Tanta imensidão de bondade!

Santo, Santo, Santo é o Senhor Todo-Poderoso; a Sua presença gloriosa enche o mundo inteiro!
Isaías 6. 3

Tu és Santo, Senhor. És Puro, Reto, Justo, Fiel e Poderoso. Nossos olhos pecadores quando contemplam a Tua face tentam fugir porque é uma tamanha imensidão de beleza que nossos olhos, feios pelo pecado, querem escapar. Tu resplandeces em glória, em poder e em majestade. E eu fujo da Tua presença porque a luz que Tu irradias machuca o pecador impuro.
Tu és Grande, Senhor. Grande em majestade, grande em glória, grande em pureza. Tamanho imensurável. Diante de Ti, eu me sinto um vermezinho. É tanta imensidão de grandeza e de inimaginável tamanho que eu perco em meus pensamentos e em minhas imaginações tentando contemplar tanta grandeza. A Tua glória, Senhor, enche o universo. As pontas de Tuas roupas, como um manto, enchem o lugar em que me encontro, mas não só ele. Essas pontas passam pelas paredes, fazem tremer a terra e se estendem ao infinito. A Tua glória, Senhor, enche todas as coisas, ainda que eu não seja capaz de compreendê-la, ainda que não seja conhecida de muitos.
Tu és Puro, Senhor. Puro como o mais puro fogo que consome toda a sujeira e todas as coisas com que se depara. E na Tua pureza, Tu expões o nosso mal. Tu me expões, pecador. Ainda que queira Te conhecer mais, e mergulhar nos Teus rios de Água Viva, sou impuro demais para permanecer na Tua presença por mais que uns míseros instantes. Sei que minha sede pode ser saciada se eu puder me aproximar, mas minha impureza é gritante. Ela me deforma e a minha deformidade é nítida e mais nítida ainda quando me aproximo de Ti, Suprema Beleza. Meu pecado e minha impureza me fazem imensamente feio e o imensamente impuro e feio não consegue contemplar e permanecer diante do Sumamente Belo. Temo ser destruído pelo fogo que vejo em Teus olhos. Sou pecador e estar em Tua presença não revela apenas a Tua beleza, mas revela aos meus olhos, como se fosses um gigantesco espelho, o grotesco que é a feiúra do meu pecado e impureza. Não posso querer estar diante de Ti porque só posso imaginar-me destruído pelo Fogo Consumidor. Não pode haver tamanha feiúra diante de tanta beleza. Devo fugir ou perecer. E isso tudo dói demais em mim, porque sei que só em Ti posso ter vida, mas com a minha vida, que é quase morte, não posso me aproximar mais. Ai de mim! Estou perdido! Pois os meus lábios são impuros, e moro no meio de um povo que também tem lábios impuros. E com os meus próprios olhos v o Rei, o Senhor Todo-Poderoso! (Is. 6. 5).
Mas esse não é o fim dessa história. Por mais que eu me saiba não merecedor de coisa alguma, a não ser o eterno afastamento de tanta beleza e glória, sinto me invadir uma enorme onda de amor. Não posso ser digno e não posso aceitar essa onda que vem a mim, mas ela é irrestível. É maior que eu e maior que minha feiúra. Ela me invade e me faz digno de me aproximar. Ela me toca com a bondade da graça libertadora do Senhor eternamente bom. Sua graça e Seu amor incrível me tocam e podem me fazer de novo. E me apontam a cruz, onde a minha feiúra, minha impureza, minha dor, minha vergonha, minha culpa e meu pecado foram levados pelo Senhor. O próprio Deus fez isso por mim e me pergunta se Ele não pode me dar a Sua santidade e amor, uma vez que foi capaz de tomar sobre Si o meu pecado; me pergunta se não pode me dar a Sua beleza, uma vez que assumiu a feiúra de minha impureza. O que eu posso fazer?
A mensagem que Cristo nos deu e que anunciamos a vocês é esta: Deus é luz, e não há nele nenhuma escuridão. Portanto, se dizemos que estamos unidos com Deus e ao mesmo tempo vivemos na escuridão, então estamos mentindo com palavras e ações. Porém, se vivemos na luz, como Deus está na luz, então estamos unidos com os outros, e o sangue de Jesus, o seu Filho, nos limpa de todo pecado. Se dizemos que não temos pecados, estamos nos enganando, e não há verdade em nós. Mas, se confessarmos os nossos pecados a Deus, Ele cumprirá a Sua promessa e fará o que é correto: Ele perdoará os nossos pecados e nos limpará de toda maldade (1 João 1. 5 – 9).
Cansado de minha luta comigo, de me ver feio no espelho da alma, me rendo e sou levado pela onda do amor de Deus. Perdoado, resgatado, transformado, posso beber dos rios de vida que correm do trono do Senhor e são o próprio Senhor em quem mergulho e me afogo em tamanha felicidade, graça, perdão e amor. E estou certo que essa experiência, mesmo sendo única, é absolutamente repetível: posso experimentar tudo de novo, independente de quão feio o pecado me torne. Porque o amor de Deus não se esgota e Ele não se cansa de nos restaurar sempre que venhamos a Ele com coração contrito e arrependido.