Você é Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e nem a morte poderá vencê-la.
Mateus 16. 18
Quero fazer uma confissão: ando muito decepcionado, magoado e desanimado com a igreja. Se podemos fazer um corte didático, separando entre a Igreja e as igrejas, quero esclarecer que minha decepção é com a última – aquela que escrevemos com o “i” minúsculo. Estou decepcionado e desanimado com as nossas instituições eclesiásticas. E isso tem perturbado toda a minha vida. A igreja, que deveria ser a comunhão dos santos, fonte de restauração para o cansaço da nossa vida, se tornou, pelo menos no meu caso, um lugar de desestímulo. Desde que ouvi – como já partilhei nesse espaço – que uma liderança de minha igreja disse que não se importava se eu iria me tornar “co-pastor” em uma outra igreja – eu não iria mais pregar ou ensinar ali. Ele, em outras palavras, me convidou para deixar a igreja. Isso, percebi esta semana, me magoou. Não tenho ânimo para freqüentar os encontros de minha igreja – que para mim deixou de ser comunhão dos santos. Mas tenho ido porque essa tem sido a vontade expressa de Deus para a minha vida.
Tenho me decepcionado com o mundanismo que tomou posse da igreja. As pessoas procuram mundanismo nas músicas que são ouvidas, nas palavras que são ditas, nas roupas que são vestidas, em usos e costumes que são endossados ou abolidos. Para mim, o maior indício de mundanismo presente em nossas igrejas se dá no nível das relações de poder. A Bíblia não tem sido mais – será que foi um dia? – o padrão para as relações entre lideranças e liderados em nossas instituições. A política que temos vivido reproduz as formas de governo e mando do mundo lá fora. As palavras que são pregadas, as teses que são defendidas, as decisões que são tomadas, estão eivadas da ideologia dos governos mundanos. A maior prova de mundanismo para mim é usar os padrões de relações do mundo. E os padrões aparecem com mais nitidez quando, para defender a manutenção da ordem e da autoridade dos líderes, suas decisões prezam mais pela imagem do que pela justiça. Em nome de coerências, cassam-se vozes. E a primeira voz cassada é a de Jesus: Como vocês sabem, os governadores dos povos pagãos têm autoridade sobre eles e mandam neles. Mas entre vocês não pode ser assim. Pelo contrário, quem quiser ser importante, que sirva aos outros, e quem quiser ser o primeiro, que seja o escravo de todos. Porque até o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para salvar muita gente (Mc. 10. 42 – 45). A crise da igreja é a crise de surdos que não sabem mais ouvir as palavras de Jesus sobre como deve ser a relação entre líderes e liderados.
Ter constatado ao longo dos anos que a instituição tem muito de igreja e pouco da Igreja sugou minhas forças. Dois anos atrás, passei experiência semelhante, mas minha fidelidade ao Senhor da Igreja me sustentou. Mesmo que tenha ido muito perto da porta de saída da Igreja. Dessa vez, eu fui perto da porta de saída da igreja. Na Igreja, pela graça do Senhor, eu sei que estou firmemente seguro pelas mãos do Mestre. Na igreja, eu só estou porque Ele é quem manda. Até da parte da liderança já fui instigado a sair.
Enquanto as igrejas podem ir mal, a Igreja do Senhor jamais vai. Você é Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e nem a morte poderá vencê-la. Firmada sobre a certeza do Senhorio de Cristo e sob o Seu poder, nem a morte, nem o inferno, nem qualquer principado ou potestade pode roubar um pingo que seja de sua vitalidade. Podemos ver igrejas indo mal, mas jamais ouviremos falar da Igreja sem vida, porque a sua vida é o Senhor.
Essa Igreja é a comunhão dos santos, é o Corpo das testemunhas fiéis, dos mártires, dos bem-aventurados que têm fome e sede de justiça, que pertencem a Deus. É essa Igreja que se ajuda mutuamente e cresce junto, perfeitamente ajustada, até a maturidade de Cristo Jesus. É esta Igreja que se espalha pelos quatro cantos da terra, levada pelo Vento do Espírito, tornando conhecida em toda a glória do Senhor que se revela em Jesus. Esta Igreja vai bem e permanecerá para sempre. As igrejas têm um ciclo de nascimento e morte. Elas passaram. São abaladas pelas crises. Podem até morrer, sem que isso seja prejuízo para o Reino ou para a Igreja.
Estou desanimado com as igrejas – com a minha igreja. Jamais com a Igreja. O culto da Igreja, a vida da Igreja, a comunhão da Igreja, o testemunho da Igreja, a pregação da Igreja e a ação da Igreja continuam vivos, continuam firmes, continuam impactando vidas. A Igreja continua sendo agência do Reino, plena do Espírito. Quando quero encontrá-la, vou a igrejas, abro meu coração diante do Pai, e O louvo e sirvo com amor. Apesar de mim e das igrejas.
3 comentários:
Gostei muito de ler o teu “post”. Quero dizer-te que não estás sozinho nesse teu desencantamento das igrejas e tantas vezes saturado de lideranças prepotentes e surdas que existem em muitas igrejas.
Mas quero dizer-te com muita amor cristão que nunca te esqueças do valor e do potencial que Deus te tem dado, não porque sejas melhor que os outros mas porque és um filho de Deus, escolhido e remido pelo sangue de Jesus e que foste capacitado e ungido para o seu serviço. Tens muito valor!
Muitas vezes tem passado pela tua cabeça sair dessa igreja e procurar outra, mas não o faças de ânimo leve. Procura sempre amar a todos os irmãos e líderes dessa igreja e ser exemplo no carácter e no amor.
Ora pelo propósito que Deus tem para ti e continua ser uma testemunha fiel. Ele promete nunca nos deixar nem desamparar nos bons e maus momentos.
Não te conheço, nem a raiz das tuas inquietações mas quero dizer-te que estas palavras não são somente para ti.
Maior é o que está em nós do que aquele que está no mundo!
Que Deus nos abençoe guarde!
JO
gostaria de saber se os irmão dessa comunidade tem como recepsionar,somente uma dormida do sabado ao domingo,que acontecera em congresso nacional?
27 irmão,da paroquia são gonsalo do retiro,do grupo de oração sarça ardente"apenas por uma noite"
e levaremos colcho~es e cobertas
aguardamos respostas meu i-mail
nubialafayte@hotmail.com"salvador"
muito obrigado!!!!
jesus abençõe a todos!!!
Eu também tenho passado por um momento de desânimo e decepção com a minha igreja. Muitos domingos passamos (eu, meu esposo e minha filha) em casa por não termos mais o desejo de ir aos cultos. Quando vamos é por obrigação. Não temos encontrado o alimento sólido da sã doutrina nas pregações. Já ouvi muita coisa anti-bíblica vinda do púlpito e não temos o direito de falar contra tudo isso. Falar significa ser retaliado, humilhado.
Você está certo de não deixar de acreditar na Igreja de Cristo, aquela que subirá com Jesus, mas compreendo bem sua tristeza com as igrejas. É um sinal de que você ama a igreja, senão nem se importaria.
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