Pois o tempo de começar o julgamento já chegou, e os que pertencem ao povo de Deus serão os primeiros a serem julgados.
1 Pedro 4. 17
Vez por outra eu ouço alguém falar sobre o juízo de Deus sobre os ímpios e perseguidores do povo de Deus. Eu realmente acredito que esse juízo vem e tem vindo no mundo. Mas cada vez que eu ouço falar dele, eu me lembro do texto de Pedro: Pois o tempo de começar o julgamento já chegou, e os que pertencem ao povo de Deus serão os primeiros a serem julgados. O texto me lembra também que, se é verdade que Deus manifesta Seu juízo contra os pecadores, esse juízo começa comigo e com você. O fogo do juízo de Deus arde primeiro no meio do Seu povo. Se Deus age com juízo contra o mundo, o Seu juízo começa conosco, começa com a Igreja.
Aliás, sempre foi assim. Os profetas que Deus levantou no Antigo Testamento anunciaram juízo contra povos e nações de todo mundo conhecido, mas se detinham, a maior parte do tempo, para anunciar o juízo de Deus contra o Seu povo antes de tudo. É isso que está expresso em Am. 3. 2: No mundo inteiro, vocês são o único povo que eu escolhi para ser meu. Por isso, tenho de castigá-los por causa de todos os pecados que vocês cometeram. Amós mostra que o fato de ser povo escolhido de Deus não é exatamente um privilégio que torna a nação de Israel protegida da ação do juízo de Deus. Pelo contrário: justamente por ser o povo de Deus, será alvo prioritário do julgamento do Senhor.
Amós é um desses profetas que fala contra todos, mas gasta seu tempo profetizando contra Israel e Judá. A partir do versículo 3 do primeiro capítulo, Amós anuncia juízo contra nações. Por três versículos fala contra a Síria (Am. 1. 3 – 5), contra a Filistéia (Am. 1. 6 – 8), contra Amom (Am. 1. 13 – 15) e contra Moabe (Am. 2. 1 – 3). Contra Tiro (Am. 1. 9 – 10) o oráculo se estende por dois versículos e contra Edom (Am. 1. 11) apenas um versículo. Já contra o povo de Deus, os oráculos de condenação são por demais extensos na primeira parte do livro de Amós (Am. 2. 4 – 3. 2). E todo o restante da profecia se dirige contra os pecados do povo de Deus, anunciando o tempo de castigo que estava por vir.
O mesmo se repete com Isaías, Jeremias, cada um e todos. Mesmo que profetizem juízo contra as outras nações do mundo, não poupam o povo de Deus do juízo.
Esse é o ministério de João Batista. É contra o povo de Israel, o povo de Deus, que ele anuncia que o machado já está posto à raiz das árvores, ou seja, anuncia que o juízo de Deus contra a nação é iminente. E ele veio, cerca de 40 anos depois, quando Tito tomou Jerusalém.
Pois o tempo de começar o julgamento já chegou, e os que pertencem ao povo de Deus serão os primeiros a serem julgados. Ser povo de Deus não é habeas corpus contra o juízo de Deus. Pelo contrário, ser povo de Deus é garantia de que o juízo começa conosco. Porque temos o nome do Senhor em nós e o padrão que Ele requer de nós certamente é mais alto do que o que se pode esperar no mundo. Pois eu afirmo a vocês que só entrarão no Reino do Céu se forem mais fiéis em fazer a vontade de Deus do que os mestres da Lei e os fariseus (Mt. 5. 20).
É por isso que cada manhã nossa atitude deve ser a humildade de confessar diante do Pai as nossas faltas e clamar por Sua transformação em nossa vida. Se não abrirmos o nosso coração, se não rasgarmos a nossa alma, se não estivermos dispostos a mudar, nós mesmos seremos os alvos do juízo de Deus. Ele exaltará o Seu nome em nossas vidas, mesmo que para isso tenha de agir com dureza conosco. Ter consciência de que o juízo de Deus começa com o Seu povo deve nos empurrar à humildade e confissão permanente diante da santidade do Pai. Ter consciência disso, de quem somos e de quem Deus é, deve nos levar à conversão diária. Diariamente aprendendo a sermos povo de Deus. Cada manhã abrindo o coração à busca pela graça e misericórdia do Pai.
Um comentário:
Meu irmão, as suas palavras são vivas. Eu já imprimi alguns artigos para ler com mais atenção... Deus usa-te muito!
Postar um comentário