israelitas os viram mortos na praia (Ex. 14. 30).
Muitas horas em nossa vida, e isso é especialmente verdade quando enfrentamos a luta diária de um curso de graduação, as circunstâncias são tão terríveis quanto aquelas que enfrentou Israel no Egito e nos seus momentos de libertação. A luta é intensa, pensamos em desistir, sabemos que não temos força. Mas podemos lembrar que essa luta não é nossa, mas é do Deus a quem pertencemos. É só se entregar a Ele e ter certeza de que Ele age poderosamente e maravilhosamente para nos dar vitória.
Por isso, no fim de um processo como uma graduação, ou em qualquer momento em que ficamos cientes de que sem Deus não poderíamos ter alcançado vitória, podemos repetir, com intensidade, o Cântico de Moisés: Cantarei ao Senhor porque Ele conquistou uma vitória maravilhosa. Foi Ele, e não nós, que conquistou a vitória que celebramos. Esse é o motivo de rendermos graças a Ele.
Mas o momento em que terminamos uma graduação, eu me lembro, também conduz outro sentimento. Temos medo do futuro e dos desafios que não conhecemos. Com um diploma na mão, que garantia temos de emprego? O que se reserva a nós? Isso se aplica, mais uma vez, a qualquer circunstância na vida. Quantas vezes, diante da vitória que o Senhor nos deu, tememos por não termos idéia do que vem à frente? É por isso que lembro de um outro momento, meses depois da travessia do mar, sobre o qual já falei em outro momento.
Números 13 conta a história dos espiões que o povo enviou, sob ordem de Deus, para conhecer a terra prometida. Após quarenta dias, eles voltaram, relatando a riqueza do lugar, ao mesmo tempo que constataram a sua fragilidade diante do povo da terra. Eles se virão como se fossem gafanhotos diante daquele povo forte e das cidades muradas. Temeram enfrentar aquele futuro incerto. Esqueceram que ia sob a Palavra do Senhor para conquistar a terra, o mesmo Deus que meses antes tinha agido de maneira maravilhosa para livrá-los do Egito.
Temer o futuro é próprio da nossa incapacidade de prevê-lo e entendê-lo. É natural. Mas esse medo não deve nos atrasar ou paralisar. Somos convidados, diante do inusitado que está a nossa frente, a confiar em Deus e tomar a vitória que Ele já conquistou em nosso futuro. Nossa resposta diante dos gigantes diante de nós, da sensação de nossa fragilidade, deve ser a de Josué e Calebe, que se entenderam frágeis, mas confiaram na promessa do Senhor: Vamos atacar agora e conquistar a terra deles; nós somos fortes e vamos conseguir isso! (Nm. 13. 30). Eles se sabiam fortes, não em si mesmos, mas por causa do poder de Deus que já havia se manifestado antes em seu favor.
Em um momento em que se celebra a vitória conquistada pelo Senhor, como um culto de formatura, somos desafiados também pelo futuro. E podemos temê-lo por não contemplá-lo ou entendê-lo ainda. Nossa atitude, mesmo com temor e tremor, não pode nos atrasar. O povo de Israel, no episódio de Números 13, não deu ouvidos a Josué e Calebe. Preferiu ouvir o lamento dos outros dez espiões. Por isso, o povo foi conduzido por Deus a passar ainda quarenta anos no deserto, antes de tomar posse da terra.
Se o medo do futuro nos paralisar, se não formos capazes de depender e confiar nessa hora no poder maravilhoso do Senhor Deus que já conquistou outras vitórias maravilhosas por nós, estamos condenados a andarmos em círculos no deserto de nossas vidas por até quarenta anos. Cantamos a vitória do momento, conquistada pelo Deus dos Exércitos. Tememos o futuro que não vemos, mas o Senhor está vindo a nós lembrando que Ele continua o mesmo. Aquele que guiou a nossa a vida e a nossa vitória até aqui, continuará nos conduzindo às Suas vitórias e ao futuro e esperança que Ele tem para nós (Jr. 29. 11).
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