4.11.05

Ortodoxia?

Os mestres da Lei e os fariseus têm autoridade para explicar a Lei de Moisés. Por isso vocês devem obedecer e seguir tudo o que eles dizem. Porém não imitem as suas ações, pois eles não fazem o que ensinam.
Mateus 23. 2 – 3

Terminei minha devocional hoje me sentindo profundamente apaixonado. Queria gritar, porque meu coração parecia que ia explodir dentro do meu peito. Era uma mistura de prazer, de fome, de sede, de alegria, de entusiasmo, de quase êxtase. Fazia tempo que não me sentia assim e já sentia falta. Fazia tempo que tentava reencontrar essa experiência, esse sentimento, quase perdido. Achei que não mais o acharia. Pensei que estava condenado a uma religião intelectual pelo resto de meus dias. Mas o Senhor me mostrou que não.
Tudo o que não precisamos é de uma experiência religiosa restrita a aspectos intelectuais, racionais, tão somente. Vida religiosa com ortodoxia e perfeitamente cabível dentro de um sistema intelectual era aquela que viviam os fariseus. E que fez com que eles fossem condenados pelas palavras do Senhor Jesus. Porque vida restrita ao intelecto não muda a vida, não é de verdade vida. Para que uma verdade transforme a nossa existência ela precisa ser plenamente experimentada por nossos sentimentos e emoções. Vida com Jesus é uma experiência de fé e relacionamento, não uma confissão teológica.
Os mestres da Lei e os fariseus têm autoridade para explicar a Lei de Moisés. Por isso vocês devem obedecer e seguir tudo o que eles dizem. Porém não imitem as suas ações, pois eles não fazem o que ensinam. Os que têm uma vida religiosa ortodoxa dessa maneira são aqueles que podem ser reconhecidos pelo preciosismo e correção de sua teologia e ensino, mas o vazio de sua espiritual. A confissão mais correta dos lábios não corresponde a uma vida profunda com o Senhor.
Uma parte da crise da Igreja atual é essa. Se de um lado da crise temos um contingente de fiéis que privilegiam a experiência e esquecem de fundamentá-la em termos bíblicos – assim dando espaço para que surjam absurdos os mais diversos –, do outro aparecem as melhores teologias vazias de conteúdo. Latas vazias que podem fazer muita zoada, mas trazer pouca mensagem. Tanto de um lado, quanto do outro.
O que não precisamos é de uma religião que, institucionalizada, se importa mais com a preservação de regras e teologias corretas e coerente do que com a vivência de uma fé plena do poder derivado da comunhão íntima com o Pai. Uma parcela de culpa dessa crise que vivemos é nossa, protestantes históricos, que temos privilegiado tão somente a fé intelectualizada e o princípio de correção de valores, em detrimento de uma fé realmente viva que possa trazer transformação. Teologias corretas são conservativas. A transformação do mundo, missão da igreja e dos discípulos de Cristo, só pode acontecer se for conduzida por uma legião de corações apaixonados que experimentam a vida com o Senhor todos os dias, todos os instantes.
Não precisamos de mais intelectuais. Não precisamos de mais dogmática. Precisamos de corações dispostos a se entregar, por inteiro e apaixonadamente, ao Senhor Jesus, alimentando dia a dia um relacionamento íntimo e pessoal – pela fome, pela sede, pelo prazer, pela alegria, pelo êxtase de se ver na presença do Deus vivo.

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