26.9.05

Descanso na luta

Então o sacerdote deu a Davi os pães sagrados.
1 Samuel 21. 6

Quando enfrentamos uma enorme luta é praticamente inevitável quedarmo-nos profundamente cansados mais à frente. A luta intensa gera extenuação. É uma conseqüência natural.
Tenho vivido, nos últimos dias, uma luta espiritual extenuante. De repente, Deus cruzou a minha vida com uma série de pessoas cegadas por Satanás a quem tenho testemunhado, o mais intensamente possível, da maravilhosa graça de Jesus. E as conseqüências do meu testemunho, em minha vida, têm sido uma invisível, constante e terrível luta que tem me deixado espiritualmente cansado.
Esta luta se assemelha a uma perseguição em que todas as forças de um inimigo se lançam contra um praticamente indefeso homem. Como se todas as forças das trevas se levantassem contra um só. Mas, por mais poderoso que seja o ataque, nessas batalhas, podemos crer, as forças do diabo já foram derrotadas. E a vitória nessas batalhas é garantida pelo simples e maravilhoso fato de que foi conquistada, uma vez por todas, por Jesus na cruz. Ali, Ele esmagou a cabeça da serpente (Gn. 3. 15). Ali, Ele destruiu as obras do diabo (1 Jo. 3. 8). E foi na cruz que Cristo se livrou do poder dos governos e das autoridades espirituais. Ele humilhou esses poderes publicamente, levando-os prisioneiros no seu desfile de vitória (Cl. 2. 15).
Apesar da vitória ser garantida e de Satanás ser um adversário derrotado, as batalhas são renhidas. Imagino os valorosos guerreiros do Senhor, vencedores ao fim e ao cabo, como homens e mulheres, cobertos pela armadura do Senhor, armadura, porém, marcada pelos ataques adversários. Somos homens e mulheres que até mesmo estamos feridos por alguma distração na luta. As forças pessoais minguaram. Tudo o que precisamos é descanso, como um soldado medieval que retorna ao lar depois de meses de campanha em terras distantes. Como o personagem de Russell Crowe voltando para casa em Gladiador.
É nesse ponto que lembro de Davi fugindo do rei Saul. Uma fuga repentina, de um homem injustiçado e praticamente só. Aflito e cansado da correria, Davi vai ao melhor lugar para encontrar descanso, a tenda do Senhor em Nobe.
Faminto e cansado, o futuro rei de Israel precisa de renovo de suas forças. E é no templo que ele vai buscar o que precisa. E é no templo que ele é alimentado pelo pão do Senhor, os pães da proposição, sinais da vida do Senhor no meio do povo.
Não é difícil caminhar daqui para entendermos o que podemos fazer quando o cansaço das batalhas nos abate. Quando extenuados estivermos pelas lutas espirituais em que nos metemos no nosso dia a dia, essa história de Davi pode nos inspirar. Porque, primeiro, cansado da fuga, ele busca refúgio na presença do Senhor. Ele vai à tenda em Nobe, pedir ajuda aos sacerdotes do Deus vivo. Isso me ensina que, quando o cansaço de minhas batalhas me extenua, posso correr para o descanso disponível na presença do Senhor. Posso me colocar diante do Deus vivo, no Seu templo santo. Posso esperar pelo renovo de forças que Ele pode trazer à minha alma.
Além disso, diante do Senhor, Davi come dos pães da proposição. Iss me ensina que, diante do Senhor, temos as forças restauradas pelo Pão da Vida que desce da parte de Deus. Davi se alimenta desse pão especial colocado no templo de Deus e nós temos o Pão Vivo que pode nos alimentar muito mais profunda e poderosamente em nossas almas cansadas das lutas de todos os dias. Correndo para descansar no templo do Senhor, somos alimentados por Seu Pão, que nos renova as forças.
Elias ia cansado pelo deserto, cansado da grande batalha que acabara de experimentar no Carmelo. Deprimido pela perseguição injusta conduzida pela rainha Jezabel. No meio do caminho até o Horebe, onde o Senhor trataria com ele, é o próprio Deus que o alimenta e renova suas forças duas vezes: Levante-se e coma; se não você agüentará a viagem (1 Rs. 19. 5 e 7).
Jesus é o Pão Vivo que, descido do céu, nos traz vida plena. É disso que fala o texto do evangelho de João que mais tenho repetido nos últimos tempos. Eu sou o Pão da Vida. Quem vem a Mim nunca mais terá fome, e quem crê em Mim nunca mais terá sede (Jo. 6. 35). Estar com Jesus, comer de Sua carne, beber do Seu sangue, é usufruir a plenitude da Sua vida e da Sua bênção. Ele é o Deus que fortalece a vida do cansado, do extenuado pelas lutas. O Pão do Céu é o alimento espiritual que muda e renova as forças do caído e do cansado.
Hoje, cansado e extenuado pela luta espiritual que se levanta contra mim, estou certo que só tenho uma saída: me pôr diante do Pai na sala do Seu trono de graça e me alimentar do Seu Pão, Jesus, que restaura e renova a nossa força espiritual.

Um comentário:

Paula disse...

Preciso tanto desse descanso...